Questões de Concurso Público SMS de São Paulo - SP 2022 para Residente Multidisciplinar - Educação Física

Jogos servem de estratégia para o trabalho de valências além do corpo, como aspectos psicossociais, e tem como foco a ludicidade e criatividade, diferente da brincadeira, que objetiva a aprendizagem de técnicas repetitivas para aperfeiçoamento de movimentos.

Os esportes representativos e os jogos formais estão sob diversas regras e protocolos, nacionais ou internacionais, desta forma, acabam se descaracterizando como prática voltada ao prazer, não sendo adequados como práticas de lazer.

Atividades físicas, práticas corporais e exercícios físicos são termos equivalentes e com objetivos comuns.

Incentivar formas de lazer fisicamente ativas não é uma boa estratégia para combater o sedentarismo, visto que para não ser considerado sedentário, o indivíduo deve realizar exercícios físicos de forma regular, o que não é possível por meio do lazer.

Dentro do contexto das práticas corporais de saúde, o movimento humano é compreendido como sendo dotado de valores, desejos, sentidos e significados socioculturais, sendo constituído por fatores que ultrapassam o modelo biologizante.

Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, do ponto de vista de saúde pública, as crianças e os adolescentes aparentemente saudáveis podem participar de atividades de baixa e moderada intensidade, lúdicas e de lazer. E, assim como para adultos, deve-se realizar avaliação pré-participação formal.

Segundo diretrizes da OMS para atividade física, para o público de crianças e adolescentes preconiza-se, pelo menos, uma média de 150 minutos de atividades físicas de moderada a vigorosa intensidade por semana.

Atividades físicas no âmbito escolar são consideradas um elemento importante para a formação educacional, podendo auxiliar na detecção de fatores de risco à saúde, levando à melhor qualidade de vida na fase adulta. Além disso, a prática regular de exercícios físicos está associada a melhor desempenho escolar.

A educação física infantil deve priorizar o gesto técnico esportivo para habilitar a criança a praticar e se aprimorar nos diversos esportes pelos quais ela possa ter interesse no futuro, tornando-a apta a competir futuramente.

A capacidade de tamponamento da acidose muscular na criança é superior a do adulto, o que justifica que ela se recupere mais rapidamente após exercícios de alta intensidade e curta duração.

O processo terapêutico dentro destes espaços (CAPS) está pautado nas doenças e nos transtornos mentais e em suas interações em espaços comunitários, rejeitando a exclusão (tanto simbólica quanto real).

As práticas corporais realizadas nos CAPS devem priorizar o indivíduo em sua forma orgânica e mecânica, objetivando melhora de aptidão física e motora.

Dentre as possíveis intervenções da educação física nos CAPS, cabe desenvolver o conhecimento de si mesmo e o sentido de confiança em suas capacidades afetivas, físicas, cooperativa, de inter-relação pessoal para agir com segurança na busca do conhecimento e no exercício de cidadania.

As publicações da Política Nacional de Promoção da Saúde diferenciam expressamente os termos atividade física e prática corporal, sugerindo abordagens diferentes em cada prática.

O trabalho do profissional de educação física nos CAPS deve priorizar intervenções coletivas, para tanto, recomenda-se o uso de jogos formais e de representação nas práticas de atividades físicas oferecidas.

Os processos de produção de saúde dizem respeito, necessariamente, a um trabalho individual e de autorresponsabilização. Dessa forma, políticas públicas e profissionais de saúde devem se empenhar na estratégia individual de estratégias que promovam mudanças nas práticas dos serviços, tendo como princípios éticos a defesa e a afirmação de uma vida digna de ser vivida.

O conceito ampliado de saúde compreende todo processo de saúde-doença como o resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. Esse conceito ampliado de saúde privilegia o modelo medicoêntrico ou hospitalocêntrico-curativo.

O acolhimento é um ato de inclusão, uma atitude que busca a universalidade e a integralidade, princípios do SUS, no tratamento dos usuários de saúde. Trata-se de estar com ou estar perto de.

As políticas de acolhimento do SUS devem acontecer respeitando a hierarquia verticalizada da saúde pública. Portanto, os profissionais de saúde devem seguir os protocolos padronizados da prática clínica e replicar diretrizes de intervenções baseadas em evidências científicas.

