O planeta das formigas
Vermelha, delicada e gordinha, a joaninha é um dos
insetos mais simpáticos que existem. Ela é considerada um
sinal de boa sorte e também é conhecida como “besouro de
Nossa Senhora”. Diz a lenda cristã que, na Idade Média,
fazendeiros rezaram pedindo proteção para suas
plantações — e foram atendidos com o surgimento de
joaninhas, que eliminam as pragas da lavoura.
Para uma dessas pragas, o pulgão, ela é a morte em
pessoa. A não ser que haja formigas por perto. Porque, aí,
algo curioso acontece: as formigas atacam as joaninhas e
defendem os pulgões, que depois elas criam.
Pois é, criam. As formigas mantêm rebanhos de
pulgões, que protegem e cultivam como se fossem vacas
leiteiras. Só que, em vez de leite, querem o honeydew: uma
secreção doce que os pulgões produzem e que serve de
alimento.
As formigas cortam as asas deles para que não
tentem fugir, ao mesmo tempo em que empregam uma
tática mais gentil: suas patas liberam substâncias
tranquilizantes, que acalmam os pulgões.
As formigas também praticam agricultura, montam
armadilhas, constroem pontes e até fabricam seus próprios
remédios (mais sobre isso daqui a pouco).
Tudo isso tendo um cérebro incrivelmente pequeno e
simples, com míseros 250 mil neurônios: quase nada perto
dos 70 milhões presentes no cérebro de um rato, por
exemplo (que, mesmo com 300 vezes mais neurônios, não
sabe fazer nenhuma dessas coisas).
O formigueiro funciona com um sistema de divisão do
trabalho: além das operárias e dos soldados, também há
fêmeas aladas, machos reprodutores e uma formiga-rainha,
que pode viver até 15 anos.
O destino de cada uma é traçado antes do
nascimento. As larvas que recebem mais alimento dão
origem a fêmeas aladas, que podem fundar outros
formigueiros e se tornar rainhas deles.
A formiga-rainha coloca os ovos que dão origem a
todas as demais. Ela é tão importante que bastaria matá-la
para acabar com um formigueiro.
Mas, para fazer isso, seria preciso vencer os soldados
e as operárias — que defendem a colônia de predadores,
como tatus, ou dos ataques de outras formigas. Elas podem
travar verdadeiras guerras pelo controle do território, em
vários pontos do planeta.
(Fonte: Super Abril — adaptado.)