Questões de Concurso Público Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ 2024 para Coordenador Escolar III

Foram encontradas 50 questões

Q2487487 Não definido
A alfabetização e o letramento no Brasil são temas fundamentais no campo educacional, sendo objeto de desafios e avanços ao longo das últimas décadas. Embora relacionados, esses conceitos abrangem diferentes dimensões do processo de aquisição de habilidades de leitura e escrita. Infelizmente, as disparidades socioeconômicas e regionais ainda impactam o pleno desenvolvimento desses processos. Assim, é fundamental reconhecer a importância de práticas pedagógicas que sustentem a alfabetização e o letramento das crianças, bem como a importância de que todos os agentes educacionais estejam inseridos nesse contexto. Sobre os dois processos, assinale a afirmativa correta. 
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Q2487488 Não definido
A escolha do método de alfabetização é de extrema importância, pois influencia diretamente na forma como as crianças desenvolvem suas habilidades de leitura e escrita. Diferentes métodos oferecem abordagens distintas, e a seleção adequada pode impactar o engajamento, o sucesso e o prazer que os alunos encontram no processo de aprendizagem. Existem abordagens de alfabetização que utilizam prevalentemente os métodos sintéticos e outras que optam pelos métodos analíticos. Dentre as abordagens que utilizam um caminho sintético para alfabetizar, encontramos os métodos: 
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Q2487489 Não definido
Atualmente, os espaços disponíveis estão se tornando cada vez mais limitados, com moradias reduzidas a pequenos apartamentos. As ruas são dominadas por automóveis, e as áreas verdes estão sendo substituídas por concreto e cimento. Infelizmente, os poucos espaços verdes restantes não oferecem um ambiente seguro. Observamos uma tendência preocupante em direção ao confinamento. Não bastasse, o principal meio de comunicação é digital, centrado em computadores e videogames. Estamos imersos na era dos dígitos, e as crianças chegam à escola com uma notável acumulação de energia. Isso ocorre porque o movimento de seus corpos está sendo restrito, o que, por sua vez, implica em limitações para suas ideias, pensamentos e imaginação, uma vez que a linguagem natural da criança é expressa através do corpo. Neste contexto, entra em ação o papel fundamental da recreação, que possui algumas características básicas a serem observadas, EXCETO:
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Q2487490 Não definido
A população infantil com necessidades especiais representa um grupo diversificado de crianças que enfrentam desafios específicos em seu desenvolvimento e aprendizado. Essas necessidades especiais podem estar relacionadas a deficiências físicas, sensoriais, intelectuais, Transtornos do Espectro Autista (TEA), questões de saúde mental, dentre outras condições. A abordagem a essa grande população exige uma compreensão e um compromisso inabalável com a inclusão e a equidade. Em relação à inclusão desta população nas escolas públicas regulares, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.


( ) As pessoas com deficiência necessitam de cuidados especiais. ( ) Os profissionais que lidam com as pessoas com deficiência precisam ser especialistas. ( ) As pessoas com deficiência têm de frequentar escolas especiais. ( ) As pessoas com deficiência atrapalham o aprendizado de outras crianças.

A sequência está correta em
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Q2487491 Não definido
A criança, quando imersa em ambientes socioculturais em que a leitura e a escrita têm papel e função centrais, como acontece em nossas sociedades grafocêntricas, em que tudo gira em torno da escrita, antes mesmo de entrar na escola, vai progressivamente se aproximando do conceito de escrita, percebendo que escrever é transformar a fala em marcas sobre diferentes suportes, e que ler é converter essas marcas em fala. A criança vive assim, desde muito pequena, antes mesmo de sua entrada na escola, um processo de construção do conceito de escrita, por meio de experiências com a língua escrita nos contextos sociocultural e familiar. Mas, é pela interação entre seu desenvolvimento de processos cognitivos e linguísticos e a aprendizagem, proporcionada de forma sistemática e explícita no contexto escolar, que a criança vai progressivamente compreendendo a escrita alfabética como um sistema de representação de sons da língua (os fonemas) por letras. Este processo descreve a apropriação, pela criança,
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Q2487492 Não definido
Jean Piaget propôs quatro fases distintas no desenvolvimento cognitivo infantil. Na fase sensório-motor (0 a 2 anos), a criança desenvolve a coordenação sensorial e motora; no pré-operatório (2 a 7 anos), a linguagem e a imaginação se expandem, mas a lógica ainda é limitada; nas operações concretas (7 a 11 anos), ocorre o desenvolvimento de pensamento lógico em situações tangíveis; por fim, nas operações formais (11 anos em diante), a capacidade de raciocínio abstrato e hipotético se desenvolve, marcando a entrada na adolescência. As fases refletem a evolução das estruturas mentais, destacando a importância da interação com o meio para o progresso cognitivo. O autor considera que quatro fatores presentes na mudança nas estruturas que caracterizam as fases do desenvolvimento. Um deles é:
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Q2487493 Não definido

