Questões de Concurso Público UFMG 2022 para Engenheiro em Segurança do Trabalho

Foram encontradas 35 questões

Q1925533 Português

INSTRUÇÃO: leia o texto abaixo e responda à questão.


Saudades da secretária eletrônica

Antonio Prata 20 nov 2021

Meu velho pai sabe das coisas. Eu o chamo de “velho pai” não porque seja realmente velho: é como ele se chama ao falar comigo. Às vezes usa o epíteto num modo semi-irônico, como quem põe um cachimbo na boca pra uma foto. Outras vezes é mais a sério — acende o cachimbo. Na semana passada, por exemplo, me escreveu uma e meia da manhã pedindo para lhe mandar um x-salada: “Alimente seu velho pai”. Meu velho pai não usa Uber Eats, iFood, Rappi ou qualquer uma “dessas coisas”.

Meu velho pai tá de saco cheio “dessas coisas”. Outro dia ele me ligou. “Recebeu minha mensagem?”. “Por onde?”. Silêncio. “PQP! Não aguento mais essas coisas” — e começou a reclamar da dificuldade de nos comunicarmos por tantos canais: “É WhatsApp, SMS, e-mail, DM no Facebook, no Instagram, no Twitter...”. “Qual era a mensagem, pai?”. “Aí é que tá. Eu tive uma ideia muito boa no meio da noite e te escrevi pra não esquecer, agora não lembro nem da ideia e nem por onde escrevi”. 

Segundo meu velho pai, a razão de ele e tantos outros estarmos desmemoriados é “dessas coisas”: aplicativos e plataformas e dispositivos jorrando uma quantidade infinita de informação que de bom grado entuchamos retina abaixo, cada tela um daqueles funis de milho pra transformar fígado de ganso em patê. (Talvez o plano do Zuckerberg e seus comparsas seja esse: transformar nossos cérebros em patê para depois comê-los com cream-crackers-low-carb-glúten-free-ESG-sem-pegadas-de-carbono. A hipótese é absurda, mas não mais que o furdunço global que estamos vivendo). 

Meu velho pai tá injuriado com o furdunço global que estamos vivendo e tem uma proposta bem razoável para minorá-lo. “Cinco anos sem inventarem nada. Nada. Todo mundo fica com o celular que tem, com o Android que tem, o IOS que tem, com os aplicativos que tem e os canais de televisão que tem. Quando a gente aprender a usar tudo, assistir a todas as séries, ler todos os livros, ouvir todos os podcasts, vê se precisa inventar mais alguma coisa ou para por aí mesmo”. 

Concordo. A humanidade precisa de um novo Adobe Reader a cada semana pra quê, exatamente?! De que forma PhDs em física podem “otimizar” um troço que é basicamente um xerox eletrônico?

Na faculdade eu penava pra entender o que o Marx queria dizer com aquele papo de “a infraestrutura produz a superestrutura”. Mais tarde entendi e era simples e verdadeiro. A nossa maneira de agir molda a nossa maneira de pensar. Um pescador no século 19 se relaciona com o tempo, a comida, o sexo e as unhas dos pés de formas completamente diferentes do que um programador de vinte e dois anos, hoje, no Vale do Silício. É evidente que existe uma ligação direta entre a placa do meu celular e a minha placa para bruxismo. Quando meus dedos aflitos param de digitar, passam o turno pros dentes.

O supracitado alemão resumiu o que parecia ser o fim dos tempos com a frase “tudo o que é sólido desmancha no ar”. O que diria sobre nossa época em que o próprio ar se desmancha, inundado por dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e sei lá mais o quê? 

[...]

“Tinha que ser geral”, sugere meu velho pai, “com Biden, Merkel, China, ONU, com tudo: cinco anos sem inventarem nada. Nada. PQP: que saudades da secretária eletrônica.” 

(PRATA, Antonio. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2021/11/ saudades-da-secretaria-eletronica.shtml. Acesso em: 30 mar. 2022. Adapt.)
O texto de Antonio Prata é socialmente reconhecido como um(a)
Alternativas
Q1925534 Português

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Saudades da secretária eletrônica

Antonio Prata 20 nov 2021

Meu velho pai sabe das coisas. Eu o chamo de “velho pai” não porque seja realmente velho: é como ele se chama ao falar comigo. Às vezes usa o epíteto num modo semi-irônico, como quem põe um cachimbo na boca pra uma foto. Outras vezes é mais a sério — acende o cachimbo. Na semana passada, por exemplo, me escreveu uma e meia da manhã pedindo para lhe mandar um x-salada: “Alimente seu velho pai”. Meu velho pai não usa Uber Eats, iFood, Rappi ou qualquer uma “dessas coisas”.

Meu velho pai tá de saco cheio “dessas coisas”. Outro dia ele me ligou. “Recebeu minha mensagem?”. “Por onde?”. Silêncio. “PQP! Não aguento mais essas coisas” — e começou a reclamar da dificuldade de nos comunicarmos por tantos canais: “É WhatsApp, SMS, e-mail, DM no Facebook, no Instagram, no Twitter...”. “Qual era a mensagem, pai?”. “Aí é que tá. Eu tive uma ideia muito boa no meio da noite e te escrevi pra não esquecer, agora não lembro nem da ideia e nem por onde escrevi”. 

Segundo meu velho pai, a razão de ele e tantos outros estarmos desmemoriados é “dessas coisas”: aplicativos e plataformas e dispositivos jorrando uma quantidade infinita de informação que de bom grado entuchamos retina abaixo, cada tela um daqueles funis de milho pra transformar fígado de ganso em patê. (Talvez o plano do Zuckerberg e seus comparsas seja esse: transformar nossos cérebros em patê para depois comê-los com cream-crackers-low-carb-glúten-free-ESG-sem-pegadas-de-carbono. A hipótese é absurda, mas não mais que o furdunço global que estamos vivendo). 

