Na oração “O mocinho é sempre mocinho” (4ºª§), destaca-se ...
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Ano: 2022
Banca:
IBFC
Órgão:
INDEA-MT
Prova:
IBFC - 2022 - INDEA-MT - Agente Fiscal Estadual de Defesa Agropecuária e Florestal I |
Q1926609
Português
Texto associado
Texto
Faroeste
Naquele tempo o mocinho era bom.
Puro do cavalo branco até o chapelão imaculado.
A camisa limpa, com estrela de xerife. Luvas de
couro, tímido e olho baixo. Namorando a mocinha,
cisca nas pedras e espirra estrelinha com a espora
da botina.
Nunca despenteia o cabelo nas brigas. Defende
órfão e viúva. Com os brutos, implacável porém
justo.
Frequenta o boteco pra chatear os bandidos.
Bebe um trago e disfarça a careta. Atira só em
legítima defesa. O mocinho é sempre mocinho,
nunca brinca de bandido.
Ah, o vilão todo de preto, duas pistolas no cinto
prateado e um punhal (escondido) na bota – o
segundo mais rápido do oeste. Bigodinho fino,
risadinha cínica. Bebe, trapaceia no jogo. Cospe no
chão. Mata pelas costas.
Covarde, patético, chora na cadeia. E morre, bem
feito!, na forca.
Qual dos dois é o vilão hoje?
Se um quer roubar o ouro da mina do pai da
mocinha, o outro também.
Sem piscar, um troca a mocinha pelo cavalo do
outro.
Os punhos nus eram a arma do galã. Hoje briga
sujo. Inimigo vencido, a cara no pó? Chuta de letra
o nariz até esguichar sangue.
Costeleta e bigodinho ele também. Sem modos,
entra de chapelão na casa do juiz. Corteja a
heroína, já viu, aparando as unhas? Pífio jogador
de pôquer, o toque na orelha esquerda significa
trinca de sete.
A cada estalido na sombra já tem o dedo no
gatilho – seu lema é atire primeiro e pergunte
depois. Você por acaso fecha o olho do bandido
que matou? Nem ele.
E a mocinha, de cachinho loiro e tudo, que
vergonha!
Começa que moça direita nunca foi. Cantora
fuleira de cabaré, gira a valsa do amor nos braços
de um e de outro.
Por interesse, casa com o chefão do bando. Casa
com o pai do mocinho. Até com o mocinho ela casa.
Deixa estar, guri não é trouxa. Torce pelo
bandido.
(TREVISAN, Dalton. O beijo na nuca. Rio de Janeiro: Record, 2014.
P.66-67)
Na oração “O mocinho é sempre mocinho”
(4ºª§), destaca-se um vocábulo que, de uma
ocorrência para a outra, teve alterado (a):