EZRA POUND (1885 – 1972)
Em 1945, depois de quatro décadas como um
incansável polemista, mesmo sem conquistar a
influência pública que desejava, Ezra Pound
viu sua vida atropelada pela polêmica pública.
Quando o esforço de guerra italiano fracassou,
Pound foi trancafiado em uma gaiola ao ar
livre em uma base militar americana nos
arredores de Pisa e acusado de traição pelas
transmissões de rádio pró-fascistas e
antissemitas feitas em Roma, atacando
abertamente a participação dos Estados Unidos
na guerra. Julgado em Washington D.C.,
Pound escapou da pena de morte apenas por ter
impetrado um recurso alegando insanidade.
Foi mantido no Saint Elizabeth’s Hospital,
manicômio judiciário, pelos 12 anos seguintes.
Apesar de tudo, Pound conseguiu criar alguns
de seus melhores poemas nesse período. The
Pisan Cantos, publicado em 1948, foi saudado
por muitos como sua melhor obra até então e
laureado com o prestigioso Prêmio Bollingen,
apesar de protestos públicos contra a escolha.
Pound trabalhava em Os Cantos, épico
modernista, pelo menos desde 1917 e
continuaria o esforço pelo resto da vida.
Definia a obra épica como um “poema que
inclui história”. Em Os Cantos, Pound faz uma
tentativa de reorganizar a história humana de
acordo com sua galeria pessoal de heróis
exemplares e teorias econômicas.
O poema inclui, entre outras coisas, perfis de
Odisseu, Confúcio, do presidente americano
John Adams e do mercenário italiano
Sigismondo Malatesta, entre a condenação da
usura e a remessa dos politicamente perversos
para um inferno digno de Dante. Depois de 800
páginas, a maratona sucumbe ao peso de sua
vasta ambição: “Não sou um semideus / Não
consigo fazer sentido”, admite Poud. O que
permanece tem a grandeza de um palácio
arruinado, com detalhes luminosos sobre as
trevas.
(501Grandes Escritores. São Paulo: Sextante,
2009, p. 297).