Assinale a alternativa que preenche a lacuna pontilhada da l...
A cidade como mundo, ou o mundo como cidade
Por Fabrício Carpinejar
- Minha infância não foi globalizada. Não havia internet, redes sociais, celular. Eu mal saía do
- meu bairro. Minha experiência pode parecer tacanha ___ nova geração que se desloca para longe
- desde o berço, que fala com gente de qualquer parte, que tem o inglês como um segundo idioma
- básico.
- Mas eu ainda prefiro ter a cidade como meu mundo a ter o mundo como cidade,
- diferentemente de quem nasceu depois dos anos 2000.
- Hoje você tem mais facilidades de adaptação, de comunicação, de locomoção. Só que não
- sossega num lugar fixo. Não tem um lugar sagrado, uma residência definitiva. Não conhece sua
- cidade “como quem examinasse a anatomia de um corpo”, para lembrar verso emblemático de
- Mario Quintana.
- Você é de todos os lugares, e um turista do seu berço natal. Não se apegou ___ atmosfera
- de um parque ou de uma praça. Não treinou a falta. Não gritou “cheguei” abrindo a porta de
- casa. Não sofreu picos de nostal...ia com uma mudança. Não chorou por um amor perdido. Não
- suspirou pela primavera das árvores mudando a cor da calçada e dos passos com suas folhas
- alaranjadas. Não namorou no drive-in da orla, com o sol descendo na tela do Guaíba.
- Troca de endereço com desembara...o, aceita empregos distantes sem crise de consciência,
- realiza intercâmbios com ___ adrenalina do desafio. Suas relações são do momento, para o
- momento, absolutamente circunstanciais. O presente tem a dinâmica de Stories, durando 24h.
- Termina romance apartado da fossa e do medo ... jamais ver a pessoa. O passado não pesa. O
- guarda-roupa mora nas malas.
- Não vou cometer o crime da vaidade e da velhice de dizer que no meu tempo era melhor.
- Balbucio na hora de explicar para a linhagem digital a minha época de formação, até meu
- vocabulário é arcaico.
- Posso garantir que ela era sentimental e exclusivamente presencial. Não se faziam contatos
- na distância. O amor platônico acontecia pelo vizinho ou vizinha, ali na janela paralela do mesmo
- prédio, jamais por alguém de outro país.
- Quando sou obrigado a viajar, eu quero sempre voltar. A saudade é maior do que a
- aventura. Talvez a saudade seja a minha mais fremente aventura.
- Não consigo ficar longe da minha churrasqueira, da minha varanda, da minha biblioteca,
- das minhas plantas, do fardamento das manhãs, da minha cama, dos afetos que frequentam o
- meu lar desde criança. Tenho uma posse...ividade provinciana. Minha alma é incuravelmente
- bairrista.
(Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/carpinejar/noticia/2023/11/a-cidade-como-mundo-ou-o-mundo-como-cidade – texto adaptado especialmente para esta prova).
Assinale a alternativa que preenche a lacuna pontilhada da linha 19 com a preposição correta.