A relação de sinonímia entre vocábulos distintos diz respeit...

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Q3105955 Português
Festa de aniversário


Leonora chegou-se para mim, a carinha mais limpa deste mundo:
– Engoli uma tampa de Coca-Cola.
Levantei as mãos para o céu: mais esta, agora! Era uma festa de aniversário, o aniversário dela própria, que completava seis anos de idade. Convoquei imediatamente a família:
– Disse que engoliu uma tampa de Coca-Cola.
A mãe, os tios, os avós, todos a cercavam, nervosos e inquietos.
– Abra a boca, minha filha. Agora não adianta: já engoliu. Deve ter arranhado. Mas engoliu como? Quem é que engole uma tampa de cerveja? De cerveja não: de Coca-Cola. Pode ter ficado na garganta – urgia que déssemos uma providência, não ficássemos ali, feito idiotas. Tomei-a ao colo: – Vem cá, minha filhinha, conta só para mim. Você engoliu coisa nenhuma, não é isso mesmo?
– Engoli sim, papai – ela afirmava com decisão.
Consultei o tio, baixinho:
– O que é que você acha?
Ele foi buscar uma tampa de garrafa, separou a cortiça do metal:
– O que você engoliu: isto... ou isto?
– Cuidado que ela engole outra – adverti.
– Isto – e ela apontou com firmeza a parte de metal.
Não tinha dúvida: pronto-socorro. Dispus-me a carregá-la, mas alguém sugeriu que era melhor que ela fosse andando: auxiliava a digestão.
No hospital, o médico limitou-se a apalpar-lhe a barriguinha, cético:
– Dói aqui, minha filha?
Quando falamos em radiografia, revelou-nos que o aparelho estava com defeito: só no pronto-socorro da cidade.
Batemos para o pronto-socorro da cidade. Outro médico nos atendeu com solicitude.
– Vamos já ver isto.
Tirada a chapa, ficamos aguardando ansiosos a revelação. Em pouco o médico regressava:
– Engoliu foi a garrafa.
– A garrafa?! – exclamei. Mas era uma gracinha dele, cujo espírito passava ao largo da minha aflição: eu não estava para graças. Uma tampa de garrafa! Certamente precisaria operar – não haveria de sair por si mesma.
O médico pôs-se a rir de mim:
– Não engoliu coisa nenhuma. O senhor pode ir descansado.
– Engoli – afirmou a menininha.
Voltei-me para ela:
– Como é que você ainda insiste, minha filha?
– Que eu engoli, engoli.
– Pensa que engoliu – emendei.
– Isso acontece – sorriu o médico – até com gente grande. Aqui já teve um guarda que pensou ter engolido o apito.
– Pois eu engoli mesmo – comentou ela, intransigente.
– Você não pode ter engolido – arrematei, já impaciente. – Quer saber mais que o médico?
– Quero. Eu engoli, e depois desengoli – esclareceu ela.
Nada mais havendo a fazer, engoli em seco, despedi-me do médico e bati em retirada com toda a comitiva.

(SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. Rio de Janeiro, RJ. 1962. Adaptado.) 
A relação de sinonímia entre vocábulos distintos diz respeito a determinados aspectos semânticos contextuais. Considerando-se a preservação do sentido original do texto, o vocábulo destacado seria substituído adequadamente pela respectiva sugestão: 
Alternativas

Comentários

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Cadê os comentários?? rsrrs

A. “Outro médico nos atendeu com solicitude.” – compaixão

➡ A palavra solicitude significa cuidado ou atenção zelosa, mas compaixão implica um sentimento de piedade ou solidariedade diante do sofrimento alheio, o que altera o sentido original.

Incorreta.

B. “– Pois eu engoli mesmo – comentou ela, intransigente.” – complacente

Intransigente indica alguém inflexível ou teimoso, enquanto complacente sugere uma pessoa indulgente ou permissiva, o que é o oposto de intransigente.

Incorreta.

C. “[...] – urgia que déssemos uma providência, não ficássemos ali, feito idiotas.” – mitigava

Urgia expressa necessidade urgente, enquanto mitigava significa atenuar ou reduzir algo, o que altera completamente o sentido da frase.

Incorreta.

D. “No hospital, o médico limitou-se a apalpar-lhe a barriguinha, cético: [...]” – desconfiado

Cético significa alguém descrente ou duvidoso, e desconfiado mantém o mesmo sentido semântico no contexto.

Correta.

Resposta correta: D.

Fonte: chatGPT

Uma pessoa cética é alguém que adota uma postura de dúvida ou questionamento em relação a afirmações, ideias ou teorias que não tenham sido devidamente comprovadas ou justificadas por evidências sólidas. O ceticismo pode se manifestar em diversos contextos, como na ciência, na religião, na política ou no cotidiano.

Vamos analisar cada alternativa para identificar a opção correta e entender por que as outras estão erradas:

A. “Outro médico nos atendeu com solicitude.” – compaixão

  • Errada. A palavra "solicitude" refere-se a um cuidado ou atenção zelosa. Embora "compaixão" também envolva cuidado, ela se refere mais especificamente a um sentimento de pena ou empatia pelo sofrimento alheio, o que não é exatamente o mesmo que "solicitude".

B. “– Pois eu engoli mesmo – comentou ela, intransigente.” – complacente

  • Errada. "Intransigente" significa alguém que não cede ou não abre mão de suas ideias, enquanto "complacente" descreve uma pessoa que tende a ser indulgente ou que aceita facilmente as situações. Esses termos têm significados opostos.

C. “[...] – urgia que déssemos uma providência, não ficássemos ali, feito idiotas.” – mitigava

  • Errada. "Urgia" significa que havia uma necessidade urgente ou imediata de ação. "Mitigava", por outro lado, significa aliviar ou diminuir a intensidade de algo, o que não preserva o sentido de urgência presente no texto original.

D. “No hospital, o médico limitou-se a apalpar-lhe a barriguinha, cético: [...]” – desconfiado

  • Certa. A palavra "cético" descreve alguém que duvida ou não acredita facilmente, similar a "desconfiado". Substituir "cético" por "desconfiado" preserva o sentido original do texto.

Portanto, a alternativa correta é a D, pois "desconfiado" é um sinônimo adequado para "cético".

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