Questões de Concurso Público Prefeitura de Palmeira dos Índios - AL 2019 para Secretário Escolar

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Q1660769 Português
A Orientação Social do Enunciado

Nós sabemos que todo discurso é um discurso dialógico orientado em direção a alguém que seja capaz de compreendê-lo e dar-lhe uma resposta, real ou virtual. Esta orientação em direção ao “outro”, em direção ao ouvinte, conduz necessariamente a se levar em conta a relação social e hierárquica que existe entre os interlocutores. Nós já mostramos, em nosso artigo precedente, as modificações que se produzem na forma do enunciado de acordo com a situação do locutor e do ouvinte, e de acordo com o todo do contexto social do enunciado. Nós propomos chamar de “orientação social” do enunciado, esta dependência do enunciado face ao peso hierárquico e social do auditório (isto é, tendo em vista a(s) classe(s) social(is) a qual pertence(m) os interlocutores, sua situação financeira, sua profissão, sua função; ou ainda, como era o caso da Rússia anterior à reforma de 1861, em face do número de camponeses que eles possuíam, seu capital etc.). 

Esta orientação social estará presente em todo enunciado verbal ou gestual – a mímica, por exemplo –, qualquer que seja a forma que ele adote: o monólogo – um homem falando para si mesmo – ou o diálogo – duas ou mais pessoas participando de uma conversa. A orientação social é precisamente uma das forças vivas e constitutivas que, ao mesmo tempo em que organizam o contexto do enunciado – a situação –, determinam também a sua forma estilística e sua estrutura estritamente gramatical.

E é justamente na orientação social que se encontra refletido o auditório do enunciado, seja ele realmente presente ou simplesmente pressuposto, fora do qual nenhum ato de comunicação verbal se desenvolve nem pode se desenvolver.

O escritor que não cria unicamente os enunciados de seus personagens, mas cria igualmente o seu aspecto exterior, tem interesse em observar que aquilo a que se chama de “boas maneiras” – o modo de comportar-se em sociedade – nada mais realiza do que “a expressão gestual da orientação social do enunciado”. 

Esta manifestação exterior e física da conduta social – o movimento das mãos, a pose, o tom da voz –, que acompanham habitualmente o discurso, é, antes de mais nada, determinado pela consideração do auditório e pela sua avaliação. O que significam as “boas maneiras” de Tchitchkov – maneiras que, inclusive, tomam diferentes formas se ele se encontra com Korobotchka, com Pliouchkine ou com o general Betrichtchev -, senão que elas são a impressão gestual de uma constante consideração do auditório, de uma avaliação sutil da situação social do seu interlocutor, que são a própria essência do seu caráter e representam a condição necessária ao sucesso de suas iniciativas?

A palavra, o gesto da mão, a expressão do rosto e a postura do corpo são igualmente submissos à orientação e por ela estruturados; as “más maneiras” refletem o fato de que não se leva em conta o interlocutor, refletem a ignorância acerca do laço social e hierárquico existente entre o locutor e o ouvinte, e o hábito, quase sempre inconsciente, de não se modificar a orientação social dos seus enunciados – sejam expressos em palavra ou em gesto – enquanto as condições sociais e o auditório se encontram modificados. 

Esta a razão pela qual o escritor, quando decide dotar um de seus personagens de “boas” ou “más” maneiras, deve sempre considerar que estas maneiras não são explicáveis como mero resultado de “algumas particularidades inatas” ou como expressão do seu “caráter”. Pode-se afirmar que, a rigor, o personagem é devedor de sua educação, mas não se pode esquecer que a educação corresponde ao esforço por habituar a pessoa a sempre levar em conta seu auditório – dá-se a isto o nome de “saber se comportar socialmente” -, a exprimir pelo gesto ou pela mímica, mas de modo conforme e prudente, a orientação social dos seus enunciados.

(BAKHTIN, M. M.; VOLOSHINOV, V. N. Discourse in life and discourse in art–concerning sociological poetics. In: VOLOSHINOV, V.N. Freudism. New York: Academic Press, 1976. Tradução de Carlos Alberto Faraco e Cristóvão Tezza (uso didático)).

NOTA: Pável Ivánovitch Tchítchicov (ou Tchitchkov) é o personagem central da obra “Almas Mortas”, clássico russo e a grande obra-prima de Nikolai Gógol (1809-1852). A narrativa traz a história de um especulador de São Petersburgo que chega a uma cidade de província e procura conquistar, com suas boas maneiras, a simpatia da sociedade e dos senhores de terras locais. Seu objetivo: comprar "almas mortas", ou seja, servos já falecidos, mas que ainda não haviam sido declarados como tal no último censo. É em torno desse tema - que lhe teria sido sugerido por Púchkin - que Gógol tece um dos retratos mais certeiros, a um só tempo satírico e afetuoso, do povo russo. O protagonista buscava vantagens, respeito, circulava entre o alto escalão da sociedade e utilizava estratégias fora do comum. O exemplo foi apenas usado pelos autores do texto em questão para referir-se à percepções sobre a linguagem. (Adaptado. Disponível em: http://bit.ly/2CiZC9i)
Com base no texto 'A Orientação Social do Enunciado', leia as afirmativas a seguir: I. O gesto da mão, a expressão do rosto e a postura do corpo são igualmente submissos à avaliação do ouvinte, daquele com quem se interage. Sendo assim, esses traços não devem ser considerados durante a interação. II. Existe uma relação hierárquica entre os interlocutores numa relação interativa. Essa relação está ligada a fatores como a classe social à qual pertencem os interlocutores. Marque a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q1660770 Português
A Orientação Social do Enunciado

Nós sabemos que todo discurso é um discurso dialógico orientado em direção a alguém que seja capaz de compreendê-lo e dar-lhe uma resposta, real ou virtual. Esta orientação em direção ao “outro”, em direção ao ouvinte, conduz necessariamente a se levar em conta a relação social e hierárquica que existe entre os interlocutores. Nós já mostramos, em nosso artigo precedente, as modificações que se produzem na forma do enunciado de acordo com a situação do locutor e do ouvinte, e de acordo com o todo do contexto social do enunciado. Nós propomos chamar de “orientação social” do enunciado, esta dependência do enunciado face ao peso hierárquico e social do auditório (isto é, tendo em vista a(s) classe(s) social(is) a qual pertence(m) os interlocutores, sua situação financeira, sua profissão, sua função; ou ainda, como era o caso da Rússia anterior à reforma de 1861, em face do número de camponeses que eles possuíam, seu capital etc.). 