Meu velho pai tá injuriado com o furdunço global que estamos vivendo e tem uma proposta bem razoável para minorá-lo. “Cinco anos sem inventarem nada. Nada. Todo mundo fica com o celular que tem, com o Android que tem, o IOS que tem, com os aplicativos que tem e os canais de televisão que tem. Quando a gente aprender a usar tudo, assistir a todas as séries, ler todos os livros, ouvir todos os podcasts, vê se precisa inventar mais alguma coisa ou para por aí mesmo”. 

Concordo. A humanidade precisa de um novo Adobe Reader a cada semana pra quê, exatamente?! De que forma PhDs em física podem “otimizar” um troço que é basicamente um xerox eletrônico?

Na faculdade eu penava pra entender o que o Marx queria dizer com aquele papo de “a infraestrutura produz a superestrutura”. Mais tarde entendi e era simples e verdadeiro. A nossa maneira de agir molda a nossa maneira de pensar. Um pescador no século 19 se relaciona com o tempo, a comida, o sexo e as unhas dos pés de formas completamente diferentes do que um programador de vinte e dois anos, hoje, no Vale do Silício. É evidente que existe uma ligação direta entre a placa do meu celular e a minha placa para bruxismo. Quando meus dedos aflitos param de digitar, passam o turno pros dentes.

O supracitado alemão resumiu o que parecia ser o fim dos tempos com a frase “tudo o que é sólido desmancha no ar”. O que diria sobre nossa época em que o próprio ar se desmancha, inundado por dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e sei lá mais o quê? 

[...]

“Tinha que ser geral”, sugere meu velho pai, “com Biden, Merkel, China, ONU, com tudo: cinco anos sem inventarem nada. Nada. PQP: que saudades da secretária eletrônica.” 

(PRATA, Antonio. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2021/11/ saudades-da-secretaria-eletronica.shtml. Acesso em: 30 mar. 2022. Adapt.)
Assinale a alternativa cuja sentença resume a ideia central do texto. 
Alternativas
Q1925535 Português

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Saudades da secretária eletrônica

Antonio Prata 20 nov 2021

Meu velho pai sabe das coisas. Eu o chamo de “velho pai” não porque seja realmente velho: é como ele se chama ao falar comigo. Às vezes usa o epíteto num modo semi-irônico, como quem põe um cachimbo na boca pra uma foto. Outras vezes é mais a sério — acende o cachimbo. Na semana passada, por exemplo, me escreveu uma e meia da manhã pedindo para lhe mandar um x-salada: “Alimente seu velho pai”. Meu velho pai não usa Uber Eats, iFood, Rappi ou qualquer uma “dessas coisas”.

Meu velho pai tá de saco cheio “dessas coisas”. Outro dia ele me ligou. “Recebeu minha mensagem?”. “Por onde?”. Silêncio. “PQP! Não aguento mais essas coisas” — e começou a reclamar da dificuldade de nos comunicarmos por tantos canais: “É WhatsApp, SMS, e-mail, DM no Facebook, no Instagram, no Twitter...”. “Qual era a mensagem, pai?”. “Aí é que tá. Eu tive uma ideia muito boa no meio da noite e te escrevi pra não esquecer, agora não lembro nem da ideia e nem por onde escrevi”. 

Segundo meu velho pai, a razão de ele e tantos outros estarmos desmemoriados é “dessas coisas”: aplicativos e plataformas e dispositivos jorrando uma quantidade infinita de informação que de bom grado entuchamos retina abaixo, cada tela um daqueles funis de milho pra transformar fígado de ganso em patê. (Talvez o plano do Zuckerberg e seus comparsas seja esse: transformar nossos cérebros em patê para depois comê-los com cream-crackers-low-carb-glúten-free-ESG-sem-pegadas-de-carbono. A hipótese é absurda, mas não mais que o furdunço global que estamos vivendo). 

Meu velho pai tá injuriado com o furdunço global que estamos vivendo e tem uma proposta bem razoável para minorá-lo. “Cinco anos sem inventarem nada. Nada. Todo mundo fica com o celular que tem, com o Android que tem, o IOS que tem, com os aplicativos que tem e os canais de televisão que tem. Quando a gente aprender a usar tudo, assistir a todas as séries, ler todos os livros, ouvir todos os podcasts, vê se precisa inventar mais alguma coisa ou para por aí mesmo”. 

Concordo. A humanidade precisa de um novo Adobe Reader a cada semana pra quê, exatamente?! De que forma PhDs em física podem “otimizar” um troço que é basicamente um xerox eletrônico?

Na faculdade eu penava pra entender o que o Marx queria dizer com aquele papo de “a infraestrutura produz a superestrutura”. Mais tarde entendi e era simples e verdadeiro. A nossa maneira de agir molda a nossa maneira de pensar. Um pescador no século 19 se relaciona com o tempo, a comida, o sexo e as unhas dos pés de formas completamente diferentes do que um programador de vinte e dois anos, hoje, no Vale do Silício. É evidente que existe uma ligação direta entre a placa do meu celular e a minha placa para bruxismo. Quando meus dedos aflitos param de digitar, passam o turno pros dentes.

O supracitado alemão resumiu o que parecia ser o fim dos tempos com a frase “tudo o que é sólido desmancha no ar”. O que diria sobre nossa época em que o próprio ar se desmancha, inundado por dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e sei lá mais o quê? 

[...]

“Tinha que ser geral”, sugere meu velho pai, “com Biden, Merkel, China, ONU, com tudo: cinco anos sem inventarem nada. Nada. PQP: que saudades da secretária eletrônica.” 

