Para responder à questão, considere a seguinte passagem do t...
Leia o texto para responder a questão.
Recentemente, acabei me detendo num debate sobre o conceito de reputação. Antes a reputação era apenas boa ou ruim e, diante do risco de ter uma má reputação, muitos tentavam resgatá-la com o suicídio ou com crimes de honra. Naturalmente, todos desejavam ter uma boa reputação.
Mas há muito tempo o conceito de reputação deu lugar ao de notoriedade.
O que conta é ser “reconhecido” pelos próprios semelhantes, mas não no sentido do reconhecimento como estima ou prêmio, mas naquele mais banal que faz com que alguém possa dizer ao vê-lo na rua: “Olhe, é ele mesmo!”. O valor predominante é aparecer e naturalmente o meio mais seguro é a TV. E não é necessário ser um renomado economista ou um médico agraciado com o prêmio Nobel, basta confessar num programa lacrimogêneo que foi traído pelo cônjuge.
Assim, gradualmente, foi aceita a ideia de que para aparecer de modo constante e evidente era preciso fazer coisas que antigamente só garantiam uma péssima reputação.
E não é que as pessoas não almejem uma boa reputação,
mas é muito difícil conquistá-la, é preciso protagonizar um ato
heroico, ganhar um Nobel, e estas não são coisas ao alcance
de qualquer um. Mais fácil atrair interesse, melhor ainda se
for mórbido, por ter ido para a cama por dinheiro com uma
pessoa famosa ou por ter sido acusado de peculato. Passaram-se décadas desde que alguém teve a vida destruída por
ter sido fotografado algemado.
O tema da perda da vergonha está presente em várias reflexões sobre os costumes contemporâneos.
Ora, este frenesi de aparecer (e a notoriedade a qualquer custo, embora o preço seja algo que antigamente seria a marca da vergonha) nasce da perda da vergonha ou perde-se o senso de vergonha porque o valor dominante é aparecer seja como for, ainda que o preço seja cobrir-se de vergonha? Sou mais inclinado para a última hipótese. Ser visto, ser objeto de discurso é um valor tão dominante que as pessoas estão prontas a renunciar àquilo que outrora se chamava pudor (ou sentimento zeloso da própria privacidade).
Também é sinal de falta de vergonha falar aos berros ao celular, obrigando todo mundo a tomar conhecimento das próprias questões particulares, que antigamente eram sussurradas ao ouvido. Não é que a pessoa não perceba que os outros estão ouvindo, é que inconscientemente ela quer que a ouçam, mesmo que suas histórias privadas sejam irrelevantes.
Li que não sei qual movimento eclesiástico quer retornar à confissão pública. Claro, que graça pode ter contar as próprias vergonhas apenas para o confessor?
(Umberto Eco. Por que só a Virgem Maria? Pape satàn aleppe: Crônicas de uma sociedade líquida. Editora Record, Rio de Janeiro: 2017. Adaptado)
Para responder à questão, considere a seguinte passagem do texto:
• E não é que as pessoas não almejem uma boa reputação, mas é muito difícil conquistá-la, é preciso protagonizar um ato heroico, ganhar um Nobel, e estas não são coisas ao alcance de qualquer um.
Assinale a alternativa que substitui corretamente as
expressões destacadas nos trechos “… não almejem
uma boa reputação… / … é preciso protagonizar um ato
heroico…”, de acordo com a norma-padrão de emprego
e de colocação de pronomes.
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Comentários
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GABARITO: LETRA D
? ?? não almejem uma boa reputação? / ? é preciso protagonizar um ato heroico??
? Temos o advérbio de negação "não" sendo fator atrativo do pronome; logo o correto é: não a almejam (pronome oblíquo "a" substituindo o termo "uma boa reputação");
? protagonizar alguma coisa (o pronome "lhe" não pode ser usado, pois, temos um verbo transitivo direto que não rege um complemento preposicionado; verbos terminados em -r, -s e -z ? essas letras são eliminados e usa-se os pronomes -lo(s), -la(s)).
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FORÇA, GUERREIROS(AS)!!
Errei de bobeira...gabarito D
“… não almejem uma boa reputação… / … é preciso protagonizar um ato heroico…”, de acordo com a norma-padrão de emprego e de colocação de pronomes.
Palavra negativa, atrai o pronome átono ...não a almejem... / palavras terminadas em r, s ou z são trocadas por lo, la… é preciso protagonizá-lo…
Palavra negativa exige próclise(pronome átono antes do verbo)-> não, nunca, jamais, ninguém, nada, nenhum, etc.
Ex: Nunca se meta em confusões.
Não se põe.
Verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes finais alteram-se para lo, la, los, las.
Ex: Protagonizar -> Protagonizá-lo
Fiz -> Fi-lo
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