Questões de Concurso Público Prefeitura de Carnaúba dos Dantas - RN 2024 para Professor de História
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Ao discutir a sociedade brasileira durante o século XIX, a historiadora Lilia Schwarcz analisa:
A valorização do pitoresco da paisagem e das gentes, do típico em vez de genérico, encontrava no indígena o símbolo privilegiado. [...] Por oposição ao negro, que lembrava a escravidão, o indígena permitia identificar uma origem mítica e unificadora. [...]
A natureza brasileira também cumpriu função paralela. Se não tínhamos castelos medievais, templos da Antiguidade ou batalhas heroicas para lembrar, possuíamos o maior dos rios, a mais bela vegetação. [...] Por mais que tenha partido de d. Pedro I e de Bonifácio a tentativa de elaborar – junto com Debret e outros participantes da Missão Francesa – uma ritualística local, foi com d. Pedro II e seu longo reinado que se tornaram visíveis a originalidade do protocolo e o projeto romântico de representação política do Estado.
SCHWARCZ, Lilia. As Barbas do Imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p.140.
Considerando esse fragmento, percebe-se que a identidade nacional brasileira, no século XIX, foi
construída
É pau é pedra é o fim do caminho É um metro é uma légua é um pobre burrinho É um caco de vida é a vida é o sol É a dor é a morte vindo com o arrebol É galho de jurema é um pé de poeira Cai já, bambeia é do boi a caveira É pé de macambira invadindo a cachoeira É vaqueiro morrendo é a reza brejeira É angico é facheiro é aquela canseira É farelo é um cisco é um resto de feira É a fome na porta é um queira ou não queira Na seca de março é a fuga estradeira É o pé é o chão é a terra assadeira É menino na mão e mais dez na traseira É um Deus lá no céu Padre Cíço no chão É romeiro rezando dentro dum caminhão É o filho disposto partindo sozinho [..] QUIRINO, Jessier. Prosa Morena. Recife: Bagaço, 2001, p. 89-90.
Após a leitura dos versos, a professora explicou aos alunos que a relação entre paisagem e história se faz presente, uma vez que, no texto,
o sucesso do projeto político estatal – do trabalhismo – pode ser explicado pelo fato de ter tomado do discurso articulado pelas lideranças da classe trabalhadora, durante a Primeira República, elementos-chave de sua autoimagem e de os ter investido de novo significado em outro contexto discursivo.
GOMES, Ângela de Castro. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1987. p. 24)
Fundamentado no raciocínio contido nesse fragmento textual e nas informações sobre o período Vargas, deve-se concluir que a classe operária aderiu ao trabalhismo varguista
As oposições simbólicas construídas ou reinterpretadas nos processos de ritualização (de um lado, verde e amarelo = massas = democracia = sociedade melhor; de outro, preto = elites políticas = autoritarismo = sociedade injusta) impactaram fortemente sobre os padrões dominantes de classificação que informavam as estruturas políticas e relações sociais. Questionou-se o discurso incrustado na sociedade brasileira que associava as “massas” à desordem e à falta de autoridade e que fazia da tutela política sobre a sociedade um princípio básico dos regimes políticos (categorias essas que foram centrais às reivindicações de legitimidade do golpe militar de 1964). Por outro lado, erigiu-se a praça pública como lugar fundamental da luta política e da constituição autônoma de atores coletivos.
BERTONCELO, E. R. E. "Eu quero votar para presidente": uma análise sobre a Campanha das Diretas. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n. 76, 2009, p. 191.
À luz da interpretação contida nesse fragmento textual e nas informações sobre o tema, o movimento pelas “Diretas já”
1) Muito embora os setores relacionados direta ou indiretamente a exportação do café fossem politicamente hegemônicos, oligarquias ditas de segunda ou terceira grandeza (elites fluminenses, gaúchas, baianas, etc.) tiveram importância significativa nos processos de decisão política em curso;
2) Muito embora a aliança entre Minas e São Paulo tenha sido hegemônica, ela não impediu a construção de eixos alternativos de poder por parte de outros setores a ela não vinculados;
3) A despeito do Estado Nacional ter a sua sustentação vinculada ao contínuo fluxo de capital estrangeiro para o país - cujo principal meio era a exportação do café - a política econômica implantada visava também garantir a estabilidade das finanças públicas e o atendimento a compromissos financeiros junto aos credores internacionais, o que muitas vezes fez com que os interesses corporativos dos cafeicultores fossem contrariados.
VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro. O federalismo oligárquico brasileiro: uma revisão da "política do café-com-leite". In: Anuario IEHS: Instituto de Estudios histórico Sociales. n. 16, 2001, p. 74
Considerando as reflexões de Viscardi, pode-se observar que, nas primeiras três décadas do século XX,