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Q2234902 Português
     O papel fundante da memória dos mortos para o desenvolvimento da cultura teve algo de acidental, pois o mecanismo poderoso de propagação dos hábitos, das ideias e dos comportamentos dos ancestrais foi o afeto. A lembrança de quem partiu, bem visível nos chimpanzés, que se enlutam quando perdem um ente querido, tornou-se uma marca indelével de nossa espécie. Isso não aconteceu sem contradições, é claro. Com o amor pelos mortos surgiu também o medo deles. Do Egito a Papua-Nova Guiné, em distintos momentos e lugares, floresceram rituais para neutralizar, apaziguar e satisfazer aos espíritos desencarnados. Na Inglaterra medieval, temiam-se tanto os mortos que cadáveres eram mutilados e queimados para se garantir sua permanência nas covas. Entre os Yanomami, a queima dos pertences é uma parte essencial dos rituais fúnebres. A Igreja Católica até hoje considera que os restos mortais dos santos são valiosas relíquias religiosas.
      A propagação dos memes de entidades espirituais foi, portanto, impulsionada pelos afetos positivos e negativos em relação aos mortos. Foi a memória das técnicas e dos conhecimentos carregados pelos avós e pais falecidos que transformou esse processo em algo adaptativo, um verdadeiro círculo virtuoso simbólico. Não é exagero dizer que o motor essencial da nossa explosão cultural foi a saudade dos mortos. A crença na autoridade divina para orientar decisões humanas levou a um acúmulo acelerado de conhecimentos empíricos sobre o mundo, sob a forma de preceitos, mitos, dogmas, rituais e práticas. Ainda que apoiada em coincidências e superstições de todo tipo, essa crença foi o embrião de nossa racionalidade. Causas e efeitos foram sendo aprendidos pela corroboração ou não da eficácia dos símbolos religiosos. 

Sidarta Ribeiro. O oráculo da noite: a história da ciência e do sonho.
São Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 325 (com adaptações).
A respeito das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue. 
No texto, o autor defende que o pensamento racional e o pensamento religioso estiveram relacionados.  
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Gabarito: CERTO

Leia: "A crença na autoridade divina para orientar decisões humanas levou a um acúmulo acelerado de conhecimentos empíricos sobre o mundo, sob a forma de preceitos, mitos, dogmas, rituais e práticas. Ainda que apoiada em coincidências e superstições de todo tipo, essa crença foi o embrião de nossa racionalidade."

Logo, compreende-se do texto que a crença em algo maior foi o pontapé para a racionalidade humana.

Gabarito: CERTO

O autor do texto sugere que o pensamento racional e o pensamento religioso estiveram relacionados ao longo do desenvolvimento da cultura humana. Ele discute como a crença na autoridade divina influenciou a acumulação de conhecimentos empíricos sobre o mundo, levando ao desenvolvimento de preceitos, mitos, dogmas, rituais e práticas. O autor argumenta que, apesar de ser apoiada em coincidências e superstições, essa crença religiosa foi o embrião da nossa racionalidade, demonstrando uma conexão entre o pensamento religioso e o processo de desenvolvimento cultural.

Gabarito: Certo

No trecho: "A crença na autoridade divina para orientar decisões humanas levou a um acúmulo acelerado de conhecimentos empíricos sobre o mundo, sob a forma de preceitos, mitos, dogmas, rituais e práticas.", podemos perceber essa relação entre pensamento racional e religioso.

A alternativa correta é **certo**.

O autor defende que o pensamento racional e o pensamento religioso estiveram relacionados a partir do momento em que a crença na autoridade divina para orientar decisões humanas levou a um acúmulo acelerado de conhecimentos empíricos sobre o mundo. Ou seja, o autor defende que o pensamento religioso foi um impulsionador do pensamento racional, pois levou as pessoas a buscarem explicações para o mundo ao seu redor.

O referente textual que comprova tal resposta é o seguinte:

"A crença na autoridade divina para orientar decisões humanas levou a um acúmulo acelerado de conhecimentos empíricos sobre o mundo, sob a forma de preceitos, mitos, dogmas, rituais e práticas. Ainda que apoiada em coincidências e superstições de todo tipo, essa crença foi o embrião de nossa racionalidade. Causas e efeitos foram sendo aprendidos pela corroboração ou não da eficácia dos símbolos religiosos."

Portanto, o autor defende que o pensamento racional e o pensamento religioso estiveram relacionados, pois o pensamento religioso foi um impulsionador do pensamento racional.

Qual a tipologia textual?

Se o autor defende, é dissertativo argumentativo?

Achei que era expositivo.. Alguém me dá uma luz?

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