Assinale a opção em que um nome próprio vale por um nome co...
TEXTO 1
MANIFESTO DA ÁRVORE
Jurandir Ferreira
No fim de setembro as árvores ganham mais a atenção da gente e se tornam o assunto do mês, pois entra a primavera em cena e dificilmente se pensaria em uma primavera bem montada e bem aparelhada a não ser com dose certa de árvores. Pode-se pedir à mais capacitada imaginação um quadro de primavera no Himalaia ou no Saara, mas não se terá nada que preste. Esses lugares não dão primavera. Não são lugares dionisíacos onde se encontre o sorriso dos deuses aberto em folhagem, são lugares que não conhecem o milagre subterrâneo chamado raiz, nem o milagre aéreo chamado clorofila. Se todos amam, desejam e dão graças à primavera, que é a mais bela página da história natural, devem ter na maior conta e respeito as árvores, que são as heroínas e dão continuidade, substância e sentido a essa história.
Falar em tais coisas seria de uma arquibocejante e esplendorosa chatice não fora o fato de estarmos trabalhando, no tronco de cada árvore cortada, para espicharmos sobre o mundo os Saaras e os Himalaias. E trabalhamos nisso desimpedidos, irresponsáveis, alegrões e até mesmo pensando fazer um serviço benemérito: Devia existir nos estatutos jurídicos um capítulo que tratasse especificamente dos crimes contra o mundo vegetal, das violências e agressões árvore corno agressões e violências indiretas à pessoa humana. Como não existe esse código civil ou esse código penal da árvore e ela por si mesma não trata de defender-se, imaginei sugerir a fundação de uma Sociedade Protetora da Arvore. Não se vai a ponto de considerar às árvores como os bois e os macacos sagrados da Índia, seres tabus e intocáveis. Está claro também que não se chega à ingenuidade de colocar na árvore a solução de todas as crises ambientais no mundo de hoje. Entretanto a resposta é óbvia quando o Terceiro informe ao Clube de Roma para uma Nova Ordem Internacional pergunta "de que modo o desflorestamento maciço causado pela necessidade de lenha, pelo excesso de pastagens, pela organização e pela exploração comercial da madeira irá afetar o nosso ambiente terrestre e finalmente a atmosfera e o clima de nosso planeta?". É necessário definir quando e como se estabelece o direito de violar a integridade delas.
Proteger a árvore é proteger o homem. Este é um enunciado que deveria ser lido na camiseta dos jovens, no vidro dos automóveis e na bandeira nacional de todos os países. Ao inventar um sítio onde nossos dois avós viveriam uma vida perfeita, veio Deus com o Éden, que era cheio de árvores. Lembrete arcaico, mas em relação ao comportamento humano a palavra bíblica ainda alerta e ainda acerta. E, sem apelar para nenhuma outra sabedoria senão aquela ensinada pelo que acontece diante dos nossos olhos a cada hora, apressemo-nos em lutar pela árvore. A árvore é a mais perfeita obra de arte da natureza e o mais prodigioso aparelho vivo, depois do homem. Sem árvore não haverá água e sem H2O não existe vida.
Uma cronista escreveu há alguns dias que um seu amigo falava num projeto de clube da árvore e o que o amigo falava era exatamente isso que ar está como o "Manifesto da Arvore", pronto a reunir-se a outros esforços no mesmo sentido. O problema da árvore não é um problema de aldeia, desta ou daquela aldeia, mas um problema do mundo, um problema implicado na sobrevivência e salvação da espécie. Fora ele de aldeia e não diria eu uma palavra, porque os problemas de aldeia já têm um grupo de sábios aldeões que deles cuidam com exclusividade e incomparável competência.
Fonte: FERREIRA, Jurandir. Da quieta substância dos dias. Rio
de Janeiro: Instituto Moreira Salles, 1991. (Texto adaptado)
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Vamos analisar a questão sobre o uso de nomes próprios como nomes comuns. A alternativa correta é a C. Vamos entender o porquê.
Tema central da questão: Esta questão aborda o uso de nomes próprios de forma a representar conceitos gerais ou comuns. Para resolvê-la, é necessário entender como um nome próprio pode ser usado para descrever uma categoria de coisas ou situações.
Justificando a alternativa correta (C):
Na frase "estarmos trabalhando, no tronco de cada árvore cortada, para espicharmos sobre o mundo os Saaras e os Himalaias.", os nomes próprios "Saaras" e "Himalaias" são usados no sentido de desertos e grandes cadeias montanhosas, respectivamente. Aqui, "Saaras" representa uma extensão de desertificação e "Himalaias" a ideia de cadeias montanhosas inóspitas. Assim, essas palavras estão sendo utilizadas como sinônimos para conceitos comuns, não apenas como nomes próprios geográficos, mas como representações abstratas.
Análise das alternativas incorretas:
Alternativa A: "... como os bois e os macacos sagrados da Índia, seres tabus e intocáveis." - Aqui, "Índia" é um nome próprio usado literalmente para se referir ao país, não como um conceito comum.
Alternativa B: "Entretanto a resposta é óbvia quando o Terceiro Informe ao Clube de Roma para uma Nova Ordem Internacional [...]" - "Clube de Roma" é mencionado como uma entidade específica, não como um conceito geral.
Alternativa D: "... veio Deus [...]" - "Deus" é usado no sentido literal, não se transformando em um nome comum.
Alternativa E: "... como Éden, que era cheio de árvores." - "Éden" refere-se diretamente ao jardim bíblico sem se transformar em um conceito comum.
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Comentários
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não entendi foi nada!
Gab. C
Nessa opção, a expressão "Deus" é um exemplo de nome próprio que vale por um nome comum, pois é utilizado de forma genérica para se referir a qualquer divindade ou ser supremo. Nesse contexto, "Deus" está sendo utilizado como um substantivo comum, representando a entidade suprema criadora, sem se referir a uma divindade específica de uma religião em particular.
Gabarito letra C
Os Saaras e os Himalaias são substantivos próprios que estão com significado de substantivos comuns, respectivamente como desertos e montanhas no contexto. Inclusive a marcação do plural deixa bem claro isso. Seria a mesma coisa se usasse, por exemplo, o termo "Os Maracanãs" como substantivo comum ao se referir aos grandes estádios do Brasil.
LETRA C.
"Os Saaras e os Himalaias" estão no plural, ficando com sentido generalizado. "Os Saaras" equivale a "os desertos", etc...
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