Questões de Concurso Comentadas sobre uso dos dois-pontos em português

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Q2394034 Português
Leia o texto I abaixo que serve de referência para análise da questão.


Texto I

      2023 É CONFIRMADO COMO ANO MAIS QUENTE JÁ REGISTRADO: 2024 PODE BATER ESSE RECORDE?


     O ano de 2023 foi confirmado como o mais quente já registado, impulsionado pelas mudanças climáticas causadas pelo homem e pelo fenômeno natural El Niño. O ano passado foi cerca de 1,48ºC mais quente do que a média de longo prazo — antes de os seres humanos começarem a queimar grandes quantidades de combustíveis fósseis, afirma o serviço de clima da União Europeia.

     Desde julho, quase todos os dias registraram um novo aumento na temperatura global do ar para esta época do ano, segundo análise da BBC. As temperaturas da superfície do mar também superaram as máximas anteriores. O Met Office, serviço climático do Reino Unido, informou na semana passada que o país teve em 2023 seu segundo ano mais quente já registrado na história. Estes registros globais mostram que o mundo está perto de descumprir os principais objetivos climáticos internacionais.

     "O que me impressionou não foi apenas o fato de [2023] ter sido de recordes quebrados, mas sim a grande margem para quebrá-los", observa Andrew Dessler, professor de Ciências Atmosféricas na Texas A&M University. A margem de alguns desses registros é "realmente surpreendente", diz o professor Dessler, considerando que são médias de todo o mundo.

     Já se sabe que o mundo está muito mais quente agora do que há 100 anos, à medida que os humanos continuam a emitir quantidades recordes de gases com efeito de estufa, como o dióxido de carbono, na atmosfera. Mas há 12 meses, nenhum grande órgão científico previu que 2023 seria o ano mais quente já registrado, devido à forma complicada como o clima da Terra se comporta.

     Durante os primeiros meses do ano, apenas um pequeno número de dias quebrou recordes de temperatura do ar. Mas o mundo registrou então uma sequência notável e quase ininterrupta de recordes diários no segundo semestre de 2023. Este recente aumento da temperatura está principalmente ligado à rápida mudança para as condições do El Niño, que ocorreu em conjunto com o aquecimento a longo prazo causado pelo homem.

     O El Niño é um fenômeno natural em que as águas superficiais mais quentes do Oceano Pacífico Oriental liberam calor adicional na atmosfera. Mas as temperaturas do ar aumentaram mais do que o normal no início desta fase do El Niño. Os efeitos totais devem ser sentidos apenas no início de 2024, depois de o El Niño ter atingido a força máxima.

     Isto deixou muitos cientistas inseguros sobre o que exatamente está acontecendo com o clima. Este calor global recorde ajudou a agravar muitos fenômenos meteorológicos extremos em grandes partes do mundo em 2023 – desde ondas de calor intensas e incêndios florestais no Canadá e nos EUA, até secas prolongadas e inundações em partes da África Oriental.

     Muitos eventos ocorreram em escalas muito além daquelas observadas em tempos recentes, ou em épocas incomuns do ano.

     "São mais do que apenas estatísticas", afirma Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial entre 2016 e 2023. "As condições climáticas extremas estão destruindo vidas e meios de subsistência diariamente." A temperatura do ar é apenas uma medida das rápidas mudanças climáticas da Terra. Também em 2023:

     • O gelo da Antártica atingiu um nível "assustador", com o gelo do Ártico também abaixo da média.

     • Os glaciares no oeste da América do Norte e nos Alpes Europeus sofreram uma estação de derretimento extremo, contribuindo para a subida do nível do mar.

      A superfície do mar mundial atingiu a temperatura mais alta registada no meio de múltiplas ondas de calor marinhas, incluindo o Atlântico Norte.

     O ano de 2024 poderá ser mais quente do que 2023 – já que parte do calor recorde da superfície do oceano escapa para a atmosfera – embora o comportamento imprevisível do atual El Niño signifique que é difícil saber ao certo, diz Hausfather. Isto levanta a possibilidade de que 2024 possa até registrar pela primeira vez uma temperatura acima do aquecimento de 1,5ºC, de acordo com o Met Office.

     As atividades humanas estão por trás desta tendência de aquecimento global a longo prazo, embora fatores naturais como o El Niño possam aumentar ou reduzir as temperaturas durante anos individuais. As temperaturas registadas em 2023 vão muito além de causas simplesmente naturais. Este último aviso surge pouco depois da cúpula climática COP28, onde os países concordaram pela primeira vez sobre a necessidade de combater a principal causa do aumento das temperaturas – os combustíveis fósseis.

     Embora a linguagem do acordo tenha sido mais fraca do que muitos desejavam — sem qualquer obrigação para os países cumprirem as metas — espera-se que ele ajude a aproveitar alguns recentes progressos encorajadores em áreas como as energias renováveis e veículos elétricos.

     "Mesmo que acabemos em 1,6°C, será muito melhor do que desistir e terminar perto de 3°C, que é onde as políticas atuais nos levariam", diz Friederike Otto, professor de Ciências Climáticas na Imperial College London.

     "Cada décimo de grau é importante."


 (Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/ced7pl4l74vo. Acesso em 10/01/2024, adaptado)
Leia as afirmações de alguns trechos retirados do texto e, logo depois, analise o que se pede:
I- Em “O Met Office, serviço climático do Reino Unido, informou na semana passada que o país teve em 2023 seu segundo ano mais quente já registrado na história.”, a expressão “na semana passada” deveria aparecer isolada por vírgulas, por se tratar de um adjunto adverbial deslocado.
II- Em “Este recente aumento da temperatura está principalmente ligado à rápida mudança para as condições do El Niño, que ocorreu em conjunto com o aquecimento a longo prazo causado pelo homem.”, a retirada da vírgula no fragmento não acarretaria mudança de sentido ou de classificação no contexto empregado, uma vez que a oração subsequente modifica a expressão “El Niño”.
III- Em “Este último aviso surge pouco depois da cúpula climática COP28, onde os países concordaram pela primeira vez sobre a necessidade de combater a principal causa do aumento das temperaturas – os combustíveis fósseis.”, o sinal de travessão poderia ser substituído pelo de dois-pontos, já que a expressão “combustíveis fósseis” explica o sentido de um vocábulo exposto anteriormente.
Sobre o que foi dito acima, pode-se considerar correto, segundo a Norma Culta da Língua Portuguesa, o se afirmou
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Q2374272 Português
Dengue prevista



        A dengue é uma doença periódica e cíclica: os casos crescem no verão e há picos epidêmicos a cada 4 ou 5 anos. Trata-se, portanto, de enfermidade de atuação previsível. Supõe-se que o poder público se adiantaria com medidas de prevenção e tratamento. Contudo, há décadas os números de casos e mortes só aumentam no Brasil.

