Questões de Português - Variação Linguística para Concurso

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Q1150805 Português

BEM PERTO DE LEO


Christophe Honoré

Capítulo I


            Marcelinho. Era assim que eles me chamavam.

          Pra mim, se eles me chamassem de Marcelo também tava bom, só que eles têm essa mania, já estou com mais de dez anos mas não adianta. Se acostumaram. Querem ser bonzinhos comigo. Ou rir da minha cara. Sei lá, uma mistura danada de boas intenções que deve me deixar incrivelmente legal aos olhos deles.

        Marcelinho. Até que eu gosto. Fico mais diferenciado dos meus três irmãos. Dá pra perceber muito bem que eu sou o irmão mais moço, o caçulinha, o “queridinho da vovó”, como diz a vovó. 

         Três irmãos.

        Grandes, mas grandes pra valer. Tipo caras que saíram do colégio há décadas. Só que os três continuam morando lá em casa.

      Tristão: 21.

      Leo: 19.

     Pedrinho: 17. Não teve erro. Tipo relógio. Um filho de dois em dois anos, sempre em fevereiro. Pinta fevereiro, paf, filho!

    Quando pergunto a minha mãe por que razão exatamente eu cheguei com:


     cinco anos de atraso, ela olha pra mim como se eu estivesse querendo que ela me explicasse a existência do mundo. Em geral ela faz uma festinha na minha bochecha com uma das mãos e me dá um tapinha na testa com a outra e ao mesmo tempo fala baixinho: “Não se preocupe, meu coração, vai passar”.

     Eu não me preocupo, mas sei lá, quando me dizem esse tipo de coisa fico todo arrepiado, a impressão que eu tenho é de que estão me escondendo um segredo de Estado.

     É por isso que em geral não tenho coragem de insistir. Fico pensando que se eles, os meus pais, resolveram esperar cinco anos, a explicação só pode ser uma coisa bem ruim. Mas deixa pra lá, o que importa é que afinal eles se decidiram. Se não tivessem se decidido eu ia continuar sei lá onde, esperando que alguém se lembrasse de mim pra poder sair. [....]


Adaptado de: HONORÉ, Chistophe. Bem perto de Leo. Tradução de

Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 7-8.

Assinale a alternativa em que a linguagem é utilizada de maneira mais informal.
Alternativas
Q1150721 Português
A lenda da borboleta azul


         Há uma lenda oriental que conta a história de um homem que se tornou viúvo há muitos anos e só precisava cuidar de suas duas filhas.
       As duas garotas eram muito peculiares, inteligentes e sempre muito ansiosas para aprender. Elas continuamente sobrecarregaram seu pai com perguntas para satisfazer seu desejo de conhecimento. Às vezes o pai sabia responder às suas perguntas de alguma maneira, às vezes achava difícil encontrar uma resposta apropriada para as duas garotas.
       Como ele podia ver o quanto inquietas eram suas filhas, decidiu enviá-las em um feriado para viver com um velho sábio que vivia no topo de uma montanha e aprender com ele. Este homem sábio era capaz de responder a todas as perguntas que as meninas lhe perguntassem, sem dúvida.
       As duas irmãs, no entanto, decidiram testar o sábio de uma maneira maliciosa, para medir sua verdadeira sabedoria. Certa noite, começaram as duas a inventar um plano: fazer ao sábio uma pergunta que ele não poderia responder.
       “Como podemos atrair o sábio para a armadilha? Que pergunta podemos lhe fazer que ele não será capaz de responder? ”A irmã mais nova perguntou à irmã mais velha.
      “Espere aqui, eu vou te mostrar imediatamente”, respondeu a mais velha das duas.
      A irmã mais velha foi para a floresta e voltou dentro de uma hora. Ela segurava a saia como uma bolsa e guardava algo nela. “O que você tem aí?”, Perguntou a irmã mais nova.
       A irmã mais velha colocou a mão na saia e mostrou à menina uma linda borboleta azul.
      “Ela é tão linda”! O que você vai fazer com isso?
     “Esta será a nossa ferramenta para fazer ao sábio a nossa pergunta da armadilha. Nós vamos procurá-lo e eu vou segurar essa borboleta na minha mão o tempo todo. Então pergunto ao sábio se a borboleta que tenho em minhas mãos está viva ou morta. Se o sábio disser que a borboleta ainda está viva, aperto minha mão para matar a borboleta. Se ele disser que a borboleta está morta, vou libertá-la. Por isso, não importa que tipo de resposta ele dê, sempre será errada.
     A irmã mais nova ficou empolgada com a proposta de sua irmã, e assim ambas foram a procura do velho sábio.
   “Oh sábio”, disse a irmã mais velha. “Você poderia nos dizer se a borboleta que eu seguro minhas mãos está viva ou morta?”
     Ao que o homem sábio, com um sorriso travesso no rosto, respondeu: “Isso depende de você, ela está em suas mãos.”
     Nosso presente e nosso futuro estão completamente em nossas próprias mãos. Portanto, nunca devemos culpar ninguém pelas coisas que dão errado em nossas próprias vidas. Quando perdemos algo ou quando apenas encontramos algo, somos sempre os responsáveis.
    A borboleta azul representa nossas vidas. Cabe a nós determinar o que queremos fazer com essa vida.


