A era do descartável: seu lixo diz muito
sobre você
Imagine se um dia todos os lixeiros de sua cidade
decidirem não trabalhar. O caos será generalizado,
se a greve se prolongar e, talvez só assim, esses
profissionais serão valorizados pela população. O
serviço social da limpeza urbana é imensurável: trata-se
de saúde, segurança e conforto público.
De uns anos para cá, o poder aquisitivo das
famílias brasileiras tem aumentado. Ao consumir
mais, produzimos mais lixo. Fato! Em 2013, foram
três milhões de toneladas a mais em relação ao ano
anterior - o que significa um aumento de 4,1%. O
Brasil é o quinto país que mais produz lixo no mundo.
Frequentemente vejo - no trabalho, na faculdade,
na rua - pessoas jogando embalagens descartáveis
com a maior naturalidade. Já faz parte do cotidiano:
ficou com sede? Passa lá na copa do escritório, saca
um copo descartável, toma um gole de água e...
LIXO! Daqui uma hora a história se repete. A
naturalidade destes hábitos e a quantidade de lixo
que produzimos dizem muito sobre nós.
Somos seres que vivem em uma correria louca,
onde a comida rápida e pronta é praticamente
essencial, onde sobra pouco tempo para refletir e até
mesmo para colocar em prática aquilo que
acreditamos, onde o consumo é muito valorizado e
lavar um copo é desnecessário.
Conheci, há dois anos, uma mulher na faixa dos
trinta que morava sozinha. Ela trabalhava durante o
dia e frequentava a academia três vezes por semana.
Quando fui à casa dela, logo me alertou: não tem
pratos, talheres ou copos. “É tudo de plástico, para eu
não precisar lavar!”, explicou. Fiquei um tanto quanto
chocada.
Com a mesma naturalidade e nesta mesma
época, descartei por alguns meses os copos do café
que comprava diariamente ao lado da faculdade, no
Starbucks. “O copo é feito de papel e pode ser
facilmente reciclado”, pensava eu. Depois de um
período, o hábito começou a me incomodar - e não foi
pouco. Até tentei levar uma caneca, mas era muito
pesada e ocupava muito espaço em minha bolsa.
Minha presença na lojinha passou a ser evento mais
raro.
Este ano resolvi experimentar uma composteira
caseira. Aqueles minhocários práticos, pensados
para quem vive como nós: na correria, sem espaço e
etc. Estou adorando a experiência. Tudo que é lixo
orgânico jogo lá. Tenho um professor que jura que
suas minhocas comem até carne. Eu nunca tentei.
Mas parece mágica: nada de cheiro ruim ou de demora. Em alguns meses seu adubo está pronto.
Como matéria seca, que é preciso colocar em
proporção aos orgânicos, recorto a caixa de pizza em
pedacinhos - e, assim, reciclo sua embalagem em
casa mesmo. Então, se é para pedir comida em casa,
eu já sei: pizza do restaurante ao lado.
Alguns podem pensar: “Besteira, a prefeitura
recolhe o lixo, recicla e dá destino correto. Porque iria
me esforçar tanto para reduzir meu lixo?”. Aí, meu
amigo, vai de cada um. Mas a reflexão é importante
(...).
PS: os três famosos “Rs” da sustentabilidade são
claros: reduza, reutilize, recicle. A opção da
reciclagem é ótima, mas é a última medida a ser
tomada.
Jéssica Miwa (Disponível em: thegreensestpost.com) Acesso em
14/03/2018.
No trecho: “QUANDO FUI À CASA DELA, logo me
alertou: não tem pratos, talheres ou copos.”, a oração
destacada expressa ideia de: