A prática do crime é tão antiga quanto a humanidade. Mas o c...
A prática do crime é tão antiga quanto a humanidade. Mas o crime global, a formação de redes entre poderosas organizações criminosas e seus associados, com atividades compartilhadas em todo o planeta, constitui um novo fenômeno que afeta profundamente a economia no âmbito internacional e nacional, a política, a segurança e, em última análise, as sociedades em geral. A Cosa Nostra siciliana e suas associadas, a máfia norte-americana, os cartéis colombianos e mexicanos, as redes criminosas nigerianas, a Yakuza do Japão, as tríades chinesas, a constelação formada pelas mafiyas russas, os traficantes de heroína da Turquia, as posses jamaicanas e um sem-número de grupos criminosos locais e regionais em todos os países uniram-se em uma rede global e diversificada que ultrapassa fronteiras e estabelece vínculos de todos os tipos.
Manuel Castells. Fim de milênio. São Paulo: Paz e Terra, 1999, p. 203-4 (com adaptações).
Sabe-se que, entre 2004 e 2005, foram decretadas dezenas de feriados escolares em favelas do Rio de Janeiro por ordens do tráfico de drogas e por conflitos com a polícia ou entre facções rivais. A anomalia do quadro indica como a rotina de violência interfere nas ações sociais em comunidades carentes, além de, em larga medida, atestar a ausência — ou frágil presença — do Estado nessas áreas.