Disponível em: <https://www.revistapazes.com/a-lenda-da-borboleta
-azul/>. Acesso em: 01 de out. de 2018.
Sobre a linguagem do texto, é correto afirmar que
Alternativas
Q1150410 Português

LEIA O TEXTO PARA RESPONDER À QUESTÃO.


Rosely Sayão: “Educar é apresentar a vida e não dizer como viver” 


   Educar não é fácil, muito menos nos tempos atuais. A sociedade tem passado por muitas transformações, e os pais se veem, tantas vezes, completamente perdidos. É o que evidencia a psicóloga Rosely Sayão em seu recém-lançado livro Educação sem blá-blá-blá ( Ed. Três Estrelas, 2016).

   Mas porque os pais e professores estão tão perdidos? Para começar, diz a especialista, complicamos o que é muito simples e simplificamos o que tem grande complexidade. E, para completar, somos muito egoístas. “Não queremos que elas [as crianças] sofram, como se fosse possível evitar que isso ocorra, não queremos sofrer com a dor delas, não queremos que elas vivenciem frustrações, não queremos que sejam excluídas de grupos sociais. Para nós, o que conta são esses nossos sentimentos, mesmo que, para elas, passar por todas essas experiências “negativas” seja algo muito benéfico”, explica na introdução da obra.

   Em conversa com Carta Educação, Rosely falou sobre os principais temas abordados no livro como a relação entre família e escola, a dificuldade dos pais de dizer “não”, como apresentar a tecnologia às crianças, entre outros assuntos essenciais para um convívio familiar e escolar mais saudável. Carta Educação: O mundo tem passado por muitas transformações em um espaço de tempo relativamente pequeno. A educação vem acompanhando essas mudanças? Quais são os ensinamentos de nossos avós, pais ainda pertinentes e quais aqueles que precisam ser revisados?

Rosely Sayão: Os ensinamentos que precisamos manter são aqueles gerais, relacionados aos princípios e valores. Independentemente das mudanças que ocorreram no mundo, do estilo de vida que as crianças e jovens levam hoje, é preciso ensiná-los a ser honesto, ético, justo, respeitar o outro. O que muda é a maneira de ensinar: acho que hoje a mediação funciona bem. Então usar um filme para discutir uma determinada situação ou uma notícia que está tendo repercussão nas mídias pode ser um ponto de partida para conversar sobre os temas. Antes os pais só mandavam, era “ faça isso, não faça aquilo, isso pode aquilo não”. Hoje, dever haver a conversa junto com a atitude. Não é só conversa também, são os dois juntos.

CE: No seu livre, a senhora fala em crise da autoridade dos pais e com isso tem dificultado a relação deles com os filhos. Poderia explicar melhor?

RS: A crise da autoridade começou faz tempo, mas estamos vendo os efeitos disso na educação só agora. E não é só a autoridade dos pais que está sendo contestada, é geral. Se analisarmos o nosso panorama político nas últimas décadas, percebemos que nem as autoridades políticas são respeitadas mais. Em relação aos pais, dizer não para o filho é apresentar a vida como ela é e essa é a dificuldade dos pais, pois eles querem criar um mudo perfeito para seus filhos, só que esse mundo não existe. Mas educar é isso: apresentar a vida e não dizer como viver

CE: Porque é tão difícil dizer “não”?