Esta orientação social estará presente em todo enunciado verbal ou gestual – a mímica, por exemplo –, qualquer que seja a forma que ele adote: o monólogo – um homem falando para si mesmo – ou o diálogo – duas ou mais pessoas participando de uma conversa. A orientação social é precisamente uma das forças vivas e constitutivas que, ao mesmo tempo em que organizam o contexto do enunciado – a situação –, determinam também a sua forma estilística e sua estrutura estritamente gramatical.

E é justamente na orientação social que se encontra refletido o auditório do enunciado, seja ele realmente presente ou simplesmente pressuposto, fora do qual nenhum ato de comunicação verbal se desenvolve nem pode se desenvolver.

O escritor que não cria unicamente os enunciados de seus personagens, mas cria igualmente o seu aspecto exterior, tem interesse em observar que aquilo a que se chama de “boas maneiras” – o modo de comportar-se em sociedade – nada mais realiza do que “a expressão gestual da orientação social do enunciado”. 

Esta manifestação exterior e física da conduta social – o movimento das mãos, a pose, o tom da voz –, que acompanham habitualmente o discurso, é, antes de mais nada, determinado pela consideração do auditório e pela sua avaliação. O que significam as “boas maneiras” de Tchitchkov – maneiras que, inclusive, tomam diferentes formas se ele se encontra com Korobotchka, com Pliouchkine ou com o general Betrichtchev -, senão que elas são a impressão gestual de uma constante consideração do auditório, de uma avaliação sutil da situação social do seu interlocutor, que são a própria essência do seu caráter e representam a condição necessária ao sucesso de suas iniciativas?

A palavra, o gesto da mão, a expressão do rosto e a postura do corpo são igualmente submissos à orientação e por ela estruturados; as “más maneiras” refletem o fato de que não se leva em conta o interlocutor, refletem a ignorância acerca do laço social e hierárquico existente entre o locutor e o ouvinte, e o hábito, quase sempre inconsciente, de não se modificar a orientação social dos seus enunciados – sejam expressos em palavra ou em gesto – enquanto as condições sociais e o auditório se encontram modificados. 

Esta a razão pela qual o escritor, quando decide dotar um de seus personagens de “boas” ou “más” maneiras, deve sempre considerar que estas maneiras não são explicáveis como mero resultado de “algumas particularidades inatas” ou como expressão do seu “caráter”. Pode-se afirmar que, a rigor, o personagem é devedor de sua educação, mas não se pode esquecer que a educação corresponde ao esforço por habituar a pessoa a sempre levar em conta seu auditório – dá-se a isto o nome de “saber se comportar socialmente” -, a exprimir pelo gesto ou pela mímica, mas de modo conforme e prudente, a orientação social dos seus enunciados.

(BAKHTIN, M. M.; VOLOSHINOV, V. N. Discourse in life and discourse in art–concerning sociological poetics. In: VOLOSHINOV, V.N. Freudism. New York: Academic Press, 1976. Tradução de Carlos Alberto Faraco e Cristóvão Tezza (uso didático)).

NOTA: Pável Ivánovitch Tchítchicov (ou Tchitchkov) é o personagem central da obra “Almas Mortas”, clássico russo e a grande obra-prima de Nikolai Gógol (1809-1852). A narrativa traz a história de um especulador de São Petersburgo que chega a uma cidade de província e procura conquistar, com suas boas maneiras, a simpatia da sociedade e dos senhores de terras locais. Seu objetivo: comprar "almas mortas", ou seja, servos já falecidos, mas que ainda não haviam sido declarados como tal no último censo. É em torno desse tema - que lhe teria sido sugerido por Púchkin - que Gógol tece um dos retratos mais certeiros, a um só tempo satírico e afetuoso, do povo russo. O protagonista buscava vantagens, respeito, circulava entre o alto escalão da sociedade e utilizava estratégias fora do comum. O exemplo foi apenas usado pelos autores do texto em questão para referir-se à percepções sobre a linguagem. (Adaptado. Disponível em: http://bit.ly/2CiZC9i)
Com base no texto 'A Orientação Social do Enunciado', leia as afirmativas a seguir: I. O “saber se comportar socialmente” está relacionado ao modo como um indivíduo age em sociedade, a partir de suas próprias experiências, e não se relaciona à recepção do interlocutor. II. Pode-se dizer, segundo o texto, que o enunciado tem sua orientação a partir do auditório, ou seja, daquele com quem se interage. Marque a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q1660771 Português
A Orientação Social do Enunciado

Nós sabemos que todo discurso é um discurso dialógico orientado em direção a alguém que seja capaz de compreendê-lo e dar-lhe uma resposta, real ou virtual. Esta orientação em direção ao “outro”, em direção ao ouvinte, conduz necessariamente a se levar em conta a relação social e hierárquica que existe entre os interlocutores. Nós já mostramos, em nosso artigo precedente, as modificações que se produzem na forma do enunciado de acordo com a situação do locutor e do ouvinte, e de acordo com o todo do contexto social do enunciado. Nós propomos chamar de “orientação social” do enunciado, esta dependência do enunciado face ao peso hierárquico e social do auditório (isto é, tendo em vista a(s) classe(s) social(is) a qual pertence(m) os interlocutores, sua situação financeira, sua profissão, sua função; ou ainda, como era o caso da Rússia anterior à reforma de 1861, em face do número de camponeses que eles possuíam, seu capital etc.). 

Esta orientação social estará presente em todo enunciado verbal ou gestual – a mímica, por exemplo –, qualquer que seja a forma que ele adote: o monólogo – um homem falando para si mesmo – ou o diálogo – duas ou mais pessoas participando de uma conversa. A orientação social é precisamente uma das forças vivas e constitutivas que, ao mesmo tempo em que organizam o contexto do enunciado – a situação –, determinam também a sua forma estilística e sua estrutura estritamente gramatical.

E é justamente na orientação social que se encontra refletido o auditório do enunciado, seja ele realmente presente ou simplesmente pressuposto, fora do qual nenhum ato de comunicação verbal se desenvolve nem pode se desenvolver.