A centralização é um dos princípios organizativos do SUS. Centralizam-se na atenção primária os cuidados preventivos e o manejo de doenças, de modo a oferecer ao usuário tratamentos multidisciplinares e integralizados.

A clínica ampliada busca integrar várias abordagens para possibilitar um manejo eficaz da complexidade do trabalho em saúde, que é necessariamente transdisciplinar e, portanto, multiprofissional.

A clínica ampliada busca fomentar a fragmentação entre biologia, subjetividade e sociabilidade, operando com projetos terapêuticos complexos, segmentados entre as várias especialidades abrangidas pelo SUS, deslocando a doença/distúrbio do sujeito envolvido nas políticas e práticas de saúde para primeiro plano.

Segundo os estudos realizados na área da saúde sobre clínica ampliada, a formação dos profissionais de educação física deve ter uma abordagem biologicista/fisiológica, a fim de que o profissional possa compreender profundamente o organismo humano e, a partir daí, traçar estratégias de cuidado ao usuário.

A clínica ampliada é composta por uma série de protocolos e procedimentos para as diversas áreas de atuação dos profissionais de saúde do SUS. Esses protocolos e procedimentos são reunidos pelo Ministério da Saúde na forma de cartilha direcionada aos profissionais de saúde para que possam ser aplicados no cotidiano da atenção primária em saúde.

A clínica ampliada é um referencial na saúde coletiva que atua somente no plano teórico, na formação dos profissionais de saúde com o diálogo entre diferentes núcleos de saberes.

O profissional deve analisar as necessidades individuais de seus beneficiários, para tanto, deve ler, interpretar e intervir em diagnósticos médicos para ajustar níveis e intensidades de atividades físicas, exercitando sua autonomia no cuidado do beneficiário.

O profissional de educação física na ABS conta com apoio matricial – uma tecnologia da atenção secundária à saúde que permite ao profissional cuidar individualmente dos sujeitos atendidos por ele nas Unidades Básicas de Saúde, clínicas e ambulatórios.

Todo profissional inserido na ABS deve constantemente refletir a respeito da adequação de suas ações aos princípios finalísticos do Sistema Único de Saúde, que são: universalidade, individualidade e gratuidade.

Para ter respeito e admiração dos usuários da ABS, o profissional de educação física deve compreender que é o detentor do conhecimento neste espaço e que cabe à comunidade uma participação meramente passiva neste processo.

O profissional deve reconhecer a atividade física como objeto complexo e compreender que a orientação para a prática de atividade física não é exclusiva de uma única profissão.

Segundo o código de ética da profissão, é vedada ao profissional a vinculação de valores de prestação de serviços a materiais publicitários para promoção de seus serviços ou possibilidades de atuação.

O profissional de educação física deve renunciar às suas funções, tão logo se verifique falta de confiança por parte do beneficiário, zelando para que os interesses deste não sejam prejudicados.

A construção da integralidade da atenção à saúde, preceito constitucional do Sistema Único de Saúde, requer a atuação em equipes multiprofissionais e, nesse sentido, a educação física é reconhecida como área de conhecimento e de intervenção acadêmico-profissional envolvida com a promoção, prevenção, proteção, reabilitação da saúde e suporte psicológico.

Diferentemente de outras profissões, entre beneficiário e profissional de educação física não cabe sigilo sobre fato ou informação de que este tiver conhecimento em decorrência do exercício da profissão.

Ao profissional de educação física é dada a possibilidade de interromper a prestação de serviços sem justa causa e sem notificação prévia ao beneficiário.

Entre as adaptações observadas nos músculos esqueléticos, por meio do treinamento resistido, estão o aumento dos canais de cálcio no retículo sarcoplasmático, o aumento de vesículas de proteínas transportadoras de glicose, o aumento do número de mitocôndrias, assim como a diminuição dos hormônios IGF-1 e insulina e a diminuição de ativação da proteína mTOR.

