...que enfrentava no Olimpo o deus da guerra... ...question...
Embora a aspiração por justiça seja tão antiga quanto os primeiros agrupamentos sociais, seu significado sofreu profundas alterações no decorrer da história. Apesar das mudanças, um símbolo atravessou os séculos - a deusa Têmis -, imponente figura feminina, com os olhos vendados e carregando em uma das mãos uma balança e na outra uma espada. Poucas divindades da mitologia grega sobreviveram tanto tempo. Poucos deixariam de reconhecer na imagem o símbolo da justiça.
A moderna ideia de justiça e de direito é inerente ao conceito de indivíduo, um ente que tem valor em si mesmo, dotado de direitos naturais. Tal doutrina se contrapunha a uma concepção orgânica, segundo a qual a sociedade é um todo.
A liberdade, nesse novo paradigma, deixa de ser uma concessão ou uma característica de uma camada social e converte-se em um atributo do próprio homem.
A crença de que os direitos do homem correspondiam a uma qualidade intrínseca ao próprio homem implicou enquadrar a justiça em um novo paradigma. O justo não é mais correspondente à função designada no corpo social, mas é um bem individual, identificado com a felicidade, com os direitos inatos.
Da igualdade nos direitos naturais derivava-se não só a liberdade, mas também as possibilidades de questionar a desigualdade entre os indivíduos, de definir o tipo de organização social e o direito à resistência. Toda e qualquer desigualdade passa a ser entendida como uma desigualdade provocada pelo arranjo social. Nesse paradigma, a sociedade e o Estado não são fenômenos dados, mas engendrados pelo homem. A desigualdade e o poder ilimitado deixam, pois, de ser justificados como decorrentes da ordem natural das coisas. À lei igual para todos incorpora-se o princípio de que desiguais devem ser tratados de forma desigual. Cresce a força de movimentos segundo os quais a lei, para cumprir suas funções, deve ser desigual para indivíduos que são desiguais na vida real.
Nesse novo contexto, modifica-se o perfil do poder público. O judiciário, segundo tais parâmetros, representa uma força de emancipação. É a instituição pública encarregada, por excelência, de fazer com que os preceitos da igualdade prevaleçam na realidade concreta. Assim, os supostos da modernidade, particularmente a liberdade e a igualdade, dependem, para se materializarem, da força do Judiciário, de um lado, e do acesso à justiça, das possibilidades reais de se ingressar em tribunais, de outro.
Para terminar, volto à deusa Têmis, que enfrentava no Olimpo o deus da guerra, Ares. Naquele tempo, como hoje, duas armas se enfrentam: a violência, que destrói e vive da desigualdade, e a lei, que constrói e busca a igualdade.
(Adaptado de SADEK, Maria Tereza Aina. “Justiça e direitos: a construção da igualdade". In: Agenda Brasileira. São Paulo, Cia. das Letras, 2011, p. 326-333.)
...questionar a desigualdade entre os indivíduos...
...um símbolo atravessou os séculos...
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos sublinhados acima foram corretamente substituídos por um pronome, na ordem dada, em:
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A substituição de termos por pronomes em língua portuguesa segue regras específicas de acordo com a função sintática que os termos exercem na frase. Abaixo estão as regras aplicadas para o uso correto dos pronomes oblíquos:
Para Objeto Direto usamos os pronomes o, a, os, as.
Quando o verbo termina em (r, s, z), acoplamos os pronomes lo, la, los, las ao verbo, retirando a letra final antes de fazer a junção.
Quando o verbo termina em (m ou til), utilizamos os pronomes no, na, nos, nas, realizando a substituição do "m" ou til por "n" antes de acrescentar o pronome.
Já para Objeto Indireto, Complemento Nominal e Adjunto Adnominal, os pronomes adequados são lhe, lhes.
Examinando as frases:
"...que enfrentava (VTD) no Olimpo o deus (OD - masculino e singular) da guerra..."
Utilizamos o pronome 'o' para substituir "o deus da guerra", pois é um objeto direto masculino e singular.
"...questionar (VTD) a desigualdade (OD - feminino e singular) entre os indivíduos..."
Aqui, o pronome 'a' substitui "a desigualdade", pois é um objeto direto feminino e singular.
"...um símbolo atravessou (VTD) os séculos (OD - masculino e plural)..."
Usamos 'os' para substituir "os séculos", sendo um objeto direto masculino e plural.
Com base nessas regras, a substituição correta é feita na alternativa D, onde temos:
- "o enfrentava" - o pronome 'o' substitui corretamente "o deus da guerra" (objeto direto).
- "questioná-la" - o pronome 'a' substitui corretamente "a desigualdade" (objeto direto).
- "atravessou-os" - o pronome 'os' substitui corretamente "os séculos" (objeto direto).
Logo, o gabarito da questão é a letra D.
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Para Objeto Direto - o, a, os, as
Para verbos terminados em (r, s, z) - lo, la, los, las
Para verbos terminados em (m ou ~) - no, na, nos, nas
Para Objeto Indireto, Complemento Nominal e Adj. Adnominal - lhe, lhes.
...que enfrentava (VTD) no Olimpo o deus (OD - masculino e singular) da guerra...
...questionar (VTD) a desigualdade (OD - feminino e singular) entre os indivíduos...
...um símbolo atravessou (VTD) os séculos (OD - masculino e plural)...
que o enfrentava
o "que" exige que seja próclise
Tiago Pires, salvo engano, na terceira frase temos um caso em que a próclise não é obrigatória, ou seja, é possível o uso da próclise e da ênclise. Espero ter ajudado.
Abraço e bons estudos para todos.
A Próclise(pronome oblíquo átono antes do verbo) Casos obrigatórios
1. Palavras atrativas
a) Advérbios: Muito nos honra tua visita.
b) Pronomes indefinidos: Tudo se fez conforme a lei.
c) Pronomes relativos: Não aceitava as objeções que lhe faziam.
d) Pronomes interrogativos: Quem lhe deu essa informação?
e) Conjunções subordinativas: Já era muito tarde quando nos atenderam.
f) Gerúndio preposicionado: Em o nomeando, fizeram justiça.
Casos de próclise facultativa
1. Sujeito expresso: O gato se lambia / lambia-se.
2. Conjunção coordenativa: Era rico, mas se queixava/queixava-se da vida.
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