Durante o horário do recreio em uma pré-escola, um grupo de crianças está brincando no pátio quando uma delas, Sofia, de quatro anos, de repente cai no chão e começa a apresentar convulsões. As outras crianças ficam assustadas, e o coordenador responsável pelo recreio é o primeiro a chegar à cena. Sofia está deitada no chão, com movimentos descontrolados, e seus olhos estão revirados. O coordenador percebe que Sofia está se debatendo e espumando pela boca. As outras crianças começam a se afastar, e alguns começam a chorar. Diante dessa situação, é preciso agir rapidamente, aplicando conhecimentos de primeiros-socorros para garantir a segurança e o bem-estar de Sofia e das demais crianças. Desse modo, o coordenador, entre muitas atitudes possíveis, agiu corretamente, quando: 

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Q2487494 Não definido
A segurança do trabalho tem por objetivo proteger a integridade (física, psicológica e social) do trabalhador, principalmente no que se refere às doenças e acidentes ocupacionais. O acidente no trabalho, como o próprio nome sugere, é aquele que ocorre dentro ou fora da empresa, enquanto o funcionário exerce suas atividades cotidianas. Após acontecer o acidente, o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) é o responsável por identificar suas causas e consequências, bem como encaminhar os procedimentos, para que o trabalhador seja ressarcido pelo dano previsto em lei. Caso o acidente tenha sido provocado por algum descuido, cabe ao INSS e demais órgãos trabalhistas o dever de punir o responsável. Dentre as principais causas de acidente no ambiente de trabalho, as mais comuns são a negligência, a imperícia ou a imprudência. Identifique, a seguir, a situação, cujas causas do acidente se configuram como imperícia do funcionário. 
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Q2487495 Não definido
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instituído em 1990, representa um marco legal crucial no contexto brasileiro, consolidando os direitos e a proteção integral destinados às crianças e adolescentes. Sua relevância se destaca por diversos aspectos que visam assegurar um desenvolvimento saudável e digno para essa parcela da população. A proteção integral proposta pelo ECA vai além da esfera jurídica, abrangendo aspectos fundamentais como saúde, educação, lazer e convivência familiar. O Estatuto visa assegurar que crianças e adolescentes cresçam em ambientes seguros e propícios ao seu pleno desenvolvimento, livre de violência, negligência e qualquer forma de exploração. Para a garantia do direito à Educação, o Estatuto assegura às crianças e adolescentes o direito
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Q2487496 Não definido
Na sala de aula, durante uma atividade de pintura, o aluno Lucas, de 6 anos, demonstra um comportamento diferente dos seus colegas. Enquanto os outros colegas estão sentados em seus lugares, concentrados em suas pinturas, Lucas tem dificuldade em permanecer quieto. Ele começa a mexer constantemente nas tintas e pincéis, trocando de lugar frequentemente. Sua atenção é desviada por estímulos ao redor, como o som de uma porta se abrindo, um colega se movendo, ou mesmo as cores das pinturas dos colegas. Lucas não consegue focar por muito tempo em sua própria atividade. Quando a professora tenta redirecioná-lo, pedindo para que ele retorne ao seu lugar e se concentre na pintura, Lucas exibe impulsividade, levantando-se novamente antes mesmo de completar a tarefa. A professora observa que ele também tem dificuldade em seguir as instruções, esquecendo rapidamente o que foi solicitado e agindo de forma desorganizada. Essa situação destaca alguns dos desafios enfrentados por crianças com:
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Q2487497 Não definido
“São recursos úteis para tornar os documentos mais visualmente atraentes, mas são aplicados em contextos diferentes para atender a propósitos distintos. ___________ é usado para criar texto estilizado com efeitos visuais especiais, como sombras, contornos, gradientes e rotações; ____________ consiste em figuras, gráficos ou ilustrações pré-desenhadas, que podem ser inseridas em documentos para ilustrar conceitos ou adicionais elementos visuais.” Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa anterior.
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Q2487498 Não definido
O Microsoft Word 2019 (Configuração Padrão – Idioma Português Brasil) oferece opções para o alinhamento do texto; quando essa opção é aplicada, ocorre a adição de espaços entre as palavras, proporcionando, assim, o alinhamento preciso das bordas de cada linha com as margens do documento. As informações fazem referência a qual tipo de alinhamento de texto?
Alternativas
Q2487499 Não definido
As normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) estabelecem padrões para a elaboração de documentos acadêmicos no Brasil. Essas regras são utilizadas em trabalhos como teses, dissertações, monografias, artigos científicos, dentre outros. É comum realizar ajustes no espaçamento entre linhas do texto. Com o Microsoft Word 2019 (Configuração Padrão – Idioma Português Brasil), através da Guia “Página Inicial”, qual caminho é utilizado para configurar o espaçamento entre linhas do texto?
Alternativas
Q2487500 Não definido
“Trata-se de uma função utilizada no Microsoft Excel para contar o número de células que contém somente valores numéricos. Exclui células vazias, células que contêm texto, datas, ou qualquer outro tipo de informação que não seja numérica.” As informações se referem a qual função do Microsoft Excel 2019 (Configuração Padrão – Idioma Português Brasil)?
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Q2487501 Não definido
A imagem ilustra uma planilha do Microsoft Excel 2019 (Configuração Padrão – Idioma Português Brasil):