É possível observar o aumento de mionúcleos em células musculares exercitadas cerca de 3 a 7 dias após o exercício. Os mionúcleos vêm da proliferação e migração das células satélites musculares, que têm como função aumentar o volume muscular. Ademais, a proliferação e fusão das células satélites às células musculares depende, necessariamente, de lesões musculares (ainda que na forma de micro lesões).

Após a prática de treinamento de força, é comum haver dor muscular tardia, principalmente em sujeitos em início de treinamento. A dor aparece comumente por volta de 48 horas após o treino e é fruto, unicamente, da sensibilização das fibras neurais eferentes nociceptoras pelo acúmulo de ácido láctico na fibra muscular.

A causa dos déficits de força muscular induzidos por alongamento das fibras musculares pode ser explicada, predominantemente, por dois fatores: adaptações mecânicas, ou seja, uma redução na rigidez e um aumento no comprimento entre os sarcômeros em repouso que alteram a relação comprimento-tensão do músculo e fatores neurais como diminuição do recrutamento ou sensibilidade reflexa, ou uma combinação de ambos os mecanismos.

A mecanotransdução é um dos fatores que melhora a glicemia em sujeitos com diabetes mellitus tipo 2, visto que a contração muscular estimula a molécula AMPK a aumentar a liberação de cálcio na miofibrila e, também, a produzir óxido nítrico – fenômenos que melhoram os níveis de glicose no sangue.

Em caso de lesão muscular, o tratamento ideal inclui geralmente um período de repouso (imobilização total ou parcial) de 7 a 10 dias, preconizado no PRICE (do inglês: proteção, repouso, gelo, compressão e elevação).

As cargas mecânicas adequadas para exercícios voltados à reabilitação de lesões, para além de fomentarem um ambiente anabólico, através do mecanismo de mecanotransdução, permitem a reorganização dos tecidos segundo as linhas de transmissão de força intracelulares.

Exercícios resistidos de intensidade moderada aumentam a quantidade de fatores de crescimento, como IGF-1, em circulação, favorecendo o ambiente de regeneração muscular. Fenômeno não observado em exercícios aeróbios, tornando-os pouco eficazes quando há necessidade de regeneração de lesões musculares.

Indivíduos com mais massa magra e maiores níveis de atividades físicas tendem a ter mais moléculas receptoras de enzimas conversoras de angiotensina 2 e produzem irisina em maior quantidade, sendo sujeitos com células mais eficientes na redução de dano de DNA e de estresse oxidativo.

O edema da célula muscular exercitada é percebido pela célula como uma ameaça à sua integridade, o que desencadeia processos catabólicos que causam os danos (esperados) à miofibrila.

a liberação de cálcio pelo retículo sarcoplasmático tem a função de ativar o filamento de miosina para a formação das pontes cruzadas.

a formação das pontes cruzadas depende das moléculas de ferro das mioglobinas para prover o oxigênio necessário à produção de ATP e o encurtamento do sarcômero.

há a liberação de adrenalina das vesículas do neurônio motor na fenda sináptica (placa motora), o que causa uma propagação do potencial de ação na miofibrila abrindo os canais de cálcio do retículo sarcoplasmático.

há a ativação de mecanorreceptores que alteram a frequência cardíaca do indivíduo, aumentando-a, mesmo que a contração muscular seja involuntária

os níveis de força gerados dependem de fatores neurais, do número de fibras musculares disponíveis e do número de sarcômeros em paralelo nas miofibrilas. Não há dependência de fatores metabólicos.

São adaptações crônicas ao treinamento resistido o aumento das dimensões do septo interventricular, o aumento da espessura da parede ventricular, o aumento de força muscular e o aumento do recrutamento de fibras musculares por unidade motora.

O melhor controle da pressão arterial como consequência do treinamento resistido deve-se, entre outros aspectos, à diminuição da produção de óxido nítrico pelo organismo. Por este ter efeito vasoconstritor, sua diminuição resulta na diminuição da resistência vascular periférica com consequente redução da pressão arterial.

O treino com restrição de fluxo sanguíneo executado adequadamente melhora a função endotelial do praticante, sendo então recomendado para pessoas portadoras de qualquer doença cardiovascular ou circulatória.

Em relação à execução do exercício, sabe-se que quanto maior a velocidade da execução, maior será a força gerada durante a contração.