RS: Muitos pais me perguntam isso, como dizer “não” ao filho, e eu viro e respondo: “Olha para ele e diz não”. A verdade é que os pais não querem bancar o que vem depois do não. A birra, o choro, a revolta. Mas tem que bancar, pois é função dos pais fazer com que a criança faça aquilo que é bom para ela. Porque ela não sabe, a criança só sabe o que ela gosta e não gosta.

CE: Muitos pais têm sobrecarregado seus filhos com atividades extraclasse na ânsia de moldá-los dentro do currículo perfeito desde muito cedo. Como a senhora enxerga essa tendência?

RS: O individualismo e a competição estão no seu auge em paralelo com o poder de consumo. Há uma geração educada dessa maneira e percebe-se que isso não está ajudando a melhorar o mundo, pelo contrário. Então está na hora de a gente repensar isso tudo. Se o mundo ensina a gente a ser competitivo, a gente tem que dar uma vacina para nosso filho, isto é, ensinar a ser cooperativo. O mundo ensina que é importante consumir, tenho que dar uma vacina e mostrar que se pode consumir de maneira crítica. Isso que é importante e não ensinar mais do mesmo. Se o mundo já ensina isso, a gente não precisa ensinar de novo.


PAIVA, Thais. Rosely Sayão: “Educar é apresentar a vida e não dizer como viver”. Carta Capital, 2018 [adaptado]. Disponível em: http:/www.cartaeducacao.com.br/entrevistas/Rosely-sayao-educar-e-aresentar-a-vida-e-não-dizer-como-viver/. Acesso em: 24 fev. 2019.

O registro linguístico usado na construção do texto:
Alternativas
Q1146288 Português

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.


TEXTO II


Desmatamento


Roubando como um desesperado sem nenhum sentido.

Desmatando a mãe natureza que nos teve como filhos.

Todos os filhos de Jah.

Jah deu a natureza não foi pra um só, não foi pra um só.


Deus deu a natureza pra todos nós cuidarmos bem dela.

Não convém, está cometendo suicídio não faça isso rapaz.

Prejudicando nossas vidas, a vida dos nossos filhos.

E a dos animais.


Não mate o que é da mata ela só faz você viver e ser feliz.

Isso que não pode acontecer, não pode acontecer.

Desmatar a mata pra poder se enriquecer, uhum.

Pois a natureza não mata, ela só faz você viver e ser feliz.

Não convém, está cometendo suicídio não faça isso rapaz.


Prejudicando nossas vidas, a vida dos nossos filhos e a dos animais.

Eu cuido dela sim para que a mãe natureza cuide bem de mim.


RAIZ DA MATA. Desmatamento. Disponível em:<https://www.vagalume.com.br/raiz-da-mata/desmatamento.html>.

Acesso em: 15 nov. 2019.

Assinale a alternativa em que o trecho apresenta palavra ou expressão típica da oralidade.
Alternativas
Q1145617 Português

TEXTO I

                  Você tira o celular do bolso mais de 200 vezes por dia

                    E o número de toques diários no aparelho é ainda mais

                                impressionante: são 2.600, em média.


Fumar era normal. As pessoas acendiam o primeiro cigarro logo ao acordar, e repetiam o gesto dezenas de vezes durante o dia, em absolutamente todos os lugares: lojas, restaurantes, escritórios, consultórios, aviões (tinha gente que fumava até no chuveiro). Ficar sem cigarro, nem pensar - tanto que ir sozinho comprar um maço para o pai ou a mãe, na padaria da esquina, era um rito de passagem para muitas crianças. O cigarro estava na TV, nos filmes, na música, na propaganda (nos EUA, ficou famoso um anúncio que dizia: “Os médicos preferem Camel”). 30% a 40% da população, dependendo do país, fumava.


O cigarro foi, em termos absolutos, a coisa mais viciante que a humanidade já inventou. Hoje ele é execrado, com razão, e cenários assim são difíceis até de imaginar. Olhamos para trás e nos surpreendemos ao perceber como as pessoas se deixavam escravizar, aos bilhões, por algo tão nocivo. Enquanto fazemos isso, porém, vamos sendo dominados por um vício ainda mais onipresente: o smartphone.


Quatro bilhões de pessoas, ou 51,9% da população global, têm um, de acordo com uma estimativa da empresa sueca Ericsson. E o pegam em média 221 vezes por dia, segundo uma pesquisa feita pela consultoria inglesa Tecmark. O número de toques diários no aparelho é ainda mais impressionante: são 2.600, segundo a empresa de pesquisa Dscout Research. O smartphone já vicia mais gente, e de forma mais intensa, do que o cigarro.