Para calcular a média dos 4 valores apresentados na planilha, o usuário fez a seguinte operação aritmética “=(A2+B2+C2+D2)/4” na célula E2. Por qual função o usuário poderia substituir a operação aritmética e encontrar o mesmo resultado?
Alternativas
Q2488667 Português
Buganvílias



         Nossa casa é antiga, embora não secular – explicava-me aquela senhora – e o senhor sabe como essas construções antigas têm pé direito alto, um despropósito. Nossos dois andares enfrentam bem uns três dos edifícios vizinhos. Isso lhe dará ideia da altura de minhas buganvílias, pois as raízes delas se misturam com os alicerces, e temos praticamente dois telhados: o comum, e esse lençol rubro de flores, quando vem pintando a primavera.

        Não, não pense que as flores cobrem o telhado: elas formam o seu teto especial, no terraço, dominando a pérgula – e a boa senhora sorriu – que o antigo proprietário fez questão de construir, para dar um ar meio silvestre, meio parnasiano, àquela superfície árida de ladrilhos. Nossa casa está longe de ser bonita, embora eu goste muito dela; e quando as buganvílias funcionam a todo vapor, na florescência, não imagina como a nossa modesta alvenaria se transforma numa coisa espetacular, todo aquele dilúvio de escarlate que a brisa do Brasil beija e balança, os ladrilhos também se deixam atapetar de florinhas, e até o cãozinho, indo brincar no terraço, costuma voltar trazendo no pelo branco manchas encarnadas de primavera. Caem florinhas nas panelas da cozinheira, cá embaixo, e se a gente deixar entreaberta a janela do banheiro, pode tomar seu banho de Bougainvillea spectabilis willd, ou que nome tenha; sei que é uma nictaginácea, ouviu?