O aumento do volume sistólico é comumente observado em praticantes de treinamento resistido, em resultado, principalmente, da hipertrofia excêntrica dos ventrículos e aumento da complacência cardíaca.

Tanto exercícios aeróbios quanto treinamento resistido são capazes de reduzir a pressão arterial, sendo boas intervenções não farmacológicas para prevenir e manejar a hipertensão arterial. Porém, no caso do treinamento resistido, o efeito só é encontrado em exercícios dinâmicos.

Para mulheres em estágio pós-menopausal, a prática de exercícios físicos aquáticos deve ser priorizada devido ao risco aumentado de osteoporose. Exercícios de força e potência são contraindicados nesse estágio da vida da mulher.

A prática regular de exercícios físicos em homens aumenta a produção dos hormônios GH e testosterona, o que estimula a manutenção da massa magra e densidade mineral óssea ao longo da vida, prevenindo quadros como sarcopenia e osteoporose no avançar da idade. Porém, no estágio de andropausa há interrupção da produção de testosterona e tais efeitos só são observados se houver reposição hormonal.

Há evidências de que exercícios de dupla tarefa são benéficos para idosos, ajudando na melhora de funções cognitivas, no equilíbrio e na diminuição do risco de quedas nessa população.

Situações de estresse aumentam a ativação simpática do sistema nervoso autônomo, causando aumento da contratilidade do ventrículo cardíaco esquerdo e da frequência cardíaca e, também, a diminuição do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. Por isso, pessoas submetidas constantemente a situações estressantes tendem a desenvolver hipertensão arterial.

Por já estarem em estado fragilizado, a recomendação de atividades físicas para a população idosa difere de outras populações. A OMS preconiza que pratiquem atividades multicomponentes que enfatizem equilíbrio e força por duas vezes por semana.

O quadro de sarcopenia em idosos afeta negativamente suas capacidades funcionais e equilíbrio, ao passo que aumenta o risco e o medo de quedas. A severidade da sarcopenia está diretamente relacionada com piora do equilíbrio corporal, favorecendo as quedas.

No manejo de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade, o profissional de educação física deve estar atento às funções fisiológicas, metabólicas e biomecânicas, não fazendo parte de suas ações a atenção psicossocial, que cabe a outro profissional.

Os profissionais envolvidos com crianças e adolescentes que praticam atividade física devem priorizar seus aspectos competitivos, por meio de esportes, a fim de aumentar o engajamento da criança e adolescente na atividade proposta.

Com o envelhecimento, a modulação da função cardíaca pelo sistema nervoso autônomo (adrenérgico e vagal) aumenta, ocorrendo declínio na resposta à estimulação adrenérgica do coração senescente, ao passo que a resposta beta-adrenérgica diminuída leva a maior cronotropismo e vasoconstrição arterial.

No caso de beneficiários do SUS na atenção primária que façam uso de medicamentos, não cabe ao profissional de educação física verificar quais são as dosagens e alterações medicamentosas, visto esse ser papel dos médicos e enfermeiros.

A qualificação do profissional de educação física atuante na atenção primária, na abordagem da saúde, deve primar pela complexidade dos conteúdos que envolvem o metabolismo humano e suas interações socioafetivas e, sobretudo, pela difusão de informações e instrumentalização dos sujeitos para que estes pratiquem mais atividade física com segurança, independentemente do acompanhamento de um profissional de saúde.

Segundo as Diretrizes do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), recomenda-se ao profissional de educação física a construção de atividades e possibilidades a partir das necessidades e contribuição coletivas referentes aos que serão beneficiados, em detrimento da imposição de modelos e protocolos prévios.

O comportamento sedentário bem como o tempo de tela e o tempo sentado são considerados uma epidemia, porém, em diversos estudos epidemiológicos é mostrado que as pessoas sabem da importância da atividade física. O que mostra que a educação e acesso à informação sobre saúde não estão relacionadas ao comportamento sedentário.

Faz parte do papel do profissional de educação física atuante na atenção primária realizar avaliações físicas sistemáticas dos beneficiários, a fim de alimentar o banco de dados do Ministério da Saúde para geração de dados epidemiológicos nacionais.