INSTRUÇÃO: Leia o caso clínico a seguir para responder a es...
Pedro, 37 anos, solteiro, completou o ensino médio e chegou a frequentar a Faculdade de Administração por um ano, mas abandonou o curso quando sua namorada ficou grávida. Pedro, então, foi trabalhar na pequena mercearia do pai, que também funciona como bar. Depende financeiramente da família para tudo, reside com os pais e o irmão mais novo de 25 anos. Hoje, os pais de Pedro conseguiram trazê-lo à unidade de saúde porque começou a passar mal ontem. Está insone, ansioso, inquieto, queixando-se de dor em queimação na região abdominal. Ao exame, observou-se que ele estava com consciência clara e informava seus dados adequadamente. Presença de um tremor fino nas mãos, sudorese evidente, pulso acelerado, afebril, PA: 150 x 90 mmHg. Após a avaliação física, os pais solicitaram conversar com os profissionais de saúde a sós. Relataram que nos últimos 10 anos Pedro fazia uso abusivo de álcool quase que diariamente e uso eventual de maconha. Passa o dia conversando com amigos, à noite costuma beber e fica pelos bares, alcoolizado. Em várias vezes, ligou para o pai solicitando que pagasse suas contas de bar e era prontamente atendido. Já teve problemas com a polícia devido a badernas, mas o pai sempre convencia as pessoas a retirarem as queixas. Os atritos em casa são frequentes. A mãe, extremamente protetora, atua sempre como mediadora dos conflitos gerados pelo filho com o pai e o irmão. Alega ter receio de que aconteça “algo pior em casa”. Os pais já tentaram levar o filho para serviços de saúde, mas Pedro nunca se mostrou legitimamente interessado, já que não retornava após a primeira consulta. Assim, a mãe passou a frequentar grupos de autoajuda para familiares de dependentes químicos. Há três meses, devido à intensa desorganização de comportamento, Pedro aceitou a ir a um hospital psiquiátrico da região para um período de desintoxicação, onde passou 10 dias. Sua mãe resolveu retirá-lo 30 dias antes do tempo estabelecido pela equipe de saúde, após ter recebido vários telefonemas do filho, que alegava não estar mais suportando o sistema de confinamento. Durante toda a entrevista, os pais demonstraram profundo afeto pelo filho; choram e manifestam sentimento de culpa em relação a Pedro. Alegaram que sempre fizeram de tudo por ele, nunca lhe negaram nada e não sabem mais o que fazer. Com base no caso clínico descrito, analise as afirmativas a seguir:
I- O caso de Pedro pode ser classificado como uma abstinência alcoólica grave. Desse modo, o local do tratamento indicado é o hospital geral, por tratar-se de uma emergência clínica.
II- Pedro encontra-se obnubilado devido a falta do álcool. Segundo a Classificação Internacional para prática de Enfermagem (CIPE), os diagnósticos Insônia atual, Ansiedade atual e Abstinência atual estão presentes.
III- O caso ilustra a codependência da família. Em situações como essa, os membros da família perdem a autonomia em relação às suas vidas e passam a viver exclusivamente voltados para os problemas gerados pelo dependente químico.
IV- Em relação a Pedro, ele está apresentando sinais e sintomas de abstinência alcóolica. O tratamento poderá ser instituído ambulatoriamente com o uso de benzodiazepínicos, reposição de tiamina, repouso e hidratação oral.
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A alternativa E) III e IV, apenas, é a correta.
Comentário sobre o caso e as alternativas:
O caso clínico apresentado aborda questões relacionadas ao uso abusivo de álcool, sintomas de abstinência e a dinâmica familiar, especialmente a codependência. Vamos analisar cada afirmação para entender por que a alternativa correta é a "E".
Alternativa I: A afirmação de que o caso de Pedro se trata de uma abstinência alcoólica grave e que o tratamento deve ser realizado em um hospital geral refere-se a uma situação crítica de emergência clínica. No entanto, o caso de Pedro, apesar de apresentar sintomas de abstinência como tremores, sudorese, e ansiedade, não indica sintomas que necessariamente caracterizam um quadro grave que requer hospitalização imediata. Assim, esta afirmação é considerada incorreta.
Alternativa II: A afirmação de que Pedro está obnubilado não condiz com o relato de que ele está com a consciência clara e responde adequadamente aos dados pessoais. Portanto, não se observa obnubilação (confusão mental), tornando esta alternativa incorreta. Contudo, os diagnósticos de insônia, ansiedade e abstinência são coerentes com a situação clínica apresentada.
Alternativa III: Esta afirmação corretamente aponta a codependência familiar, onde os membros, especialmente a mãe de Pedro, demonstram comportamento de proteção excessiva e culpa, vivendo em função dos problemas do dependente químico. Este é um conceito importante em saúde mental, que destaca como a dinâmica familiar pode ser afetada pela dependência química.
Alternativa IV: Pedro apresenta sinais e sintomas de abstinência alcoólica, e o tratamento ambulatorial com benzodiazepínicos, reposição de tiamina, repouso e hidratação oral é uma abordagem correta e frequentemente utilizada para esses casos, quando não são considerados emergências clínicas graves.
Portanto, as afirmativas III e IV são as que melhor refletem a situação apresentada no caso clínico, justificando a escolha da alternativa E.
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