        Tudo isso é simpático, mas tem seus inconvenientes. Quando nos instalamos, um mestre de obras ponderou: “Eu, se fosse madame, cortava essas trepadeiras. Veja como os troncos encorparam, e como as paredes vão trincando. A raiz está abalando tudo”. Não tive coragem de matar uma planta de Deus, aliás duas, subindo lado a lado, confundindo lá em cima os galhos e fazendo de nossa casa uma coisa diferente, no cinzento da Zona Sul (os moradores dos edifícios garantem que, vista do alto, a casa vale muito mais do que vista da rua, por causa das buganvílias, que fazem bem aos olhos). E depois, já tivemos que sacrificar a goiabeira para abrir mais uma caixa d’água subterrânea, Deus nos perdoe. Não, as buganvílias, não. A casa pode vir abaixo, e seremos soterrados sob tijolos e flores, mas todo o poder às buganvílias!

       Há dias foi engraçado, porque convidamos um casal para almoçar, e já na horinha me lembrei que não tínhamos flores em casa. Fui comprá-las correndo, mas a greve (...) acabara com elas, ou era a própria greve das flores, que pediam aumento de orvalho; não havia uma triste corola à venda. E não era dia de feira no bairro, de sorte que não se podia recorrer a flores de calçada. Voltei de alma ferida, porque se pode trabalhar sem flor, dormir sem flor, mas comer sem flor é desagradável, tira o sal. Estava imersa em vil desânimo, quando me pousou no nariz, trazida pelo vento, a florinha de buganvília, cujos ramos estão explodindo de vermelho, entre pinceladas verdes. Voei ao quarto de depósito, saí de lá brandindo a escada de três metros, e icei-a na pérgula. E com risco de romper o esqueleto, pois escada de casa velha também é velha e desconjuntada, aos olhos divertidos ou indignados da vizinhança, fui ceifando com tesoura aquele mar de florinhas sanguíneas. Enchi duas cestas enormes, e nunca minha casa ficou tão bonita como enfeitada assim à última hora, sem gastar um cruzeiro; o casal ficou encantado, mas que beleza de flor, então eu expliquei que buganvília não tem propriamente flores, tem brácteas, que são folhas iguais às outras, mas valorizadas pelo vermelho. Deu tudo certo, e eu senti que os imensos pés de buganvília me agradeciam e pagavam dessa maneira a decisão de poupar-lhes a vida até a consumação dos séculos – ou da nossa velha casa, que eles vão destruindo poeticamente.


(ANDRADE, Carlos Drummond de, 1902-1987. Seleta em prosa e verso. Ed. Record, 1994.)
A alternativa em que a oração assinalada expressa oposição é: 
Alternativas
Q2488668 Português
Buganvílias



         Nossa casa é antiga, embora não secular – explicava-me aquela senhora – e o senhor sabe como essas construções antigas têm pé direito alto, um despropósito. Nossos dois andares enfrentam bem uns três dos edifícios vizinhos. Isso lhe dará ideia da altura de minhas buganvílias, pois as raízes delas se misturam com os alicerces, e temos praticamente dois telhados: o comum, e esse lençol rubro de flores, quando vem pintando a primavera.

        Não, não pense que as flores cobrem o telhado: elas formam o seu teto especial, no terraço, dominando a pérgula – e a boa senhora sorriu – que o antigo proprietário fez questão de construir, para dar um ar meio silvestre, meio parnasiano, àquela superfície árida de ladrilhos. Nossa casa está longe de ser bonita, embora eu goste muito dela; e quando as buganvílias funcionam a todo vapor, na florescência, não imagina como a nossa modesta alvenaria se transforma numa coisa espetacular, todo aquele dilúvio de escarlate que a brisa do Brasil beija e balança, os ladrilhos também se deixam atapetar de florinhas, e até o cãozinho, indo brincar no terraço, costuma voltar trazendo no pelo branco manchas encarnadas de primavera. Caem florinhas nas panelas da cozinheira, cá embaixo, e se a gente deixar entreaberta a janela do banheiro, pode tomar seu banho de Bougainvillea spectabilis willd, ou que nome tenha; sei que é uma nictaginácea, ouviu?

