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Realidade Paralela
Um passo a frente. Esta languidez chegará ao fim. Os olhos dela calam-me a intensidade. A celebração. Para sempre vou te amar.
Por isso, me aproximo. Abro a boca. Vou declarar-lhe meu amor. Mas então, subitamente, ele surge. Um homem de quase dois metros de altura. Coloca o braço sobre os ombros dela. E os dois me encaram como que perguntando: “o que deseja?”
Volte. Volte. Volte.
Vinte segundos antes. Aproximo-me lentamente, mas nada digo. Deixo que o efeito do silêncio coloque meus pensamentos no eixo. Assim, não me precipito. Afinal, estou cansado de me precipitar. Trinta e poucos anos tomando atitudes imbecis, me arrependendo, e voltando 20 segundos antes. Às vezes, menos que isso.
Vinte segundos é o máximo que consigo. Descobri este dom na adolescência. Posso navegar por entre as milhares de portas abertas de minha realidade paralela. Pena que não consigo voltar mais do que 20 segundos. Isto me limita. Isto me trava. Isto me corrói.
Sempre fui inconsequente. Afinal, se eu tomar uma decisão errada, posso voltar atrás. Mas sempre precisei analisar as consequências nos 20 segundos após agir. Do contrário, perderia a oportunidade de explorar as outras portas de minha realidade paralela. E então elas se fechariam, e precisaria conviver com as inevitáveis consequências de atos irrefletidos.
E, agora, justo agora, que ia lhe declarar meu amor, surge este ser ao seu lado. Qual o problema dela? Tem vocação para sofrer? Um desejo incontido de mergulhar fundo em um lamaçal de más escolhas? Não consigo deixar de concluir: se ela não pode voltar e escolher outra realidade paralela, deveria tomar mais cuidado.
Estou diante dos dois, mas não os encaro. Percebo pelo canto dos olhos que ele a abraça. Cada centímetro cúbico do meu sangue chegando facilmente aos 100°. Pode acreditar. Olho para eles. Na verdade, para ele. Diretamente para ele. Avanço sobre ele, um salto com as duas mãos na direção do seu pescoço.
Ele desequilibra e cai. Ela grita. Olha para mim. Fica sem entender minha reação. Pessoas costumam ficar estáticas diante de eventos inesperados. Animal acuado. Pronto para o abate.
– O que você fez? – ela pergunta, enquanto o gigante se levanta pronto para o segundo round.
Dou um sorriso malévolo.
– Não se preocupe. Já dou um jeito nisso.
Volte. Volte. Volte.
Vinte segundos antes. Estou parado diante deles. Dessa vez olho para ela. Encaro-a. Eles me percebem.
– Olá, Adélia. Sinto dizer, mas você vai sofrer. Uma pena. Eu quis te proteger, te guardar de todo o mal. Mas você tinha que seguir seu estúpido coração. Agora vai carregar este fardo.
Eles ficam inertes por alguns segundos.
– Você conhece esse aí? – pergunta o cidadão.
Ela não tem tempo de responder. Vou para cima dela agarrando-a pela roupa. Ele fica parado, estático ante o evento inesperado. Aproveito seu instante de hesitação e sacudo Adélia, gritando:
– Qual é o seu problema? Eu te amaria como ninguém. Eu cuidaria de você.
Sinto o braço do gigante envolvendo meu pescoço. O animal acuado reage, e me derruba violentamente ao chão. Dor. Falta de ar. Ele não solta. Insano e forte – uma perigosa combinação. Tento me soltar. Não consigo. Pessoas em volta. Ouço vozes, mas não entendo o que dizem. Acho que vou apagar. Mas antes…
Volte. Volte. Volte.
– Olá, Adélia…
Por pouco. Se demorasse um ou dois segundos a mais, não conseguiria evitar a frase “Sinto dizer, mas você vai sofrer”.
– Olá, Edgar… Está tudo bem? – Ela estranha meu silêncio, meu olhar desolado, provavelmente.
– Aham.
– Esse aqui é William, meu namorado. William, esse é o Edgar.
William Patético da Silva me olha. Ele sorri e estende-me a mão. Cumprimento-o e devolvo o sorriso.
Ergo a bandeira branca no exato instante em que pergunto:
– Posso pagar uma bebida para vocês?
Não há como negar. Mesmo com inúmeras escolhas, algumas batalhas simplesmente não podem ser vencidas.
Juliano Martinez Disponível em https://corrosiva.com.br/cronicas/realidade-paralela/
Sobre o texto prescritivo, é correto afirmar que
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O chamado texto prescritivo, que nos remete à noção de prescrever, trata-se de algo que deve ser cumprido à risca, cujas instruções são inquestionáveis, ou seja, devemos segui-las ao “pé da letra”, digamos assim.
Diferença prescritivo/injuntivo
No que se refere aos textos injuntivos, cabe ressaltar que eles já não trazem em sua essência uma natureza assim tão coercitiva, diferentemente do que ocorre nos chamados textos prescritivos, haja vista que apenas induzem o interlocutor a proceder desta ou daquela forma. Nesse sentido, torna-se possível substituir um determinado procedimento em função de outro, como se faz materializado, por exemplo, com os ingredientes de uma receita culinária, os quais podem ser substituídos por outros, dependendo da escolha de quem os utilizar. "
Fonte: "Textos Injuntivos e Prescritivos" em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/textos-injuntivos-prescritivos.htm
Dentre as alternativas apresentadas, a resposta correta é a letra D:
D. Instrui o leitor acerca de um procedimento.
O texto prescritivo é aquele que tem como objetivo instruir, orientar ou direcionar o leitor sobre como realizar um procedimento específico, seguir determinadas instruções ou adotar certos comportamentos. Ele fornece informações detalhadas e passo a passo para que o leitor possa agir de acordo com as orientações apresentadas. Portanto, a alternativa D é a afirmativa que melhor descreve o texto prescritivo.
Os textos injuntivos e prescritivos são textos que têm como finalidade a instrução e orientação do leitor:
Ambos fornecem informações e instigam a ação do leitor.
Os textos injuntivos* informam, ajudam, aconselham, recomendam e propõem, *dando alguma liberdade de atuação ao interlocutor.
(receita culinária, bula de remédio, manual de instrução, livro de autoajuda, guia rodoviário,…)
Os textos prescritivos obrigam, exigem, ordenam e impõem, exigindo que as determinações sejam cumpridas da forma que estão referidas,
sem margem para alterações.
(cláusulas contratuais, leis, códigos, constituição, edital de concursos públicos, regras de trânsito,…)
mas o texto em questão não é prescritivo...
to entendendo é nada
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