Questões de Concurso
Comentadas sobre variação linguística em português
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Leia o texto a seguir.
Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos usos e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos é um erro igual ao de afirmar que a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a influência do povo é decisiva. Há, portanto, certos modos de dizer, locuções novas, que de força entram no domínio do estilo e ganham direito de cidade.
MACHADO DE ASSIS. Apud Luft, Celso Pedro. Vestibular do português. 1996.
A partir do texto, o autor argumenta que
Quando o professor tenta ensinar o que ele próprio não domina
O linguista Sírio Possenti, professor da Unicamp, reproduziu semana passada em seu Facebook a chamada de uma dessas páginas de português que pululam na internet: “16 palavras em português que todo mundo erra o plural”.
Comentário de Possenti, preciso: “Pessoas querem ensinar português ‘correto’ mas não conseguem formular o enunciado segundo as regras que defendem (ou defenderiam)”. Convém explicar.
A língua padrão que as páginas de português buscam ensinar obrigaria o redator a escrever “palavras cujo plural todo mundo erra”. Ou quem sabe, mexendo mais na frase para evitar o já raro cujo, “casos de palavras em que todo mundo erra o plural”.
A forma que usou, com o “que” introduzindo a oração subordinada, chama-se “relativa cortadora” – por cortar a preposição – e é consagrada na linguagem oral: todo mundo diz “o sabor que eu gosto”, mesmo que ao escrever use o padrão “o sabor de que eu gosto”.
O problema com o caso apontado por Possenti não é tanto a gramática, mas a desconexão de forma e conteúdo – a pretensão do instrutor de impor um código que ele próprio demonstra não dominar.
No discurso midiático sobre a língua, isso é mato. Muitas vezes o normativismo mais intransigente é apregoado por quem não consegue nem pagar a taxa de inscrição no clube. “Português é o que nossa página fala sobre!”
Mesmo assim, o episódio de agora me deixou pensativo. E se o problema do conservadorismo que não está à altura de si mesmo for além das páginas de português? Poderia ser essa uma constante cultural em nosso paisão mal letrado, descalço e fascinado por trajes a rigor? Só um levantamento amplo poderia confirmar a tese. Seguem dois casos restritos, mas factuais.
Em abril de 2022, o então presidente do Superior Tribunal Militar (STM), general Luís Carlos Gomes Mattos, submeteu a gramática a sevícias severas ao protestar contra a revelação, pelo historiador Carlos Fico, de áudios em que o STM debatia casos de tortura durante a ditadura de 1964.
“Somos abissolutamente (sic) transparente (sic) nos nossos julgamento (sic)”, disse o general. “Então aquilo aí (sic), a gente já sabe os motivos do porquê (sic) que isso tem acontecendo (sic) agora, nesses últimos dias aí, seguidamente, por várias direções, querendo atingir Forças Armadas...”
Gomes Mattos enfatizou ainda a importância de cuidar “da disciplina, da hierarquia que são nossos pilares (das) nossas Forças Armadas”. Mas disciplina e hierarquia não deveriam ser princípios organizadores da linguagem também? Que conservadorismo é esse?
No início de fevereiro, o reitor da USP publicou uma nota em resposta a uma coluna em que Conrado Hübner Mendes fazia críticas ao STF. Frisando o fato evidente de que a coluna de Mendes expressava a opinião de Mendes, não da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior escreveu que “a liberdade de cátedra se trata de prerrogativa exclusiva dos docentes”.
Sim, é verdade que a expressão impessoal “tratar-se de” tem sido usada por aí com sujeito, como se fosse um “ser” de gravata-borboleta. Trata-se de mais um caso de hipercorreção, fenômeno que nasce do cruzamento da insegurança linguística com nossas velhas bacharelices.
Não é menos verdadeiro que a norma culta do português (ainda?) condena com firmeza esse uso, o que torna digna de nota sua presença num comunicado público emitido pelo mais alto escalão da universidade mais importante do país.
(RODRIGUES, SÉRGIO. Quando o professor tenta ensinar o que ele próprio não domina. Jornal Folha de S. Paulo, 2024.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/. Acesso em: janeiro de 2025. Adaptado.)
Texto CG4A1
Globalmente, as mulheres representam de 8% a 17% da força de trabalho na mineração. O Brasil está na ponta positiva do espectro, com representação média feminina de 17% — ainda que os números sejam mais baixos que os do setor industrial brasileiro em geral, em que esse percentual fica em torno de 25%. Na alta liderança, as mulheres representam 20% dos cargos de chefia e 21% dos conselhos administrativos na mineração.
De acordo com uma pesquisa global da McKinsey, além de colocar em prática valores de igualdade e equidade, a diversidade melhora o desempenho operacional. Equipes diversas são mais produtivas, aderindo 11% mais ao cronograma de produção; têm práticas mais seguras, com uma frequência de acidentes 67% menor; e são mais criativas e resilientes.