        Tudo isso é simpático, mas tem seus inconvenientes. Quando nos instalamos, um mestre de obras ponderou: “Eu, se fosse madame, cortava essas trepadeiras. Veja como os troncos encorparam, e como as paredes vão trincando. A raiz está abalando tudo”. Não tive coragem de matar uma planta de Deus, aliás duas, subindo lado a lado, confundindo lá em cima os galhos e fazendo de nossa casa uma coisa diferente, no cinzento da Zona Sul (os moradores dos edifícios garantem que, vista do alto, a casa vale muito mais do que vista da rua, por causa das buganvílias, que fazem bem aos olhos). E depois, já tivemos que sacrificar a goiabeira para abrir mais uma caixa d’água subterrânea, Deus nos perdoe. Não, as buganvílias, não. A casa pode vir abaixo, e seremos soterrados sob tijolos e flores, mas todo o poder às buganvílias!

       Há dias foi engraçado, porque convidamos um casal para almoçar, e já na horinha me lembrei que não tínhamos flores em casa. Fui comprá-las correndo, mas a greve (...) acabara com elas, ou era a própria greve das flores, que pediam aumento de orvalho; não havia uma triste corola à venda. E não era dia de feira no bairro, de sorte que não se podia recorrer a flores de calçada. Voltei de alma ferida, porque se pode trabalhar sem flor, dormir sem flor, mas comer sem flor é desagradável, tira o sal. Estava imersa em vil desânimo, quando me pousou no nariz, trazida pelo vento, a florinha de buganvília, cujos ramos estão explodindo de vermelho, entre pinceladas verdes. Voei ao quarto de depósito, saí de lá brandindo a escada de três metros, e icei-a na pérgula. E com risco de romper o esqueleto, pois escada de casa velha também é velha e desconjuntada, aos olhos divertidos ou indignados da vizinhança, fui ceifando com tesoura aquele mar de florinhas sanguíneas. Enchi duas cestas enormes, e nunca minha casa ficou tão bonita como enfeitada assim à última hora, sem gastar um cruzeiro; o casal ficou encantado, mas que beleza de flor, então eu expliquei que buganvília não tem propriamente flores, tem brácteas, que são folhas iguais às outras, mas valorizadas pelo vermelho. Deu tudo certo, e eu senti que os imensos pés de buganvília me agradeciam e pagavam dessa maneira a decisão de poupar-lhes a vida até a consumação dos séculos – ou da nossa velha casa, que eles vão destruindo poeticamente.


(ANDRADE, Carlos Drummond de, 1902-1987. Seleta em prosa e verso. Ed. Record, 1994.)
Considerando o contexto em que as palavras grifadas estão inseridas, a palavra indicada não mantém o mesmo sentido em:
Alternativas
Q2488669 Português
Buganvílias



         Nossa casa é antiga, embora não secular – explicava-me aquela senhora – e o senhor sabe como essas construções antigas têm pé direito alto, um despropósito. Nossos dois andares enfrentam bem uns três dos edifícios vizinhos. Isso lhe dará ideia da altura de minhas buganvílias, pois as raízes delas se misturam com os alicerces, e temos praticamente dois telhados: o comum, e esse lençol rubro de flores, quando vem pintando a primavera.

        Não, não pense que as flores cobrem o telhado: elas formam o seu teto especial, no terraço, dominando a pérgula – e a boa senhora sorriu – que o antigo proprietário fez questão de construir, para dar um ar meio silvestre, meio parnasiano, àquela superfície árida de ladrilhos. Nossa casa está longe de ser bonita, embora eu goste muito dela; e quando as buganvílias funcionam a todo vapor, na florescência, não imagina como a nossa modesta alvenaria se transforma numa coisa espetacular, todo aquele dilúvio de escarlate que a brisa do Brasil beija e balança, os ladrilhos também se deixam atapetar de florinhas, e até o cãozinho, indo brincar no terraço, costuma voltar trazendo no pelo branco manchas encarnadas de primavera. Caem florinhas nas panelas da cozinheira, cá embaixo, e se a gente deixar entreaberta a janela do banheiro, pode tomar seu banho de Bougainvillea spectabilis willd, ou que nome tenha; sei que é uma nictaginácea, ouviu?

