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Q71267 Pedagogia
Quando uma criança de quatro anos diz "eu odio comer verdura", ela está conjugando um verbo irregular (odiar) como se fosse um regular. De acordo com Piaget, essa criança
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Alternativa correta: A - cometeu um erro construtivo.

Vamos mergulhar um pouco no universo da psicologia do desenvolvimento infantil proposto por Jean Piaget para entender porque a alternativa A é a correta. Piaget foi um teórico que revolucionou a maneira como entendemos a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo das crianças. Ele propôs diversos estágios de desenvolvimento, sendo que os principais são o sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal.

A questão refere-se a uma criança de quatro anos que está na fase do estágio pré-operatório (dos 2 aos 7 anos), onde as crianças começam a desenvolver a linguagem e o pensamento simbólico, mas ainda pensam de maneira egocêntrica e intuitiva. Quando a criança diz "eu odio comer verdura", ela está utilizando a forma verbal que segue a regra geral de conjugação dos verbos regulares em português (acrescentar -o, -as, -a, -amos, -ais, -am ao radical do verbo), ainda que "odiar" seja um verbo irregular.

Este tipo de generalização é um exemplo perfeito de um erro construtivo, ou seja, o erro cometido pela criança é na verdade um sinal de que ela está aplicando uma regra linguística que ela aprendeu. Isso é construtivo porque mostra que a criança está ativamente aprendendo e tentando entender como a língua funciona, mesmo que ainda não domine completamente todas as exceções e irregularidades.

Por isso, a alternativa A é a correta, pois indica que a criança está em um processo de aprendizagem ativo, utilizando seu conhecimento prévio para tentar formar novos conceitos e regras. Esse tipo de erro é muito comum e é considerado um sinal positivo no desenvolvimento infantil, pois demonstra a tentativa de aplicação do conhecimento em diferentes situações.

As demais alternativas como a fase anal referida na alternativa B pertencem à teoria psicossexual de Freud, que não está relacionada diretamente com o erro linguístico mencionado. A construção da noção de qualidade e a noção simbólica, mencionadas nas alternativas C e E, não se aplicam diretamente ao ato de conjugação verbal de forma equivocada. Já o período operatório formal, mencionado na alternativa D, ocorre a partir dos 12 anos e envolve um tipo de pensamento mais abstrato e hipotético-dedutivo, que não se enquadra no contexto da questão.

Espero que essa explicação tenha ajudado a esclarecer o porquê da alternativa A ser a correta. Lembre-se de que os erros construtivos são momentos ricos para a aprendizagem e refletem o esforço da criança para entender e assimilar as regras do mundo ao seu redor.

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GABARITO A Na teoria psicogenética de Piaget (lembrando que ele não a formulou voltada para a educação, e sim para o campo da epistemologia), a ênfase é a descoberta, a invenção, a interação física e mental com o meio, com os objetos, e não propriamente o certo e o errado. Daí ele conceber o chamado “erro construtivo”, aquele que tem grande significação enquanto sinal de progresso cognitivo e que evidencia uma evolução no processo de aprendizagem. Vale dizer, não são os erros de toda e qualquer natureza que podem ser arrolados como “erros construtivos”, o que muitas vezes é ignorado por docentes que dizem estar seguindo a escola construtivista, cometendo equívocos banais na interpretação de Piaget. 

Notemos a posição de duas conceituadas pesquisadoras: O erro construtivo piagetiano implica em “aceitar soluções ‘erradas’ como pertinentes, desde que indicadoras de progressos na atividade cognitiva; fazer com que os alunos tomem consciência dos erros cometidos, percebendo-os como problemas a serem enfrentados, sem que se lhes imponham caminhos previamente traçados. Ora, se esta parece ser a proposta de ensino-aprendizagem derivada da teoria psicogenética, fica de imediato claro que, na avaliação do aproveitamento escolar, é tarefa docente a de discernir entre os erros construtivos - isto é, aqueles que evidenciam progressos na atividade mental - e aqueles que não o são - isto é, aqueles que não sinalizam avanços na forma da criança pensar”.

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