Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
Encontra-se nos textos dos antigos clássicos uma sabedoria que não tem prazo de validade. Contemporâneo de Cristo, o sábio Sêneca, espanhol de nascimento que fez vida na Roma de Nero, deixou-nos um legado fundamental: princípios de uma corrente filosófica identificada com o estoicismo, cujas raízes se devem à cultura grega. Sêneca dedicou-se, em vários textos, à defesa desses princípios, cujo sentido está em disciplinar nossa vida para levá-la a bom termo, ou seja, atravessá- la com sabedoria e proveito.
Um dos princípios fundamentais: evitar o excesso das paixões, que perturbam a tranquilidade da alma. O homem estoico não se deixa arrastar por sonhos irrealizáveis, nem estabelece para si o cumprimento de metas distintas: valoriza o dia a dia, encontra o prazer nas experiências cotidianas mais simples, aceitando o limite de sua força pessoal. A sabedoria está em vivermos o que é possível, para que na velhice não fiquemos a lamentar tudo o que não foi alcançado. Sábio é também não esquecer que os sofrimentos e as dores são inevitáveis: por isso, estejamos sempre preparados para o que é tão previsível como um infortúnio. Contando com ele, sofreremos menos.
Para os estoicos, a inevitabilidade da morte deve estar no horizonte, não para atemorizar-nos, mas para nos lembrar que a vida é tão mais preciosa quanto a saibamos limitada pela própria natureza. Morrerá melhor quem melhor viva, ensina Sêneca, e o tempo da vida é de qualquer modo suficiente para quem sabe vivê-lo e aproveitá-lo em todos os momentos presentes, em vez de projetá-lo para o futuro ideal que nunca chega.
A influência direta ou indireta desses princípios encontra-se em um sem-número de escritores. Em nossa literatura, o poeta Manuel Bandeira parece ter acolhido algumas convicções estoicas: sua vida e sua poesia fizeram-se sob a égide do limite, do menor, do imediato, em vez de aspirarem ao grandioso, ao infinito, ao transcendente. A simplicidade dos poemas de Bandeira está carregada da sabedoria de quem está atento ao que vive. O cotidiano é, para esse poeta, uma fonte permanente de poesia. Ler seus versos é aproximar-se dos sentimentos comuns que ganham inesperada altura.
Não se pode, talvez, afirmar que Bandeira tenha lido Sêneca e com ele aprendido a viver melhor. Mas é certo que Sêneca gostaria de vir a ler os poemas de Bandeira.
(Valdir Callado, inédito)
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Tema Central da Questão:
O tema central da questão envolve o uso correto da pontuação na língua portuguesa. Para resolver essa questão, é necessário ter conhecimentos sobre o uso de vírgulas para isolar elementos como orações subordinadas, aposto, adjuntos adverbiais e termos que precisam de destaque ou separação. Compreender como a pontuação pode mudar o sentido de uma frase é essencial.
Alternativa Correta:
A alternativa E é a correta. A frase está pontuada corretamente porque respeita as regras de uso da vírgula. Veja a explicação detalhada:
- A vírgula após "nós" é usada para separar o adjunto adverbial "embora tão distantes de nós", que está deslocado no início da frase.
- Em "a despeito dos descaminhos da modernidade, as lições", a vírgula separa orações, indicando uma pausa necessária para a compreensão correta.
- Na expressão "preciosas por se apoiarem não em circunstâncias fortuitas, mas em valores permanentes", a vírgula é corretamente utilizada antes da conjunção "mas", pois separa partes de uma oração coordenada adversativa.
Análise das Alternativas Incorretas:
- A): A vírgula após "antiguidade clássica" é desnecessária e quebra a fluidez da leitura. Também existem vírgulas desnecessárias em "da modernidade," e "circunstâncias, fortuitas,".
- B): A vírgula entre "distantes" e "de nós" separa indevidamente a expressão "de nós", que complementa "distantes".
- C): A vírgula após "sábios" é incorretamente usada, pois não há uma pausa lógica ali. Além disso, falta a vírgula após "modernidade" e há uma vírgula desnecessária antes de "em valores permanentes".
- D): A ausência de vírgula após "nós" compromete o sentido do adjunto adverbial inicial. Também há vírgulas desnecessárias em "as lições," e antes de "mas".
Compreender o uso da pontuação é essencial para garantir a clareza e coerência textual. A prática e a análise de exemplos são fundamentais para esse aprendizado.
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Comentários
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------> Não se separa sujeito do verbo.
------> Não se separa verbo dos seus complementos (OD e OI)
------> Não se separa verbo de ligação do predicativo do sujeito.
------> Não se separa a oração principal da oração subordinada.
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