        Tudo isso é simpático, mas tem seus inconvenientes. Quando nos instalamos, um mestre de obras ponderou: “Eu, se fosse madame, cortava essas trepadeiras. Veja como os troncos encorparam, e como as paredes vão trincando. A raiz está abalando tudo”. Não tive coragem de matar uma planta de Deus, aliás duas, subindo lado a lado, confundindo lá em cima os galhos e fazendo de nossa casa uma coisa diferente, no cinzento da Zona Sul (os moradores dos edifícios garantem que, vista do alto, a casa vale muito mais do que vista da rua, por causa das buganvílias, que fazem bem aos olhos). E depois, já tivemos que sacrificar a goiabeira para abrir mais uma caixa d’água subterrânea, Deus nos perdoe. Não, as buganvílias, não. A casa pode vir abaixo, e seremos soterrados sob tijolos e flores, mas todo o poder às buganvílias!

       Há dias foi engraçado, porque convidamos um casal para almoçar, e já na horinha me lembrei que não tínhamos flores em casa. Fui comprá-las correndo, mas a greve (...) acabara com elas, ou era a própria greve das flores, que pediam aumento de orvalho; não havia uma triste corola à venda. E não era dia de feira no bairro, de sorte que não se podia recorrer a flores de calçada. Voltei de alma ferida, porque se pode trabalhar sem flor, dormir sem flor, mas comer sem flor é desagradável, tira o sal. Estava imersa em vil desânimo, quando me pousou no nariz, trazida pelo vento, a florinha de buganvília, cujos ramos estão explodindo de vermelho, entre pinceladas verdes. Voei ao quarto de depósito, saí de lá brandindo a escada de três metros, e icei-a na pérgula. E com risco de romper o esqueleto, pois escada de casa velha também é velha e desconjuntada, aos olhos divertidos ou indignados da vizinhança, fui ceifando com tesoura aquele mar de florinhas sanguíneas. Enchi duas cestas enormes, e nunca minha casa ficou tão bonita como enfeitada assim à última hora, sem gastar um cruzeiro; o casal ficou encantado, mas que beleza de flor, então eu expliquei que buganvília não tem propriamente flores, tem brácteas, que são folhas iguais às outras, mas valorizadas pelo vermelho. Deu tudo certo, e eu senti que os imensos pés de buganvília me agradeciam e pagavam dessa maneira a decisão de poupar-lhes a vida até a consumação dos séculos – ou da nossa velha casa, que eles vão destruindo poeticamente.


(ANDRADE, Carlos Drummond de, 1902-1987. Seleta em prosa e verso. Ed. Record, 1994.)
“Buganvílias”, um texto digno de figurar em qualquer antologia poética, fala de natureza, mas não de um mero estado de contemplação. Assim, ao falar de todo esse dilúvio de escarlate, o cronista está atento à íntima relação entre a vegetação e a dona da casa e da trepadeira; às florinhas que caem nas panelas da cozinheira e às raízes e aos alicerces que se entrelaçam. É possível inferir que há uma intertextualidade implícita no seguinte fragmento em relação ao poema de Castro Alves: 
Alternativas
Q2488670 Português
Buganvílias



         Nossa casa é antiga, embora não secular – explicava-me aquela senhora – e o senhor sabe como essas construções antigas têm pé direito alto, um despropósito. Nossos dois andares enfrentam bem uns três dos edifícios vizinhos. Isso lhe dará ideia da altura de minhas buganvílias, pois as raízes delas se misturam com os alicerces, e temos praticamente dois telhados: o comum, e esse lençol rubro de flores, quando vem pintando a primavera.