O escritor que não cria unicamente os enunciados de seus personagens, mas cria igualmente o seu aspecto exterior, tem interesse em observar que aquilo a que se chama de “boas maneiras” – o modo de comportar-se em sociedade – nada mais realiza do que “a expressão gestual da orientação social do enunciado”. 

Esta manifestação exterior e física da conduta social – o movimento das mãos, a pose, o tom da voz –, que acompanham habitualmente o discurso, é, antes de mais nada, determinado pela consideração do auditório e pela sua avaliação. O que significam as “boas maneiras” de Tchitchkov – maneiras que, inclusive, tomam diferentes formas se ele se encontra com Korobotchka, com Pliouchkine ou com o general Betrichtchev -, senão que elas são a impressão gestual de uma constante consideração do auditório, de uma avaliação sutil da situação social do seu interlocutor, que são a própria essência do seu caráter e representam a condição necessária ao sucesso de suas iniciativas?

A palavra, o gesto da mão, a expressão do rosto e a postura do corpo são igualmente submissos à orientação e por ela estruturados; as “más maneiras” refletem o fato de que não se leva em conta o interlocutor, refletem a ignorância acerca do laço social e hierárquico existente entre o locutor e o ouvinte, e o hábito, quase sempre inconsciente, de não se modificar a orientação social dos seus enunciados – sejam expressos em palavra ou em gesto – enquanto as condições sociais e o auditório se encontram modificados. 

Esta a razão pela qual o escritor, quando decide dotar um de seus personagens de “boas” ou “más” maneiras, deve sempre considerar que estas maneiras não são explicáveis como mero resultado de “algumas particularidades inatas” ou como expressão do seu “caráter”. Pode-se afirmar que, a rigor, o personagem é devedor de sua educação, mas não se pode esquecer que a educação corresponde ao esforço por habituar a pessoa a sempre levar em conta seu auditório – dá-se a isto o nome de “saber se comportar socialmente” -, a exprimir pelo gesto ou pela mímica, mas de modo conforme e prudente, a orientação social dos seus enunciados.

(BAKHTIN, M. M.; VOLOSHINOV, V. N. Discourse in life and discourse in art–concerning sociological poetics. In: VOLOSHINOV, V.N. Freudism. New York: Academic Press, 1976. Tradução de Carlos Alberto Faraco e Cristóvão Tezza (uso didático)).

NOTA: Pável Ivánovitch Tchítchicov (ou Tchitchkov) é o personagem central da obra “Almas Mortas”, clássico russo e a grande obra-prima de Nikolai Gógol (1809-1852). A narrativa traz a história de um especulador de São Petersburgo que chega a uma cidade de província e procura conquistar, com suas boas maneiras, a simpatia da sociedade e dos senhores de terras locais. Seu objetivo: comprar "almas mortas", ou seja, servos já falecidos, mas que ainda não haviam sido declarados como tal no último censo. É em torno desse tema - que lhe teria sido sugerido por Púchkin - que Gógol tece um dos retratos mais certeiros, a um só tempo satírico e afetuoso, do povo russo. O protagonista buscava vantagens, respeito, circulava entre o alto escalão da sociedade e utilizava estratégias fora do comum. O exemplo foi apenas usado pelos autores do texto em questão para referir-se à percepções sobre a linguagem. (Adaptado. Disponível em: http://bit.ly/2CiZC9i)
Com base no texto 'A Orientação Social do Enunciado', leia as afirmativas a seguir: I. Conforme pontua o texto, a orientação dialógica do discurso está intimamente ligada ao fato da sua exclusividade dual. Ou seja, é imprescindível um interlocutor explícito para que haja produção de enunciado. II. O enunciado, de acordo com o texto, tem uma orientação social, pois emana de uma relação interativa hipotética. Marque a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q1660772 Português
A Orientação Social do Enunciado

Nós sabemos que todo discurso é um discurso dialógico orientado em direção a alguém que seja capaz de compreendê-lo e dar-lhe uma resposta, real ou virtual. Esta orientação em direção ao “outro”, em direção ao ouvinte, conduz necessariamente a se levar em conta a relação social e hierárquica que existe entre os interlocutores. Nós já mostramos, em nosso artigo precedente, as modificações que se produzem na forma do enunciado de acordo com a situação do locutor e do ouvinte, e de acordo com o todo do contexto social do enunciado. Nós propomos chamar de “orientação social” do enunciado, esta dependência do enunciado face ao peso hierárquico e social do auditório (isto é, tendo em vista a(s) classe(s) social(is) a qual pertence(m) os interlocutores, sua situação financeira, sua profissão, sua função; ou ainda, como era o caso da Rússia anterior à reforma de 1861, em face do número de camponeses que eles possuíam, seu capital etc.). 

Esta orientação social estará presente em todo enunciado verbal ou gestual – a mímica, por exemplo –, qualquer que seja a forma que ele adote: o monólogo – um homem falando para si mesmo – ou o diálogo – duas ou mais pessoas participando de uma conversa. A orientação social é precisamente uma das forças vivas e constitutivas que, ao mesmo tempo em que organizam o contexto do enunciado – a situação –, determinam também a sua forma estilística e sua estrutura estritamente gramatical.

E é justamente na orientação social que se encontra refletido o auditório do enunciado, seja ele realmente presente ou simplesmente pressuposto, fora do qual nenhum ato de comunicação verbal se desenvolve nem pode se desenvolver.

O escritor que não cria unicamente os enunciados de seus personagens, mas cria igualmente o seu aspecto exterior, tem interesse em observar que aquilo a que se chama de “boas maneiras” – o modo de comportar-se em sociedade – nada mais realiza do que “a expressão gestual da orientação social do enunciado”. 

Esta manifestação exterior e física da conduta social – o movimento das mãos, a pose, o tom da voz –, que acompanham habitualmente o discurso, é, antes de mais nada, determinado pela consideração do auditório e pela sua avaliação. O que significam as “boas maneiras” de Tchitchkov – maneiras que, inclusive, tomam diferentes formas se ele se encontra com Korobotchka, com Pliouchkine ou com o general Betrichtchev -, senão que elas são a impressão gestual de uma constante consideração do auditório, de uma avaliação sutil da situação social do seu interlocutor, que são a própria essência do seu caráter e representam a condição necessária ao sucesso de suas iniciativas?