(PRATA, Antonio. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2021/11/ saudades-da-secretaria-eletronica.shtml. Acesso em: 30 mar. 2022. Adapt.)
Assinale a alternativa que NÃO apresenta elementos linguísticos explicitamente opinativos.
Alternativas
Q1925536 Português

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Saudades da secretária eletrônica

Antonio Prata 20 nov 2021

Meu velho pai sabe das coisas. Eu o chamo de “velho pai” não porque seja realmente velho: é como ele se chama ao falar comigo. Às vezes usa o epíteto num modo semi-irônico, como quem põe um cachimbo na boca pra uma foto. Outras vezes é mais a sério — acende o cachimbo. Na semana passada, por exemplo, me escreveu uma e meia da manhã pedindo para lhe mandar um x-salada: “Alimente seu velho pai”. Meu velho pai não usa Uber Eats, iFood, Rappi ou qualquer uma “dessas coisas”.

Meu velho pai tá de saco cheio “dessas coisas”. Outro dia ele me ligou. “Recebeu minha mensagem?”. “Por onde?”. Silêncio. “PQP! Não aguento mais essas coisas” — e começou a reclamar da dificuldade de nos comunicarmos por tantos canais: “É WhatsApp, SMS, e-mail, DM no Facebook, no Instagram, no Twitter...”. “Qual era a mensagem, pai?”. “Aí é que tá. Eu tive uma ideia muito boa no meio da noite e te escrevi pra não esquecer, agora não lembro nem da ideia e nem por onde escrevi”. 

Segundo meu velho pai, a razão de ele e tantos outros estarmos desmemoriados é “dessas coisas”: aplicativos e plataformas e dispositivos jorrando uma quantidade infinita de informação que de bom grado entuchamos retina abaixo, cada tela um daqueles funis de milho pra transformar fígado de ganso em patê. (Talvez o plano do Zuckerberg e seus comparsas seja esse: transformar nossos cérebros em patê para depois comê-los com cream-crackers-low-carb-glúten-free-ESG-sem-pegadas-de-carbono. A hipótese é absurda, mas não mais que o furdunço global que estamos vivendo). 

Meu velho pai tá injuriado com o furdunço global que estamos vivendo e tem uma proposta bem razoável para minorá-lo. “Cinco anos sem inventarem nada. Nada. Todo mundo fica com o celular que tem, com o Android que tem, o IOS que tem, com os aplicativos que tem e os canais de televisão que tem. Quando a gente aprender a usar tudo, assistir a todas as séries, ler todos os livros, ouvir todos os podcasts, vê se precisa inventar mais alguma coisa ou para por aí mesmo”. 

Concordo. A humanidade precisa de um novo Adobe Reader a cada semana pra quê, exatamente?! De que forma PhDs em física podem “otimizar” um troço que é basicamente um xerox eletrônico?

Na faculdade eu penava pra entender o que o Marx queria dizer com aquele papo de “a infraestrutura produz a superestrutura”. Mais tarde entendi e era simples e verdadeiro. A nossa maneira de agir molda a nossa maneira de pensar. Um pescador no século 19 se relaciona com o tempo, a comida, o sexo e as unhas dos pés de formas completamente diferentes do que um programador de vinte e dois anos, hoje, no Vale do Silício. É evidente que existe uma ligação direta entre a placa do meu celular e a minha placa para bruxismo. Quando meus dedos aflitos param de digitar, passam o turno pros dentes.

O supracitado alemão resumiu o que parecia ser o fim dos tempos com a frase “tudo o que é sólido desmancha no ar”. O que diria sobre nossa época em que o próprio ar se desmancha, inundado por dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e sei lá mais o quê? 

[...]

“Tinha que ser geral”, sugere meu velho pai, “com Biden, Merkel, China, ONU, com tudo: cinco anos sem inventarem nada. Nada. PQP: que saudades da secretária eletrônica.” 

(PRATA, Antonio. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2021/11/ saudades-da-secretaria-eletronica.shtml. Acesso em: 30 mar. 2022. Adapt.)
Assinale a alternativa em que o termo em itálico, posterior à sentença, NÃO é um sinônimo possível, no contexto, para a palavra em negrito.
Alternativas
Q1925537 Português

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Saudades da secretária eletrônica

Antonio Prata 20 nov 2021

Meu velho pai sabe das coisas. Eu o chamo de “velho pai” não porque seja realmente velho: é como ele se chama ao falar comigo. Às vezes usa o epíteto num modo semi-irônico, como quem põe um cachimbo na boca pra uma foto. Outras vezes é mais a sério — acende o cachimbo. Na semana passada, por exemplo, me escreveu uma e meia da manhã pedindo para lhe mandar um x-salada: “Alimente seu velho pai”. Meu velho pai não usa Uber Eats, iFood, Rappi ou qualquer uma “dessas coisas”.

Meu velho pai tá de saco cheio “dessas coisas”. Outro dia ele me ligou. “Recebeu minha mensagem?”. “Por onde?”. Silêncio. “PQP! Não aguento mais essas coisas” — e começou a reclamar da dificuldade de nos comunicarmos por tantos canais: “É WhatsApp, SMS, e-mail, DM no Facebook, no Instagram, no Twitter...”. “Qual era a mensagem, pai?”. “Aí é que tá. Eu tive uma ideia muito boa no meio da noite e te escrevi pra não esquecer, agora não lembro nem da ideia e nem por onde escrevi”. 