         Entre 2000 e 2010, foram registrados 4,5 milhões de ocorrências e 1.869 óbitos. Na década seguinte, os números saltaram para 9,5 milhões e 5.385, respectivamente. O primeiro semestre deste ano registra 1,4 milhão de casos, ante 1,5 milhão em 2022. A tendência é piorar.

        Segundo a OMS, urbanização descontrolada e sistema sanitário precário contribuem para o descontrole da moléstia.

       No Brasil, cerca de 50% da população não tem acesso a redes de esgoto, em grande parte devido à ineficiência estatal, que só agora começa a mudar com o novo marco do setor. E o desmatamento para a construção de moradias irregulares grassa nos grandes centros. A dimensão de áreas verdes derrubadas para esse fim na cidade de São Paulo atingiu, nos primeiros dois meses de 2023, 85 hectares.

     Neste ano, o município já conta com 11444 casos de dengue – 3,7% a mais em relação ao mesmo período de 2022. Dez pessoas morreram, o maior número em oito anos, quando houve pico epidêmico.

      A OMS ressaltou a importância da vacinação. Mas, devido à burocracia, o Brasil protela a distribuição do imunizante japonês Qdenga – já aprovado para venda pela Anvisa – no sistema público de saúde.

       O combate à dengue deve ser contínuo, não apenas no verão, e em várias frentes complementares (saúde, infraestrutura e moradia). Com o alerta da OMS, espera-se que o poder público, local e federal, se prepare para receber as consequências do fenômeno climático El Niño.


(Editorial. Folha de S.Paulo, 27.07.2023. Adaptado)
No trecho do primeiro parágrafo – A dengue é uma doença periódica e cíclica: os casos crescem no verão e há picos epidêmicos a cada 4 ou 5 anos. Trata-se, portanto, de enfermidade de atuação previsível. –, os dois-pontos e as vírgulas são empregados, correta e respectivamente, para sinalizar
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Q2362151 Português
Texto CB1A5-I


         A romancista e feminista britânica Virginia Woolf dizia que “pela maior parte da história, ‘anônimo’ foi uma mulher”. Na época em que a escritora inglesa viveu o auge de sua produção literária, na segunda metade da década de 20 do século XX, o Brasil ainda estava sob a égide da Constituição de 1891. O direito do trabalho, ainda tíbio em fundamentos, contava com algumas leis estaduais, além do Conselho Nacional do Trabalho, criado em abril de 1923, e praticamente ignorava o trabalho feminino.

       O trabalho da mulher era visto e definido como trabalho de “meias-forças”, ou seja, inferior ao trabalho masculino. A Constituição de 1934 foi a primeira a tratar expressamente dos direitos trabalhistas das mulheres em relação à não discriminação de sexo, etnia e cor. O texto trouxe diversas garantias nunca antes asseguradas às mulheres, tendo passado a abranger a igualdade de salários entre gêneros e proibir o trabalho de gestantes em locais insalubres. Em seguida, a Constituição de 1946 consolidou a proibição de diferenças salariais em razão de raça, idade, sexo, nacionalidade ou estado civil e representou mais um avanço em garantias às mulheres.

      Apesar dos avanços, o fato é que a evolução do direito do trabalho da mulher, com seu fortalecimento no mercado de trabalho remunerado, sempre esteve, em geral, atravancada pela pauta de costumes. Em 1962, o Estatuto da Mulher Casada afastou a obrigatoriedade de a mulher ter autorização do marido para trabalhar, receber heranças e comprar imóveis.

        Atualmente, há um consenso de que a Constituição Federal de 1988 representou um avanço histórico dos direitos das mulheres, com a proibição de diferenças salariais por motivo de sexo, idade ou estado civil e, ainda, com a proteção à gestante.

           As garantias fundamentais à igualdade, contudo, não afastam a necessidade de um amparo legal maior da mulher em relação aos homens, em razão não apenas das diferenças de estrutura física e psicológica, mas também dos aspectos ligados à maternidade, ao assédio sexual e moral e à dupla jornada, por exemplo.

       A questão da dupla jornada, para especialistas, agravou-se durante a pandemia de covid-19. Segundo Érica Aragão, diretora do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP), as mulheres trabalhadoras foram as que mais sofreram os impactos negativos da crise provocada pelo coronavírus. “Muitas foram demitidas, tiveram seus salários reduzidos ou precisaram pedir demissão para cuidar dos filhos ou de parentes com comorbidades desde o início da pandemia”, observa.

          Estudiosas dos impactos da crise sanitária no trabalho da mulher alertam para a romantização do home office. Segundo elas, essa romantização, reforçada pela propaganda, ajudou a aprofundar as desigualdades de gênero e atuou como artifício para a precarização e a superexploração: as mulheres estariam trabalhando muito mais durante o dia e realizando tarefas simultâneas.

        Um estudo realizado por Maria Bridi e Giovana Bezerra, da Rede de Monitoramento Interdisciplinar da Reforma Trabalhista, constatou que homens e mulheres vivenciaram o trabalho remoto de formas distintas. O grupo utilizou software de análise textual para verificar essas distinções, com base nos termos usados por homens e mulheres. segundo o estudo, os termos recorrentes para as mulheres estavam relacionados à dificuldade de concentração e às interrupções que sofriam durante a atividade de home office. Para os homens, por sua vez, o termo “dificuldade” apareceu ligado à falta de contato com os colegas.


Internet: <www.tst.jus.br> (com adaptações). 
Sem prejuízo dos sentidos do penúltimo parágrafo do texto CB1A5-I, os dois-pontos empregados logo após “superexploração”, no último período, poderiam ser substituídos por uma vírgula seguida da expressão
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Ano: 2024 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: Prefeitura de Curvelo - MG Provas: FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Advogado do CREAS | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Analista de Políticas Públicas da Educação | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Analista de Políticas Públicas | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Professor de Educação Básica - PEB - Com Formação em Educação Inclusiva 1 | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Analista de Políticas Públicas da Saúde | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Analista de Sistemas | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Analista em Arquitetura | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Analista em Engenharia | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Assistente Social | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Assistente Social - Equipe Multiprofissional | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Auditor Contábil | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Auditor Fiscal | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Auditor Operacional | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Bibliotecário | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Cirurgião - Dentista ESF | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Cirurgião - Dentista EAP | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Contador | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Enfermeiro - ESF/PACS/EACS | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Engenheiro Ambiental | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Especialista em Educação - Inspetor | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Especialista em Educação - Orientador | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Especialista em Educação - Supervisor | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Farmacêutico - Equipe Multiprofissional | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Farmacêutico Bioquímico | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Fiscal Sanitário de Nível Superior - Nutricionista | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Fiscal Sanitário de Nível Superior - Dentista | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Fisioterapeuta | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Fisioterapeuta - Equipe Multiprofissional | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Fiscal Sanitário de Nível Superior - Farmácia | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Fonoaudiólogo - Equipe Multiprofissional | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Psicólogo - Equipe Multiprofissional | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Psicólogo | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Terapeuta Ocupacional | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Professor de Educação Básica - PEB - Com Formação em Educação Física | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Ginecologista | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Médico EAP | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Médico ESF II | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Médico Pediatra - Equipe Multiprofissional | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Médico Veterinário | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Médico Infectologista | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Professor de Educação Básica - PEB | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Professor de Educação Básica - PEB - Com Formação em Artes | FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2024 - Prefeitura de Curvelo - MG - Médico Psiquiatra - Equipe Multiprofissional |
Q2360053 Português
TEXTO IV


