O mercado de trabalho brasileiro começa a superar alguns
dos principais impactos da pandemia. A taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
(Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou em 11,2% no trimestre móvel de novembro a
janeiro, menor do que a registrada dois anos antes, isto é, no
período imediatamente anterior ao início da pandemia. Mas
a queda expressiva de 9,7% no rendimento real habitual em
um ano mostra que problemas novos desafiam aqueles que
conseguiram manter uma ocupação remunerada.
A recuperação do emprego tem mostrado consistência
pelo menos desde o segundo semestre do ano passado, e
as expectativas para os próximos meses são de continuidade dessa tendência. Não parece improvável que os números
do fim do ano sejam melhores do que os atuais. Mas a recuperação tem sido lenta, razão pela qual persistem alguns
números absolutos que preocupam. E a melhora ocorre num
período em que a inflação subiu acentuadamente e se mantém em níveis muito altos.
Em meio a dados animadores, como o do aumento
expressivo do pessoal ocupado (95,4 milhões de trabalhadores, 8,2 milhões mais do que um ano antes), há alguns
que mostram aspectos preocupantes do mercado de trabalho. Embora a taxa de desocupação na mais recente Pnad
Contínua (11,2%) seja muito inferior ao recorde do período da
pandemia, de 14,9% registrado no trimestre móvel de julho a
setembro de 2020, é muito maior do que o melhor resultado
de toda a pesquisa do IBGE iniciada em 2012 (6,5% no trimestre de novembro de 2013 a janeiro de 2014).
Em números absolutos, isso significa que, embora o desemprego venha diminuindo, ainda há 12 milhões de trabalhadores sem ocupação. Esse é um dado que não deixa dúvidas sobre a dimensão do drama do desemprego no País.
Mas o número de desocupados é parte de um conjunto maior,
o de trabalhadores subutilizados, que formam o contingente
também chamado de mão de obra desperdiçada. Entre desocupados, subocupados por insuficiência de horas trabalhadas e trabalhadores que formam a força de trabalho potencial
(pessoas que não estão em busca de trabalho, mas estão
disponíveis para trabalhar), são 27,8 milhões de pessoas.
Como outros indicadores negativos das condições do mercado de trabalho, também este vem diminuindo nos últimos meses, mas, dada a lentidão da redução, mantém-se em níveis
historicamente muito altos.