Segundo meu velho pai, a razão de ele e tantos outros estarmos desmemoriados é “dessas coisas”: aplicativos e plataformas e dispositivos jorrando uma quantidade infinita de informação que de bom grado entuchamos retina abaixo, cada tela um daqueles funis de milho pra transformar fígado de ganso em patê. (Talvez o plano do Zuckerberg e seus comparsas seja esse: transformar nossos cérebros em patê para depois comê-los com cream-crackers-low-carb-glúten-free-ESG-sem-pegadas-de-carbono. A hipótese é absurda, mas não mais que o furdunço global que estamos vivendo). 

Meu velho pai tá injuriado com o furdunço global que estamos vivendo e tem uma proposta bem razoável para minorá-lo. “Cinco anos sem inventarem nada. Nada. Todo mundo fica com o celular que tem, com o Android que tem, o IOS que tem, com os aplicativos que tem e os canais de televisão que tem. Quando a gente aprender a usar tudo, assistir a todas as séries, ler todos os livros, ouvir todos os podcasts, vê se precisa inventar mais alguma coisa ou para por aí mesmo”. 

Concordo. A humanidade precisa de um novo Adobe Reader a cada semana pra quê, exatamente?! De que forma PhDs em física podem “otimizar” um troço que é basicamente um xerox eletrônico?

Na faculdade eu penava pra entender o que o Marx queria dizer com aquele papo de “a infraestrutura produz a superestrutura”. Mais tarde entendi e era simples e verdadeiro. A nossa maneira de agir molda a nossa maneira de pensar. Um pescador no século 19 se relaciona com o tempo, a comida, o sexo e as unhas dos pés de formas completamente diferentes do que um programador de vinte e dois anos, hoje, no Vale do Silício. É evidente que existe uma ligação direta entre a placa do meu celular e a minha placa para bruxismo. Quando meus dedos aflitos param de digitar, passam o turno pros dentes.

O supracitado alemão resumiu o que parecia ser o fim dos tempos com a frase “tudo o que é sólido desmancha no ar”. O que diria sobre nossa época em que o próprio ar se desmancha, inundado por dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e sei lá mais o quê? 

[...]

“Tinha que ser geral”, sugere meu velho pai, “com Biden, Merkel, China, ONU, com tudo: cinco anos sem inventarem nada. Nada. PQP: que saudades da secretária eletrônica.” 

(PRATA, Antonio. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2021/11/ saudades-da-secretaria-eletronica.shtml. Acesso em: 30 mar. 2022. Adapt.)
Assinale a alternativa que NÃO apresenta traço linguístico da variante coloquial.
Alternativas
Q1925538 Português

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Saudades da secretária eletrônica

Antonio Prata 20 nov 2021

Meu velho pai sabe das coisas. Eu o chamo de “velho pai” não porque seja realmente velho: é como ele se chama ao falar comigo. Às vezes usa o epíteto num modo semi-irônico, como quem põe um cachimbo na boca pra uma foto. Outras vezes é mais a sério — acende o cachimbo. Na semana passada, por exemplo, me escreveu uma e meia da manhã pedindo para lhe mandar um x-salada: “Alimente seu velho pai”. Meu velho pai não usa Uber Eats, iFood, Rappi ou qualquer uma “dessas coisas”.

Meu velho pai tá de saco cheio “dessas coisas”. Outro dia ele me ligou. “Recebeu minha mensagem?”. “Por onde?”. Silêncio. “PQP! Não aguento mais essas coisas” — e começou a reclamar da dificuldade de nos comunicarmos por tantos canais: “É WhatsApp, SMS, e-mail, DM no Facebook, no Instagram, no Twitter...”. “Qual era a mensagem, pai?”. “Aí é que tá. Eu tive uma ideia muito boa no meio da noite e te escrevi pra não esquecer, agora não lembro nem da ideia e nem por onde escrevi”. 

Segundo meu velho pai, a razão de ele e tantos outros estarmos desmemoriados é “dessas coisas”: aplicativos e plataformas e dispositivos jorrando uma quantidade infinita de informação que de bom grado entuchamos retina abaixo, cada tela um daqueles funis de milho pra transformar fígado de ganso em patê. (Talvez o plano do Zuckerberg e seus comparsas seja esse: transformar nossos cérebros em patê para depois comê-los com cream-crackers-low-carb-glúten-free-ESG-sem-pegadas-de-carbono. A hipótese é absurda, mas não mais que o furdunço global que estamos vivendo). 

Meu velho pai tá injuriado com o furdunço global que estamos vivendo e tem uma proposta bem razoável para minorá-lo. “Cinco anos sem inventarem nada. Nada. Todo mundo fica com o celular que tem, com o Android que tem, o IOS que tem, com os aplicativos que tem e os canais de televisão que tem. Quando a gente aprender a usar tudo, assistir a todas as séries, ler todos os livros, ouvir todos os podcasts, vê se precisa inventar mais alguma coisa ou para por aí mesmo”. 

Concordo. A humanidade precisa de um novo Adobe Reader a cada semana pra quê, exatamente?! De que forma PhDs em física podem “otimizar” um troço que é basicamente um xerox eletrônico?

Na faculdade eu penava pra entender o que o Marx queria dizer com aquele papo de “a infraestrutura produz a superestrutura”. Mais tarde entendi e era simples e verdadeiro. A nossa maneira de agir molda a nossa maneira de pensar. Um pescador no século 19 se relaciona com o tempo, a comida, o sexo e as unhas dos pés de formas completamente diferentes do que um programador de vinte e dois anos, hoje, no Vale do Silício. É evidente que existe uma ligação direta entre a placa do meu celular e a minha placa para bruxismo. Quando meus dedos aflitos param de digitar, passam o turno pros dentes.

O supracitado alemão resumiu o que parecia ser o fim dos tempos com a frase “tudo o que é sólido desmancha no ar”. O que diria sobre nossa época em que o próprio ar se desmancha, inundado por dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e sei lá mais o quê? 