Temidas bactérias


Elas estão em toda parte e já habitam a Terra desde muito antes dos seres humanos. É estranho pensar no assunto, mas podemos encontrar milhares de bactérias dentro e fora do nosso corpo. A convivência não é sempre prejudicial, muito pelo contrário: em alguns casos elas ajudam no bom funcionamento do intestino e na defesa contra certas doenças, através da estimulação do sistema imunológico.


Muitos antibióticos são produzidos pelas próprias bactérias ou por fungos. Uma das grandes descobertas da ciência, protagonizada por Alexander Fleming, foi a penicilina. A substância, que já salvou milhares de vidas, é produzida pelo fungo Penicillium chrysogenum.


Algumas bactérias são nocivas à saúde e causam infecções. Hábito comum entre os brasileiros, a automedicação pode trazer problemas sérios para a saúde. Uma das consequências do uso de remédios por conta própria ou sem seguir o tratamento indicado pelo médico é o aparecimento de bactérias resistentes aos medicamentos. Isso provoca a falta de resposta ao tratamento, com a persistência da infecção. Quanto mais antibiótico tomamos, maior a possibilidade de surgirem bactérias cada vez mais resistentes, como, por exemplo, a Klebsiella pneumoniae carbanemase (KPC).


Pensando nisso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aumentou a fiscalização sobre a venda de antibióticos nas farmácias. Instituiu medidas como obrigatoriedade e retenção da receita médica e multas altíssimas, caso as farmácias desrespeitem a legislação. Nos hospitais, foram feitas campanhas para a constante desinfecção das mãos e dos instrumentos usados nos pacientes.



Disponível em: https://www.fiojovem.fiocruz.br/content/temidasbactérias. Acesso em: 29 ago. 2023 (adaptado).
Leia este trecho.

“A convivência não é sempre prejudicial, muito pelo contrário: em alguns casos elas ajudam no bom funcionamento do intestino e na defesa contra certas doenças, através da estimulação do sistema imunológico.”

Os dois-pontos são usados nesse trecho para
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Q2355613 Português
Um pé de milho 

    Os americanos, através do radar, entraram em contato com a Lua, o que não deixa de ser emocionante. Mas o fato mais importante da semana aconteceu com o meu pé de milho.
       Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de capim – mas descobri que era um pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na frente da casa. Secaram as pequenas folhas, pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do tamanho de um palmo veio um amigo e declarou desdenhosamente que na verdade aquilo era capim. Quando estava com dois palmos veio outro amigo e afirmou que era cana.
      Sou um ignorante, um pobre homem de cidade. Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas folhas além do muro – e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de milharais – mas é diferente. 
        Um pé de milho sozinho, em um canteiro, espremido, junto do portão, numa esquina de rua – não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas raízes roxas se agarram no chão e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis. Detesto comparações surrealistas – mas na glória de seu crescimento, tal como o vi em uma noite de luar, o pé de milho parecia um cavalo empinado, as crinas ao vento – e em outra madrugada parecia um galo cantando. 
        Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou. Há muitas flores belas no mundo, e a flor de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. É alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos.


(Crônica extraída da obra 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 2014.) 
No trecho “Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou.” (5º§), os dois-pontos foram empregados para: 
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Q2350657 Português
Dengue prevista


           A dengue é uma doença periódica e cíclica: os casos crescem no verão e há picos epidêmicos a cada 4 ou 5 anos. Trata-se, portanto, de enfermidade de atuação previsível. Supõe-se que o poder público se adiantaria com medidas de prevenção e tratamento. Contudo, há décadas os números de casos e mortes só aumentam no Brasil.

        Entre 2000 e 2010, foram registrados 4,5 milhões de ocorrências e 1.869 óbitos. Na década seguinte, os números saltaram para 9,5 milhões e 5.385, respectivamente. O primeiro semestre deste ano registra 1,4 milhão de casos, ante 1,5 milhão em 2022. A tendência é piorar.

        Segundo a OMS, urbanização descontrolada e sistema sanitário precário contribuem para o descontrole da moléstia.

          No Brasil, cerca de 50% da população não tem acesso a redes de esgoto, em grande parte devido à ineficiência estatal, que só agora começa a mudar com o novo marco do setor. E o desmatamento para a construção de moradias irregulares grassa nos grandes centros. A dimensão de áreas verdes derrubadas para esse fim na cidade de São Paulo atingiu, nos primeiros dois meses de 2023, 85 hectares.

           Neste ano, o município já conta com 11 444 casos de dengue – 3,7% a mais em relação ao mesmo período de 2022. Dez pessoas morreram, o maior número em oito anos, quando houve pico epidêmico.

          A OMS ressaltou a importância da vacinação. Mas, devido à burocracia, o Brasil protela a distribuição do imunizante japonês Qdenga – já aprovado para venda pela Anvisa – no sistema público de saúde.

        O combate à dengue deve ser contínuo, não apenas no verão, e em várias frentes complementares (saúde, infraestrutura e moradia). Com o alerta da OMS, espera-se que o poder público, local e federal, se prepare para receber as consequências do fenômeno climático El Niño.


(Editorial. Folha de S.Paulo, 27.07.2023. Adaptado)
No trecho do primeiro parágrafo – A dengue é uma doença periódica e cíclica: os casos crescem no verão e há picos epidêmicos a cada 4 ou 5 anos. Trata-se, portanto, de enfermidade de atuação previsível. –, os dois-pontos e as vírgulas são empregados, correta e respectivamente, para sinalizar
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Q2344232 Português
TEXTO I


Ao longo dos anos, venho refletindo sobre uma noção de texto que contemple outras linguagens que ultrapassam a verbal. Após muitas leituras, reflexões e compartilhamentos, conceituo texto como uma manifestação constituída de elementos verbais e / ou não verbais, intencionalmente selecionados e organizados, que ocorre durante uma atividade sociointerativa, de modo a permitir aos agentes da interação duas ações simultâneas: a depreensão e geração de sentido, em decorrência da ativação de processos e estratégias de ordem cognitiva, e a atuação responsiva, em consonância a práticas socioculturais instituídas.

