Enfrentamento a Perdas e
Desperdício de Alimentos
As perdas de alimentos, conforme conceito mais atual
da Organização das Nações Unidas para Alimentação
e Agricultura (FAO), ocorrem da etapa de produção na
fazenda até as centrais de abastecimento. As perdas
dizem respeito a alimentos produzidos para fins de
alimentação humana ou animal que deixam de chegar
ao final da cadeia produtiva por qualquer razão, seja
por questões de decisões econômicas, como quando
há excesso de oferta e o preço do alimento não cobre
os custos de produção, seja por problemas inerentes
ao manejo inadequado de pragas ou uso de embalagens inapropriadas para o transporte.
Já o desperdício de alimentos ocorre nas etapas de
varejo e consumo, e pode ser resultante tanto de
problemas das etapas anteriores da cadeia produtiva
(ex: doenças que encurtam a vida útil de frutas e hortaliças ou danos causados por armazenagem inadequada) quanto de problemas relacionados a deficiências ou comportamentos presentes nos elos finais da
cadeia produtiva.
Estima-se que cerca de 30% dos alimentos produzidos no planeta sejam desperdiçados ou perdidos por
ano, chegando a 1,3 bilhão de toneladas, cerca de 77
milhões de toneladas apenas na América Latina. De
todo esse volume, 28% são perdidos no final do processo de produção, 22% são durante o manejo e armazenagem, 17% no mercado de distribuição (atacado)
e 28% nos consumidores finais (FAO, 2021). No Brasil,
estima-se que a menor perda e desperdício possa
ocorrer no processo do varejo (cerca de 2%), mas considerando principalmente os produtos industrializados.
Processos de capacitação e busca pela eficiência dos
supermercados são comuns para equipes que trabalham com frutas, legumes e verduras (FLVs) e produtos
que exigem a cadeia de frio como carnes e lácteos.
Esse cenário, já conhecido pelos diferentes países,
vem sendo considerado fator preponderante para o
enfrentamento à insegurança alimentar e nutricional
que vem crescendo no planeta. A partir das consequências da pandemia de COVID-19, políticas de
enfrentamento à insegurança alimentar tornaram-se
prioritárias. Há a necessidade de aumento da produção e, principalmente, acesso aos alimentos em uma
escala mundial a fim de atender a uma população de
cerca de 9 bilhões de pessoas em 2050. Portanto, o enfrentamento a perdas e desperdício serão determinantes para a segurança alimentar, mesmo com a
expansão da produtividade.
RANGEL, Luís Eduardo Pacifici. Disponível em: < https://www.gov.
br/agricultura/pt-br/assuntos/sustentabilidade/perdas-e-desperdicio-de-alimentos/publicacoes-em-destaque/relatorio-final-perdas-
-e-desperdicio>. Fragmento adaptado. Publicado em 27 de set 2022.