Signatária dos Princípios de Empoderamento da Mulher da ONU, uma mineradora global criou, em 2018, um programa de trainee 100% feminino e, no ano seguinte, realizou seu primeiro processo seletivo exclusivo para mulheres engenheiras, analistas e gestoras. A medida tem impulsionado o índice de participação feminina da empresa, que passou de 13% para 22% entre 2019 e 2022.
Há, ainda, um obstáculo anterior, como aponta uma gerente de governança do setor: “A mineração tem muitos cargos em ciências exatas, mas não encontramos muitas universitárias nesses cursos”.
De fato, se, por um lado, as brasileiras têm maior grau de escolaridade do que os homens, por outro, elas são minoria nos cursos de STEM (ciências, tecnologia, engenharias e matemática): 10% das universitárias e 28% de homens universitários estão matriculados em graduações nessas áreas.
A fim de vencer esse obstáculo, mineradoras globais passaram a oferecer, em parceria com universidades, bolsas de estudos para mulheres nas áreas de engenharia e ciências exatas.
Internet: <braziljournal.com> (com adaptações).
Julgue o item seguinte, acerca de aspectos linguísticos e do vocabulário empregado no texto CG4A1.
No segundo período do terceiro parágrafo, o vocábulo “que” tem como referente o termo “participação”.

Leia o texto a seguir.
Disponível em:
<https://www.facebook.com/CafeteriaDaFazenda/posts/b%C3%A3o-diacunvers%C3%A1-%C3%A9-cun-n%C3%B3is-diminas/2642152552496234/>. Acesso em: 06 out. 2024.
As variações linguísticas procuram estabelecer uma comunicação em relação a um contexto. Proporcionam relacionar maneiras de como os indivíduos apresentam formas em utilizar essa mesma língua no seu dia a dia. Como é classificada a variação linguística presente no texto supramencionado?
1“-Esta obrigação de casar as mulheres é o diabo!...Se não tomam estado, ficam jururus e fanadinhas...; se casam podem cair nas mãos de algum marido malvado...E depois, as histórias!...Ih, meu Deus, mulheres numa casa, é coisa de meter medo...” Inocência, de Visconde de Taunay;
2 – do Instagram, @felicidade_da_alma:

3- Fragmento da crônica de Carlos Drummond de Andrade -ANTIGAMENTE.
Antigamente as moças chamavam-se “mademoiselles” e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhe pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. [...] Mas tudo isso era antigamente, isto é, outrora. (Carlos Drummond de Andrade, Quadrante, 14ª Edição, Rio de Janeiro, Editora do Autor, 1966)
4- “A decisão reforça a importância do sigilo das comunicações entre advogados e clientes, um princípio fundamental para a garantia do direito de defesa. A exclusão das transcrições e menções das mensagens ilegalmente analisadas e expostas é crucial para preservar a integridade do processo legal. Essa medida resguarda não apenas os direitos dos envolvidos, mas também a confiança no sistema judiciário. A OAB segue firme na defesa intransigente do Estado de Direito e da justiça para todos", destaca o presidente nacional da OAB, Beto Simonetti.
https://www.oab.org.br/noticia/61947/prerrogativas-inviolaveisstf-atende-oab-e-exclui-conversas-de-advogado-expostas-pordelegado
5 -

Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender um outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, i o ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto ê
A, bê, cê, dê
Fê, guê, lê, mê
Nê, pê, quê, rê
Tê, vê e zê
[...]
Disponível em: https://www.letras.mus.br/luiz-gonzaga/47079/. Acesso em: 21 out. 2024.
Levando-se em consideração a letra da música, dadas as afirmativas,
I. Luiz Gonzaga empregou, intencionalmente, a variação sociocultural e a variação geográfica em sua música para valorizar a cultura regional e permitir que os nordestinos migrantes se sentissem próximos a suas origens.
II. A letra da música pode ser usada para refletir sobre o preconceito e o julgamento depreciativo contra as variedades linguísticas.
III. Há, na composição musical, uma crítica a respeito do linguajar nordestino, que desprestigia a variante linguística que as crianças utilizam em suas relações sociais.
IV. Desvalorização da cultura regional e julgamentos depreciativos acerca da fala dos nordestinos são mencionados na letra da música.
verifica-se que estão corretas apenas
Num mercado cearense: - Gostaria de comprar mandioca. - Aqui não temos isso. - Então, me vê um aipim. - Também não temos. -Tá, mas macaxeira vocês têm né? - Ah! Agora sim, quantas o senhor vai querer?
Variação linguística é a diversidade de formas de falar uma língua, que se adapta a diferentes contextos, grupos sociais, regiões ou épocas. Ao observar as palavras destacadas no Texto II acima e o contexto comunicativo, assinale a alternativa que apresenta corretamente o tipo de variação linguística que temos representada.
As variedades linguísticas referem-se às diferentes formas de uso da língua, que podem variar de acordo com fatores como a região geográfica, o contexto social, a situação de comunicação e o nível de formalidade. Essas variações podem ser observadas na pronúncia, no vocabulário e até mesmo nas construções gramaticais utilizadas pelos falantes.