A palavra, o gesto da mão, a expressão do rosto e a postura do corpo são igualmente submissos à orientação e por ela estruturados; as “más maneiras” refletem o fato de que não se leva em conta o interlocutor, refletem a ignorância acerca do laço social e hierárquico existente entre o locutor e o ouvinte, e o hábito, quase sempre inconsciente, de não se modificar a orientação social dos seus enunciados – sejam expressos em palavra ou em gesto – enquanto as condições sociais e o auditório se encontram modificados. 

Esta a razão pela qual o escritor, quando decide dotar um de seus personagens de “boas” ou “más” maneiras, deve sempre considerar que estas maneiras não são explicáveis como mero resultado de “algumas particularidades inatas” ou como expressão do seu “caráter”. Pode-se afirmar que, a rigor, o personagem é devedor de sua educação, mas não se pode esquecer que a educação corresponde ao esforço por habituar a pessoa a sempre levar em conta seu auditório – dá-se a isto o nome de “saber se comportar socialmente” -, a exprimir pelo gesto ou pela mímica, mas de modo conforme e prudente, a orientação social dos seus enunciados.

(BAKHTIN, M. M.; VOLOSHINOV, V. N. Discourse in life and discourse in art–concerning sociological poetics. In: VOLOSHINOV, V.N. Freudism. New York: Academic Press, 1976. Tradução de Carlos Alberto Faraco e Cristóvão Tezza (uso didático)).

NOTA: Pável Ivánovitch Tchítchicov (ou Tchitchkov) é o personagem central da obra “Almas Mortas”, clássico russo e a grande obra-prima de Nikolai Gógol (1809-1852). A narrativa traz a história de um especulador de São Petersburgo que chega a uma cidade de província e procura conquistar, com suas boas maneiras, a simpatia da sociedade e dos senhores de terras locais. Seu objetivo: comprar "almas mortas", ou seja, servos já falecidos, mas que ainda não haviam sido declarados como tal no último censo. É em torno desse tema - que lhe teria sido sugerido por Púchkin - que Gógol tece um dos retratos mais certeiros, a um só tempo satírico e afetuoso, do povo russo. O protagonista buscava vantagens, respeito, circulava entre o alto escalão da sociedade e utilizava estratégias fora do comum. O exemplo foi apenas usado pelos autores do texto em questão para referir-se à percepções sobre a linguagem. (Adaptado. Disponível em: http://bit.ly/2CiZC9i)
Com base no texto 'A Orientação Social do Enunciado', leia as afirmativas a seguir: I. Locutor e ouvinte estão sempre em uma relação hierárquica. Portanto, o texto apresenta uma visão sociológica, para a interação, e psicológica, para a linguagem. II. Os autores citam o exemplo das ações de um personagem (O que significam as “boas maneiras” de Tchitchkov – maneiras que, inclusive, tomam diferentes formas se ele se encontra com Korobotchka, com Pliouchkine ou com o general Betrichtchev...) para justificar a ideia de que um indivíduo, a depender do contexto no qual esteja inserido, devido à apreciação de seu interlocutor, pode mudar seus “hábitos”. Marque a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q1660773 Português
A Orientação Social do Enunciado

Nós sabemos que todo discurso é um discurso dialógico orientado em direção a alguém que seja capaz de compreendê-lo e dar-lhe uma resposta, real ou virtual. Esta orientação em direção ao “outro”, em direção ao ouvinte, conduz necessariamente a se levar em conta a relação social e hierárquica que existe entre os interlocutores. Nós já mostramos, em nosso artigo precedente, as modificações que se produzem na forma do enunciado de acordo com a situação do locutor e do ouvinte, e de acordo com o todo do contexto social do enunciado. Nós propomos chamar de “orientação social” do enunciado, esta dependência do enunciado face ao peso hierárquico e social do auditório (isto é, tendo em vista a(s) classe(s) social(is) a qual pertence(m) os interlocutores, sua situação financeira, sua profissão, sua função; ou ainda, como era o caso da Rússia anterior à reforma de 1861, em face do número de camponeses que eles possuíam, seu capital etc.). 

Esta orientação social estará presente em todo enunciado verbal ou gestual – a mímica, por exemplo –, qualquer que seja a forma que ele adote: o monólogo – um homem falando para si mesmo – ou o diálogo – duas ou mais pessoas participando de uma conversa. A orientação social é precisamente uma das forças vivas e constitutivas que, ao mesmo tempo em que organizam o contexto do enunciado – a situação –, determinam também a sua forma estilística e sua estrutura estritamente gramatical.

E é justamente na orientação social que se encontra refletido o auditório do enunciado, seja ele realmente presente ou simplesmente pressuposto, fora do qual nenhum ato de comunicação verbal se desenvolve nem pode se desenvolver.

O escritor que não cria unicamente os enunciados de seus personagens, mas cria igualmente o seu aspecto exterior, tem interesse em observar que aquilo a que se chama de “boas maneiras” – o modo de comportar-se em sociedade – nada mais realiza do que “a expressão gestual da orientação social do enunciado”. 

Esta manifestação exterior e física da conduta social – o movimento das mãos, a pose, o tom da voz –, que acompanham habitualmente o discurso, é, antes de mais nada, determinado pela consideração do auditório e pela sua avaliação. O que significam as “boas maneiras” de Tchitchkov – maneiras que, inclusive, tomam diferentes formas se ele se encontra com Korobotchka, com Pliouchkine ou com o general Betrichtchev -, senão que elas são a impressão gestual de uma constante consideração do auditório, de uma avaliação sutil da situação social do seu interlocutor, que são a própria essência do seu caráter e representam a condição necessária ao sucesso de suas iniciativas?

A palavra, o gesto da mão, a expressão do rosto e a postura do corpo são igualmente submissos à orientação e por ela estruturados; as “más maneiras” refletem o fato de que não se leva em conta o interlocutor, refletem a ignorância acerca do laço social e hierárquico existente entre o locutor e o ouvinte, e o hábito, quase sempre inconsciente, de não se modificar a orientação social dos seus enunciados – sejam expressos em palavra ou em gesto – enquanto as condições sociais e o auditório se encontram modificados. 

Esta a razão pela qual o escritor, quando decide dotar um de seus personagens de “boas” ou “más” maneiras, deve sempre considerar que estas maneiras não são explicáveis como mero resultado de “algumas particularidades inatas” ou como expressão do seu “caráter”. Pode-se afirmar que, a rigor, o personagem é devedor de sua educação, mas não se pode esquecer que a educação corresponde ao esforço por habituar a pessoa a sempre levar em conta seu auditório – dá-se a isto o nome de “saber se comportar socialmente” -, a exprimir pelo gesto ou pela mímica, mas de modo conforme e prudente, a orientação social dos seus enunciados.

