Julgue o item a seguir, relativo aos sentidos e a aspectos ...
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Ano: 2025
Banca:
CESPE / CEBRASPE
Órgão:
ICMBIO
Prova:
CESPE / CEBRASPE - 2025 - ICMBIO - Analista Ambiental |
Q3283638
Português
Texto associado
Texto CB2A1
Ordenar e nomear a vida não é uma ciência esotérica. Nas
últimas décadas, estudos mostraram que selecionar e batizar o
mundo natural é uma atividade humana universal e fundamental
para compreender o mundo vivo, bem como nosso lugar nele.
Os antropólogos foram os primeiros a reconhecer que a
taxonomia poderia ser mais do que a ciência oficialmente
fundada pelo botânico sueco Carl Linnaeus no século XVIII.
Estudando como não cientistas ordenam e nomeiam a vida,
criando as chamadas taxonomias populares, eles começaram a
perceber que, quando as pessoas criam grupos ordenados e dão
nomes às coisas vivas, elas seguem padrões altamente
estereotipados, aparentemente guiando-se, de modo inconsciente,
por regras não escritas.
Por exemplo, Cecil Brown, antropólogo norte-americano
que estudou taxonomias populares em 188 línguas, concluiu que
os seres humanos reconhecem repetidamente as mesmas
categorias básicas, que incluem peixes, aves, cobras, mamíferos,
árvores e wugs, termo que significa vermes e insetos. Os wugs
não são um grupo coeso, do ponto de vista evolutivo ou
ecológico. Mesmo assim, as pessoas repetidamente os
reconhecem e os nomeiam.
Da mesma forma, as pessoas consistentemente usam
epítetos com duas palavras para designar organismos específicos
dentro de um grupo maior, apesar de haver infinitos métodos
potencialmente mais lógicos. Isso é tão familiar que mal
percebemos. Em português, entre os carvalhos, distinguimos o
carvalho americano; entre os ursos, os ursos cinzentos. Quando
os maias, familiarizados com os javalis, conheceram os porcos
espanhóis, apelidaram-nos de javalis de aldeia.
A prova mais surpreendente de quão arraigada é a
taxonomia vem de pacientes que, por acidente ou doença,
sofreram traumas cerebrais. Nesse sentido, destaca-se o caso de
um universitário que foi vítima de um inchaço cerebral causado
por herpes. Ao se recuperar, ele era capaz de reconhecer objetos
inanimados, como lanterna, bússola e chaleira, mas não coisas
vivas, como canguru e cogumelo. Médicos de todo o mundo
encontraram pacientes com a mesma dificuldade. Recentemente,
cientistas que estudaram esses pacientes notaram lesões numa
região do lóbulo temporal, o que levou à hipótese de que pode
existir uma parte específica do cérebro dedicada à taxonomia.
Sem a capacidade de ordenar e nomear a vida, uma pessoa
simplesmente não sabe como viver no mundo e como entendê-lo.
Se abandonarmos a taxonomia, perderemos uma conexão com o
mundo vivo. Quando você começa a notar os organismos e
encontrar um nome para bichos e flores específicos, não é
possível deixar de ver a vida e a ordem que nela existe, bem onde
sempre esteve: ao seu redor.
Carol Kaesuk Yoon. A arte de nomear o mundo. In: Naming Nature: The Clash Between Instinct and
Science. W. W. Norton & Company, 2009. Trecho traduzido e publicado na Folha de São Paulo, 2009.
Internet: <www1.folha.uol.com.br/fsp> (com adaptações)
Julgue o item a seguir, relativo aos sentidos e a aspectos
linguísticos do texto CB2A1.
No último período do texto, a substituição do trecho “não é possível” por não pode alteraria as relações sintáticas originalmente estabelecidas no texto, mas não prejudicaria nem a correção gramatical nem a coerência textual.
No último período do texto, a substituição do trecho “não é possível” por não pode alteraria as relações sintáticas originalmente estabelecidas no texto, mas não prejudicaria nem a correção gramatical nem a coerência textual.