As margens do Nilo nutriram a civilização do
Egito. O rio, que abria seu caminho ao longo
de vales estreitos, tinha somente dois
quilômetros de largura nas proximidades de
Assuã, no alto Egito. A areia do deserto, na
verdade, escorria para dentro do rio em vários
pontos. Mais abaixo, o vale, não raro, chegava
a ter 30 ou mais quilômetros de largura,
enquanto no delta, o mosaico de terras ricas em
terrenos baixos e canais de rios tinha mais de
200 quilômetros de largura. Na época das
enchentes, o delta do interior, a principal fonte
de riqueza egípcia, tornava-se um enorme lago
que se sobrepunha às margens dos vilarejos
permanentes, empoleirados em seus pequenos
morros. Na verdade, os vilarejos do delta eram
conhecidos como “ilhas”. A terra, coberta
recentemente com uma nova camada de solo
trazido pela enchente, estaria pronta para uma
nova colheita de cevada e trigo depois que as
águas baixassem. O rio nem sempre era um
patrimônio tão maravilhoso. Se a enchente
fosse muito alta ou a vazão fosse muito rápida,
todos os terrenos situados nas margens de
arrecadação e os canais de água eram
destruídos; além disso, não era raro ver as
águas invadindo os campos mais altos. À
medida que as técnicas de agricultura se
desenvolviam, pessoas ou animais amarrados
com cordas tinham de ser empregados para
levar água, em baldes ou cestos, da parte mais
baixa para aparte mais alta. O Egito teve uma
longa linhagem de monarcas poderosos,
cidades impressionantes, uma vida econômica
e religiosa de grande vigor, celeiros
abarrotados de grãos nos anos de safras fartas
e túmulos reais nos quais grandes tesouros
permaneciam na escuridão. Lá viveram
generais do exército, burocratas e sacerdotes
que apresentavam considerável poder de
organização e de manutenção de registros.
Seus registros pictográficos, uma forma inicial
de escrita, serviam como método de
comunicação ao longo do rio. (BLAINEY,
Geoffrey. Uma Breve História do Mundo. São
Paulo: Fundamento, 2007, p. 21).