(BAKHTIN, M. M.; VOLOSHINOV, V. N. Discourse in life and discourse in art–concerning sociological poetics. In: VOLOSHINOV, V.N. Freudism. New York: Academic Press, 1976. Tradução de Carlos Alberto Faraco e Cristóvão Tezza (uso didático)).

NOTA: Pável Ivánovitch Tchítchicov (ou Tchitchkov) é o personagem central da obra “Almas Mortas”, clássico russo e a grande obra-prima de Nikolai Gógol (1809-1852). A narrativa traz a história de um especulador de São Petersburgo que chega a uma cidade de província e procura conquistar, com suas boas maneiras, a simpatia da sociedade e dos senhores de terras locais. Seu objetivo: comprar "almas mortas", ou seja, servos já falecidos, mas que ainda não haviam sido declarados como tal no último censo. É em torno desse tema - que lhe teria sido sugerido por Púchkin - que Gógol tece um dos retratos mais certeiros, a um só tempo satírico e afetuoso, do povo russo. O protagonista buscava vantagens, respeito, circulava entre o alto escalão da sociedade e utilizava estratégias fora do comum. O exemplo foi apenas usado pelos autores do texto em questão para referir-se à percepções sobre a linguagem. (Adaptado. Disponível em: http://bit.ly/2CiZC9i)
Com base no texto 'A Orientação Social do Enunciado', leia as afirmativas a seguir: I. O interlocutor, ou seja, aquele com quem se interage, reflete a expressão de desejo do locutor, pois este tem poder sobre aquele. II. Recursos como o movimento das mãos, a pose, o tom da voz representam a manifestação exterior e física da conduta social de um indivíduo e são determinados pela situação em que este se encontra. Isso inclui a consideração do auditório (ouvintes) e sua avaliação. Marque a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q1660774 Português

Educação Infantil: os desafios até chegar na sala de aula 

A criança durante a Educação Infantil tem contato com milhares de sentidos e sensações. Cada exercício ou brincadeira pode se transformar em uma experiência guiada pelos professores. Mas como esses profissionais aprendem? E quais os desafios de levar as lições e diretrizes da BNCC para a sala de aula?

A pedagoga Mônica Samia, que fez seu doutorado sobre formação para Educação Infantil e publicou o livro "Diálogos sobre Formação de Formadores da Educação Infantil", explica que o modelo atual no qual professores de Educação Infantil se respaldam ainda é muito calcado no campo conceitual e teórico. Para ela, é imprescindível que esses profissionais comecem a ter contato com saberes mais práticos e focando, principalmente, na escuta como matéria-prima dessa etapa. 

Mais recentemente, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) definiu seis direitos de aprendizagem aos quais toda criança tem direito na Educação Infantil. São elas: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. Apesar desses campos determinados, como é a realidade de quem leciona para os pequenos? E como levar a teoria do formando em Pedagogia para o campo prático da sala de aula?


RECONHECER A EDUCAÇÃO INFANTIL É O PRIMEIRO PASSO


Para Priscilla Amaral, professora formada em Pedagogia e que atualmente leciona na prefeitura municipal de São Paulo, o ensino para quem quer seguir a área pedagógica realmente é pouco prático, o que pode dificultar, muitas vezes, o entendimento do que e como cada campo deve ser ensinado.

Para ela, as áreas de recreação, ludicidade, jogos e brincadeiras deveriam ser melhor exploradas durante a formação dos professores. "Dentro da própria universidade que forma esses profissionais deveria ter mais aulas práticas nessas áreas, já que o foco da Educação Infantil é o brincar", diz a pedagoga.

A diretora pedagógica Clea Braga Alves trabalha em Itabirito, município de Minas Gerais, e trabalha na coordenação pedagógica desde 2013. Ela conta que todo o corpo pedagógico vem se preparando, juntamente com os supervisores e professores, para as mudanças propostas pela implementação da Base. "Nós já estamos desde o ano passado nos preparando para essa transição", explica ela. 

Segundo a diretora pedagógica, o ensino para os profissionais que lecionam para a Educação Infantil realmente é muito teórico. Entre as críticas que ela faz, o curto período de estágio obrigatório não ajuda os profissionais e monitores que auxiliam os profissionais que chegam, em sua maioria, ainda muito despreparados. "Estamos capacitando todos os profissionais que têm chegado aqui", conta ela. 

PROTAGONISMO X DIREITO 

Jussara Santos, professora de crianças de 5 e 6 anos da rede pública municipal de São Paulo, conta que sua experiência como educadora para os pequenos mudou muito o seu olhar. Para ela, só faz sentido o protagonismo dado às crianças, expresso na nova BNCC, quando os educadores de fato ouvem a criança. "Eu passei a pensar como no processo que vivo diariamente, o professor acaba virando aprendiz e o aprendiz também vira professor", reflete ela. Além de se pautar nos ensinamentos pedagógicos, é importante que o profissional fique atento e alerta para o que as crianças vivenciam no dia a dia. "O protagonismo se dá a partir de um currículo que valoriza o que as crianças falam". 

O QUE MOTIVA ESSES PROFISSIONAIS?

O salário, em média de R$ 2.790 por mês para os profissionais de Educação Infantil que lecionam na rede municipal de São Paulo, é baixo se comparado com o de outras profissões. Segundo a diretora pedagógica Clea Braga Alves, o que motiva mesmo esses profissionais é a vontade e a descoberta. "O professor de Educação Infantil tem que dar carinho e tem que ter um olhar diferenciado. É algo do perfil desse educador", diz.


Adaptado. Disponível em: http://bit.ly/2oLpOX9 (acesso em 14/10/2019).

