A possibilidade de elaboração do luto, segundo Donald Winni...

A alternativa correta é A - contar com um senso de envolvimento razoavelmente fortalecido.

A questão aborda a elaboração do luto segundo Donald Winnicott, um dos teóricos mais influentes da psicologia do desenvolvimento e da psicanálise. Para resolver essa questão, é importante compreender os conceitos de Winnicott sobre o desenvolvimento emocional infantil e a importância do ambiente na capacidade de lidar com perdas.

Justificativa da alternativa correta:

Winnicott acreditava que a capacidade de elaborar o luto está relacionada ao desenvolvimento emocional e à maturidade do indivíduo. Na infância, um componente crucial para essa elaboração é a presença de um senso de envolvimento razoavelmente fortalecido, que é fornecido por um ambiente estável e acolhedor. Isso permite que a criança desenvolva um espaço interno seguro e a habilidade de lidar com perdas e frustrações. Portanto, a alternativa A está correta.

Análise das alternativas incorretas:

B - permanecer sem consciência da perda concreta ocorrida:

Esta alternativa é incorreta porque, embora as crianças menores possam não entender completamente a perda, a elaboração do luto envolve uma certa consciência da perda. Ignorar a perda não favorece o desenvolvimento emocional saudável segundo Winnicott.

C - lançar mão de mecanismos primitivos, como a destruição interna do objeto perdido:

Essa alternativa é incorreta porque utilizar mecanismos primitivos de defesa, como a destruição interna do objeto perdido, reflete uma imaturidade emocional e não contribui positivamente para a elaboração do luto. Winnicott enfatiza a importância de mecanismos mais maduros e integrativos.

D - afastar da consciência sentimentos ambivalentes em relação ao objeto perdido:

Esta alternativa também está incorreta. Winnicott reconhece a importância de aceitar e integrar sentimentos ambivalentes. A negação ou afastamento desses sentimentos pode dificultar o processo de luto e o desenvolvimento emocional.

E - projetar o objeto perdido em outras relações, ao invés de introjetá-lo:

Segundo Winnicott, a projeção do objeto perdido para outras relações não é uma estratégia eficaz para a elaboração do luto. A introjeção, ou a internalização das qualidades do objeto perdido, é um processo importante para a resolução do luto e para a continuidade do desenvolvimento emocional saudável.

Conclusão:

Para Winnicott, a capacidade de elaborar o luto na infância está intimamente ligada ao desenvolvimento de um senso de envolvimento fortalecido, que é facilitado por um ambiente seguro e acolhedor. Compreender essa perspectiva é essencial para responder corretamente à questão.

Vamos buscar assimilar alguns conceitos do Winnicott. Aqui a questão solicita a possibilidade de elaboração do luto sob a perspectiva do autor. Busquei algumas referências que pudessem orientar na compreensão da questão e achei o artigo de uma terapeuta.

O autor tem uma teoria bem robusta e trarei em sua literalidade para ampliação do conceito, mas a parte final é que traz a resposta que buscamos.

''A tendência antissocial pode ser estudada conforme aparece em crianças normais ou quase normais, relacionando-se a dificuldades inerentes ao desenvolvimento emocional…. Uma criança torna-se de-privada quando é destituída de algum aspecto essencial de sua vida em família.

Algum aspecto do que poderíamos chamar de ‘complexo de de-privação’ começa a se manifestar. O comportamento antissocial aparece em casa ou num contexto mais amplo…. antissocial caracteriza-se por um elemento que compele o ambiente a tornar-se importante.

O paciente, devido a impulsos inconscientes, obriga alguém a encarregar-se de cuidar dele. A tarefa do terapeuta é a de envolver-se com esse impulso inconsciente do paciente, e o trabalho é realizado em termos de manejo, tolerância e compreensão…. A tendência antissocial implica em esperança. (Winnicott, 1956/2000b, pp. 406-409).''

REFERÊNCIA:

BATISTELLI, Fátima Maria Vieira. Caminhos na elaboração de um luto. J. psicanal., São Paulo , v. 43, n. 79, p. 155-162, dez. 2010

GABARITO: letra A

A.

Winnicott destacou a importância da relação mãe-bebê e a noção de "ambiente suficientemente bom". Ele argumentava que a capacidade da mãe (ou cuidador) de prover um ambiente emocionalmente consistente e satisfatório é crucial para o desenvolvimento saudável da criança. Quando há uma interrupção nesse ambiente ou na capacidade da criança de contar com um senso de envolvimento, isso pode afetar a capacidade de elaborar o luto e lidar com a perda de maneira saudável.