Quanto à relação de sentido expressa pelas conjunções/locuç...
Obrigado, Tarso Genro
O ministro dá refúgio a terrorista condenado, cria terremoto diplomático e é acusado de agir movido só por ideologia – mas pode ter tido boas razões
A decisão do titular da Justiça, Tarso Genro, de conceder refúgio político ao italiano Cesare Battisti abriu uma fenda diplomática nas relações do Brasil com a Itália e empurrou o ministro para o paredão: Tarso, metralharam seus críticos, teria se precipitado e tomado a decisão com base em simpatias ideológicas. Faz sentido. Battisti foi condenado em seu país à prisão perpétua pela morte de quatro pessoas quando encabeçava um grupo extremista de esquerda, os Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Ao recusar-se a extraditá-lo para a Itália como criminoso, optando por abrigá-lo no Brasil na condição de perseguido político, Tarso Genro dispensou o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e contrariou dois pareceres, ambos emitidos por órgãos técnicos e insuspeitos: o Comitê Nacional para os Refugiados e a Procuradoria-Geral da República. Além disso, o ministro já havia dado mostras recentes de que, se ninguém o segura, ele se deixa facilmente levar pelo caminho obscuro das convicções esquerdistas. Em outubro, ele propôs a revisão da Lei da Anistia com o intuito de punir torturadores do regime militar, um surto de revanchismo e inoportunidade que provocou reações até mesmo dentro do governo. Tarso só recuou depois de um puxão de orelhas dado pelo presidente Lula. Tudo isso somado contribuiu para que se concluísse que a concessão do refúgio ao italiano foi mais uma das reações ideológicas automáticas do ministro. Nesse caso, no entanto, a hipótese de que Tarso Genro tenha tomado uma decisão correta não pode ser descartada sem um exame mais minucioso.
Battisti nega que tenha participado ou ordenado os assassinatos pelos quais foi condenado. “Não matei ninguém e abandonei o grupo quando o PAC se decidiu pela luta armada”, vem repetindo Battisti há mais de dez anos. Tarso afirma ter estudado o processo do italiano a fundo, durante seus quatorze dias de férias de fim de ano (é de esperar agora que tenha o mesmo cuidado quando lhe chegar às mãos um processo contra alguém acusado de ter sido torturador da ditadura). Diz ter terminado a análise convencido de que “exceções legais”, criadas pelo estado italiano no ambiente de convulsão social que aquele país vivia no fim dos anos 70, podem ter prejudicado a defesa de Battisti. Cita como exemplo o fato de sua condenação ter se baseado unicamente no depoimento de uma pessoa – Pietro Mutti, também integrante do PAC, que fez suas acusações no contexto de um programa de delação premiada. Se o ministro estiver certo, terá ajudado a reparar uma injustiça que dificilmente poderia ser corrigida pela Justiça italiana, uma vez que Mutti mudou de identidade e hoje vive em lugar não sabido. Se estiver errado, porém, terá deixado à solta um assassino que executou pessoas apenas por discordarem de sua organização terrorista. Tarso deixou a porta aberta para rever o caso se surgirem provas mais contundentes contra o italiano.
Texto extraído da Revista Veja, edição 2096, ano 42, n. 3, de 21 de janeiro de 2009. p. 73
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Olá, aluno! Vamos entender a questão e os conceitos importantes? Vou te ajudar a compreender cada detalhe. Vamos lá!
A alternativa correta é a E: "...pela Justiça italiana uma vez que Mutti mudou de identidade e hoje vive em lugar não sabido". (temporal)
Vamos entender por que essa alternativa está correta e por que as outras não estão?
A questão pede para identificar a alternativa INCORRETA com relação ao sentido das conjunções ou locuções conjuntivas destacadas.
Alternativa A: “...pela morte de quatro pessoas quando encabeçava um grupo extremista de esquerda...”. (temporal)
Comentário: A conjunção quando realmente indica uma relação de tempo, ou seja, é uma conjunção temporal. Portanto, essa alternativa está correta.
Alternativa B: “...o ministro já havia dado mostras recentes de que, se ninguém o segura, ele se deixa...”. (condicional)
Comentário: A conjunção se realmente indica uma condição, ou seja, é uma conjunção condicional. Portanto, essa alternativa está correta.
Alternativa C: “Nesse caso, no entanto, a hipótese de que Tarso Genro tenha tomado uma decisão correta...”. (adversidade)
Comentário: A locução conjuntiva no entanto indica uma ideia de contraste ou oposição, ou seja, é uma conjunção adversativa. Portanto, essa alternativa está correta.
Alternativa D: “Se estiver errado, porém, terá deixado à solta um assassino que executou pessoas apenas...”. (adversidade)
Comentário: A conjunção porém também indica uma ideia de contraste ou oposição, ou seja, é uma conjunção adversativa. Portanto, essa alternativa está correta.
Alternativa E: “...pela Justiça italiana uma vez que Mutti mudou de identidade e hoje vive em lugar não sabido.” (temporal)
Comentário: A locução conjuntiva uma vez que não indica uma relação temporal. Na verdade, ela indica uma relação de causa, ou seja, é uma conjunção causal. Portanto, essa alternativa está INCORRETA, o que a torna a resposta certa para a questão.
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Comentários
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Uma vez que é uma conjunção causal e não temporal como descrito no item.
A) TEMPO - quando, enquanto, mal (= assim que), sempre que, todas as vezes que...
B) CONDIÇÃO - se, caso, desde que, salvo se, contanto que, a não ser que...
C) ADVERSIDADE - no entanto, entretanto, mas, porém, contudo, todavia...
D) ADVERSIDADE - no entanto, entretanto, mas, porém, contudo, todavia...
E) CAUSAL - uma vez que, na medida em que, visto que, já que, porque...
GABARITO: E
CONJUNÇÕES TEMPORAIS
enquanto, mal, assim que, sempre que, quando , logo que, antes que, depois que, ao tempo que.
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