[...]

“Tinha que ser geral”, sugere meu velho pai, “com Biden, Merkel, China, ONU, com tudo: cinco anos sem inventarem nada. Nada. PQP: que saudades da secretária eletrônica.” 

(PRATA, Antonio. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2021/11/ saudades-da-secretaria-eletronica.shtml. Acesso em: 30 mar. 2022. Adapt.)
Assinale o único fragmento em que o conhecimento prévio de uma referência intertextual NÃO é exigido do leitor para que ele compreenda o trecho.  
Alternativas
Q1925539 Português

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Saudades da secretária eletrônica

Antonio Prata 20 nov 2021

Meu velho pai sabe das coisas. Eu o chamo de “velho pai” não porque seja realmente velho: é como ele se chama ao falar comigo. Às vezes usa o epíteto num modo semi-irônico, como quem põe um cachimbo na boca pra uma foto. Outras vezes é mais a sério — acende o cachimbo. Na semana passada, por exemplo, me escreveu uma e meia da manhã pedindo para lhe mandar um x-salada: “Alimente seu velho pai”. Meu velho pai não usa Uber Eats, iFood, Rappi ou qualquer uma “dessas coisas”.

Meu velho pai tá de saco cheio “dessas coisas”. Outro dia ele me ligou. “Recebeu minha mensagem?”. “Por onde?”. Silêncio. “PQP! Não aguento mais essas coisas” — e começou a reclamar da dificuldade de nos comunicarmos por tantos canais: “É WhatsApp, SMS, e-mail, DM no Facebook, no Instagram, no Twitter...”. “Qual era a mensagem, pai?”. “Aí é que tá. Eu tive uma ideia muito boa no meio da noite e te escrevi pra não esquecer, agora não lembro nem da ideia e nem por onde escrevi”. 

Segundo meu velho pai, a razão de ele e tantos outros estarmos desmemoriados é “dessas coisas”: aplicativos e plataformas e dispositivos jorrando uma quantidade infinita de informação que de bom grado entuchamos retina abaixo, cada tela um daqueles funis de milho pra transformar fígado de ganso em patê. (Talvez o plano do Zuckerberg e seus comparsas seja esse: transformar nossos cérebros em patê para depois comê-los com cream-crackers-low-carb-glúten-free-ESG-sem-pegadas-de-carbono. A hipótese é absurda, mas não mais que o furdunço global que estamos vivendo). 

Meu velho pai tá injuriado com o furdunço global que estamos vivendo e tem uma proposta bem razoável para minorá-lo. “Cinco anos sem inventarem nada. Nada. Todo mundo fica com o celular que tem, com o Android que tem, o IOS que tem, com os aplicativos que tem e os canais de televisão que tem. Quando a gente aprender a usar tudo, assistir a todas as séries, ler todos os livros, ouvir todos os podcasts, vê se precisa inventar mais alguma coisa ou para por aí mesmo”. 

Concordo. A humanidade precisa de um novo Adobe Reader a cada semana pra quê, exatamente?! De que forma PhDs em física podem “otimizar” um troço que é basicamente um xerox eletrônico?

Na faculdade eu penava pra entender o que o Marx queria dizer com aquele papo de “a infraestrutura produz a superestrutura”. Mais tarde entendi e era simples e verdadeiro. A nossa maneira de agir molda a nossa maneira de pensar. Um pescador no século 19 se relaciona com o tempo, a comida, o sexo e as unhas dos pés de formas completamente diferentes do que um programador de vinte e dois anos, hoje, no Vale do Silício. É evidente que existe uma ligação direta entre a placa do meu celular e a minha placa para bruxismo. Quando meus dedos aflitos param de digitar, passam o turno pros dentes.

O supracitado alemão resumiu o que parecia ser o fim dos tempos com a frase “tudo o que é sólido desmancha no ar”. O que diria sobre nossa época em que o próprio ar se desmancha, inundado por dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e sei lá mais o quê? 

[...]

“Tinha que ser geral”, sugere meu velho pai, “com Biden, Merkel, China, ONU, com tudo: cinco anos sem inventarem nada. Nada. PQP: que saudades da secretária eletrônica.” 

(PRATA, Antonio. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2021/11/ saudades-da-secretaria-eletronica.shtml. Acesso em: 30 mar. 2022. Adapt.)
Dentre as opções abaixo, retiradas do texto “Saudades da secretária eletrônica”, identifique aquela em que a correspondência entre o termo em negrito e a ideia que ele está retomando ou antecipando, apresentada em itálico à frente de cada alternativa, está INCORRETA
Alternativas
Q1925540 Português

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Saudades da secretária eletrônica

Antonio Prata 20 nov 2021

Meu velho pai sabe das coisas. Eu o chamo de “velho pai” não porque seja realmente velho: é como ele se chama ao falar comigo. Às vezes usa o epíteto num modo semi-irônico, como quem põe um cachimbo na boca pra uma foto. Outras vezes é mais a sério — acende o cachimbo. Na semana passada, por exemplo, me escreveu uma e meia da manhã pedindo para lhe mandar um x-salada: “Alimente seu velho pai”. Meu velho pai não usa Uber Eats, iFood, Rappi ou qualquer uma “dessas coisas”.

Meu velho pai tá de saco cheio “dessas coisas”. Outro dia ele me ligou. “Recebeu minha mensagem?”. “Por onde?”. Silêncio. “PQP! Não aguento mais essas coisas” — e começou a reclamar da dificuldade de nos comunicarmos por tantos canais: “É WhatsApp, SMS, e-mail, DM no Facebook, no Instagram, no Twitter...”. “Qual era a mensagem, pai?”. “Aí é que tá. Eu tive uma ideia muito boa no meio da noite e te escrevi pra não esquecer, agora não lembro nem da ideia e nem por onde escrevi”. 

