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Q879258 Serviço Social

Texto 1

“As mudanças na ordem social capitalista produziram novas demandas profissionais [para o Serviço Social], ampliaram os espaços sócio-ocupacionais, modificaram as condições de trabalho, exigiram a incorporação de sólidos fundamentos para adensar a formação profissional e desafiaram as práticas organizativas dos sujeitos sociais.” (MOTA e AMARAL, 2016, p.30). 

De acordo com Cardoso (2016), nos anos 1990 tem início um processo de “redefinição” do vínculo do Serviço Social às lutas das classes subalternas, que se expressa:
Alternativas

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A alternativa correta é a A - "no redirecionamento do horizonte da emancipação humana para o horizonte de subalternidade".

Para entendermos por que essa alternativa é correta, precisamos contextualizar o Serviço Social na década de 1990, época de profundas transformações no cenário social, político e econômico, marcada pelo avanço do neoliberalismo. Este contexto exigiu do Serviço Social uma redefinição de sua prática e do seu compromisso com as classes subalternas.

Neste período, houve uma reorientação do projeto ético-político do Serviço Social que, até então, estava alinhado com a perspectiva da emancipação humana. Entretanto, diante das novas configurações sociais e da hegemonia do capital, essa perspectiva foi, de certa maneira, redirecionada para o atendimento das necessidades imediatas das classes subalternas, o que significava trabalhar dentro de um horizonte de subalternidade, onde o foco se deslocava para a garantia de direitos e acesso a políticas sociais, em detrimento da luta por uma transformação social mais ampla.

As demais alternativas não refletem corretamente esse processo:

  • B - A consolidação da vertente de intenção de ruptura, referida no projeto ético-político, representa um compromisso com a transformação social e não apenas com a adaptação à subalternidade.
  • C - Apesar da importância do compromisso profissional com políticas sociais, esse aspecto não traduz a mudança de perspectiva que a alternativa correta destaca.
  • D - A utilização de instrumentos e técnicas para viabilizar interesses institucionais não se relaciona diretamente com a redefinição do vínculo do Serviço Social às lutas das classes subalternas nos anos 1990.
  • E - O estudo da realidade dos usuários para adaptar políticas governamentais pode ser uma consequência da prática profissional, mas não captura a essência da "redefinição" mencionada no enunciado.

Assim, a alternativa A é a que melhor expressa o processo de redefinição do Serviço Social no contexto dos anos 1990, ilustrando a complexa relação entre a prática profissional e as transformações na ordem social capitalista daquele momento.

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Comentários

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A tendência atual, a partir de 1990, sobretudo em iinstituições que operam as políticas sociais, é o redirecionamento da perspectiva de mobilização social e organização, no horizonte da emancipação humana, para o horizonte da subalternidade, buscando a legitimação, pelas classes subalternas do atual padrão da política social, sob a égide do neoliberalismo (Cardoso e Lopes, 2009, p. 469).


 Se estamos num combate, queremos êxito, queremos envolvimento, queremos compromisso.

Fico impressionada a capacidade que essas bancas têm de conseguir filtrar trechos que, fora do contexto da discussão em que está envolvido, parecem muito equivocados. Por isso que seria maravilhoso se as bancas colocassem as referências bibliográficas no edital, que nesse caso é o artigo "O trabalho do assistente social nas organizações da classe trabalhadora".

Embora saibamos que a consolidação do projeto ético-político se deu nos anos 90 (materializado na lei de regulamentação e na reedição do código de ética de 86) com a afirmação da defesa da classe trabalhadora, é fundamental ter sempre em mente que esse período é atravessado pela ofensiva neoliberal no país e que isso tbem rebate na profissão. Nesse sentido, o trecho utilizado na questão refere-se à discussão sobre as disputas no interior das instituições e nas organizações da classe trabalhadora. É sobre o caráter contraditório do trabalho do profissional sob o neoliberalismo: "A tendência atual, a partir de 1990, sobretudo em instituições que operam as políticas sociais, 'é o redirecionamento da perspectiva de mobilização social e organização, no horizonte da emancipação humana, para o horizonte da subalternidade, buscando a legitimação, pelas classes subalternas do atual padrão da política social, sob a égide do neoliberalismo' (CARDOSO; LOPES, 2009, p.469)".

GAB: A

A partir dos anos 1990, vivencia-se um processo de redefinição do Serviço Social, vinculado às lutas e à organização política das classes subalternas, que se intensificou, em todo país, na segunda metade da década de 1970, com significativo avanço nos anos 1980. O avanço dos anos 1980 expressou-se, dentre outras formas, pela atuação profissional em espaços de formação e organização políticas dos trabalhadores: sindicatos, associações profissionais, movimentos sociais urbanos e rurais, entre outros. Nesses espaços e nessas décadas (1970 e 1980), a perspectiva do trabalho profissional do Assistente Social era de mobilização social e organização, de modo a contribuir para viabilizar projetos de interesse dessa classe na construção de novas relações hegemônicas na sociedade, superando a sua condição de dominação político-ideológica e econômica.

Tal perspectiva traduziu-se pela vinculação do projeto ético-político-profissional a uma determinada perspectiva societária, cuja construção exige o fortalecimento de processos emancipatórios das classes subalternas. Tratase da perspectiva de superação da sociedade capitalista, tendo como horizonte a emancipação humana. A tendência atual, a partir de 1990, sobretudo em instituições que operam as políticas sociais, é o redirecionamento da perspectiva de mobilização social e organização, no horizonte da emancipação humana para o horizonte da subalternidade, buscando a legitimação, pelas classes subalternas, do atual padrão da política social sob a égide do neoliberalismo. Esse padrão privilegia a mercantilização das políticas sociais, transferindo para o setor privado as responsabilidades do Estado quanto às políticas públicas, em detrimento do atendimento às necessidades como direito, e investe na cooptação das organizações e lutas das classes subalternas pela intensificação de programas eminentemente assistencialistas, mas que atendem, mesmo precariamente, necessidades prementes das classes subalternas.

FONTE: https://www.redalyc.org/pdf/3211/321131651014.pdf

OS DESAFIOS DA ORGANIZAÇÃO pOLíTICA DAS CLASSES SUBALTERNAS PARA O ENFRENTAMENTO DAS DESIGUALDAOES SOCIAIS NO CONTEXTO DA MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL

Franci Gomes Cardoso

Particularmente, acho exaustivo tantas questões da FGV com base em conceito de autores.

FGV do nada poe uma questão de uma tese de 400 páginas que o candidato nem sonhava que iria aparecer em uma questão de concurso.

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