Considere a tirinha abaixo:
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/quadrin/f30308200706.ht m. Acesso em 08 de nov. de 2024.
Com base no contexto apresentado, o uso das palavras "bicicreta", "cocrete" e "cardeneta" exemplifica:
Leia, com atenção, o texto 01 e, a seguir, responda a questão, que a ele se refere.
Texto 01
Você lembra quando não existia internet?
Rossandro Klinjey
Para aqueles que se lembram dos dias em que conversas espontâneas em lojas e sorrisos não solicitados eram a norma, a era pré-smartphone, quando a internet ainda era apenas um sonho, foi mágica. Se o auge da sua infância envolvia ouvir sua mãe gritando na rua: “tá na hora do jantar”, ou inventar aventuras apenas com sua imaginação, você provavelmente nutre uma relação de amor e ódio com seu “telefone inteligente”, esse dispositivo maravilhoso com conexão à internet que nos permite andar em cidades que não conhecemos, pedir comida ou comprar roupa com um clique. Enfim, como sobrevivíamos sem Waze e o delivery?
E, sim, eles podem encontrar quase tudo para nós, de um novo amor a uma refeição saborosa. Mas, por mais que tentem, ainda não conseguem substituir um abraço caloroso. Muito menos uma conversa olho no olho, ou entender as sutilezas do coração humano. Um brinde à ironia de um mundo onde podemos estar a um clique de tudo, exceto da genuína conexão entre gente de verdade.
Com a ascensão dos smartphones e das redes sociais, ultrapassamos as barreiras de tempo e espaço, inclusive na internet, reconectando-nos com amigos de infância, colegas de escola e parentes em outros países em tempo real. É uma viagem incrível quebrar as limitações do relógio e da geografia com apenas um toque. Quem poderia resistir a tal fascínio?
Em seguida, veio o feed infinito das redes sociais pronto para entregar elevadas doses de dopamina e satisfazer a cada um de nós, fornecendo exatamente o que desejávamos naquele momento. [...]
E assim ficamos presos, quase acreditando que havíamos perdido a capacidade de retornar à nossa humanidade. Agora, começamos a compreender esse dilema. Na busca por experiências externas, desvalorizamos a convivência íntima, aquela que nos permite crescer e dar sentido à nossa vida.
Não por acaso, atualmente, observa-se uma busca por reconexão com o mundo real, uma tentativa de compensar o empobrecimento dos nossos relacionamentos, que se tornaram superficiais.
Que venham esses novos/velhos tempos, e que venham logo, pois é estando presente que a gente vive o melhor de nós.
Disponível em: https://vidasimples.co/colunista/voce-lembra-quando-nao-existia-internet/. Acesso em: 30 set. 2024. Adaptado.
Analise os itens a seguir, tendo em vista os recursos de linguagem usados no texto.
I- Conotação.
II- Denotação.
III- Coloquialidade.
IV- Estrangeirismo.
V- Subjetividade.
Estão CORRETOS os itens
I- Observa-se o emprego de uma linguagem formal, compatível com a linguagem jornalística.
II- Trata-se de um fragmento extraído de um jornal de circulação nacional, razão pela qual precisa manter o rigor formal da língua.
III- Trata-se de um fragmento extraído de um jornal local, razão pela qual não é necessário manter o rigor formal da língua.
É CORRETO o que se afirma em:
Se a gente lembra só por lembrar O amor que a gente um dia perdeu Saudade inté que assim é bom Pro cabra se convencer Que é feliz sem saber Pois não sofreu
Porém se a gente vive a sonhar Com alguém que se deseja rever Saudade, entonce, aí é ruim Eu tiro isso por mim Que vivo doido a sofrer.
Compositores: Humberto Teixeira / Luis Gonzaga
Observe a imagem:
- Que seja dito a quem me deu à luz que no meu estômago prevalece um vazio!
- Oh, por amor de Deus, Shakespeare! Basta dizer: “mãe, tenho fome!”
O texto multimodal apresenta a imagem do filho dizendo à mãe: “Que seja dito a quem me deu à luz que no meu estômago prevalece um vazio”, ao que a mãe responde: “Oh, por amor de Deus, Shakespeare! Basta dizer: ‘mãe, tenho fome’”. O texto/imagem explora diferentes níveis de linguagem para criar um efeito humorístico e transmitir uma mensagem.
Considerando os níveis de linguagem e o propósito comunicativo do texto/imagem, analise as sentenças a seguir e assinale a CORRETA:
Observe os prints de tela a seguir:
No post de uma rede social, a usuária publicou uma imagem de um carro estacionado numa rua, com água à altura da porta, relatando “Tô dentro do salão, mas olha meu carro! Rezem pra chuva parar!” e, na postagem seguinte, publica uma foto da rua alagada e o carro ao fundo, e sua mão com unhas feitas na frente, com o enunciado “Apavorada”.
Assinale o fenômeno linguístico-discursivo presente no texto/imagem.