Com base no texto 'Educação Infantil: os desafios até chegar na sala de aula', leia as afirmativas a seguir: I. Conforme disposto no texto, para Priscilla Amaral, o ensino para quem quer seguir a área pedagógica é pouco prático, o que pode dificultar, muitas vezes, o entendimento do que e como cada campo deve ser ensinado. II. O texto apresenta ao leitor a opinião de alguns especialistas sobre como os profissionais da Educação infantil aprendem e quais os desafios de levar as lições e diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a sala de aula ao mesmo tempo em que defende um modelo político-pedagógico contrário às diretrizes ideológicas do governo vigente. III. O texto apresenta ao leitor uma crítica feita pela diretora pedagógica Clea Braga Alves sobre o método tradicionalmente adotado pelas faculdades públicas na formação de professores de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Segundo Clea, o curto período de estágio obrigatório não ajuda os profissionais e monitores que auxiliam os profissionais que chegam às escolas, em sua maioria, ainda muito despreparados. Marque a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q1660775 Português

Educação Infantil: os desafios até chegar na sala de aula 

A criança durante a Educação Infantil tem contato com milhares de sentidos e sensações. Cada exercício ou brincadeira pode se transformar em uma experiência guiada pelos professores. Mas como esses profissionais aprendem? E quais os desafios de levar as lições e diretrizes da BNCC para a sala de aula?

A pedagoga Mônica Samia, que fez seu doutorado sobre formação para Educação Infantil e publicou o livro "Diálogos sobre Formação de Formadores da Educação Infantil", explica que o modelo atual no qual professores de Educação Infantil se respaldam ainda é muito calcado no campo conceitual e teórico. Para ela, é imprescindível que esses profissionais comecem a ter contato com saberes mais práticos e focando, principalmente, na escuta como matéria-prima dessa etapa. 

Mais recentemente, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) definiu seis direitos de aprendizagem aos quais toda criança tem direito na Educação Infantil. São elas: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. Apesar desses campos determinados, como é a realidade de quem leciona para os pequenos? E como levar a teoria do formando em Pedagogia para o campo prático da sala de aula?


RECONHECER A EDUCAÇÃO INFANTIL É O PRIMEIRO PASSO


Para Priscilla Amaral, professora formada em Pedagogia e que atualmente leciona na prefeitura municipal de São Paulo, o ensino para quem quer seguir a área pedagógica realmente é pouco prático, o que pode dificultar, muitas vezes, o entendimento do que e como cada campo deve ser ensinado.

Para ela, as áreas de recreação, ludicidade, jogos e brincadeiras deveriam ser melhor exploradas durante a formação dos professores. "Dentro da própria universidade que forma esses profissionais deveria ter mais aulas práticas nessas áreas, já que o foco da Educação Infantil é o brincar", diz a pedagoga.

A diretora pedagógica Clea Braga Alves trabalha em Itabirito, município de Minas Gerais, e trabalha na coordenação pedagógica desde 2013. Ela conta que todo o corpo pedagógico vem se preparando, juntamente com os supervisores e professores, para as mudanças propostas pela implementação da Base. "Nós já estamos desde o ano passado nos preparando para essa transição", explica ela. 

Segundo a diretora pedagógica, o ensino para os profissionais que lecionam para a Educação Infantil realmente é muito teórico. Entre as críticas que ela faz, o curto período de estágio obrigatório não ajuda os profissionais e monitores que auxiliam os profissionais que chegam, em sua maioria, ainda muito despreparados. "Estamos capacitando todos os profissionais que têm chegado aqui", conta ela. 

PROTAGONISMO X DIREITO 

Jussara Santos, professora de crianças de 5 e 6 anos da rede pública municipal de São Paulo, conta que sua experiência como educadora para os pequenos mudou muito o seu olhar. Para ela, só faz sentido o protagonismo dado às crianças, expresso na nova BNCC, quando os educadores de fato ouvem a criança. "Eu passei a pensar como no processo que vivo diariamente, o professor acaba virando aprendiz e o aprendiz também vira professor", reflete ela. Além de se pautar nos ensinamentos pedagógicos, é importante que o profissional fique atento e alerta para o que as crianças vivenciam no dia a dia. "O protagonismo se dá a partir de um currículo que valoriza o que as crianças falam". 

O QUE MOTIVA ESSES PROFISSIONAIS?

O salário, em média de R$ 2.790 por mês para os profissionais de Educação Infantil que lecionam na rede municipal de São Paulo, é baixo se comparado com o de outras profissões. Segundo a diretora pedagógica Clea Braga Alves, o que motiva mesmo esses profissionais é a vontade e a descoberta. "O professor de Educação Infantil tem que dar carinho e tem que ter um olhar diferenciado. É algo do perfil desse educador", diz.


Adaptado. Disponível em: http://bit.ly/2oLpOX9 (acesso em 14/10/2019).

Com base no texto 'Educação Infantil: os desafios até chegar na sala de aula', leia as afirmativas a seguir: I. Na perspectiva de Priscilla Amaral, informa o texto, dentro da própria universidade que forma os profissionais de Educação Infantil, deveria haver mais aulas práticas nessas áreas, já que o foco da Educação Infantil é o desenvolvimento do conhecimento científico dos educandos. II. O texto apresenta ao leitor a opinião de alguns profissionais sobre a formação de professores para a Educação Infantil. Como exemplo, pode-se destacar a opinião da pedagoga Mônica Samia, para quem é imprescindível que os profissionais que atuam na Educação infantil comecem a ter contato com saberes mais práticos e focando, principalmente, na escuta como matéria-prima dessa etapa do ensino. III. O texto busca apresentar ao leitor a opinião de alguns especialistas sobre a realidade de quem leciona para os alunos da Educação infantil e como levar a teoria do formando em Pedagogia para o campo prático da sala de aula. Marque a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q1660776 Português

Educação Infantil: os desafios até chegar na sala de aula 

A criança durante a Educação Infantil tem contato com milhares de sentidos e sensações. Cada exercício ou brincadeira pode se transformar em uma experiência guiada pelos professores. Mas como esses profissionais aprendem? E quais os desafios de levar as lições e diretrizes da BNCC para a sala de aula?

A pedagoga Mônica Samia, que fez seu doutorado sobre formação para Educação Infantil e publicou o livro "Diálogos sobre Formação de Formadores da Educação Infantil", explica que o modelo atual no qual professores de Educação Infantil se respaldam ainda é muito calcado no campo conceitual e teórico. Para ela, é imprescindível que esses profissionais comecem a ter contato com saberes mais práticos e focando, principalmente, na escuta como matéria-prima dessa etapa. 

Mais recentemente, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) definiu seis direitos de aprendizagem aos quais toda criança tem direito na Educação Infantil. São elas: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. Apesar desses campos determinados, como é a realidade de quem leciona para os pequenos? E como levar a teoria do formando em Pedagogia para o campo prático da sala de aula?


