Questões de Concurso Público SEDU-ES 2016 para Professor - Língua Portuguesa

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Q635972 Português

Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.

Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.

Tupi or not tupi that is the question. (…)

Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. (...)

Queremos a Revolução Caraíba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem. (...)

Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós. (...)

O instinto Caraíba. (...)

Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses. Já tínhamos o comunismo.

Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro. (...)

A nossa independência ainda não foi proclamada. Frase típica de D. João VI: − Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.

Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud − a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.

(ANDRADE, Oswald de. A utopia antropofágica. São Paulo: Globo, 1995, pp. 47-52. Fragmento. Inclui: A antropofagia ao alcance de todos, por Benedito Nunes.) 

Das análises críticas de Benedito Nunes, qual corresponde ao manifesto lido?
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Q635974 Português

MINISTÉRIO DA CULTURA

Fundação Biblioteca Nacional

Departamento Nacional do Livro

O MULATO (fragmento)

Aluísio de Azevedo

Em todas as direções cruzavam-se homens esbofados e rubros; cruzavam-se os negros no carreto e os caixeiros que estavam em serviço na rua; avultavam os paletós-sacos, de brim pardo, mosqueados nas espáduas e nos sovacos por grandes manchas de suor. Os corretores de escravos examinavam, à plena luz do sol, os negros e moleques que ali estavam para ser vendidos; revistavam-lhes os dentes, os pés e as virilhas; faziam-lhes perguntas sobre perguntas, batiam-lhes com a biqueira do chapéu nos ombros e nas coxas, experimentando-lhes o vigor da musculatura, como se estivessem a comprar cavalos.

(Disponível em: : http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000166.pdf)

Nesse fragmento, o narrador acentua

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Q635976 Português

Ensinar o leitor-aluno a fixar objetivos e a ter estratégias de leitura, de modo a perceber que essa depende da articulação de várias partes que formam um todo. É, então, um pressuposto metodológico a ser considerado. O leitor está inserido num contexto e precisa considerar isso para compreender os textos escritos. Em sala de aula, configuram-se como estratégias de preparação para a leitura as ações de descobrir conhecimentos prévios dos alunos, discutir o vocabulário do texto, explorar a seleção do tema do texto, do assunto tratado, levantar palavras-chave ligadas a esse tema/assunto, e exercitar inferências sobre o texto.

(Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação. Ensino fundamental: anos finais: área de Linguagens e Códigos / Secretaria da Educação. Vitória: SEDU, 2009, p. 69. v.1)

O ato de “exercitar inferências sobre o texto” pressupõe desenvolver atividades pedagógicas que permitam ao leitor-aluno

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Q635977 Português

Bastante significativo das tensões que caracterizam a disciplina de LP no EM, hoje, é o quadro geral do tratamento que cada coleção dá ao ensino da literatura e, portanto, à formação do leitor de textos literários.

Evidenciam-se com muita nitidez duas tendências metodológicas polares: a literatura é tratada ora como um eixo de ensino próprio, ora como um objeto de conhecimento particular, construído por meio da articulação da leitura de textos culturalmente considerados como “literários” com uma reflexão específica e a construção de um corpo próprio de conhecimentos linguísticos (e/ou literários).

(Guia de livros didáticos: PNLD 2015: língua portuguesa: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2014)

O princípio organizador de abordagem do ensino da literatura como um “objeto de conhecimento particular” é

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Q635978 Português

Tomemos um exemplo simples: o do romance Senhora, de José de Alencar.

      Ele possui certas dimensões sociais evidentes, cuja indicação faz parte de qualquer estudo, histórico ou crítico: referências a lugares, modas, usos; manifestações de atitudes de grupo ou de classe; expressão de um conceito de vida entre burguês e patriarcal. Apontá-las é tarefa de rotina e não basta para definir o caráter sociológico de um estudo.

      Mas acontece que, além disso, o próprio assunto repousa sobre condições sociais que é preciso compreender e indicar, a fim de penetrar no significado. Trata-se da compra de um marido; e teremos dado um passo adiante se refletirmos que essa compra tem um sentido social simbólico, pois é ao mesmo tempo representação e desmascaramento de costumes vigentes na época, como o casamento por dinheiro. Mas, ao vermos isto, ainda não estamos nas camadas mais fundas da análise, − o que só ocorre quando este traço social constatado é visto funcionando para formar a estrutura do livro.

      Se, pensando nisto, atentarmos para a composição de Senhora, veremos que repousa numa espécie de longa e complicada transação, − com cenas de avanço e recuo, diálogos construídos como pressões e concessões, um enredo latente de manobras secretas, − no correr da qual a posição dos cônjuges se vai alterando.

      Referindo esta verificação às anteriores, feitas em nível mais simples, constatamos que se o livro é ordenado em torno desse longo duelo, é porque o duelo representa a transposição, no plano da estrutura do livro, do mecanismo da compra e venda. Esta não é afirmada abstratamente pelo romancista, nem apenas ilustrada com exemplos, mas sugerida na própria composição do todo e das partes, na maneira por que organiza a matéria, a fim de lhe dar uma certa expressividade.

(Adaptado de: CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. 9. ed. revista pelo autor. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006, p. 16)

Antonio Candido propõe uma metodologia dialética para a interpretação do romance Senhora que pode ser transposta como indicação para abordagem do texto literário na escola, da seguinte forma:
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Respostas
6: E
7: C
8: C
9: E
10: B