Então, um livro é um texto? Se o livro compreende uma manifestação que reúne linguagens verbais – e, ocasionalmente, linguagens não verbais, como ilustrações, figuras, fotos – selecionadas de modo intencional e organizadas sociointerativamente de maneira a permitir aos leitores tanto a geração de sentido, ao ativarem estruturas cognitivas que levam a determinadas compreensões, quanto a ações em resposta ao que leram, ao pensarem sobre o que foi lido, tomando como base práticas sociais e culturais já instauradas na comunidade, o livro é um texto. Um texto passível de comentários, críticas e manifestações diversas. E como todo texto, um livro provoca reações.

Pensando em provocar reações, organizei este livro que reúne relatos de experiências de professores da rede estadual de Minas Gerais. Essas experiências merecem ser compartilhadas, uma vez que é importante dar voz ao professor que assume, em suas aulas, a missão de transformar seus alunos em pessoas comprometidas com sua participação no mundo e solidárias umas com as outras para promover o bem-estar das comunidades em que vivem.

Assim, este livro, sem qualquer pretensão grandiosa, é instrumento de reflexão para professores, educadores e alunos em formação que acreditam que educar ainda é o melhor meio para a construção de uma sociedade sadia. Ao todo são 16 artigos, que tratam de diversos temas e que têm em comum o interesse em divulgar experiências mineiras de sala de aula que podem ser adotadas em outras turmas em qualquer lugar deste país.


DELL’ISOLA, Regina L. P. Um livro para chamar de seu. In: Práticas de linguagem no Ensino Fundamental. Brasil-Argentina: Editora Cognoscere, 2019. p. 5-9.
Considere a pontuação empregada no primeiro parágrafo do texto e assinale a alternativa correta. 
Alternativas
Q2339202 Português
TEXTO I



Tema de redação do Enem evoca invisibilidade do trabalho de cuidado das mulheres no Brasil

Para o presidente do TST, o tema é atual e relevante e está na pauta da Justiça do Trabalho

06/11/2023 - O tema da redação do primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, realizado neste domingo (5), trouxe à tona uma importante reflexão: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Para o presidente do Tribunal Superior do Trabalho e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), ministro Lelio Bentes Corrêa, o tema é “atual e relevante para nossa sociedade”. Segundo o ministro, a exclusão social abrange fenômenos culturais como a invisibilização social e o não reconhecimento. “Ao repetirmos padrões culturais impregnados de preconceito, de misoginia e de desvalorização do trabalho e da figura do outro, somos levados a invisibilizar”, afirma.


Problema estrutural

A invisibilidade desse tipo de trabalho está na pauta da Justiça do Trabalho. Em outubro deste ano, o TST promoveu o evento “Ver o Invisível - Seminário de Trabalho Doméstico e de Cuidado”, em parceria com a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat) e apoio da Embaixada da França no Brasil. A iniciativa buscou dar visibilidade e valorizar a importância individual e coletiva do trabalho doméstico e de cuidados, realizados predominantemente por mulheres, em especial mulheres negras.


Mulheres

O tema também foi tratado em artigo publicado na revista Carta Capital, assinado pelo ministro Lelio Bentes e por Helena Martins de Carvalho, mestra em Direito, Estado e Constituição pela UnB e assessora no TST. Eles analisam os dados do estudo “Gênero é o que importa: determinantes do trabalho doméstico não remunerado no Brasil”, publicado em outubro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com o Ipea, as mulheres seguem sendo as protagonistas do trabalho doméstico não remunerado no país, com jornadas de trabalho não pago duas vezes mais longas que as dos homens. Também são as mulheres as principais cuidadoras de idosos nos contextos familiares.


Equidade

Em outubro, o CSJT aprovou a resolução que institui o programa de Equidade, Raça, Gênero e Diversidade da Justiça do Trabalho, que integra a Política Judiciária Nacional de Trabalho Decente da Justiça do Trabalho. A iniciativa amplia o escopo de atuação institucional da Justiça do Trabalho para além dos limites dos processos judiciais, alcançando também a qualificação e a formação para lidar com esses fenômenos. A ministra do TST Kátia Arruda é a coordenadora nacional do programa.

Fonte: https://www.tst.jus.br/
Considerando o Texto I em sua integralidade, assinale a alternativa que indica CORRETAMENTE uma característica tipológica relacionada ao emprego dos sinais de pontuação.
Alternativas
Q2335691 Português
A leitura do Texto I, é necessária para a resolução da questão:


TEXTO I


Tema de redação do Enem evoca invisibilidade do trabalho de cuidado das mulheres no Brasil


Para o presidente do TST, o tema é atual e relevante e está na pauta da Justiça do Trabalho


06/11/2023 - O tema da redação do primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, realizado neste domingo (5), trouxe à tona uma importante reflexão: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Para o presidente do Tribunal Superior do Trabalho e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), ministro Lelio Bentes Corrêa, o tema é “atual e relevante para nossa sociedade”. Segundo o ministro, a exclusão social abrange fenômenos culturais como a invisibilização social e o não reconhecimento. “Ao repetirmos padrões culturais impregnados de preconceito, de misoginia e de desvalorização do trabalho e da figura do outro, somos levados a invisibilizar”, afirma.


Problema estrutural


A invisibilidade desse tipo de trabalho está na pauta da Justiça do Trabalho. Em outubro deste ano, o TST promoveu o evento “Ver o Invisível - Seminário de Trabalho Doméstico e de Cuidado”, em parceria com a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat) e apoio da Embaixada da França no Brasil. A iniciativa buscou dar visibilidade e valorizar a importância individual e coletiva do trabalho doméstico e de cuidados, realizados predominantemente por mulheres, em especial mulheres negras.


Mulheres


O tema também foi tratado em artigo publicado na revista Carta Capital, assinado pelo ministro Lelio Bentes e por Helena Martins de Carvalho, mestra em Direito, Estado e Constituição pela UnB e assessora no TST. Eles analisam os dados do estudo “Gênero é o que importa: determinantes do trabalho doméstico não remunerado no Brasil”, publicado em outubro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com o Ipea, as mulheres seguem sendo as protagonistas do trabalho doméstico não remunerado no país, com jornadas de trabalho não pago duas vezes mais longas que as dos homens. Também são as mulheres as principais cuidadoras de idosos nos contextos familiares.


Equidade


Em outubro, o CSJTaprovou a resolução que institui o programa de Equidade, Raça, Gênero e Diversidade da Justiça do Trabalho, que integra a Política Judiciária Nacional de Trabalho Decente da Justiça do Trabalho. Ainiciativa amplia o escopo de atuação institucional da Justiça do Trabalho para além dos limites dos processos judiciais, alcançando também a qualificação e a formação para lidar com esses fenômenos. Aministra do TSTKátia Arruda é a coordenadora nacional do programa.