Segundo meu velho pai, a razão de ele e tantos outros estarmos desmemoriados é “dessas coisas”: aplicativos e plataformas e dispositivos jorrando uma quantidade infinita de informação que de bom grado entuchamos retina abaixo, cada tela um daqueles funis de milho pra transformar fígado de ganso em patê. (Talvez o plano do Zuckerberg e seus comparsas seja esse: transformar nossos cérebros em patê para depois comê-los com cream-crackers-low-carb-glúten-free-ESG-sem-pegadas-de-carbono. A hipótese é absurda, mas não mais que o furdunço global que estamos vivendo). 

Meu velho pai tá injuriado com o furdunço global que estamos vivendo e tem uma proposta bem razoável para minorá-lo. “Cinco anos sem inventarem nada. Nada. Todo mundo fica com o celular que tem, com o Android que tem, o IOS que tem, com os aplicativos que tem e os canais de televisão que tem. Quando a gente aprender a usar tudo, assistir a todas as séries, ler todos os livros, ouvir todos os podcasts, vê se precisa inventar mais alguma coisa ou para por aí mesmo”. 

Concordo. A humanidade precisa de um novo Adobe Reader a cada semana pra quê, exatamente?! De que forma PhDs em física podem “otimizar” um troço que é basicamente um xerox eletrônico?

Na faculdade eu penava pra entender o que o Marx queria dizer com aquele papo de “a infraestrutura produz a superestrutura”. Mais tarde entendi e era simples e verdadeiro. A nossa maneira de agir molda a nossa maneira de pensar. Um pescador no século 19 se relaciona com o tempo, a comida, o sexo e as unhas dos pés de formas completamente diferentes do que um programador de vinte e dois anos, hoje, no Vale do Silício. É evidente que existe uma ligação direta entre a placa do meu celular e a minha placa para bruxismo. Quando meus dedos aflitos param de digitar, passam o turno pros dentes.

O supracitado alemão resumiu o que parecia ser o fim dos tempos com a frase “tudo o que é sólido desmancha no ar”. O que diria sobre nossa época em que o próprio ar se desmancha, inundado por dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e sei lá mais o quê? 

[...]

“Tinha que ser geral”, sugere meu velho pai, “com Biden, Merkel, China, ONU, com tudo: cinco anos sem inventarem nada. Nada. PQP: que saudades da secretária eletrônica.” 

(PRATA, Antonio. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2021/11/ saudades-da-secretaria-eletronica.shtml. Acesso em: 30 mar. 2022. Adapt.)
Nas sentenças abaixo, marque a alternativa que associa CORRETAMENTE o termo em negrito com a classe morfológica à frente.  
Alternativas
Q1925541 Português

INSTRUÇÃO: leia o texto abaixo e responda à questão.


Saudades da secretária eletrônica

Antonio Prata 20 nov 2021

Meu velho pai sabe das coisas. Eu o chamo de “velho pai” não porque seja realmente velho: é como ele se chama ao falar comigo. Às vezes usa o epíteto num modo semi-irônico, como quem põe um cachimbo na boca pra uma foto. Outras vezes é mais a sério — acende o cachimbo. Na semana passada, por exemplo, me escreveu uma e meia da manhã pedindo para lhe mandar um x-salada: “Alimente seu velho pai”. Meu velho pai não usa Uber Eats, iFood, Rappi ou qualquer uma “dessas coisas”.

Meu velho pai tá de saco cheio “dessas coisas”. Outro dia ele me ligou. “Recebeu minha mensagem?”. “Por onde?”. Silêncio. “PQP! Não aguento mais essas coisas” — e começou a reclamar da dificuldade de nos comunicarmos por tantos canais: “É WhatsApp, SMS, e-mail, DM no Facebook, no Instagram, no Twitter...”. “Qual era a mensagem, pai?”. “Aí é que tá. Eu tive uma ideia muito boa no meio da noite e te escrevi pra não esquecer, agora não lembro nem da ideia e nem por onde escrevi”. 

Segundo meu velho pai, a razão de ele e tantos outros estarmos desmemoriados é “dessas coisas”: aplicativos e plataformas e dispositivos jorrando uma quantidade infinita de informação que de bom grado entuchamos retina abaixo, cada tela um daqueles funis de milho pra transformar fígado de ganso em patê. (Talvez o plano do Zuckerberg e seus comparsas seja esse: transformar nossos cérebros em patê para depois comê-los com cream-crackers-low-carb-glúten-free-ESG-sem-pegadas-de-carbono. A hipótese é absurda, mas não mais que o furdunço global que estamos vivendo). 

Meu velho pai tá injuriado com o furdunço global que estamos vivendo e tem uma proposta bem razoável para minorá-lo. “Cinco anos sem inventarem nada. Nada. Todo mundo fica com o celular que tem, com o Android que tem, o IOS que tem, com os aplicativos que tem e os canais de televisão que tem. Quando a gente aprender a usar tudo, assistir a todas as séries, ler todos os livros, ouvir todos os podcasts, vê se precisa inventar mais alguma coisa ou para por aí mesmo”. 

Concordo. A humanidade precisa de um novo Adobe Reader a cada semana pra quê, exatamente?! De que forma PhDs em física podem “otimizar” um troço que é basicamente um xerox eletrônico?

Na faculdade eu penava pra entender o que o Marx queria dizer com aquele papo de “a infraestrutura produz a superestrutura”. Mais tarde entendi e era simples e verdadeiro. A nossa maneira de agir molda a nossa maneira de pensar. Um pescador no século 19 se relaciona com o tempo, a comida, o sexo e as unhas dos pés de formas completamente diferentes do que um programador de vinte e dois anos, hoje, no Vale do Silício. É evidente que existe uma ligação direta entre a placa do meu celular e a minha placa para bruxismo. Quando meus dedos aflitos param de digitar, passam o turno pros dentes.

