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Q450209 Português
                                        Atualidade do velho Sêneca

        Encontra-se nos textos dos antigos clássicos uma sabedoria que não tem prazo de validade. Contemporâneo de Cristo, o sábio Sêneca, espanhol de nascimento que fez vida na Roma de Nero, deixou-nos um legado fundamental: princípios de uma corrente filosófica identificada com o estoicismo, cujas raízes se devem à cultura grega. Sêneca dedicou-se, em vários textos, à defesa desses princípios, cujo sentido está em disciplinar nossa vida para levá-la a bom termo, ou seja, atravessá- la com sabedoria e proveito.
       Um dos princípios fundamentais: evitar o excesso das paixões, que perturbam a tranquilidade da alma. O homem estoico não se deixa arrastar por sonhos irrealizáveis, nem estabelece para si o cumprimento de metas distintas: valoriza o dia a dia, encontra o prazer nas experiências cotidianas mais simples, aceitando o limite de sua força pessoal. A sabedoria está em vivermos o que é possível, para que na velhice não fiquemos a lamentar tudo o que não foi alcançado. Sábio é também não esquecer que os sofrimentos e as dores são inevitáveis: por isso, estejamos sempre preparados para o que é tão previsível como um infortúnio. Contando com ele, sofreremos menos.
       Para os estoicos, a inevitabilidade da morte deve estar no horizonte, não para atemorizar-nos, mas para nos lembrar que a vida é tão mais preciosa quanto a saibamos limitada pela própria natureza. Morrerá melhor quem melhor viva, ensina Sêneca, e o tempo da vida é de qualquer modo suficiente para quem sabe vivê-lo e aproveitá-lo em todos os momentos presentes, em vez de projetá-lo para o futuro ideal que nunca chega.
       A influência direta ou indireta desses princípios encontra-se em um sem-número de escritores. Em nossa literatura, o poeta Manuel Bandeira parece ter acolhido algumas convicções estoicas: sua vida e sua poesia fizeram-se sob a égide do limite, do menor, do imediato, em vez de aspirarem ao grandioso, ao infinito, ao transcendente. A simplicidade dos poemas de Bandeira está carregada da sabedoria de quem está atento ao que vive. O cotidiano é, para esse poeta, uma fonte permanente de poesia. Ler seus versos é aproximar-se dos sentimentos comuns que ganham inesperada altura.
      Não se pode, talvez, afirmar que Bandeira tenha lido Sêneca e com ele aprendido a viver melhor. Mas é certo que Sêneca gostaria de vir a ler os poemas de Bandeira.

                                                                                                                            (Valdir Callado, inédito)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se em uma forma do plural para preencher de modo correto a lacuna da frase:
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GAB C

SUJEITO: AS AFLIÇÕES SUPLEMENTARES QUE COMPROMETEM A VIDA

VERBO: AGUARDAM

OI: AO QUE TEME A MORTE

Gabarito letra c).

 

COLOCANDO NA ORDEM DIRETA (SEMPRE FAZER ISSO):

 

 

a) Não a graça dos momentos felizes, mas o desequilíbrio das forças do espírito corresponde / correspondem ao excesso das paixões.

 

* Expressões não só...mas tambémtanto/quanto que relacionam sujeitos compostos permitem a concordância do verbo no singular ou no plural.

 

Ex.: Tanto o rapaz quanto o amigo obtiveram/obteve nota máxima na redação do ENEM.

 

Fontes:

 

https://www.todamateria.com.br/concordancia-verbal/

 

http://educacao.globo.com/portugues/assunto/usos-da-lingua/concordancia-verbal-e-nominal.html

 

 

b) Qualquer princípio que nos afaste da sabedoria de viver não consta entre os legados dos pensadores clássicos.

 

O sujeito é a expressão "qualquer princípio", cujo núcleo é o pronome indefinido "qualquer". É com o núcleo do sujeito, termo que está no singular, que o verbo deve concordar. Portanto, o verbo deve ficar no singular.

 

Fontes: 

 

https://noticias.uol.com.br/educacao/dicasport/ult2781u137.jhtm

 

http://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI41093,61044-Nenhum+dos+advogados+compareceu+ou+compareceram

 

 

c) As aflições suplementares (SUJEITO NO PLURAL) que comprometem a vida aguardam ao que teme a morte.

 

 

d) Aguardar (SUJEITO ORACIONAL) os infortúnios com a certeza de sua inevitabilidade cabe a nós, mortais.

 

* Tem-se, na oraçao acima, o caso de um sujeito oracional. Quando o sujeito é oracional, o verbo deve, obrigatoriamente, ficar no singular. Devido a isso, o certo é "cabe" (verbo "caber" no singular).

 

Segue um link para complementar o assunto que é muito cobrado em concurso: 

 

https://www.euvoupassar.com.br/artigos/detalhe?a=voce-realmente-sabe-sujeito-oracional

 

 

e) Temer (SUJEITO ORACIONAL) as dores da vida não  por que, quando se espera por elas.

 

* Explicações no comentário da letra "d".

 

** Segue um link com uma explicação sobre o verbo "haver" quando este possui o sentido de "existir":

 

http://redeglobo.globo.com/sp/tvtribuna/camera-educacao/platb/2013/09/12/concordando-ou-nao-concordancia-verbal-com-haver-e-existir/

 

 

 

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