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Q593708 Português
   
  Por mais de dois mil anos, segundo o filósofo inglês Roger Scruton, a Arte serviu como remédio para os problemas da sociedade, uma maneira tanto de relatar como de escapar da infelicidade da vida cotidiana; atualmente, em vez disso, a beleza foi posta de lado e a Arte não serve de refúgio, mas dá suporte ao egoísmo dos nossos dias. Roger Scruton aponta o culto à feiúra e o pragmatismo como as principais causas do problema.
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      No primeiro caso, argumenta ele, a Arte, ao abandonar a beleza, perdeu seu principal objetivo, o de fazer com que atribuamos sentido à vida, nos consolando das tristezas, como para Platão, ou ainda, como defendiam os filósofos iluministas, ajudando a galgar alguns degraus da escadaria que nos conduz para longe das banalidades do cotidiano.

      A partir de um momento decisivo da história da Arte, a beleza teve sua importância diminuída. O propósito da Arte deixa de ser atribuir sentido à vida e é substituído pelo desejo de causar impacto a todo custo. O caminho mais curto para isso, de acordo com Scruton, foi romper com a moral tradicional e estabelecer o escárnio moral. A quebra de tabus passou a ser a bandeira da Arte dita moderna: profanar e dessacralizar o sacro, cultuar o feio – levando todos, dos especialistas ao apreciador comum, à total confusão. Isso se deve a uma concepção de Arte equivocada, presente no discurso de parte da crítica: “O repúdio à Beleza ganha forma com base em uma visão particular da Arte moderna e de sua história. De acordo com muitos críticos atuais, um trabalho [de Arte] se justifica a si próprio ao anunciar-se como um visitante do futuro. O valor da Arte está em chocar: a Arte existe para nos despertar de nossa situação histórica e nos lembrar da interminável mudança, que é a única coisa permanente na natureza humana".

      Já o culto ao valor prático das coisas levou ao estado atual, que, por sua vez, faz com que o valor das coisas resida na sua utilidade prática – o chamado pragmatismo. Scruton menciona em seu documentário que Oscar Wilde já afirmava que “toda Arte é inútil", mesma posição de Hannah Arendt. A beleza (e a Arte) não têm utilidade, mas é justamente por isso, enfatiza Scruton, que podemos ressaltar sua importância como valor universal; valor que, no entender do filósofo inglês, está enraizado na própria natureza humana. Com isso ele remete sua apologia da beleza a Shaftesbury e a Kant.

      A fruição estética é uma atividade desinteressada e, portanto, inútil. Mas isso desmerece em algum sentido a contemplação? Não, no mesmo sentido em que a amizade, o amor, o ato de ouvir uma música ou ainda o sorriso de um bebê, embora não tenham “utilidade prática", não perdem seu valor nem passam a ser coisas que dispensamos sem sofrer algum tipo de consequência. Mesmo sem ter uma utilidade prática definida, você já se imaginou sem amor, sem amizade, sem apreciar boa música, bom cinema? Ou, lembrando [...] a Arquitetura – inútil, na perspectiva pragmatista –, não nos sentimos melhor em um prédio belo? A busca das pessoas, na Grã-Bretanha, de prédios construídos no período vitoriano não corroboraria essa hipótese?

                     (BARRETO, André Asso. Rev. Filosofia: agosto de 2012, p. 27-29.)

Falta correspondência semântica entre o adjetivo empregado no texto e a construção proposta para substituí-lo em:
Alternativas

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Tema Central da Questão:

A questão centra-se na análise semântica, ou seja, no significado das palavras, mais especificamente, dos adjetivos utilizados no texto. Para resolver essa questão, é necessário entender o contexto em que os adjetivos são usados e verificar se a substituição proposta preserva o mesmo sentido ou se altera o significado original. Isso exige habilidades de interpretação de texto e conhecimento de vocabulário.

Alternativa Correta: D - valor universal (§ 4) / do universo

Na alternativa D, temos "valor universal". O adjetivo "universal" refere-se a algo que é aplicável em qualquer lugar e contexto, abrangendo todos os casos possíveis. Já a expressão "do universo" refere-se literalmente ao espaço sideral ou ao cosmos. Não há correspondência semântica entre "universal" e "do universo", tornando essa alternativa a correta, pois a substituição proposta altera o significado original do texto.

Análise das Alternativas Incorretas:

  • A - vida cotidiana (§ 1) / do dia a dia: Os termos "cotidiana" e "do dia a dia" são sinônimos, ambos indicam algo que ocorre com frequência ou regularidade diária. Não há alteração de sentido.
  • B - filósofos iluministas (§ 2) / do Iluminismo: "Iluministas" refere-se aos pensadores do movimento filosófico conhecido como Iluminismo. "Do Iluminismo" também se refere a algo relacionado a este movimento, mantendo o mesmo sentido.
  • C - moral tradicional (§ 3) / transmitida pelas gerações anteriores: A moral "tradicional" é aquela que segue normas estabelecidas ao longo do tempo, geralmente passadas de geração em geração. A expressão "transmitida pelas gerações anteriores" reflete esse conceito, sem alterar o sentido.
  • E - fruição estética (§ 5) / do Belo: "Estética" relaciona-se ao estudo ou apreciação do belo, e "do Belo" refere-se justamente à beleza. Assim, a substituição não altera o significado original.

Portanto, a única alternativa onde a substituição proposta não preserva o significado original do texto é a alternativa D.

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DE UNIVERSO = ECUMÊNICO


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