O supracitado alemão resumiu o que parecia ser o fim dos tempos com a frase “tudo o que é sólido desmancha no ar”. O que diria sobre nossa época em que o próprio ar se desmancha, inundado por dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e sei lá mais o quê? 

[...]

“Tinha que ser geral”, sugere meu velho pai, “com Biden, Merkel, China, ONU, com tudo: cinco anos sem inventarem nada. Nada. PQP: que saudades da secretária eletrônica.” 

(PRATA, Antonio. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2021/11/ saudades-da-secretaria-eletronica.shtml. Acesso em: 30 mar. 2022. Adapt.)
No primeiro parágrafo, Antonio Prata escreve: “Às vezes usa o epíteto num modo semi-irônico, como quem põe um cachimbo na boca pra uma foto.” No registro da expressão “às vezes”, usa-se o acento grave, indicador da crase, devido a uma regra da gramática normativa do Português.
Localize, nas alternativas seguintes, a ocorrência de crase que se dá pela MESMA regra de “às vezes”. 
Alternativas
Q1925542 Português

INSTRUÇÃO: leia o texto abaixo e responda à questão.


Saudades da secretária eletrônica

Antonio Prata 20 nov 2021

Meu velho pai sabe das coisas. Eu o chamo de “velho pai” não porque seja realmente velho: é como ele se chama ao falar comigo. Às vezes usa o epíteto num modo semi-irônico, como quem põe um cachimbo na boca pra uma foto. Outras vezes é mais a sério — acende o cachimbo. Na semana passada, por exemplo, me escreveu uma e meia da manhã pedindo para lhe mandar um x-salada: “Alimente seu velho pai”. Meu velho pai não usa Uber Eats, iFood, Rappi ou qualquer uma “dessas coisas”.

Meu velho pai tá de saco cheio “dessas coisas”. Outro dia ele me ligou. “Recebeu minha mensagem?”. “Por onde?”. Silêncio. “PQP! Não aguento mais essas coisas” — e começou a reclamar da dificuldade de nos comunicarmos por tantos canais: “É WhatsApp, SMS, e-mail, DM no Facebook, no Instagram, no Twitter...”. “Qual era a mensagem, pai?”. “Aí é que tá. Eu tive uma ideia muito boa no meio da noite e te escrevi pra não esquecer, agora não lembro nem da ideia e nem por onde escrevi”. 

Segundo meu velho pai, a razão de ele e tantos outros estarmos desmemoriados é “dessas coisas”: aplicativos e plataformas e dispositivos jorrando uma quantidade infinita de informação que de bom grado entuchamos retina abaixo, cada tela um daqueles funis de milho pra transformar fígado de ganso em patê. (Talvez o plano do Zuckerberg e seus comparsas seja esse: transformar nossos cérebros em patê para depois comê-los com cream-crackers-low-carb-glúten-free-ESG-sem-pegadas-de-carbono. A hipótese é absurda, mas não mais que o furdunço global que estamos vivendo). 

Meu velho pai tá injuriado com o furdunço global que estamos vivendo e tem uma proposta bem razoável para minorá-lo. “Cinco anos sem inventarem nada. Nada. Todo mundo fica com o celular que tem, com o Android que tem, o IOS que tem, com os aplicativos que tem e os canais de televisão que tem. Quando a gente aprender a usar tudo, assistir a todas as séries, ler todos os livros, ouvir todos os podcasts, vê se precisa inventar mais alguma coisa ou para por aí mesmo”. 

Concordo. A humanidade precisa de um novo Adobe Reader a cada semana pra quê, exatamente?! De que forma PhDs em física podem “otimizar” um troço que é basicamente um xerox eletrônico?

Na faculdade eu penava pra entender o que o Marx queria dizer com aquele papo de “a infraestrutura produz a superestrutura”. Mais tarde entendi e era simples e verdadeiro. A nossa maneira de agir molda a nossa maneira de pensar. Um pescador no século 19 se relaciona com o tempo, a comida, o sexo e as unhas dos pés de formas completamente diferentes do que um programador de vinte e dois anos, hoje, no Vale do Silício. É evidente que existe uma ligação direta entre a placa do meu celular e a minha placa para bruxismo. Quando meus dedos aflitos param de digitar, passam o turno pros dentes.

O supracitado alemão resumiu o que parecia ser o fim dos tempos com a frase “tudo o que é sólido desmancha no ar”. O que diria sobre nossa época em que o próprio ar se desmancha, inundado por dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e sei lá mais o quê? 

[...]

“Tinha que ser geral”, sugere meu velho pai, “com Biden, Merkel, China, ONU, com tudo: cinco anos sem inventarem nada. Nada. PQP: que saudades da secretária eletrônica.” 