RECONHECER A EDUCAÇÃO INFANTIL É O PRIMEIRO PASSO


Para Priscilla Amaral, professora formada em Pedagogia e que atualmente leciona na prefeitura municipal de São Paulo, o ensino para quem quer seguir a área pedagógica realmente é pouco prático, o que pode dificultar, muitas vezes, o entendimento do que e como cada campo deve ser ensinado.

Para ela, as áreas de recreação, ludicidade, jogos e brincadeiras deveriam ser melhor exploradas durante a formação dos professores. "Dentro da própria universidade que forma esses profissionais deveria ter mais aulas práticas nessas áreas, já que o foco da Educação Infantil é o brincar", diz a pedagoga.

A diretora pedagógica Clea Braga Alves trabalha em Itabirito, município de Minas Gerais, e trabalha na coordenação pedagógica desde 2013. Ela conta que todo o corpo pedagógico vem se preparando, juntamente com os supervisores e professores, para as mudanças propostas pela implementação da Base. "Nós já estamos desde o ano passado nos preparando para essa transição", explica ela. 

Segundo a diretora pedagógica, o ensino para os profissionais que lecionam para a Educação Infantil realmente é muito teórico. Entre as críticas que ela faz, o curto período de estágio obrigatório não ajuda os profissionais e monitores que auxiliam os profissionais que chegam, em sua maioria, ainda muito despreparados. "Estamos capacitando todos os profissionais que têm chegado aqui", conta ela. 

PROTAGONISMO X DIREITO 

Jussara Santos, professora de crianças de 5 e 6 anos da rede pública municipal de São Paulo, conta que sua experiência como educadora para os pequenos mudou muito o seu olhar. Para ela, só faz sentido o protagonismo dado às crianças, expresso na nova BNCC, quando os educadores de fato ouvem a criança. "Eu passei a pensar como no processo que vivo diariamente, o professor acaba virando aprendiz e o aprendiz também vira professor", reflete ela. Além de se pautar nos ensinamentos pedagógicos, é importante que o profissional fique atento e alerta para o que as crianças vivenciam no dia a dia. "O protagonismo se dá a partir de um currículo que valoriza o que as crianças falam". 

O QUE MOTIVA ESSES PROFISSIONAIS?

O salário, em média de R$ 2.790 por mês para os profissionais de Educação Infantil que lecionam na rede municipal de São Paulo, é baixo se comparado com o de outras profissões. Segundo a diretora pedagógica Clea Braga Alves, o que motiva mesmo esses profissionais é a vontade e a descoberta. "O professor de Educação Infantil tem que dar carinho e tem que ter um olhar diferenciado. É algo do perfil desse educador", diz.


Adaptado. Disponível em: http://bit.ly/2oLpOX9 (acesso em 14/10/2019).

Com base no texto 'Educação Infantil: os desafios até chegar na sala de aula', leia as afirmativas a seguir: I. Segundo a diretora pedagógica Clea Braga Alves, o ensino para os profissionais que lecionam para a Educação Infantil é muito teórico, afirma o texto. II. Conclui-se do texto que a criança, durante a Educação Infantil, tem contato com milhares de sentidos e sensações pela primeira vez e que cada exercício ou brincadeira realizado em sala de aula pode se transformar em uma experiência de aprendizado de línguas e raciocínio matemático. III. O texto deixa claro que já existem professores sendo preparados para as mudanças na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Essa ideia está expressa na citação da diretora pedagógica Clea Braga Alves, a qual informa que também os supervisores estão sendo preparados para as mudanças propostas pela implementação da BNCC. Marque a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q1660777 Português

Educação Infantil: os desafios até chegar na sala de aula 

A criança durante a Educação Infantil tem contato com milhares de sentidos e sensações. Cada exercício ou brincadeira pode se transformar em uma experiência guiada pelos professores. Mas como esses profissionais aprendem? E quais os desafios de levar as lições e diretrizes da BNCC para a sala de aula?

A pedagoga Mônica Samia, que fez seu doutorado sobre formação para Educação Infantil e publicou o livro "Diálogos sobre Formação de Formadores da Educação Infantil", explica que o modelo atual no qual professores de Educação Infantil se respaldam ainda é muito calcado no campo conceitual e teórico. Para ela, é imprescindível que esses profissionais comecem a ter contato com saberes mais práticos e focando, principalmente, na escuta como matéria-prima dessa etapa. 

Mais recentemente, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) definiu seis direitos de aprendizagem aos quais toda criança tem direito na Educação Infantil. São elas: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. Apesar desses campos determinados, como é a realidade de quem leciona para os pequenos? E como levar a teoria do formando em Pedagogia para o campo prático da sala de aula?


RECONHECER A EDUCAÇÃO INFANTIL É O PRIMEIRO PASSO


Para Priscilla Amaral, professora formada em Pedagogia e que atualmente leciona na prefeitura municipal de São Paulo, o ensino para quem quer seguir a área pedagógica realmente é pouco prático, o que pode dificultar, muitas vezes, o entendimento do que e como cada campo deve ser ensinado.

Para ela, as áreas de recreação, ludicidade, jogos e brincadeiras deveriam ser melhor exploradas durante a formação dos professores. "Dentro da própria universidade que forma esses profissionais deveria ter mais aulas práticas nessas áreas, já que o foco da Educação Infantil é o brincar", diz a pedagoga.

A diretora pedagógica Clea Braga Alves trabalha em Itabirito, município de Minas Gerais, e trabalha na coordenação pedagógica desde 2013. Ela conta que todo o corpo pedagógico vem se preparando, juntamente com os supervisores e professores, para as mudanças propostas pela implementação da Base. "Nós já estamos desde o ano passado nos preparando para essa transição", explica ela. 

Segundo a diretora pedagógica, o ensino para os profissionais que lecionam para a Educação Infantil realmente é muito teórico. Entre as críticas que ela faz, o curto período de estágio obrigatório não ajuda os profissionais e monitores que auxiliam os profissionais que chegam, em sua maioria, ainda muito despreparados. "Estamos capacitando todos os profissionais que têm chegado aqui", conta ela. 

