Texto CB1A1
Vivemos em um contexto de profundas mudanças
societárias que refletem diretamente na vida dos indivíduos e
presenciamos uma desigualdade social cada vez mais acentuada.
É justamente nessa conjuntura de profundas mudanças sociais, de
mutações do mundo do trabalho e acirramento da questão social
que necessitamos compreender o sistema educacional e suas
implicações no cotidiano escolar, permeado de conflitos oriundos
dos diferentes sujeitos que o compõem.
As novas configurações da sociedade no sistema
capitalista — que repercutem diretamente nos mais diferentes
espaços da vida cotidiana — são, na realidade, reflexos do
agravamento da questão social: a produção social é cada vez
mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social,
enquanto a apropriação de seus frutos se mantém privada,
monopolizada por apenas uma parte da sociedade.
A educação é um processo que se desenvolve
historicamente, num tempo dinâmico e num espaço que sofre
transformações constantes, tendo como característica a
preocupação com a formação do ser humano em sua plenitude,
com a perspectiva de transformar a sociedade em benefício de
seus sujeitos. Entendendo-se a educação como componente de
um contexto histórico-social, o trabalho dos diferentes
profissionais nesse espaço sócio-ocupacional deve ser realizado
com uma visão totalizadora da realidade social, a partir de uma
concepção crítica das questões inerentes ao processo educacional
e, consequentemente, à vida humana.
Ora, se a educação deve ser compreendida dentro de um
contexto histórico-social, as diferentes áreas e profissões cuja
atuação se desenvolve na efetivação dessa política social
necessitam de estratégias de ação com o objetivo de estimular o
processo de conscientização dos indivíduos numa perspectiva
transformadora da realidade.
A educação em sua forma emancipadora pode ser vista
como um instrumento de luta pelos direitos do cidadão,
contribuindo para a formação de um sujeito crítico e consciente,
um ser humano apto ao questionamento e à tomada de decisões.
Assim, a escola seria o espaço capaz de produzir uma formação
ampla para o indivíduo, auxiliando-o na construção do
conhecimento e da convivência humana e social, política e
cultural.
Cirlene Aparecida H. S. Oliveira. O significado do trabalho interdisciplinar na escola.
In: Célia Maria David et al. (Orgs). Desafios contemporâneos da educação.
1 ed. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015, p. 238–239 (com adaptações)