Questões de Português - Variação Linguística para Concurso

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Q962575 Português

TEXTO 1 


A face negativa da norma culta

   1. Há tempos que os trabalhos no campo da linguística brasileira têm como uma de suas principais preocupações os modos de ensino da norma culta da Língua Portuguesa. Vista como símbolo do bem-falar, a norma culta é amplamente defendida como a “variedade linguística de maior prestígio social”, assim descrita na maioria das gramáticas. Nesse sentido, o ensino de português, de um modo geral, tem se pautado na transmissão das regras subjacentes a essa norma. As gramáticas e os livros didáticos, além de darem continuidade a um comércio editorial, que se diz capaz de oferecer essa “arte do bem-falar” aos incapazes de adquiri-la socialmente, em suas atividades linguísticas cotidianas, apenas reforçam a ideia absurda de que a norma culta é a única aceitável, e quem não souber dominá-la será excluído do conjunto dos indivíduos que “sabem falar português”. 

   2. Essa ideia de supervalorização da norma culta e de sua superioridade sobre as outras variedades passou a ser senso comum na sociedade, gerando, assim, uma onda de preconceito e intolerância, já que se subentende que qualquer uso que fuja à norma será considerado “inferior e desprestigiado”. O livro “Preconceito e intolerância na linguagem”, da professora Marli Quadros Leite, abordou esse problema e constatou a ocorrência de intolerâncias, sobretudo, em discursos da imprensa escrita. [...]  

   3. A primeira reflexão trazida por Leite é a de que o preconceito contra a linguagem não é apenas linguístico, mas também social e político. Por meio das análises feitas, é possível perceber, por exemplo, o preconceito e a intolerância contra o povo nordestino, mostrados, principalmente, por habitantes das regiões Sul e Sudeste. [...] Fica evidente que os argumentos daqueles que têm preconceito contra a linguagem do nordestino baseiam-se na ideia de que se trata de uma linguagem “errada”, utilizada por pessoas de baixo prestígio social e que “não sabem falar o português”. Esse tipo de pensamento tem – em grande parte – origem na distinção entre norma culta e norma popular, na negação de outras variedades linguísticas e na ignorância de que a língua é um fenômeno social e, inevitavelmente, variável. 

   4. As análises dos gêneros feitas por Leite são de grande valia aos estudos sobre preconceito e intolerância contra determinadas variedades linguísticas, mas sua abordagem sobre a ocorrência desses fenômenos na escola é, sem sombra de dúvidas, o que coroa sua obra, visto que, além da influência da sociedade em geral, a escola (infelizmente) tem sido a grande incentivadora do preconceito e da intolerância linguísticos. A insistência da escola em ensinar, de forma supervalorizada, as regras gramaticais – às vezes, sem levar em consideração as variedades linguísticas dos alunos – cria na mente dos estudantes a ideia de que a norma culta é a que “reina” na sociedade. Isso gera uma atitude corretiva do indivíduo consigo mesmo – num “policiamento linguístico” – e de um indivíduo para com outro – numa posição soberba e acusadora a que subjaz o pensamento: “Você fala errado! Eu estudo e falo certo, logo, eu posso corrigir seu erro”. 

    5. Essa é a face negativa da norma culta. Essa falsa superioridade e desprezo sobre as outras variedades linguísticas, o que, infelizmente, gera o preconceito e a intolerância, não apenas contra a linguagem de quem faz uso de outras normas, mas contra a própria pessoa. O uso e o ensino da norma culta são, sem dúvida, essenciais. Ela deve ter, sim, seu lugar na sociedade e na escola, de forma que todos possam ter a capacidade de comportar-se linguisticamente de forma adequada em cada situação comunicativa. O que se torna necessário, como conclui Leite, é que as pessoas não julguem umas às outras pela linguagem de que fazem uso, mas que haja o respeito, a tolerância, a aceitação e a valorização de todas as normas linguísticas, pois todas, igualmente, são válidas e essenciais à vida da comunidade linguística.

Talita Santos Menezes. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/a-face-negativa-da-norma-culta/118492. Acesso em 05/09/2016. (Adaptado).  

Em um texto, fala a ‘voz’ de um autor que, eventualmente, pode fazer alusão a outras vozes, ou melhor, a vozes de outros sujeitos, misturando, assim, o que ele próprio afirma com afirmações de outros, de quem, muitas vezes, discorda. Para entender bem um texto, é preciso distinguir bem o que o autor do texto diz e a referência que ele faz do que outros dizem. No Texto 1, são afirmações do autor:


1) a ‘norma culta’ é “símbolo do bem falar”; “é a única aceitável”; “a que “reina” na sociedade”; é a “variedade linguística de maior prestígio social”. (1º parágrafo)

2) “As análises dos gêneros feitas por Leite são de grande valia aos estudos sobre preconceito e intolerância contra determinadas variedades linguísticas.” (4º parágrafo)

3) “O uso e o ensino da norma culta são, sem dúvida, essenciais. Ela deve ter, sim, seu lugar na sociedade e na escola”. (5º parágrafo)

4) “o preconceito e a intolerância contra a linguagem não é apenas linguístico, mas também social e político”. (3º parágrafo)

5) “todas as normas linguísticas, igualmente, são válidas e essenciais à vida da comunidade linguística”. (5º parágrafo)


Estão corretas, apenas:

Alternativas
Q962513 Português

TEXTO 1 


                             Os camelos do Islã

Por Reinaldo José Lopes


      Quando a gente pensa em eventos históricos, precisa sempre levar em conta um termo meio técnico, meio filosófico, sem o qual é muito fácil cometer escorregadas feias. O termo é contingência. Em outras palavras, o papel do que poderíamos chamar de coincidência ou acaso em mover as engrenagens da história, e o fato de que os eventos históricos são caóticos, quase que no sentido físico do termo: alterações minúsculas podem conduzir a efeitos gigantes.

