Traumas do Trânsito
Entre 2011 e 2021, o número de motocicletas circulando
no Brasil cresceu 64,7%, de 18 milhões para 30,3 milhões.
Como se sabe e boletim do Ministério da Saúde comprova, a
escalada elevou a insegurança.
Em 2011, 70,5 mil motociclistas lesionados em acidentes de trânsito foram hospitalizados (3,9 a cada 100 mil
habitantes). Já em 2021, foram 115,7 mil (6,1 a cada 100 mil)
– aumento de 55% em dez anos.
Apesar de o número de mortos ter permanecido quase
estável no período (11,5 mil e 11,1 mil, respectivamente),
ele representa 26,6% das fatalidades no tráfego em 2011 e
35,3% em 2021.
Acidentes de trânsito são grave problema de saúde
pública no país que, no caso de motocicletas, atinge estratos
sociais fragilizados.
Em 2021, as hospitalizações de motociclistas custaram
R$ 167 milhões ao Estado. Despesas por traumatismo cranioencefálico grave (TCE) passaram de R$ 123,7 milhões,
em 2008, para R$ 278 milhões em 2019. Acidentes de trânsito são a principal causa de TCEs, seguidos por violência
interpessoal.
Os custos não findam com a internação. Traumas geram
sequelas que exigem tratamentos custosos para reabilitação
e podem incapacitar o paciente por toda a vida. Ou seja, além
dos gastos públicos, o país perde força laboral.
Para diminuir gastos na saúde e proteger jovens trabalhadores, é fundamental que o poder público, nas esferas
municipal, estadual e federal, implemente ações de fiscalização e de conscientização que integrem órgãos de transporte,
justiça, saúde e educação.
Tal orientação já consta do Plano Nacional de Redução
de Mortes e Lesões no Trânsito, legislação aprovada pelo
Congresso em 2018. Basta tirá-lo do papel.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 31.05.2023. Adaptado)