Fonte: https://www.tst.jus.br/
Dentre os sinais de pontuações presente no Texto I, assinale aquele que expressa CORRETAMENTE o destaque de uma palavra, expressão e ou frase:
O tema da redação do primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, realizado neste domingo (5), trouxe à tona uma importante reflexão: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Para o presidente do Tribunal Superior do Trabalho e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), ministro Lelio Bentes Corrêa, o tema é “atual e relevante para nossa sociedade”. Segundo o ministro, a exclusão social abrange fenômenos culturais como a invisibilização social e o não reconhecimento. “Ao repetirmos padrões culturais impregnados de preconceito, de misoginia e de desvalorização do trabalho e da figura do outro, somos levados a invisibilizar”, afirma.
Fonte: https://www.tst.jus.br/
Alternativas
Q2323108 Português
O afogado mais bonito do mundo


1         Sou antropófago. Devoro livros. Quem me ensinou foi Murilo Mendes: livros são feitos com a carne e o sangue dos que os escreveram. Os hábitos de antropófago determinam a maneira como escolho livros. Só leio livros escritos com sangue. Depois que os devoro, deixam de pertencer ao autor. São meus porque circulam na minha carne e no meu sangue.

2     É o caso do conto “O Afogado Mais Bonito do Mundo”, de Gabriel García Márquez. Ele escreveu. Eu li e devorei. Agora é meu. Eu o reconto.

3      É sobre uma vila de pescadores perdida em nenhum lugar, o enfado misturado com o ar, cada novo dia já nascendo velho, as mesmas palavras ocas, os mesmos gestos vazios, os mesmos corpos opacos, a excitação do amor sendo algo de que ninguém mais se lembrava...

4     Aconteceu que, num dia como todos os outros, um menino viu uma forma estranha flutuando longe no mar. E ele gritou. Todos correram. Num lugar como aquele até uma forma estranha é motivo de festa. E ali ficaram na praia, olhando, esperando. Até que o mar, sem pressa, trouxe a coisa e a colocou na areia, para o desapontamento de todos: era um homem morto.

5      Todos os homens mortos são parecidos porque há apenas uma coisa a se fazer com eles: enterrar. E, naquela vila, o costume era que as mulheres preparassem os mortos para o sepultamento. Assim, carregaram o cadáver para uma casa, as mulheres dentro, os homens fora. E o silêncio era grande enquanto o limpavam das algas e liquens, mortalhas verdes do mar.

6        Mas, repentinamente, uma voz quebrou o silêncio. Uma mulher balbuciou: “Se ele tivesse vivido entre nós, ele teria de ter curvado a cabeça sempre ao entrar em nossas casas. Ele é muito alto...”.

7       Todas as mulheres, sérias e silenciosas, fizeram sim com a cabeça.

8       De novo o silêncio foi profundo, até que uma outra voz foi ouvida. Outra mulher... “Fico pensando em como teria sido a sua voz... Como o sussurro da brisa? Como o trovão das ondas? Será que ele conhecia aquela palavra secreta que, quando pronunciada, faz com que uma mulher apanhe uma flor e a coloque no cabelo?” E elas sorriram e olharam umas para as outras.

9       De novo o silêncio. E, de novo, a voz de outra mulher... “Essas mãos... Como são grandes! Que será que fizeram? Brincaram com crianças? Navegaram mares? Travaram batalhas? Construíram casas? Essas mãos: será que elas sabiam deslizar sobre o rosto de uma mulher, será que elas sabiam abraçar e acariciar o seu corpo?”

10      Aí todas elas riram que riram, suas faces vermelhas, e se surpreenderam ao perceber que o enterro estava se transformando numa ressurreição: sonhos esquecidos, que pensavam mortos, retornavam, cinzas virando fogo, os corpos vivos de novo e os rostos opacos brilhando com a luz da alegria.

11    Os maridos, de fora, observavam o que estava acontecendo e ficaram com ciúmes do afogado, ao perceberem que um morto tinha um poder que eles mesmos não tinham mais. E pensaram nos sonhos que nunca haviam tido, nos poemas que nunca haviam escrito, nos mares que nunca tinham navegado, nas mulheres que nunca haviam desejado.

12     A história termina dizendo que finalmente enterraram o morto. Mas a aldeia nunca mais foi a mesma.


ALVES, R. Sobre como da morte brota a vida. F. de São Paulo.
Cotidiano. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br. Acesso
em: 20 abr. 2023. Adaptado.
O trecho do texto em que a vírgula tem a mesma função dos dois pontos empregados em “Todos os homens mortos são parecidos porque há apenas uma coisa a se fazer com eles: enterrar” (parágrafo 5) é: 
Alternativas
Q2314590 Português
A outra noite


       Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de Lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.
          Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:
            – O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?
           Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra – pura, perfeita e linda.
            – Mas, que coisa...
        Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.
          – Ora, sim senhor...
     E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um “boa noite” e um “muito obrigado ao senhor” tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.


(BRAGA, Rubem. In: Para gostar de ler – Volume II. São Paulo: Ática, 1992.)
Considerando o significado contextual e as regras de pontuação, analise as afirmativas a seguir.

I. O travessão usado antes de “pura, perfeita e linda.” (4º§) pode ser substituído por dois-pontos.
II. No segmento, “Depois que o meu amigo desceu do carro, [...]” (2º§), a expressão “o meu amigo” poderia estar entre vírgulas de acordo com a norma padrão da língua.
III. No trecho: “[...] como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.” (8º§), caso fosse acrescentado “ou seja algo maravilhoso”, a expressão “ou seja” deveria estar entre vírgulas.

Está correto o que se afirma apenas em
Alternativas
Q2307687 Português
A igualação e a desigualdade

    A ditadura da sociedade de consumo exerce um totalitarismo simétrico ao de sua irmã gêmea, a ditadura da organização desigual do mundo.
     A maquinaria da igualação compulsiva atua contra a mais bela energia do gênero humano, que se reconhece em suas diferenças e através delas se vincula. O melhor que o mundo tem está nos muitos mundos que o mundo contém, as diferentes músicas da vida, suas dores e cores: as mil e uma maneiras de viver e de falar, crer e criar, comer, trabalhar, dançar, brincar, amar, sofrer e festejar que temos descoberto ao longo de milhares e milhares de anos.
      A igualação, que nos uniformiza e nos apalerma, não pode ser medida. Não há computador capaz de registrar os crimes cotidianos que a indústria da cultura de massas comete contra o arco-íris humano e o humano direito à identidade. Mas seus demolidores progressos saltam aos olhos. O tempo vai se esvaziando de história e o espaço já não reconhece a assombrosa diversidade de suas partes. Através dos meios massivos de comunicação, os donos do mundo nos comunicam a obrigação que temos todos de nos contemplar num único espelho, que reflete os valores da cultura de consumo.
      Quem não tem não é: quem não tem carro, não usa sapato de marca ou perfume importado está fingindo existir.


