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Q2702664 Português

Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 6.


Liberdade


Cecília Meireles


Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se têm levantado estátuas e monumentos, por ela se têm até morrido com alegria e felicidade.

Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria; que a morte é preferivel à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar à própria condição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam “Liberdade, Igualdade e Fraternidade! “ nossos avós cantaram: “Ou ficar a Pátria livre/ ou morrer pelo Brasil”; nossos pais pediam: “Liberdade! Liberdade!/ abre as asas sobre nós”, e nós recordamos todos os dias que “o sol da liberdade em raios fúlgidos/ brilhou no céu da Pátria...” em certo instante.

Somos, pois, criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela.

Ser livre como diria o famoso conselheiro... é não ser escravo; é agir segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo de partir esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho... Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a condição de autômato e de teleguiado, é proclamar o triunfo luminoso do espírito. (Suponho que seja isso.)

Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente entre quatro paredes. Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o sonho das crianças deseja ir (Às vezes, é certo, quebra alguma coisa, no seu percurso...)

Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!...) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento! ...

Acontece, porém, que um menino, para empinar um papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida.

E os loucos que sonharam sair de seus pavilhões, usando a fórmula do incêndio para chegarem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade nas mãos...

São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la, estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato.

Mas os sonhadores vão para a frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos, que falam de asas, de raios fúlgidos linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel...


Texto extraído do livro “Escolha o seu sonho”,

Editora Record Rio de Janeiro, 2002, p. 07, Adaptado.



Releia o 6º parágrafo para responder às questões 5 e 6:


Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!...) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento! ...(6º parágrafo)


Um recurso utilizado pelo autor para realçar, valorizar e ampliar a comunicação expressiva do trecho é a:

Alternativas

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Tema central da questão: A questão aborda o uso da pontuação como um recurso expressivo no texto. Para resolvê-la, é necessário compreender como diferentes formas de pontuação podem influenciar a comunicação e o significado de um trecho, ampliando ou enfatizando expressões e ideias.

Alternativa Correta: D - pontuação

A alternativa correta é a D - pontuação. Neste trecho, a autora Cecília Meireles utiliza a pontuação de forma expressiva, sobretudo com as reticências e os parênteses, para criar pausas, dar ênfase e transmitir a ideia de continuidade e surpresa. As reticências sugerem uma continuidade, algo que vai além, o que se alinha perfeitamente com o tema da liberdade e do sonho. Os parênteses, por sua vez, introduzem uma reflexão íntima, reforçando a ideia de que os meninos de "muito de outrora" não acreditavam na simplicidade do voo dos papagaios.

Análise das alternativas incorretas:

A - exemplificação: A exemplificação é usada quando se dá exemplos para ilustrar uma ideia. No trecho em questão, não há exemplos detalhados que ilustram a ação dos papagaios nos ares.

B - comparação: A comparação ocorre quando duas coisas são colocadas lado a lado para destacar semelhanças ou diferenças. O trecho não faz comparações explícitas entre elementos.

C - enumeração: A enumeração se refere a listar itens ou ideias em uma sequência. O trecho não apresenta uma sequência de ideias ou elementos listados.

Conclusão: A questão é resolvida ao entender que a pontuação, especificamente o uso de reticências e parênteses, é o recurso expressivo que realça e amplia a comunicação no trecho destacado.

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Pontuação ( D )

Na língua escrita, sistema de sinais gráficos que indicam separação entre unidades significativas para tornar mais claros o texto e a frase, pausas, entonações.

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