Vivemos grudados em nossos smartphones porque eles são úteis e divertidos. Mas o que pouca gente sabe é o seguinte: por trás dos ícones coloridos e apps de nomes engraçadinhos, as gigantes da tecnologia fazem um esforço consciente para nos manipular, usando recursos da psicologia, da neurologia e até dos cassinos. “O smartphone é tão viciante quanto uma máquina caça-níqueis”, diz o americano Tristan Harris. E o caça-níqueis, destaca ele, é o jogo que mais causa dependência: vicia três a quatro vezes mais rápido que outros tipos de aposta.


Harris trabalhou quase cinco anos no Google, primeiro como programador e depois como “especialista em ética de design”: a pessoa encarregada de garantir que os apps e serviços do Google não fossem manipulativos ou viciantes. Em 2016, saiu da empresa para criar uma ONG, que se chama Center for Human Technology e reúne programadores alarmados com o impacto da indústria da tecnologia. “Estamos colocando toda a humanidade no maior experimento psicológico já feito, sem nenhum controle.” 


“A internet é a maior máquina de persuasão e vício já construída”, diz o programador Aza Raskin. Você provavelmente nunca ouviu falar dele, mas Raskin é famoso no Vale do Silício. Isso porque, em 2006, ele inventou o que viria a se tornar um dos elementos mais fundamentais (e viciantes) dos smartphones: a “rolagem infinita”. Sabe quando você vai descendo pela tela e o conteúdo nunca termina, pois vai aparecendo mais? Trata-se da rolagem infinita, que torna mais prático o uso do smartphone - mas também mexe com a sua cabeça.


“Se você não dá tempo para o seu cérebro acompanhar os seus impulsos, simplesmente continua rolando para baixo”, diz Raskin. Ele não imaginava o poder viciante de sua criação, e hoje se arrepende dela - tanto que é um dos fundadores do Center for Human Technology. “A pergunta que nós nos fazemos no Vale do Silício é: estamos programando apps ou pessoas?”, diz. “Só Deus sabe o que estamos fazendo com o cérebro das crianças”, afirmou Sean Parker, um dos fundadores e primeiro CEO do Facebook, num debate em 2018. “Nós exploramos uma vulnerabilidade da psicologia humana. Eu, Mark (Zuckerberg), Kevin Systrom (criador do Instagram), todos nós entendemos isso, conscientemente, e fizemos mesmo assim”, afirmou.


Você deve estar pensando: será que não tem um certo exagero nisso? Afinal, você não controla o uso que faz do smartphone, e pode tranquilamente deixá-lo de lado, certo? Mais ou menos. Primeiro, você provavelmente é bem mais dependente dele do que imagina. Segundo, na prática é difícil conter o uso do celular. Foi o que constatou uma pesquisa feita pela consultoria Deloitte com 2 mil brasileiros. 30% das pessoas disseram que têm problemas com o uso excessivo do smartphone, como dificuldade de concentração ou insônia, e 32% já tentaram maneirar - sem sucesso. Uma pesquisa do Hospital Samaritano de São Paulo revelou que oito em cada dez motoristas usam celular enquanto dirigem, embora 93% deles reconheçam que isso é perigoso.


É por isso que boa parte das pessoas está sempre com a cara enterrada na tela, mesmo nos momentos mais impróprios para isso: atravessando a rua, na praia, num show, etc. “Está havendo um sequestro da atenção, da consciência, da perspectiva de você se conectar com o mundo à sua volta. Uma epidemia da distração”, diz o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do Grupo de Dependência Tecnológica do Hospital das Clínicas (USP).


Estudos mostram que o uso excessivo de smartphone está ligado ao aumento das taxas de ansiedade, depressão e déficit de atenção, inclusive com alterações na estrutura do cérebro. Os sintomas começam a se manifestar quando a pessoa gasta mais de três horas por dia no celular, e nós já passamos disso: o brasileiro gasta em média 3h10 diárias nessa atividade.


                                        Disponível em:<encurtador.com.br/jkpvG>.

Acesso em: 24 set. 2019










A reportagem apresentada no texto I faz uso de um linguajar mais coloquial, o que pode ser comprovado pelos trechos a seguir, exceto por:
Alternativas
Respostas
851: A
852: C
853: B
854: C
855: D