Mesmo assim, minha mãe pedia que a acompanhássemos No conte...

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Q2397862 Português
       Numa manhã, Donana acordou me chamando de Carmelita, dizendo que iria dar um jeito em tudo, que eu não me preocupasse, que não precisaria mais viajar. Àquela época eu tinha doze anos e Belonísia se aproximava dos onze. Vi Donana nas manhãs seguintes chamar Belonísia de Carmelita também. Minha irmã apenas na da confusão. Olhávamos uma para a outra e nos deixávamos caçoar pela desordem que se instaurou nos falares de Donana. Em seus pensamentos, Fusco havia se formado uma onça, pedia para que tivéssemos cuidado. Nos convidava a caminhar pelas veredas por onde iriamos buscar meu pal que, haviam dito, estava dormindo aos pés de um jatobá ao lado da onça mansa que o cão havia se tomado. Sabíamos que nosso paí estava na roça, trabalhando todos os dias, então as coisas que minha avó falava não faziam sentido. Mesmo assim, minha mãe pedia que a acompanhássemos, que vigiássemos para que não lhe sucedesse nenhum acidente ou se perdesse em meio à mala.


(Adaptado de: VIEIRA JÚNIOR, Itamar. Torto Arado. São Paulo, Cia. das Letras, 2019)

Mesmo assim, minha mãe pedia que a acompanhássemos


No contexto em que se encontra, o elemento sublinhado expressa ideia de:

Alternativas

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A concessão passa uma ideia de quebra de expectativa. Ou seja, por mais que as palavras da avó não fizessem sentido, as netas se preocuparam com a mesma e passaram a cuidar dela. (o conjunto de ações da avó "falar coisas sem sentido", teria como consequência provável as netas não se importarem com ela, mas não é o que acontece)

A cena descrita no texto reflete um momento delicado e profundamente humano, marcado pela confusão mental de Donana, a avó das narradoras. O uso repetido do nome "Carmelita" pode indicar lapsos de memória ou confusões identitárias, frequentemente associadas a condições como demência ou Alzheimer, embora isso não seja explicitamente mencionado. A preocupação de Donana em "dar um jeito em tudo" e a referência a não precisar mais viajar sugerem uma tentativa de resolução ou finalização de algo que apenas ela percebe ou entende devido ao seu estado mental.

Belonísia, a irmã mais nova, parece apenas observar a situação, sem entender completamente, enquanto a narradora, um pouco mais velha, demonstra uma consciência mais aguda da gravidade da situação. A referência a Fusco, possivelmente um animal de estimação ou um personagem imaginário, que se transforma numa onça em seus pensamentos, adiciona uma camada de simbolismo e mostra como a mente de Donana mistura realidade com fantasia.

A mãe das meninas parece estar ciente da condição de Donana e insiste que elas a acompanhem para protegê-la, indicando um papel de cuidadoras que muitas vezes é assumido por familiares próximos em casos de deterioração mental. A menção ao pai trabalhando na roça e sendo confundido com alguém que dorme aos pés de um jatobá ao lado de uma onça mansa ilustra a desconexão de Donana com a realidade presente, substituindo-a por uma narrativa alternativa povoada por elementos fantásticos e memórias distorcidas.

Esse trecho destaca a complexidade das relações familiares quando confrontadas com a saúde mental e a deterioração cognitiva de um ente querido, revelando as dinâmicas de cuidado, a confusão emocional e a adaptação à nova realidade que a família enfrenta.

Alternativa correta: E.

A alternativa correta é a letra E porque a palavra "mesmo assim" indica uma concessão. Quando alguém diz "mesmo assim", está reconhecendo uma situação adversa ou contrária às expectativas.

FCC tem tara em conjunção concessiva. Decore:

Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que , apesar de que, nem que, que. 

FCC é objetiva.

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