As explicações dadas à questão do fracasso escolar da escola pública brasileira, segundo estudos de Patto (1999), foram
baseadas, em um primeiro momento, nas teorias racistas, por volta do ano de 1870, quando os colonizadores tinham
os colonizados como seres inferiores intelectualmente e, como tais, incapazes de aprender. O auge destas ideias
racistas foi o período de 1850 a 1930, em que os intelectuais brasileiros começaram a atentar para as questões da
escola e da aprendizagem escolar sob a influência da filosofia e da ciência francesas. Considerando as informações
anteriores, bem como a autora, nos anos 70 do século anterior, houve um predomínio de novas explicações sobre as
causas do fracasso escolar; analise-as.
I. É tido como produto de professores mal qualificados; é um problema técnico: culpabilização do professor.
II. É considerado como culpa do aluno e de sua família, de problemas emocionais, orgânicos e neurológicos.
III. Apontam as causas das dificuldades de aprendizagem não no indivíduo mas, sim, nos métodos, que deveriam ser
determinados pela observação do indivíduo.
IV. Ocorre em função das características biológicas, psicológicas e sociais dos alunos, em detrimento à explicação que
considerava os aspectos estruturais e funcionais do sistema de ensino como determinante desse fracasso.
V. Passou a ser explicado pela teoria da carência cultural, por meio do qual se afirmava que as deficiências do ambiente
cultural das chamadas classes baixas produziam a deficiência no desenvolvimento psicológico infantil.
Está correto o que se afirma apenas em

Question

As explicações dadas à questão do fracasso escolar da escola pública brasileira, segundo estudos de Patto (1999), foram
baseadas, em um primeiro momento, nas teorias racistas, por volta do ano de 1870, quando os colonizadores tinham
os colonizados como seres inferiores intelectualmente e, como tais, incapazes de aprender. O auge destas ideias
racistas foi o período de 1850 a 1930, em que os intelectuais brasileiros começaram a atentar para as questões da
escola e da aprendizagem escolar sob a influência da filosofia e da ciência francesas. Considerando as informações
anteriores, bem como a autora, nos anos 70 do século anterior, houve um predomínio de novas explicações sobre as
causas do fracasso escolar; analise-as.
I. É tido como produto de professores mal qualificados; é um problema técnico: culpabilização do professor.
II. É considerado como culpa do aluno e de sua família, de problemas emocionais, orgânicos e neurológicos.
III. Apontam as causas das dificuldades de aprendizagem não no indivíduo mas, sim, nos métodos, que deveriam ser
determinados pela observação do indivíduo.
IV. Ocorre em função das características biológicas, psicológicas e sociais dos alunos, em detrimento à explicação que
considerava os aspectos estruturais e funcionais do sistema de ensino como determinante desse fracasso.
V. Passou a ser explicado pela teoria da carência cultural, por meio do qual se afirmava que as deficiências do ambiente
cultural das chamadas classes baixas produziam a deficiência no desenvolvimento psicológico infantil.
Está correto o que se afirma apenas em Alternativa A: II e III. Ou Alternativa B: IV e V. Ou Alternativa C: I, II e III. Ou Alternativa D: III, IV e V.  Ou Alternativa E: I, II, III e IV.

Qconcursos · Accepted Answer

Alternativa [B] IV e V. A alternativa correta é a B - IV e V.

Para resolver essa questão com propriedade, é importante ter um entendimento sobre as perspectivas históricas das explicações para o fracasso escolar no Brasil. Inicialmente, é fundamental conhecer os contextos sociais e educacionais que moldaram os diagnósticos do fracasso escolar ao longo do tempo, desde teorias iniciais com base em preconceitos raciais e de classe até abordagens mais contemporâneas que consideram uma variedade de fatores.

A década de 1970, mencionada na questão, foi um período muito significativo na história da educação brasileira, onde houve uma mudança de enfoque das explicações para o fracasso escolar. Estas deixaram de ser vistas apenas como um problema individual ou de deficiências inatas dos alunos, e passaram a ser compreendidas também como consequência das deficiências do sistema educacional e das desigualdades sociais.

Neste contexto, as afirmações IV e V são corretas e refletem as ideias predominantes na época:

O item IV mostra que o fracasso escolar começou a ser entendido como resultado de fatores biológicos, psicológicos e sociais dos alunos, e menos como um reflexo direto de problemas estruturais no sistema de ensino ou nas práticas pedagógicas.
  O item V aponta para a teoria da carência cultural, que sugere que as diferenças culturais entre as classes sociais poderiam impactar o desempenho escolar, atribuindo às chamadas classes baixas uma defasagem cultural que resultaria em dificuldades de aprendizagem.

Essas explicações refletem a tendência da época de considerar as causas do fracasso escolar a partir de uma perspectiva que inclui tanto características individuais dos estudantes quanto fatores sociais e culturais. Entretanto, não podemos esquecer que as explicações para o fracasso escolar são múltiplas e complexas, e a realidade educacional é influenciada por uma série de fatores interligados, incluindo, mas não limitado a, questões de currículo, metodologias de ensino, políticas públicas, condições socioeconômicas e o contexto cultural mais amplo.

Compreender essas nuances históricas é essencial para os educadores e formuladores de políticas educacionais, pois reflete sobre como abordar os desafios de equidade e qualidade na educação de maneira crítica e informada.

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