É inteiramente adequado o emprego do elemento sublinhado na ...
Crimes ditos “passionais”
A história da humanidade registra poucos casos de mulheres que mataram por se sentirem traídas ou desprezadas. Não sabemos, ainda, se a emancipação feminina irá trazer também esse tipo de igualdade: a igualdade no crime e na violência. Provavelmente, não. O crime dado como passional costuma ser uma reação daquele que se sente “possuidor” da vítima. O sentimento de posse, por sua vez, decorre não apenas do relacionamento sexual, mas também do fator econômico: o homem é, em boa parte dos casos, o responsável maior pelo sustento da casa. Por tudo isso, quando ele se vê contrariado, repelido ou traído, acha-se no direito de matar.
O que acontece com os homens que matam mulheres quando são levados a julgamento? São execrados ou perdoados? Como reage a sociedade e a Justiça brasileiras diante da brutalidade que se tenta justificar como resultante da paixão? Há decisões estapafúrdias, sentenças que decorrem mais em função da eloquência dos advogados e do clima emocional prevalecente entre os jurados do que das provas dos autos.
Vejam-se, por exemplo, casos de crimes passionais cujos responsáveis acabaram sendo inocentados com o argumento de que houve uma “legítima defesa da honra”, que não existe na lei. Os motivos que levam o criminoso passional a praticar o ato delituoso têm mais a ver com os sentimentos de vingança, ódio, rancor, frustração, vaidade ferida, narcisismo maligno, prepotência, egoísmo do que com o verdadeiro sentimento de honra.
A evolução da posição da mulher na sociedade e o desmoronamento dos padrões patriarcais tiveram grande repercussão nas decisões judiciais mais recentes, sobretudo nos crimes passionais. A sociedade brasileira vem se dando conta de que mulheres não podem ser tratadas como cidadãs de segunda categoria, submetidas ao poder de homens que, com o subterfúgio da sua “paixão”, vinham assumindo o direito de vida e morte sobre elas.
(Adaptado de: ELUF, Luiza Nagib. A paixão no banco dos réus. São Paulo: Saraiva, 2002, XI-XIV, passim)
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Gabarito na alternativa B
A questão em tela quer que o candidato assinale a alternativa que há emprego correto do termo em destaque. Vejamos:
a) O sentimento de posse é aonde se valem os homens para justificarem seus crimes alegadamente passionais.
INCORRETO: "aonde" em regra usa-se para movimento (Aonde ele está querendo ir?)
b) A autora do texto não sabe se da emancipação feminina decorrerá igualdade no caso desses julgamentos.
CORRETO: Neste contexto a palavra "da" traz a ideia de causa, "não sabe se em decorrência da emancipação feminina decorrerá igualdade no caso desses julgamentos"
c) A reação da sociedade, diante dessas violências, é marcada pela complacência de que favorece os advogados.
INCORRETO: O verbo "favorecer" não exige a preposição (de) e neste caso é TD.
d) São torpes os motivos em cujos se agarram os criminosos para tentar justificar sua ação assassina.
INCORRETO*: Acredito que o termo adequado seja "nos quais" (em+os) porém restou duvida nesta alternativa.
e) Os direitos das mulheres, nos quais tanta gente dá às costas, estão sendo progressivamente garantidos.
INCORRETO: O erro está na regência, (quem dá as costas, dá as costas A alguém) e neste caso a preposição usada foi a "em" (em+os).
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GABARITO B
BONS ESTUDOS
ATÉ PASSAR
Gabarito na alternativa B
Solicita-se julgamento da adequação dos elementos destacados:
A) O sentimento de posse é aonde se valem os homens para justificarem seus crimes alegadamente passionais.
Incorreta. A forma pronominal "onde" é elemento coesivo que se presta à demarcação e retomada de termos que indicam local físico (ainda que imaginário), sendo a variação "aonde" junção preposição (a ou para) + pronome.
No caso em tela, retomando "o sentimento de posse", não há contexto para emprego do termo. Dever-se-ia utilizar, por força da regência do verbo "valer-se", a estrutura "de que se valem";
B) A autora do texto não sabe se da emancipação feminina decorrerá igualdade no caso desses julgamentos.
Correta. A preposição "de" é empregada por força do verbo "decorrer" (decorrera algo de alguma coisa), juntando-se ao artigo que antecede "emancipação";
C) A reação da sociedade, diante dessas violências, é marcada pela complacência de que favorece os advogados.
Incorreta. Não há termo que justifique o emprego da preposição "de", devendo-se utilizar apenas a forma pronominal "que" (complacência que favorece);
D) São torpes os motivos em cujos se agarram os criminosos para tentar justificar sua ação assassina.
Incorreta. O pronome "cujo(s)" indica peculiar relação de posse (o livro cujas paginas eram; os criminosos cujas armas foram; o juiz cuja sentença era). No caso em tela, inexistindo tal relação entre termos, mas simples retomada, dever-se-ia utilizar as formas "em que" ou "nos quais";
E) Os direitos das mulheres, nos quais tanta gente dá às costas, estão sendo progressivamente garantidos.
Incorreta. A expressão "dar as costas", incorretamente grafada com crase, é complementada por termo inserto pela preposição "a" (dar as costas a). Deve-se utilizar tal preposição na estrutura em tela, grafando-se " aos quais tanta gente dá as costas".
O sentimento de posse é aonde se valem os homens para justificarem seus crimes alegadamente passionais.
o Sentimento de posse e do que
A autora do texto não sabe se daemancipação feminina decorrerá igualdade no caso desses julgamentos.
correto.
A reação da sociedade, diante dessas violências, é marcada pela complacência de que favorece os advogados.
uma complacência da qual favorece os advogados
São torpes os motivos em cujos se agarram os criminosos para tentar justificar sua ação assassina.
São torpes os motivos que se agarram
Os direitos das mulheres, nos quais tanta gente dá às costas, estão sendo progressivamente garantidos.
direitos dos quais
o elemento sublinhado na alternativa B está correto, pois ele é adequado, inteiramente
GABARITO - B
Talvez a dúvida maior tenha ficado entre as assertivas B e C.
B) A emancipação feminina decorre de algo...
C) A complacência favorece alguém /// Favorece os advogados...
Não há exigência da preposição " de ".
Bons Estudos!!
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