Segundo o texto, qual é a principal crítica da autora em rel...
Texto 02:
Nós, os ridículos
Todos nós consideramos algumas profissões menores: gari, pedreiro, faxineira...olhamos facilmente com sobranceria para aquelas pessoas que todo o dia ralam muito para, literalmente, transformar a nossa vida em algo melhor. Essa manhã, um bando de pedreiro entrou em minha casa para fazer uma obra super necessária. Enquanto ouvia os seus movimentos, para cá e para lá, cobrindo paredes, abrindo caminho pelo chão que protegeram antes sequer de o pisar, pegando todo o material de que vão precisar, pensava precisamente nisso. Por que raio achamos que ser pedreiro é uma profissão menor? Lembro dos olhares na escola para os meninos cujos pais eram pedreiros ou caminhoneiros, como se não fossem trabalhos de que tanto precisamos.
A gente passa dois dias com os garis fazendo greve e sair na rua fica um inferno. Se não houvesse pedreiros...bom, adeus casas, né? Se não houvesse caminhoneiros não sei bem como a gente transportaria bens mais ou menos essenciais entre lugares vários. Se não houvesse faxineiras...e por aí vai.
Fazendo umas contas rápidas, uma faxineira em Lisboa - que cobra em média 7 euros por hora - pode tirar, no final do mês, 1.400 euros ou mais de salário. Em termos nacionais, a média salarial não chega a mil euros [no setor privado é um pouco mais elevada]. Isso significa que uma faxineira, que faz - lá está - o trabalho que ninguém quer fazer, é bem paga por isso. Melhor até do que a maioria dos jornalistas, por exemplo. Ou que um quadro médio. Um pedreiro que seja chefe de uma equipa ganhava, em 2013, uma média de 1.028 euros por mês, segundo os dados da Pordata. Hoje estará ganhando mais.
Para além de fazerem um trabalho super exigente e importante - pedreiro que erre pode fazer, na verdade, sua casa virar um inferno, um prédio ser uma obra perdida e por aí vai; faxineira que falte deixa sua vida uma confusão... - essas pessoas não ganham mal e na maioria das vezes não odeiam o que fazem. Então por quê o nosso preconceito? Por que nos achamos superiores? Por que raio nossa profissão deve ser mais bem vista, mais bem paga e mais considerada que a deles?
Que sociedade igualitária é essa que a gente quer que acredita que trabalhador só é válido se tiver diploma na mão e doutorado em filosofia? Penso muitas vezes nisso e em como somos ridículos, nós, o que achamos que somos mais do que o gari que trabalha para manter minha rua limpa.
(Margarida Vaqueiro Lopes. Disponível em https://www.estadao.com.br/viagem/sambando-em-lisboa/nos-os-ridiculos/)
Segundo o texto, qual é a principal crítica da autora em relação à percepção social sobre determinadas profissões?
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Gabarito comentado
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A alternativa correta é D.
Tema da Questão: A principal crítica da autora em relação à percepção social sobre determinadas profissões.
O texto aborda o preconceito e a desvalorização que muitas pessoas têm em relação a profissões consideradas "menores", como gari, pedreiro e faxineira. A autora destaca a importância e a dignidade dessas profissões, mostrando que elas são fundamentais para o funcionamento da sociedade e que seus trabalhadores são muitas vezes bem remunerados e desempenham funções essenciais.
Justificação da Alternativa Correta:
A alternativa D está correta, pois a principal crítica da autora é realmente o preconceito e a desvalorização dessas profissões. Ela questiona por que muitas pessoas olham com desprezo para esses trabalhadores, mesmo eles realizando tarefas essenciais e muitas vezes sendo bem remunerados por isso. A autora sugere que a sociedade deve reconsiderar esses preconceitos e valorizar todas as profissões igualmente.
Justificação das Alternativas Incorretas:
A alternativa A está incorreta porque, embora a autora mencione o salário de algumas dessas profissões, a crítica não é focada na baixa remuneração. Pelo contrário, ela destaca que alguns desses profissionais ganham salários competitivos.
A alternativa B está incorreta porque a crítica da autora não se concentra na falta de formação acadêmica desses profissionais. A autora, de fato, questiona a valorização excessiva da formação acadêmica em detrimento do reconhecimento de trabalhos essenciais.
A alternativa C está incorreta porque a autora não discute a escassez de profissionais qualificados no mercado de trabalho. O foco do texto é o preconceito e a desvalorização social das profissões mencionadas.
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