(Eduardo Galeano, De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso)

Observe o emprego de dois-pontos e da vírgula na passagem:


Quem não tem não é: quem não tem carro, não usa sapato de marca ou perfume importado está fingindo existir.


É correto afirmar que os dois-pontos sinalizam a introdução de

Alternativas
Q2298909 Português
Ao longo de décadas, os arqueólogos tentam responder algumas perguntas, qual a origem da imagem e por que essas esculturas aparecem em tantos locais diversos.

Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese /articles/cg6g4v9k6n4o. Adaptado

Assinale a opção que contenha a nova pontuação correta sem alteração do sentido original da frase.
Alternativas
Q2297590 Português
Os sinais de pontuação ligados à estrutura sintática têm as seguintes finalidades:

I. Assinalar as pausas e as inflexões da voz (a entoação) na leitura.
II. Separar palavras, expressões e orações que, segundo o autor, devem merecer destaque.
III. Esclarecer o sentido da frase, eliminando ambiguidades.

Estão CORRETOS:
Alternativas
Q2292933 Português




(Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/04/03/musica-e-tao-eficaz-para-asaude-mental-quanto-exercicio-sugere-estudo.htm – texto adaptado especialmente para esta prova)

Os símbolos Imagem associada para resolução da questão (l. 02) e Imagem associada para resolução da questão (l. 17) podem ser substituídos, respectivamente, por quais sinais de pontuação? 
Alternativas
Q2292076 Português
Texto I

Você está preparado para trabalhar no século XXI?
As projeções são de um mercado de trabalho cada vez mais desigual


Dora Kaufman



      Estudos de consultorias e instituições internacionais sobre o mercado de trabalho divergem quanto aos números, porque têm base em metodologias distintas, contudo convergem sobre uma tendência: eliminação crescente de funções, ameaça aos empregos.

      No Brasil, temos dois estudos: um da Universidade de Brasília, que indica que 54% das funções no Brasil têm probabilidade de serem eliminadas até 2026; e outro do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, que indica que mais de 50% das funções serão eliminadas até 2050, ou seja, 35 milhões de trabalhadores formais correm risco de perder seus empregos para a automação. Por outro lado, com 13% de taxa de desemprego, as empresas enfrentam dificuldade de preencher vagas em aberto por falta de candidatos qualificados.

       As projeções são de um mercado de trabalho cada vez mais desigual, com as funções de alto desempenho extremamente lucrativas, e as demais com perdas salariais ou eliminadas pela automação. [...]

       A Uber ilustra bem o que está por vir. O número de motoristas cadastrados cresceu em 50% entre 2016-2018 (50 milhões para 100 milhões). No Brasil, são cerca de 600 mil motoristas; o pleno sucesso de seu projeto de carro autônomo, em teste em várias cidades, gerará um lucro extraordinário aos seus acionistas e uma perda total para os seus motoristas. A automação inteligente vai invadir o varejo, as transportadoras, os bancos e uma infinidade de funções em quase todos os setores, atingindo fortemente a classe média.
      Ao contrário de processos associados a tecnologias disruptivas anteriores, os novos modelos de negócio não são intensivos em mão de obra. Na automação das fábricas no século XX, por exemplo, os trabalhadores dispensados tinham como alternativa o setor de serviços, em plena expansão. A Economia de Dados não oferece muitas alternativas. A montadora GM demorou 70 anos para gerar um lucro de U$ 11 bilhões com 840 mil funcionários, e o Google precisou de meros 14 anos para lucrar U$ 14 bilhões com 38 mil funcionários. O exemplo talvez mais emblemático: em 2012, a Kodak abriu falência com 19 mil funcionários, após chegar a ter 145 mil funcionários; no mesmo ano, o Instagram foi comprado pelo Facebook por US$ 1 bilhão e tinha apenas 13 funcionários.
 
      Na competição entre o trabalhador humano e o “trabalhador máquina”, os humanos estão em desvantagem: a) a manutenção dos robôs é mais barata, as máquinas trabalham quase que em modo contínuo (sem descanso, sem férias, sem doenças), com um custo médio menor por hora trabalhada (US$ 49 para os profissionais na Alemanha e US$ 36 nos EUA, contra US$ 4 do “robô”); b) as máquinas inteligentes se aperfeiçoam automaticamente e continuamente e o custo de reproduzi-las é significativamente menor do que o custo de treinar profissionais humanos para as mesmas funções.
 
      As transformações no mercado de trabalho não advêm exclusivamente da automação inteligente, mas igualmente de novas configurações como home office e/ou contratação por projeto. Outro fator é a categoria chamada “gig economy”; plataformas e aplicativos on-line, freelancers; os aplicativos Uber, iFood, Rappi e 99 são hoje o maior empregador do país, com cerca de 3,8 milhões de trabalhadores, representando 17% dos 23,8 milhões de trabalhadores autônomos, segundo o IBGE. A tendência é a de que as empresas reduzam o número de empregados fixos, regidos pelas leis trabalhistas como CLT, com redução de custos e ganhos de eficiência, inclusive na qualidade do serviço prestado.
 
    As profissões-chave, no mercado de trabalho, dos próximos anos, segundo consultorias especializadas, são: analista de dados, cientista de dados, desenvolvedor de software e aplicativos, especialista em comércio eletrônico, especialista em mídias sociais, profissional de IA (especialista em inteligência artificial) com ênfase em aprendizado de máquina, especialista em Big Data, analista de segurança da informação e engenheiro de robótica. Em paralelo, existe um grande potencial em funções centradas em habilidades humanas, como atendimento ao cliente, vendas e marketing, treinamento e desenvolvimento de pessoas e cultura, gestão da inovação, e desenvolvimento organizacional. Até 2020, mais de um terço das habilidades essenciais para a maioria das ocupações será composto por habilidades que ainda não são cruciais para o trabalho atual.

       Para não perder a relevância econômica e social no século XXI, o desafio é identificar quais as habilidades necessárias para que o “robô” não roube seu emprego, e se capacitar. Lição de casa: liste todas as funções/tarefas desempenhadas no seu trabalho; agrupe, em colunas, as mais suscetíveis à automação e as que requerem habilidades ainda exclusivamente humanas e prepare-se para desempenhar melhor estas últimas.


KAUFMAN, Dora. Você está preparado para trabalhar no século XXI?. In: Desmistificando a inteligência artificial. Belo Horizonte: Autêntica, 2022, p. 49-51 – (Adaptado).


Glossário:


big data: uso de grandes e diversificados conjuntos de dados em análises preditivas para entender padrões, tendências e comportamentos. O big data estabelece correlações entre os dados (não causalidades).