PROTAGONISMO X DIREITO 

Jussara Santos, professora de crianças de 5 e 6 anos da rede pública municipal de São Paulo, conta que sua experiência como educadora para os pequenos mudou muito o seu olhar. Para ela, só faz sentido o protagonismo dado às crianças, expresso na nova BNCC, quando os educadores de fato ouvem a criança. "Eu passei a pensar como no processo que vivo diariamente, o professor acaba virando aprendiz e o aprendiz também vira professor", reflete ela. Além de se pautar nos ensinamentos pedagógicos, é importante que o profissional fique atento e alerta para o que as crianças vivenciam no dia a dia. "O protagonismo se dá a partir de um currículo que valoriza o que as crianças falam". 

O QUE MOTIVA ESSES PROFISSIONAIS?

O salário, em média de R$ 2.790 por mês para os profissionais de Educação Infantil que lecionam na rede municipal de São Paulo, é baixo se comparado com o de outras profissões. Segundo a diretora pedagógica Clea Braga Alves, o que motiva mesmo esses profissionais é a vontade e a descoberta. "O professor de Educação Infantil tem que dar carinho e tem que ter um olhar diferenciado. É algo do perfil desse educador", diz.


Adaptado. Disponível em: http://bit.ly/2oLpOX9 (acesso em 14/10/2019).

Com base no texto 'Educação Infantil: os desafios até chegar na sala de aula', leia as afirmativas a seguir: I. O autor afirma que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) definiu seis direitos de aprendizagem aos quais toda criança tem direito na Educação Infantil. São elas: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. II. Depreende-se do texto que, na perspectiva da pedagoga Mônica Samia, o modelo atual no qual professores de Educação Infantil se respaldam ainda é muito calcado no campo prático e empírico. III. O que realmente motiva os profissionais da Educação Infantil, segundo a diretora pedagógica Clea Braga Alves, é a vontade e a descoberta, afirma o texto. Marque a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q1660778 Português

Educação Infantil: os desafios até chegar na sala de aula 

A criança durante a Educação Infantil tem contato com milhares de sentidos e sensações. Cada exercício ou brincadeira pode se transformar em uma experiência guiada pelos professores. Mas como esses profissionais aprendem? E quais os desafios de levar as lições e diretrizes da BNCC para a sala de aula?

A pedagoga Mônica Samia, que fez seu doutorado sobre formação para Educação Infantil e publicou o livro "Diálogos sobre Formação de Formadores da Educação Infantil", explica que o modelo atual no qual professores de Educação Infantil se respaldam ainda é muito calcado no campo conceitual e teórico. Para ela, é imprescindível que esses profissionais comecem a ter contato com saberes mais práticos e focando, principalmente, na escuta como matéria-prima dessa etapa. 

Mais recentemente, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) definiu seis direitos de aprendizagem aos quais toda criança tem direito na Educação Infantil. São elas: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. Apesar desses campos determinados, como é a realidade de quem leciona para os pequenos? E como levar a teoria do formando em Pedagogia para o campo prático da sala de aula?


RECONHECER A EDUCAÇÃO INFANTIL É O PRIMEIRO PASSO


Para Priscilla Amaral, professora formada em Pedagogia e que atualmente leciona na prefeitura municipal de São Paulo, o ensino para quem quer seguir a área pedagógica realmente é pouco prático, o que pode dificultar, muitas vezes, o entendimento do que e como cada campo deve ser ensinado.

Para ela, as áreas de recreação, ludicidade, jogos e brincadeiras deveriam ser melhor exploradas durante a formação dos professores. "Dentro da própria universidade que forma esses profissionais deveria ter mais aulas práticas nessas áreas, já que o foco da Educação Infantil é o brincar", diz a pedagoga.

A diretora pedagógica Clea Braga Alves trabalha em Itabirito, município de Minas Gerais, e trabalha na coordenação pedagógica desde 2013. Ela conta que todo o corpo pedagógico vem se preparando, juntamente com os supervisores e professores, para as mudanças propostas pela implementação da Base. "Nós já estamos desde o ano passado nos preparando para essa transição", explica ela. 

Segundo a diretora pedagógica, o ensino para os profissionais que lecionam para a Educação Infantil realmente é muito teórico. Entre as críticas que ela faz, o curto período de estágio obrigatório não ajuda os profissionais e monitores que auxiliam os profissionais que chegam, em sua maioria, ainda muito despreparados. "Estamos capacitando todos os profissionais que têm chegado aqui", conta ela. 

PROTAGONISMO X DIREITO 

Jussara Santos, professora de crianças de 5 e 6 anos da rede pública municipal de São Paulo, conta que sua experiência como educadora para os pequenos mudou muito o seu olhar. Para ela, só faz sentido o protagonismo dado às crianças, expresso na nova BNCC, quando os educadores de fato ouvem a criança. "Eu passei a pensar como no processo que vivo diariamente, o professor acaba virando aprendiz e o aprendiz também vira professor", reflete ela. Além de se pautar nos ensinamentos pedagógicos, é importante que o profissional fique atento e alerta para o que as crianças vivenciam no dia a dia. "O protagonismo se dá a partir de um currículo que valoriza o que as crianças falam". 

O QUE MOTIVA ESSES PROFISSIONAIS?

O salário, em média de R$ 2.790 por mês para os profissionais de Educação Infantil que lecionam na rede municipal de São Paulo, é baixo se comparado com o de outras profissões. Segundo a diretora pedagógica Clea Braga Alves, o que motiva mesmo esses profissionais é a vontade e a descoberta. "O professor de Educação Infantil tem que dar carinho e tem que ter um olhar diferenciado. É algo do perfil desse educador", diz.


Adaptado. Disponível em: http://bit.ly/2oLpOX9 (acesso em 14/10/2019).

Com base no texto 'Educação Infantil: os desafios até chegar na sala de aula', leia as afirmativas a seguir: I. No texto, é possível identificar a ideia de que só faz sentido o protagonismo dado às crianças, expresso na nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), quando os educadores de fato as ouvem. II. Na perspectiva de Priscilla Amaral, afirma o texto, as áreas de recreação, ludicidade, jogos e brincadeiras deveriam ser melhor exploradas durante a formação dos professores da Educação Infantil. III. No texto, é possível identificar a ideia de que, além de se pautar nos ensinamentos pedagógicos, é importante que o profissional da Educação Infantil fique atento e alerta para o que as crianças vivenciam no dia a dia. Marque a alternativa CORRETA:
Alternativas
Respostas
21: C
22: C
23: D
24: C
25: C
26: B
27: C
28: C
29: C
30: D