(PRATA, Antonio. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2021/11/ saudades-da-secretaria-eletronica.shtml. Acesso em: 30 mar. 2022. Adapt.)
Aprender a usar a vírgula conscientemente, de acordo com as prescrições da norma-padrão, exige certo conhecimento das categorias sintáticas da língua à pessoa que escreve.
Nos fragmentos abaixo, retirados do texto desta prova, estão em negrito os elementos frasais que se relacionam à presença das vírgulas sob análise.
Assinale a alternativa em que a correspondência entre esse sinal de pontuação e a regra adiante, que justifica seu uso, está INCORRETA
Alternativas
Q1925543 Português
Levando em consideração as regras atuais do uso do hífen em Língua Portuguesa, assinale a alternativa em que a palavra está INCORRETAMENTE grafada.
Alternativas
Q1925544 Direito Administrativo
Durante o período denominado de estágio probatório, de acordo com a Lei nº 8.112/1990, art. 20, caput, o servidor nomeado para provimento de cargo efetivo terá como objeto de avaliação sua aptidão e capacidade para o exercício do cargo.
Assinale a alternativa que apresenta um dos fatores avaliados nesse período. 
Alternativas
Q1925545 Legislação Federal
De acordo com a Resolução 04/99 (Estatuto da UFMG), observe as afirmações:
I. Estabelecimento de ensino que possui sede e estrutura administrativa próprias, realiza atividades de pesquisa e extensão e oferece curso superior que resulta na concessão de diploma de Graduação.
II. Órgão de lotação de professores para objetivos comuns de ensino, pesquisa e extensão, sendo de sua responsabilidade a oferta de atividades acadêmicas curriculares.
III. Estabelecimento de ensino que possui sede e estrutura administrativa próprias, pode realizar atividades de pesquisa e extensão, mas não conduz à concessão de diploma de Graduação.
IV. Órgão de administração geral que supervisiona e controla a execução das atividades administrativas da Universidade, competindo-lhe, para esse fim, estabelecer as medidas regulamentares cabíveis.
Assinale a alternativa que expressa, CORRETA e respectivamente, a ordem referente às descrições anteriores.
Alternativas
Q1925546 Legislação Federal
A Lei 11.091/2005 dispõe sobre a estruturação do plano de carreira dos cargos técnico-administrativos em educação no âmbito das Instituições Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação.
Assinale a alternativa CORRETA referente a esse plano de carreira e suas possibilidades de progressão.
Alternativas
Q1925547 Direito Administrativo
No que concerne à Licença por Acidente em Serviço, tendo como fundamento os arts. 211 a 214 da Lei 8.112/90, avalie as seguintes afirmações:
I. A agressão sofrida e não provocada pelo servidor no exercício do seu cargo não se equipara a acidente em serviço.
II. O servidor acidentado em serviço que necessite de tratamento especializado poderá ser tratado em instituição privada, à conta de recursos públicos.
III. A prova do acidente será feita no prazo de 5 (cinco) dias, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.
Está(ão) CORRETA(S) a(s) afirmação(ões):
Alternativas
Q1932143 Segurança e Saúde no Trabalho
o método de análise de riscos engloba o estudo detalhado de um objeto com a finalidade de identificar perigos e avaliar os riscos associados. para a identificação de perigos e avaliação de riscos existem técnicas de análise de risco, assim, é CORRETO afirmar que 
Alternativas
Q1932144 Segurança e Saúde no Trabalho
A técnica de análise de riscos pelo método da Árvore de Causas (ADC), na teoria, baseia-se em princípios e domínios de aplicação, atividades, etapas, práticas e métodos de análise de acidentes.
Analise as afirmações a seguir:
I. A investigação consiste em montar um quadro de antecedentes a partir do acidente. Esses antecedentes são de duas espécies: antecedentes-estado e antecedentes-permanentes.
II. O método de exame das atividades na organização para elucidar um acidente é formado por três componentes: indivíduo, tarefa e meio de trabalho.
III. A coleta dos fatos deve ser feita com subjetividade por pessoa que tenha aceitável conhecimento do modo de desempenho habitual do trabalho.
IV. A análise deve ser feita o mais cedo possível e no próprio local do acidente.
V. O método de Árvore de Causas é constituído por quatro etapas: 1 – Coleta e organização de dados, 2 – Montagem da árvore de causas, 3 – Identificação de medidas preventivas, 4- Seleção de medidas prioritárias.

Assinale a alternativa CORRETA.
Alternativas
Q1932145 Segurança e Saúde no Trabalho
Analise as afirmativas a seguir, referentes às técnicas de análises iniciais do DE CICCO e FANTAZZINI, utilizando-se dos estudos do método de Análise Preliminar dos Riscos (APR).
I. Na APR a classe de risco marginal, a falha irá danificar o sistema causando lesões, podendo suceder num risco inaceitável, necessitando de ações corretivas.
II. Na APR a classe de risco crítica, a falha irá criar uma grave degradação do sistema, resultando em sua perda total, causando lesões, podendo levar até a morte.
III. A APR, logo que plausível, deverá ser verificada por técnicas de análise de riscos mais detalhadas.
IV. Nas ações de etapas básicas da APR, revisar a missão significa rever a experiência passada em sistemas semelhantes ou equivalentes para a indicação de riscos que estarão presentes na organização.
V. A APR é usualmente uma revisão básica de problemas gerais de segurança, no estágio de seu desenvolvimento, carecendo ainda de entendimento formal quanto aos procedimentos, comumente estabelecidos posteriormente.
Assinale a alternativa CORRETA.
Alternativas
Q1932146 Segurança e Saúde no Trabalho
Considere uma técnica de análise de riscos que permite avaliar a possibilidade de falha dos componentes de um equipamento ou sistema, estimar as taxas de falha, determinar os efeitos que poderão advir e, consequentemente, estabelecer as mudanças que deverão ser feitas para aumentar a probabilidade de que o sistema ou equipamento realmente funcione de maneira satisfatória.
O método de análise de riscos descrito acima está CORRETO para a definição de
Alternativas
Q1932147 Segurança e Saúde no Trabalho
Considerando o que estabelece a NR-9 – Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos em seu anexo nº 1 Vibração, é INCORRETO afirmar que
Alternativas
Respostas
1: B
2: C
3: A
4: D
5: D
6: B
7: A
8: C
9: A
10: D
11: B
12: D
13: A
14: C
15: C
16: C
17: D
18: A
19: B
20: A