KAUFMAN, Dora. Você está preparado para trabalhar no século XXI?. In: Desmistificando a inteligência artificial. Belo Horizonte: Autêntica, 2022, p. 307.


gig economy: A Gig Economy é uma tendência em expansão. Trata-se de uma economia alternativa da era digital que favorece prestação de trabalhos temporários ou de curto prazo para diversas empresas. Assim, a Gig Economy abrange os trabalhadores que deixaram o ambiente estável dos escritórios para conduzir sua própria carreira. 


Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/carreira. Acesso em: 20 ago. 2023. 
Considere o seguinte fragmento do texto I para responder à questão.
     Na competição entre o trabalhador humano e o “trabalhador máquina”, os humanos estão em desvantagem: a) a manutenção dos robôs é mais barata, as máquinas trabalham quase que em modo contínuo (sem descanso, sem férias, sem doenças), com um custo médio menor por hora trabalhada (US$ 49 para os profissionais na Alemanha e US$ 36 nos EUA, contra US$ 4 do “robô”); b) as máquinas inteligentes se aperfeiçoam automaticamente e continuamente e o custo de reproduzi-las é significativamente menor do que o custo de treinar profissionais humanos para as mesmas funções.

O uso dos dois pontos, nesse trecho do texto I, tem a finalidade de 
Alternativas
Q2291926 Português
Quais os efeitos da erva-mate no corpo?

        Muito comum em alguns países da América do Sul, a erva-mate é um produto feito com as folhas secas, levemente torradas e trituradas, oriundas da planta Ilex paraguariensis Saint Hilaire, como explica o Código Alimentar da Argentina (um conjunto de normas para a comercialização de alimentos). O país vizinho ao Brasil é um dos países que também tem alto consumo da erva.
        As folhas da erva-mate são, geralmente, misturadas com fragmentos de ramos jovens e secos, além de conter os pecíolos. Essa erva pode ser consumida de diferentes formas. No Brasil, as maneiras mais comuns de tomar a erva-mate são associadas ao chimarrão (acompanhada de água quente) e ao tererê (com água, refrigerante ou suco, todos frios).
        Em países como a Argentina e o Uruguai, é preparada em forma de mate, um recipiente de madeira, plástico ou outro material no qual a erva é colocada com água quente. "Nos últimos anos, um número crescente de artigos científicos tem demonstrado um impacto relevante das propriedades da erva-mate para a saúde, atribuído aos seus compostos bioativos e atividade antioxidante", afirma Lucas Brun, pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) da Argentina e diretor do Laboratório de Biologia Óssea da Universidade Nacional de Rosário (UNR).
        O especialista falou, em entrevista à National Geographic, sobre os benefícios da erva-mate. Ele comenta seus efeitos sobre o peso corporal, o metabolismo lipídico, a proteção cardiovascular, a atividade antidiabética, anti-inflamatória, antimutagênica (redução de mutações) e seu fator antimicrobiano. Além disso, foram descritas atividades neuroprotetoras e um efeito positivo sobre os ossos, todos relacionados à erva-mate.

(Fonte: National Geographic Brasil — adaptado.)
Qual alternativa usa os dois-pontos CORRETAMENTE?
Alternativas
Q2290380 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Por que pessoas param de tomar remédios de um dia para o outro


O principal motivo que leva alguém a parar com um medicamento é o quadro que estava sendo tratado aparentemente se estabilizar. "Quando se experimenta a melhora da depressão e da ansiedade, é natural sentir que os medicamentos não são mais necessários, já que os sintomas parecem ter diminuído", explica Asevedo. "Porém, a armadilha aqui é que essa melhoria nos sintomas, muitas vezes, ocorre antes da melhoria física no cérebro."


O médico compara o cérebro a um computador, e a doença, a um programa instalado na máquina. O tratamento remove o programa, explica ele, mas, para que o cérebro se proteja contra futuras recaídas, é necessário um período considerável de uso da medicação para que o cérebro crie novos caminhos para funcionar sem a influência da depressão. "É recomendável que antidepressivos sejam usados por, pelo menos, doze meses após a alta médica e pode chegar a até dois anos ou mesmo ser por tempo indeterminado, caso o paciente tenha tido dois ou mais episódios de depressão ao longo da vida", afirma Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).


Vanessa Favaro, do IPq-USP, diz que muitos pacientes não veem o tratamento como parte de uma busca contínua por saúde mental. "Compreender a abordagem de longo prazo pode ser desafiador para alguns pacientes, especialmente quando estão angustiados. A busca por alívio imediato é natural, mas nem todo sofrimento exige apenas alívio momentâneo", diz a médica. "O entendimento do transtorno, suas bases biológicas e a manutenção da saúde mental ao longo do tempo são essenciais. É importante considerar não apenas a medicação, mas também outras ações, como a psicoterapia e técnicas de respiração."


Outra razão bastante frequente para o abandono dos medicamentos são os efeitos indesejados sobre o corpo. "É relativamente fácil tolerar os efeitos colaterais de um antibiótico que só precisaremos tomar por sete dias", diz Asevedo. "Mas, quando se trata de um quadro depressivo que exige um tratamento contínuo de um ano, é muito mais difícil lidar."


Entre os efeitos colaterais mais comuns dos medicamentos psiquiátricos, o médico cita


redução da libido, sonolência, ganho de peso, efeitos gastrointestinais, enjoo, náuseas, tremores.


https://www.bbc.com/portuguese/articles/cqv7ly8nx2qo. Adaptado.
O tratamento remove o programa, explica ele, mas, para que o cérebro se proteja contra futuras recaídas, é necessário um período considerável de uso da medicação.

Assinale a opção que contenha a nova pontuação sem alteração do sentido da frase original. 
Alternativas
Q2288988 Português

Segundo Bechara, a respeito de pontuação, analise as assertivas abaixo: 


I. Pode-se entender pontuação de duas maneiras: a primeira abarca não só os sinais de pontuação propriamente ditos, mas o realce e a valorização do texto: título, rubricas, margens, escolha de espaços e de caracteres, entre outros. Na segunda, uma concepção mais restrita, a pontuação é constituída por uns tantos sinais gráficos.

II. Os parênteses ou colchetes denotam interrupção ou incompletude do pensamento (porque se quer deixar em suspenso, porque os fatos se dão com breve espaço de tempo intervalar ou porque o nosso interlocutor nos toma a palavra) ou hesitação em enunciá-lo.

III. O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as reticências. É empregado ainda, sem ter relação com a pausa oracional, para acompanhar muitas palavras abreviadas. 


Quais estão corretas? 

Alternativas
Q2288382 Português
Preservar Amazônia é mais lucrativo que desmatar, diz economista


Segundo Ricardo Abramovay, economia baseada no conhecimento da floresta favorece inovação e riqueza.