        Não, não pense que as flores cobrem o telhado: elas formam o seu teto especial, no terraço, dominando a pérgula – e a boa senhora sorriu – que o antigo proprietário fez questão de construir, para dar um ar meio silvestre, meio parnasiano, àquela superfície árida de ladrilhos. Nossa casa está longe de ser bonita, embora eu goste muito dela; e quando as buganvílias funcionam a todo vapor, na florescência, não imagina como a nossa modesta alvenaria se transforma numa coisa espetacular, todo aquele dilúvio de escarlate que a brisa do Brasil beija e balança, os ladrilhos também se deixam atapetar de florinhas, e até o cãozinho, indo brincar no terraço, costuma voltar trazendo no pelo branco manchas encarnadas de primavera. Caem florinhas nas panelas da cozinheira, cá embaixo, e se a gente deixar entreaberta a janela do banheiro, pode tomar seu banho de Bougainvillea spectabilis willd, ou que nome tenha; sei que é uma nictaginácea, ouviu?

        Tudo isso é simpático, mas tem seus inconvenientes. Quando nos instalamos, um mestre de obras ponderou: “Eu, se fosse madame, cortava essas trepadeiras. Veja como os troncos encorparam, e como as paredes vão trincando. A raiz está abalando tudo”. Não tive coragem de matar uma planta de Deus, aliás duas, subindo lado a lado, confundindo lá em cima os galhos e fazendo de nossa casa uma coisa diferente, no cinzento da Zona Sul (os moradores dos edifícios garantem que, vista do alto, a casa vale muito mais do que vista da rua, por causa das buganvílias, que fazem bem aos olhos). E depois, já tivemos que sacrificar a goiabeira para abrir mais uma caixa d’água subterrânea, Deus nos perdoe. Não, as buganvílias, não. A casa pode vir abaixo, e seremos soterrados sob tijolos e flores, mas todo o poder às buganvílias!

       Há dias foi engraçado, porque convidamos um casal para almoçar, e já na horinha me lembrei que não tínhamos flores em casa. Fui comprá-las correndo, mas a greve (...) acabara com elas, ou era a própria greve das flores, que pediam aumento de orvalho; não havia uma triste corola à venda. E não era dia de feira no bairro, de sorte que não se podia recorrer a flores de calçada. Voltei de alma ferida, porque se pode trabalhar sem flor, dormir sem flor, mas comer sem flor é desagradável, tira o sal. Estava imersa em vil desânimo, quando me pousou no nariz, trazida pelo vento, a florinha de buganvília, cujos ramos estão explodindo de vermelho, entre pinceladas verdes. Voei ao quarto de depósito, saí de lá brandindo a escada de três metros, e icei-a na pérgula. E com risco de romper o esqueleto, pois escada de casa velha também é velha e desconjuntada, aos olhos divertidos ou indignados da vizinhança, fui ceifando com tesoura aquele mar de florinhas sanguíneas. Enchi duas cestas enormes, e nunca minha casa ficou tão bonita como enfeitada assim à última hora, sem gastar um cruzeiro; o casal ficou encantado, mas que beleza de flor, então eu expliquei que buganvília não tem propriamente flores, tem brácteas, que são folhas iguais às outras, mas valorizadas pelo vermelho. Deu tudo certo, e eu senti que os imensos pés de buganvília me agradeciam e pagavam dessa maneira a decisão de poupar-lhes a vida até a consumação dos séculos – ou da nossa velha casa, que eles vão destruindo poeticamente.


(ANDRADE, Carlos Drummond de, 1902-1987. Seleta em prosa e verso. Ed. Record, 1994.)
Metáfora é uma figura de linguagem em que se transfere o nome de uma coisa para outra com a qual é possível estabelecer uma relação de comparação. A relação de semelhança entre dois termos ocasiona uma transferência de significados, estabelecida através de uma comparação implícita. Há um exemplo de metáfora em:
Alternativas
Q2488671 Português
Buganvílias



         Nossa casa é antiga, embora não secular – explicava-me aquela senhora – e o senhor sabe como essas construções antigas têm pé direito alto, um despropósito. Nossos dois andares enfrentam bem uns três dos edifícios vizinhos. Isso lhe dará ideia da altura de minhas buganvílias, pois as raízes delas se misturam com os alicerces, e temos praticamente dois telhados: o comum, e esse lençol rubro de flores, quando vem pintando a primavera.

