AMOR DE LONGO ALCANCE...

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Q526113 Português

                                            AMOR MENINO


      Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo às colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com que vê que não via; e faz-lhe crescer as asas com que voa e foge. A razão natural de toda essa diferença é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar e o ter amado muito, de amar a menos.


                    Pe. ANTÔNIO VIEIRA. Sermões. São Paulo, Ed. das Américas, 1957.v.5.p.159-60

                                       AMOR DE LONGO ALCANCE


           Durante anos, separados pelo destino, amaram-se a distância. Sem que um soubesse o paradeiro do outro, procuravam-se através dos continentes, cruzavam pontes e oceanos, vasculhavam vielas, indagavam. Bússola da longa busca, levavam a lembrança de um rosto sempre mutante, em que o desejo, incessantemente, redesenhava os traços apagados do tempo.

           Já quase nada havia em comum entre aqueles rostos e a realidade, quando, enfim, numa praça se encontraram. Juntos, podiam agora viver a vida com que sempre haviam sonhado.

           Porém cedo descobriram que a força do seu passado amor era insuperável. Depois de tantos anos de afastamento, não podiam viver senão separados, apaixonadamente desejando-se. E, entre risos e lágrimas, despediram-se, indo morar em cidades distantes.


       COLASSANTI, Marina. Contos de amor rasgados. São Paulo,Círculo do Livro, 1986.p.16.)



São acentuadas pela mesma razão: 


Alternativas

Comentários

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a) vê - monossílabo tônico 

Circunferência - paroxítona terminada em ditongo 


b) GABARITO (mas não entendi, acertei por eliminação) 


c) Há - monossílabo tônico 

Lágrimas - proparoxítona 

d) Mármore - proparoxítona 

Já - monossílabo tônico 

e) Bússola - proparoxítona 

Porém - oxítona 

RESP. "B"

fui por eliminação

Não entendi. 

Também fui por eliminação, pois não sei a regra comum entre a acentuação de "é" e "através", se alguém puder comentar a respeito:

a) vê e circunferência. 
--> ERRADA: vê -> acentua-se monossílabas tônicas terminadas em A(s), E(s), O(s) // 
cir-cun-fe-rên-cia -> acentua-se paroxítonas terminadas em ditongo; 

b) é e através. 
--> CORRETA.


c) há e lágrimas. 
--> ERRADA: há -> acentua-se monossílabas tônicas terminadas em A(s), E(s), O(s) // 
lá-gri-mas -> acentua-se todas as proparoxítonas; 

d) mármore e já. 
--> ERRADA: már-mo-re: acentua-se todas as proparoxítonas // 
já -> acentua-se monossílabas tônicas terminadas em A(s), E(s), O(s); 

e) bússola e porém. 
--> ERRADA: bús-so-la -> acentua-se todas as proparoxítonas // 
po-rém: acentua-se oxítonas terminadas em A(s), E(s), O(s), EM, ENS.


*Se houver algum equívoco, comentem por favor.
OXÍTONA TERMINADA EM ` e `

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