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Q127659 História
Tendo o texto acima como referência inicial, julgue (C ou E) os itens a seguir, relativos à sociedade colonial brasileira.

As companhias de guerra configuravam soluções econômicas típicas do mercantilismo colonial português, estando as expedições de exploração dos novos territórios associadas à captura de mão de obra escrava indígena.
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Gabarito: E

O que se tem por "solução econômica" no mercantilismo colonial português é a exploração do comércio e seu monopólio estatal.
A afirmação de que as expedições de novos territórios estava associada à captura de mão-de-obra escrava indígena sem ou até mesmo com um recorte temporal é considerada incorreta.

O objetivo era a exploração dos recursos naturais (esta é a finalidade), o meio seria a captura de escravos (num primeiro momento indígenas, ou como alguns autores citam os "negros da terra"). Mais tarde, aí sim, o comércio de escravos africanos passa a ser um fim, já que a coroa lucrava com isto.

Para reforçar o comentário acima, vale a pena conferir trecho, como todo texto de Vânia Vlach, UFU: 

"Considerando-se que os espanhóis descobriram as primeiras minas de prata entre 1545 e 1565, compreende-se porque a sua exploração se tornou o centro de suas atividades na América, o que, certamente, facilitou a organização, por parte de Portugal, de expedições cujo objetivo maior era o de encontrar, no leste da América do Sul, metais preciosos. Tais expedições oficiais, conhecidas como entradas, indicam que Portugal, desde que chegou, colocou em prática uma política de expansão territorial, para se apropriar de terras no interior do continente. Logo a seguir, organizaram-se as bandeiras, expedições privadas, que partiam da Vila de São Paulo. Embora as bandeiras hajam capturado indígenas para escravizar, sobretudo até o século XVII, quando o escravo africano se tornou predominante, na verdade, o que lhes interessava era encontrar os preciosos metais".
ORGANIZACÃO TERRITORIAL DOS ESTADOS-NACÕES NA AMÉRICA MERIDIONAL: CONTINUIDADES E MUDANCAS

O problema é, em essência, a segunda parte da afirmativa. "Expedições de exploração de novos territórios" tinham múltiplas finalidades, conforme a região. No Norte (bacia amazônica) e no extremo sul (RS e Prata), as expedições eram organizadas pela Coroa (e/ou pela Igreja, a estímulo da Coroa) e tinham o objetivo de estabelecer fortificações militares (e missões religiosas) para expandir o território colonial na América Portuguesa, ultrapassando Tordesilhas. O objetivo de exploração territorial para escravização de indígenas é, de modo geral, incorreto para essas regiões (Norte e extremo sul; no Nordeste até houve, no início, escravidão indígena, mas logo foi abandonada; quanto às missões religiosas, nelas não havia, tecnicamente, escravidão indígena, embora as condições de vida e trabalho fossem deploráveis, não muito melhores do que a condição de escravos na prática), mas é correto no Centro-Sul, com bandeiras (quase sempre iniciativa de particulares) que partiam sobretudo da Capitania de São Vicente (depois renomeada São Paulo) para apresar e escravizar indígenas (mais tarde, a prática também foi abandonada no Centro-Sul).

A afirmação fala de algo genérico ("estando as expedições de exploração dos novos territórios associadas à captura de mão de obra escrava indígena"), como se TODAS as expedições de exploração de novos territórios tivessem o objetivo de capturar e escravizar indígenas, quando isso acontecia apenas em parte do território colonial (o Centro-Sul). Ou seja, o problema é o recorte geográfico no interior da Colônia. Eis o erro.
Completando: essa afirmativa me pareceu uma tentativa de indução de erro a partir da leitura do excerto apresentado como referência inicial ao associar companhias de guerra e expedições destinadas a escravizar indígenas. No texto de Leonor Costa, as companhias de guerra (organizadas pelo Estado português) são apresentadas como elemento essencial para organizar a ação militar contra indígenas ("gentios") não subjugados ao domínio colonial. Cabo de Santo Agostinho fica nas cercanias de Recife. Portanto, o trecho fala do uso dessas tropas (as companhias de guerra) para vencer indígenas ainda não submetidos às autoridades portuguesas. A autora está apenas se referindo à proteção de Recife e ampliação do domínio de fato das autoridades coloniais portuguesas.

Mas podemos ser induzidos a concluir erronemente, lendo a afirmativa e o excerto em conjunto, que as companhias de guerra tinham por objetivo a escravização de indígenas (a escravização até podia ocorrer como "subproduto", mas não era objetivo). Mas o objetivo militar de escravizar indígenas não existia nessa região. Não se mobilizava ou se organizava uma nova companhia de guerra especificamente para escravizar indígenas, mas por motivos de defesa, garantia ou ampliação do domínio territorial. Se isso "rendesse" a escravização de indígenas (enquanto ela foi permitida na Colônia), OK, "ótimo" para as autoridades coloniais, mas não era esse o objetivo central.

As companhias de guerra não estão ligadas as soluções econômicas típicas do mercantilismo.

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