      Por que estou me saindo com essa conversa mole? Bem, porque escrevi não faz muito tempo uma reportagem para esta Folha contando como uma série de alterações climáticas ligadas a erupções de vulcões a partir do século 6º d.C. parecem ter contribuído para acabar com o mundo antigo e “criar” a Idade Média.

      No texto original, acabou não cabendo um detalhe absolutamente fascinante: segundo os modelos computacionais climáticos usados pelos pesquisadores suíços que assinam o estudo, um dos efeitos do frio intenso trazido pela erupção vulcânica pode ter sido um considerável aumento da umidade — chuva, portanto — na Arábia. E daí, perguntará você?

      Bom, mais chuva = mais grama para os camelos e cavalos comerem. Mais camelos e cavalos = mais poderio militar para as tribos árabes. As quais, no período de que estamos falando, tinham acabado de adotar uma nova e empolgante ideologia religiosa trazida por um certo profeta chamado Maomé — uma ideologia que estava “pronta para exportação”, digamos assim.

      Aí a gente cai de novo na tal da contingência. A expansão árabe certamente não teria acontecido sem o surgimento do Islã — mas talvez não fosse viável sem aquele monte de camelos e cavalos que só nasceram graças a algumas erupções vulcânicas. Fatores assim interagem o tempo todo, e dificilmente a gente tem clareza suficiente para entendê-los na hora em que estão ocorrendo, ou mesmo muitos séculos depois.

In: http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2016/03/08/os-camelos-do-isla/ Acesso em: 30 set. 2016

No trecho: “Por que estou me saindo com essa conversa mole?” o autor mostra que procura, no seu texto, empregar uma linguagem:
Alternativas
Q961923 Português
Esta questão analisa o 3º quadrinho da tirinha e avalia conhecimentos sobre diferentes conteúdos previstos para a prova: regência verbal, variedades linguísticas, colocação pronominal. Assinale a alternativa que apresenta a informação correta ou verdadeira sobre o respectivo item:
Alternativas
Q961242 Português

Leia o soneto abaixo para responder a questão:


SONETO 793 - DA ESQUINA INESQUECÍVEL


Um centro de convívio nos convoca em todo itinerário, noite e dia.

Alguns o denominam "padaria".

Aos íntimos, atende por “padoca”.


Café com leite e pão, sanduba e coca, sorvetes, bolos, frios por fatia:

o bar ao mercadinho ali se alia e quando a nota é grande, ali se troca.


O frango abre apetite e forma fila.

Os queijos na vitrine a boca molham.

Quem olha a torta exposta não vacila.


Esnobes que um local mais chique escolham: de mim ela está

próxima, e curti-la relembra o que meus olhos já não olham.

(MATTOSO, Glauco. Poesia digesta, 1974-2004. São Paulo: Landy Editora, 2004, p. 63.)


Indique a alternativa correta sobre a utilização das palavras “padaria” e “padoca”:

Alternativas
Q961237 Português

Linha de passe


Toca de tatu, linguiça e paio e boi zebu

Rabada com angu, rabo-de-saia

Naco de peru, lombo de porco com tutu

E bolo de fubá, barriga d'água

Há um diz que tem e no balaio tem também

Um som bordão bordando o som, dedão, violação


Diz um diz que viu e no balaio viu também

Um pega lá no toma-lá-dá-cá, do samba

Um caldo de feijão, um vatapá, e coração

Boca de siri, um namorado e um mexilhão

Agua de benze, linha de passe e chimarrão


Babaluaê, rabo de arraia e confusão...

...


Eh, yeah, yeah . . .

(Valeu, valeu, Dirceu do seu gado deu...)

Cana e cafuné, fandango e cassulê


Sereno e pé no chão, bala, candomblé


E o meu café, cadê? Não tem, vai pão com pão


Já era Tirolesa, o Garrincha, a Galeria

A Mayrink Veiga, o Vai-da-Valsa, e hoje em dia

Rola a bola, é sola, esfola, cola, é pau a pau

E lá vem Portela que nem Marquês de Pombal

Mal, isso assim vai mal, mas viva o carnaval

Lights e sarongs, bondes, louras, King-Kongs

Meu pirão primeiro é muita marmelada


Puxa saco, cata-resto, pato, jogo-de-cabresto

E a pedalada


Quebra outro nariz, na cara do juiz

Aí, e há quem faça uma cachorrada

E fique na banheira, ou jogue pra torcida

Feliz da vida

Toca de tatu, linguiça e paio e boi zebu

Rabada com angu, rabo-de-saia

Naco de peru, lombo de porco com tutu


E bolo de fubá, barriga d'água

Há um diz que tem e no balaio tem também

Um som bordão bordando o som, dedão, violação

Diz um diz que viu e no balaio viu também

Um pega lá no toma-lá-dá-cá do samba

FONTE: https://www.letras.mus.br/joao-bosco/46524/. Acesso 1 abr2018.


O texto “Linha de passe” de João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio, registra, dentre outras referências culturais, a mistura entre futebol e culinária brasileira, algo também presente em várias canções que fazem parte do acervo da MPB. Observa-se, como característica do uso da variedade coloquial da linguagem (ou seja, aquela usada em situações cotidianas de comunicação verbal), a utilização nesse texto de

Alternativas
Respostas
1011: E
1012: E
1013: A
1014: C
1015: A