Atenção: use o caso descrito a seguir para responder a próxima questão.
Helvécio, contador, 28 anos, contraiu Covid-19 em 2021. Apesar
da boa evolução, ele experimentou um estado de ansiedade
intenso, com sintomas psicossomáticos (dor torácica e dispneia).
Durante os dez dias da infecção, foi ao hospital algumas vezes
acreditando estar em estado hipoxêmico, dada a intensidade da
sensação de dispneia, mas era sempre “alarme falso”.
Logo após sua cura clínica, seu irmão contraiu Covid-19 pela
segunda vez e desenvolveu uma forma mais grave, precisando
ficar quatro dias em observação na UTI.
A partir daí, Helvécio começou a “ter mania de Covid”. Usava
mais de um litro de álcool gel ao dia para as mãos e limpava a
casa incessantemente. “Eu penso que o vírus pode ter
sobrevivido. Na maçaneta do quarto, por exemplo. Tenho que
limpar a mão com álcool, tudo com álcool. Mas minha cabeça diz
que o vírus continua ali. E começo a sentir ele dentro de mim,
será que estou doido?”
Como está trabalhando em home-office, Helvécio evita ao
máximo qualquer contato com o mundo exterior. As únicas
pessoas que ele tem recebido em casa são a mãe e o irmão. E
ambos têm que fazer um auto teste de antígeno na área de
serviço, e ainda entrar de máscara, assentar-se ou tocar somente
no que é pré-determinado por ele.
Ele tem saído à rua apenas para o estritamente indispensável e,
quando o faz, usa luvas, óculos protetores, e no mínimo duas
máscaras. Desce e sobe pelas escadas para não se encontrar com
alguém no elevador. Caso encontre com alguém no saguão do
seu prédio, tem que voltar em casa e aguardar alguns minutos
“para o ar renovar... É o medo do vírus ainda estar ali, no ar que
as pessoas respiraram...” Basta ouvir a palavra Covid que até hoje
começa a tossir descontroladamente. Tem feito de três a quatro
auto testes de Covid ao dia, chegando a nove, de marcas
diferentes e farmácias diferentes. Há uma semana foi às carreiras
para o Hospital, pois havia visto o resultado como positivo.
“Havia uma segunda faixa ali... fraquinha demais, mas havia... o
médico me mandou procurar o psiquiatra e também tomar 4 mg
de risperidona todo dia. Eu não sei o que há de errado comigo...
Porque eu sei que não é assim, mas meu cérebro fica me
torturando dizendo que vou pegar Covid e morrer.”
A mãe e o irmão de Helvécio contam que ele sempre foi um
jovem tranquilo, embora muito organizado, perfeccionista e
sistemático. Além de processos ansiosos autolimitados,
relacionados a situações complicadas de sua vida, não
apresentava antes nenhum indício de sofrimento mental
significativo.