Recém-nascido a termo foi trazido ao IML para necropsia....

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Ano: 2007 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: SECAD-TO
Q1223434 Medicina Legal
    Recém-nascido a termo foi trazido ao IML para necropsia. Constava no ofício de solicitação que os pais da criança alegavam erro e negligência médica, porque os médicos não encaminharam o menino para a UTI neonatal logo após o nascimento. Tratava-se de um hospital particular e a mãe fora internada às pressas. Não houve tempo para preenchimento de fichas ou pagamento de caução exigida, porque a parturiente já estava em período expulsivo. O cadáver estava com pele de aspecto bolhoso, a epiderme começava a se deslocar em certas áreas e, em outras áreas, já havia franco deslocamento epidérmico. Nas cavidades serosas, havia efusões hemorrágicas. Com relação ao problema exposto acima, julgue o próximo item.
É correto inferir que, no exame necroscópico no IML, nesse caso, a docimasia de Galeno foi negativa em suas quatro fases.
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Diante de um caso de recém-nascido a termo levado ao IML, observou-se que o corpo apresentava sinais de maceração, com pele bolhosa e descolamento epidérmico em várias regiões, bem como efusões hemorrágicas nas cavidades serosas. Essas características são indicativas da CLASSIFICAÇÃO DE LAUGLEY, que permite estabelecer a cronologia da maceração fetal.

GRAU ZERO: Período de até 8 horas após a morte, com pequenas bolhas espalhadas pela pele.

GRAU UM: Entre 8 e 24 horas, com bolhas agrupadas e início do descolamento da pele.

GRAU DOIS: De 24 a 48 horas, com destacamento acentuado da derme e acúmulo de líquido nas cavidades.

GRAU TRÊS: Mais de 48 horas após a morte, com líquido de coloração acastanhada nas cavidades.

Com base nesses sinais, é possível afirmar que a docimasia hidrostática de Galeno seria negativa em todas as fases, pois o feto NUNCA RESPIROU. Esta técnica é utilizada para verificar se houve respiração pós-nascimento.

O PROCEDIMENTO da docimasia hidrostática de Galeno consiste em submergir o bloco respiratório em água. Se o pulmão flutuar, indica que houve respiração; se afundar, sugere que não houve. O teste é repetido com o pulmão isolado, com pedaços do pulmão e, por fim, ao esmagar fragmentos do pulmão submersos em água. A presença de bolhas ao esmagar os fragmentos confirmaria que houve respiração.

É importante que o perito esteja atento para não confundir gases de putrefação com sinais de respiração durante a análise.

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Comentários

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Docimasia pulmonar===hidrostática de Galeno===é a mais comum, se o pulmão flutuar ao ser colocado na água, é porque o feto respirou.

Esse feto está macerado!

CLASSIFICAÇÃO DE LAUGLEY:

GRAU ZERO: até 8h. Pequenas bolhas espalhadas na pele;

GRAU UM: 8 a 24h. Bolhas agrupadas e início do destacamento da pele;

GRAU DOIS: 24 a 48h. Acentuado destacamento da derme e líquido acentuado nas cavidades;

GRAU TRÊS: +48h. Líquido acastanhado nas cavidades.

A docimásia hidrostática de galeno vai atestar negativo em todas as fases porque esse feto NUNCA RESPIROU. Não vai emergir dúvidas a respeito.

DOCIMASIA HIDROSTÁTICA DE GALENO: Galeno dizia que o pulmão de um vivo flutuava em água, assim:

PROCEDIMENTO:

Se pegar o bloco respiratório, e colocar na água. Se o pulmão flutuar, respirou, se afundar, provavelmente não respirou. Após, se deixar só o pulmão dentro d’água, se flutua: respirou, se não flutuar, provavelmente não respirou. Após, corta-se pedaços do pulmão dentro d’água, se flutua: respirou, se não flutuar, provavelmente não respirou. Por fim, ao se esmagar os fragmentos do pulmão, sem tirá-los d’água, se houver bolhas, prova-se que houve respiração, logo, nasceu com vida.

*O perito ao analisar deve ter cuidado com os possíveis gases de putrefação.

·        DOCIMASIA HIDROSTATICA DE GALENO

PULMOES QUE RESPIRAM

Ficam mais pesados que o fetal em função do aporte bem maior de sangue causado pela mudança do tipo de circulação fetal para a do recém-nascido.

Mas sua densidade diminui pela penetração e expansão dos espaços aéreos essa redução de densidade é a base da docimasia de Galeno.

Consta de 4 etapas:

1ª etapa – após a remoção do bloco que contem as vísceras torácicas e o sórgaos do pescoço e da boca, o conjunto é colocada em um fraco com água. Anota-se o seu comportamento, se flutua, afunda ou fica a meio caminho.

2° etapa – no caso de ir ao fundo, ou de ficar a meio caminho, os pulmões são separados ainda dentro da água. Caso os pulmões não venham a flutuar, passa-se à etapa seguinte.

3ª etapa – os pulmões que não flutuaram devem ser seccionados em pequenos pedaços, observando se alguns fragmentos vem à superfície. No caso de haver flutuação de algum deles, executa-se a etapa final

4ª etapa – os fragmentos que flutuaram devem ser espremidos a fim de observar se há desprendimento de bolhas e se, logo em seguida, eles vão ao fundo ou continuam na superfície.

A franca flutuação desde a primeira fase indica ter havido a respiração ativa. Pelo contrário, se jamais flutua, não houve respiração.

Docimásias pulmonares: Docimásia diafragmática de Ploquet, óptica ou visual de Bouchut, táctil de Nerio Rojas, óptica de Icard, radiológica de Bordas, hidrostática pulmonar de Galeno. Esta última é a mais prática, mais simples e mais usada na perícia médico-legal corrente. É também a mais antiga. Fundamenta-se na densidade do pulmão que respirou e do que não respirou. Coloca-se o aparelho respiratório do infante num reservatório cilíndrico e com bastante profundidade, preenchido de água em temperatura ambiente até pouco mais de 2/3 da sua capacidade. Se estes órgãos flutuam por inteiro, é sinal de que o recém-nascido respirou. Após isso, em caso de resultado negativo (ou seja, se tais órgãos afundam por inteiro), passa-se para as seguintes fases. Essa prova só tem valor até 24 horas após a morte do infante, pois, a partir desse tempo, começam a surgir os gases oriundos do fenômeno transformativo da putrefação, dando, por conseguinte, um resultado falso-positivo. Há também a docimásia hidrostática de Icard, a histológica de Balthazard (considerada a mais perfeita, por ser possível em pulmões putrefeitos), epimicroscópica pneumo-arquitetônica de Hilário Veiga de Carvalho e química de Icard.

É possível notar que o feto apresenta as características da maceração (um fenômeno transformativo destrutivo), a qual é caracterizada por acontecer quando restos mortais ficam imersos em meio líquido, ocorrendo destacamento de retalhos do tegumento cutâneo, e apresentar características como: ruptura de flictenas, separação da pele, destacamento do couro cabeludo, etc.

Além disso, na questão pode-se classificá-la como maceração asséptica, posto que o feto morreu intra-utero, um ambiente estéril. Assim, a docimásia dará resultado negativo, posto que o feto não respirou.

Sem enrolação: pelas características descritas, o bebê apresentava sinais de maceração, que indicam que ele permaneceu morto no útero por pelo menos 24 horas. Assim, ele não respirou após o nascimento (óbvio) de modo que a docimasia de galeno terá resultado negativo (não havia ar nos pulmões).

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