      [...] Temos a matriz energética menos emissora do mundo, quando o Brasil é comparado com países de importância territorial, demográfica e econômica equivalente à sua. Nossos transportes contam igualmente com uma fonte não emissora, o etanol, usado muito menos do que deveria, infelizmente, graças aos subsídios concedidos aos fósseis. Onde se concentram então nossas emissões?         
       Resposta: na destruição florestal. O Brasil e a Indonésia são os únicos países do mundo em que mais da metade das emissões vem do desmatamento. E é importante não confundir devastação florestal com a própria agricultura, embora, com muita frequência, a floresta destruída (e não só na Amazônia) dê lugar a atividades agropecuárias. A agropecuária responde por 22% de nossas emissões graças a doisfatores: por um lado à fermentação entérica dos ruminantes da qual resulta um dos mais potentes gases de efeito estufa, o metano. Como o Brasil possui o maior rebanho bovino comercial e é o mais importante exportador de carne do mundo, reduzir estas emissões é um imenso desafio, que exige (da mesma forma que na indústria, na mobilidade e na energia) muita ciência e muita inovação tecnológica. O mesmo pode ser dito das emissões derivadas do uso de fertilizantes nitrogenados na agricultura.
     Mas, contrariamente ao que ocorre com a agropecuária, com a indústria ou com os transportes, zerar o desmatamento (e, portanto, reduzir a contribuição do Brasil à crise climática) não é algo que depende de ciência e de tecnologia ou que exija investimentos vultosos.
     Cabe então perguntar: quais os custos de interromper a devastação? Será que desmatar a Amazônia não é o equivalente à recusa da China e da Índia em subscrever um acordo climático ambicioso em 2009? Seria válido o argumento de que, da mesma forma que, em 2009, os indianos e os chineses não tinham alternativa ao uso do carvão; a sobrevivência e o desenvolvimento dos 25 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia dependem de sua possibilidade de colocar a floresta abaixo, nela implantando atividades agropecuárias convencionais? Não estará a Amazônia presa a um dilema insuperável entre gerar renda para os que nela vivem ou preservar a floresta? É fundamental enfrentar estas perguntas pois elas estão na base da tentativa de imprimir algum fundamento racional àquilo que o Brasil e o mundo assistem hoje com tanto temor e tanta indignação na Amazônia.
      O principal erro dos que toleram, compactuam ou promovem o desmatamento é não se dar conta de que desmatar a Amazônia não produz nem riqueza, nem bem-estar. Na verdade, o desmatamento é o mais importante vetor da perenização do atraso e das precárias condições de vida na região. Ele exprime uma forma primitiva de extrativismo que se materializa, por exemplo, na importância do tráfico de madeira clandestina, que funciona como obstáculo à exploração madeireira sustentável, para a qual existem tecnologias e até sistemas de certificação baseados no uso de blockchain, como mostram os trabalhos da BVRio.
     Além disso, como é, na sua esmagadora maioria ilegal, o desmatamento na Amazônia funciona com base na formação de quadrilhas que se especializam em invadir terras públicas e territórios pertencentes a comunidades indígenas e ribeirinhas. A construção de pistas de pouso clandestinas e a contratação de motoqueiros (por parte dos pertencentes ao grupo de WhatsApp que organizou, no dia 10 de agosto, o “Dia do Fogo”, conforme reportagem da revista Globo Rural) incendiando o capim seco dos acostamentos nos distritos à beira da BR-163 e no município de Altamira, é apenas um entre vários indícios dos efeitos da legitimação da destruição florestal sobre o tecido cívico da região.
    Tão importante quanto a criminalidade ligada à esmagadora maioria do desmatamento na Amazônia é a avaliação que se pode fazer hoje de seus resultados econômicos e socioambientais. [...]
     Os trabalhos recentes de Carlos Nobre e Ismael Nobre listam um vasto conjunto de produtos do extrativismo com imenso potencial econômico. Uma das bases para a exploração sustentável destes produtos é a unidade entre trabalho científico e a própria cultura material dos povos da floresta. Um dos mais emblemáticos exemplos desta junção é a Rede de Sementes do Xingu, organizada pelo Instituto Socioambiental. Populações indígenas e ribeirinhas coletam sementes que são selecionadas por técnicos da EMBRAPA e do Instituto Socioambiental e vendidas a fazendeiros para que possam cumprir seus compromissos de reflorestamento. Mel, óleo de pequi, copaíba, borracha, castanha são inúmeros os produtos de uso alimentar, farmacêutico e cosmético que a ciência, aliada aos povos da floresta, pode revelar e ajudar a explorar de maneira sustentável. O selo Origens Brasil, que certifica estes produtos e já está em grandes cidades brasileiras, acaba de receber um importante reconhecimento internacional por parte da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO/ONU). É um exemplo das oportunidades do uso sustentável da floresta em pé com produtos capazes de exprimir nos mercados os valores contidos na preservação da floresta e no respeito aos povos que nela vivem.
     A manutenção da floresta em pé não corresponde portanto a uma redoma de contemplação, economicamente paralisada. Ao contrário, ela é um manancial de riquezas que se exprimem tanto em seus serviços ecossistêmicos e na cultura dos que aí habitam como no valor de seus produtos. A equipe coordenada pelo professor Britaldo Soares-Filho da UFMG e o economista Jon Strand do Banco Mundial estimaram o valor de alguns destes serviços. Em artigo publicado na prestigiosa Nature Sustainabillity, eles mostram que o desmatamento de um hectare gera perdas anuais de até US$ 40 para a produção de castanha do Pará e US$ 200 para a produção madeireira sustentável. Além disso, como o avanço do desmatamento compromete a produção de água por parte da floresta, seus impactos sobre a agricultura e a produção de energia nas hidrelétricas são altamente ameaçadores. 
    Em suma, mais que apagar os incêndios que hoje a destroem, a Amazônia precisa de políticas que estimulem a emergência de uma economia do conhecimento (e não da destruição) da natureza, que represente aquilo que temos de melhor: a capacidade de fazer da ciência a base para produzir riqueza e bem-estar, valorizando os ensinamentos e a sabedoria dos povos da floresta. 

(ABRAMOVAY, Ricardo. Preservar a Amazônia é mais lucrativo que desmatar, diz economista. Folha de S.Paulo. São Paulo. Em: 01/09/2019.)
Em relação à pontuação empregada no texto, analise as afirmativas a seguir considerando as normas estabelecidas gramaticalmente e assinale aquela que apresenta correção.
Alternativas
Respostas
61: D
62: D
63: E
64: D
65: A
66: C
67: B
68: A
69: A
70: C
71: C
72: D
73: D
74: D
75: D
76: B
77: D
78: A
79: D
80: B