Uma cláusula para o encaminhamento de uma velhice digna está...
A velhice na sociedade industrial
Durante a velhice deveríamos estar ainda engajados em causas que nos transcendem, que não envelhecem, e que dão significado a nossos gestos cotidianos. Talvez seja esse um remédio contra os danos do tempo. Mas, pondera Simone de Beauvoir, se o trabalhador aposentado se desespera com a falta de sentido da vida presente, é porque em todo o tempo o sentido de sua vida lhe foi roubado. Esgotada a sua força de trabalho, sente-se um pária, e é comum que o escutemos agradecendo sua aposentadoria como uma esmola.
A degradação senil começa prematuramente com a degradação da pessoa que trabalha. Esta sociedade pragmática não desvaloriza somente o operário, mas todo trabalhador: o médico, o professor, o esportista, o ator, o jornalista.
Como reparar a destruição sistemática que os homens sofrem desde o nascimento, na sociedade da competição e do lucro a qualquer preço? Cuidados geriátricos não devolvem a saúde física nem mental. A abolição dos asilos e a construção de casas decentes para a velhice, não segregadas do mundo ativo, seria um passo à frente. Mas haveria que sedimentar uma cultura para os velhos com interesses, trabalhos, responsabilidades que tornem digna sua sobrevivência. Como deveria ser uma sociedade para que, na velhice, o homem permaneça um homem? A resposta é radical para Simone de Beauvoir: “seria preciso que ele sempre tivesse sido tratado como homem”.
Para que nenhuma forma de humanidade seja excluída da Humanidade é que as minorias têm lutado, que os grupos discriminados têm reagido. A mulher, o negro, combatem pelos seus direitos, mas o velho não tem armas. Nós é que temos de lutar por ele.
(Adaptado de: BOSI, Ecléa. Lembranças de velhos. S. Paulo: T. A. Queiroz, 1983, p. 38-39)
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A questão apresentada é uma interpretação de texto, focando em identificar a cláusula que indica o encaminhamento de uma velhice digna.
No texto, a autora discute a importância de se engajar em causas significativas durante a velhice e critica a forma como a sociedade trata os idosos. A resposta correta deve apontar para uma ação ou proposta que melhore a qualidade de vida na velhice.
Alternativa correta: D - "sedimentar uma cultura para os velhos"
A expressão "sedimentar uma cultura para os velhos" sugere a criação de uma cultura que proporciona interesses, trabalhos e responsabilidades para os idosos, tornando digna sua sobrevivência. Isso está alinhado com o objetivo de uma velhice digna, conforme discutido no texto.
Análise das alternativas incorretas:
A: "é comum que o escutemos agradecendo sua aposentadoria" - Esta alternativa destaca a resignação dos aposentados, mas não propõe uma solução para a dignidade na velhice.
B: "Esta sociedade pragmática não desvaloriza somente o operário" - Aqui, o foco é a crítica à desvalorização dos trabalhadores, sem abordar a questão da velhice digna.
C: "destruição sistemática que os homens sofrem desde o nascimento" - Esta frase ressalta a crítica à sociedade, mas não apresenta uma solução para uma velhice digna.
E: "os grupos discriminados têm reagido" - Embora fale sobre a reação de grupos discriminados, não está relacionado diretamente a uma proposta para a velhice digna.
Ao analisar questões de interpretação de texto, é crucial identificar propostas e soluções apresentadas no texto que se alinham com o tema central da pergunta. Procure palavras-chave e frases que indiquem ações ou mudanças sugeridas pelo autor.
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Como reparar a destruição sistemática que os homens sofrem desde o nascimento, na sociedade da competição e do lucro a qualquer preço? Cuidados geriátricos não devolvem a saúde física nem mental. A abolição dos asilos e a construção de casas decentes para a velhice, não segregadas do mundo ativo, seria um passo à frente. Mas haveria que sedimentar uma cultura para os velhos com interesses, trabalhos, responsabilidades que tornem digna sua sobrevivência. Como deveria ser uma sociedade para que, na velhice, o homem permaneça um homem? A resposta é radical para Simone de Beauvoir: “seria preciso que ele sempre tivesse sido tratado como homem”.
Gabarito D
Letra (d)
Sedimentar é sinônimo de: consolidar, solidificar, cimentar, fortalecer, firmar -> uma cultura para os velhos.
Que texto f*da! Vou até procurar o livro completo.
Acabei de fazer um simulado resolvendo as questões do TRT11 que estava f......, quando terminei, estava tão traumatizado que demorei um tempo para acreditar que o item correto seria o d), no seguinte trecho: "Mas haveria que sedimentar uma cultura para os velhos com interesses, trabalhos, responsabilidades que tornem digna sua sobrevivência".
Bons estudos
Durante a velhice deveríamos estar ainda engajados em causas que nos transcendem, que não envelhecem, e que dão significado a nossos gestos cotidianos. Talvez seja esse um remédio contra os danos do tempo. Mas, pondera Simone de Beauvoir, se o trabalhador aposentado se desespera com a falta de sentido da vida presente, é porque em todo o tempo o sentido de sua vida lhe foi roubado. Esgotada a sua força de trabalho, sente-se um pária, e é comum que o escutemos agradecendo sua aposentadoria como uma esmola.
A degradação senil começa prematuramente com a degradação da pessoa que trabalha. Esta sociedade pragmática não desvaloriza somente o operário, mas todo trabalhador: o médico, o professor, o esportista, o ator, o jornalista.
Como reparar a destruição sistemática que os homens sofrem desde o nascimento, na sociedade da competição e do lucro a qualquer preço? Cuidados geriátricos não devolvem a saúde física nem mental. A abolição dos asilos e a construção de casas decentes para a velhice, não segregadas do mundo ativo, seria um passo à frente. Mas haveria que sedimentar uma cultura para os velhos com interesses, trabalhos, responsabilidades que tornem digna sua sobrevivência. Como deveria ser uma sociedade para que, na velhice, o homem permaneça um homem? A resposta é radical para Simone de Beauvoir: “seria preciso que ele sempre tivesse sido tratado como homem”.
Para que nenhuma forma de humanidade seja excluída da Humanidade é que as minorias têm lutado, que os grupos discriminados têm reagido. A mulher, o negro, combatem pelos seus direitos, mas o velho não tem armas. Nós é que temos de lutar por ele.
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