        Não, não pense que as flores cobrem o telhado: elas formam o seu teto especial, no terraço, dominando a pérgula – e a boa senhora sorriu – que o antigo proprietário fez questão de construir, para dar um ar meio silvestre, meio parnasiano, àquela superfície árida de ladrilhos. Nossa casa está longe de ser bonita, embora eu goste muito dela; e quando as buganvílias funcionam a todo vapor, na florescência, não imagina como a nossa modesta alvenaria se transforma numa coisa espetacular, todo aquele dilúvio de escarlate que a brisa do Brasil beija e balança, os ladrilhos também se deixam atapetar de florinhas, e até o cãozinho, indo brincar no terraço, costuma voltar trazendo no pelo branco manchas encarnadas de primavera. Caem florinhas nas panelas da cozinheira, cá embaixo, e se a gente deixar entreaberta a janela do banheiro, pode tomar seu banho de Bougainvillea spectabilis willd, ou que nome tenha; sei que é uma nictaginácea, ouviu?

        Tudo isso é simpático, mas tem seus inconvenientes. Quando nos instalamos, um mestre de obras ponderou: “Eu, se fosse madame, cortava essas trepadeiras. Veja como os troncos encorparam, e como as paredes vão trincando. A raiz está abalando tudo”. Não tive coragem de matar uma planta de Deus, aliás duas, subindo lado a lado, confundindo lá em cima os galhos e fazendo de nossa casa uma coisa diferente, no cinzento da Zona Sul (os moradores dos edifícios garantem que, vista do alto, a casa vale muito mais do que vista da rua, por causa das buganvílias, que fazem bem aos olhos). E depois, já tivemos que sacrificar a goiabeira para abrir mais uma caixa d’água subterrânea, Deus nos perdoe. Não, as buganvílias, não. A casa pode vir abaixo, e seremos soterrados sob tijolos e flores, mas todo o poder às buganvílias!

       Há dias foi engraçado, porque convidamos um casal para almoçar, e já na horinha me lembrei que não tínhamos flores em casa. Fui comprá-las correndo, mas a greve (...) acabara com elas, ou era a própria greve das flores, que pediam aumento de orvalho; não havia uma triste corola à venda. E não era dia de feira no bairro, de sorte que não se podia recorrer a flores de calçada. Voltei de alma ferida, porque se pode trabalhar sem flor, dormir sem flor, mas comer sem flor é desagradável, tira o sal. Estava imersa em vil desânimo, quando me pousou no nariz, trazida pelo vento, a florinha de buganvília, cujos ramos estão explodindo de vermelho, entre pinceladas verdes. Voei ao quarto de depósito, saí de lá brandindo a escada de três metros, e icei-a na pérgula. E com risco de romper o esqueleto, pois escada de casa velha também é velha e desconjuntada, aos olhos divertidos ou indignados da vizinhança, fui ceifando com tesoura aquele mar de florinhas sanguíneas. Enchi duas cestas enormes, e nunca minha casa ficou tão bonita como enfeitada assim à última hora, sem gastar um cruzeiro; o casal ficou encantado, mas que beleza de flor, então eu expliquei que buganvília não tem propriamente flores, tem brácteas, que são folhas iguais às outras, mas valorizadas pelo vermelho. Deu tudo certo, e eu senti que os imensos pés de buganvília me agradeciam e pagavam dessa maneira a decisão de poupar-lhes a vida até a consumação dos séculos – ou da nossa velha casa, que eles vão destruindo poeticamente.


(ANDRADE, Carlos Drummond de, 1902-1987. Seleta em prosa e verso. Ed. Record, 1994.)
Assinale, a seguir, a transcrição textual cujo acento da crase foi empregado por se tratar de uma expressão adverbial.
Alternativas
Respostas
1: B
2: B
3: C
4: B
5: D
6: B
7: D
8: D
9: D
10: D
11: B
12: A
13: C
14: C
15: B
16: B
17: C
18: A
19: B
20: B