“Fui ao presídio feminino Nelson Hungria...” – 1º parágrafo....

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Q507582 Português
Texto: Fome de justiça

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            Fui ao presídio feminino Nelson Hungria, convidado para dar uma pequena palestra sobre o livro e a liberdade. Uma biblioteca breve e bem escolhida foi a primeira surpresa, além das cores com que as alunas pintaram a escola da unidade. Depois, todos aqueles olhos, atravessados por uma fome de mudança, rostos variados, tantos, boa parte dos quais cheios de comoção. Olhos em que brilha a obstinada luz do “ainda-não”, que as faz seguir em frente, com a geografia particular de seus afetos. Chamam-se Marisa, Teresa, Maria. Mas que importam os nomes? Não quiseram saber de meu passado e eu tampouco me interessei pelo passado daquelas senhoras. Como disse Agostinho, o passado deixou de ser e o futuro não veio. Portanto, só há presente. E estávamos ali convocados pela duríssima beleza do agora.
            Lembrei a todas que sonhamos de olhos abertos, sobretudo de olhos abertos, como disse Ernst Bloch, e que o presente só faz sentido através da construção que se faça da matéria viscosa dos sonhos, do tempo que virá por antecipação. Disse-lhes que eram noivas de um belo e atraente senhor, a quem deveriam fazer a corte e conquistar com arrebatada decisão: o futuro. E tentamos avançar nessa direção.
            As perguntas nos aproximaram, quebrando um mundo aparentemente dividido, nas malhas processuais ou nas franjas do Código Penal. Somos a mesma porção de humanidade, regidos pela poética do encontro e da boa vontade. Eu indagava silencioso se a Justiça terá olhos suficientes para alcançar essas moças e senhoras, que ainda me emocionam de tal modo que até o momento não sei definir o que vivi. Mas será mesmo preciso definir o que quer que fosse nessa esfera?
            Fui almoçar depois com a diretora e as agentes penitenciárias. As cozinheiras são “moradoras” que preparam os pratos com suas próprias mãos. A fome silenciosa de justiça, no silêncio e no trabalho. Penso nas minhas mãos e nas suas, leitor. Penso nas mãos dos juízes e nas de nossas mães. Porque sem compaixão não há justiça.

                                                                                          Marco Lucchesi, publicado em O Globo, 27/11/13 - fragmento adaptado
                                                                                                disponível em: http://oglobo.globo.com/opiniao/fome-de-justica-
                                                                                                                                                      10891521#ixzz2oNk31UbC

“Fui ao presídio feminino Nelson Hungria...” – 1º parágrafo. Destacou-se a combinação da preposição a com o artigo definido masculino o. Quando o artigo é feminino, ocorre contração ou crase das duas vogais a, marcada pelo acento grave – à. NÃO há crase em:
Alternativas

Comentários

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a) troquei por substantivo masculino teatro - Fui ao teatro ontem - apareceu artigo "o" - Então há crase.



b) coloquei a preposição "para" - Fui para a escola de meus filhos - Tive que usar alem da preposição "para" o artigo "a" - Crase há.


c) Quem vai à Bahia, volta da (de + a) Bahia - Há Crase. 


d) Quem vai a Copacabana, volta de Copacabana - Não há crase.

Só decorar: "Quando vou 'a' e volto ' da', crase no A. Quando vou 'a' e volto 'de', crase pra que?"
Ou seja:
a) voltamos DA cerimonia. 
b) voltamos DA escola. 
c) voltamos DA Bahia.
d) voltamos DE Copacabana. 

Letra d - Fui a (quem vai, vai a algum lugar) o bairro de Copacabana. 

Não aparece artigo a antes de Copacabana, e sim o artigo o. Portanto não há ocorrência de crase.
Reescrevendo: Fui ao bairro de Copacabana. ou Fui a Copacabana.


e se fosse: voltamos da praia de Copacabana?!

a famosa musica dingo bell :

se vou a , volto '' da'' ...eu craseio  ''A ''

se vou a , volto ''de'' ... crase pra que 

gabarito : D 

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