Sobre cultura popular e cultura de massa, a filósofa Marilen...

Embora haja relações entre as duas manifestações culturais, as duas não devem ser tratadas como idênticas, já que na primeira os participantes se exprimem e se reconhecem mutuamente em sua humanidade e em suas condições sociais; e na segunda, há uma estrutura cultural na qual os indivíduos são convidados a participar sob pena de exclusão e invalidação sociais ou de destituição cultural.

São manifestações culturais idênticas, já que as duas formas ocultam as diferenças sociais, os conflitos e as contradições dos povos, colocando-os em uma imensa Organização funcional regida pelos imperativos tanto administrativos quanto das técnicas de disciplina e vigilância que definem a racionalidade capitalista. Nessa, tanto a realidade quanto a ideia das classes sociais e de sua luta ficam dissimuladas, graças à substituição dos sujeitos sociais pelos sujeitos socioeconômicos.

São formas idênticas de retratar as manifestações culturais do povo, uma vez que a cultura popular é identificada como a cultura de massa, assim, popcult e masscult tornam-se sinônimos. Sendo assim, elas deixaram um saldo comum que repercute sobre a maioria das análises referentes à cultura popular nos países ditos centrais ou de capitalismo avançado.

Ainda que haja alguma identificação entre popular e massa, essas manifestações culturais devem ser tratadas como detentoras de significados irreconciliáveis e antagônicos, uma vez que a expressão “cultura de massa” assinala aquilo que a ideologia dominante tem por finalidade ocultar, isto é, a existência de divisões sociais. Já a “cultura popular”, ao contrário, esconde as diferenças sociais, considerando todos participantes como integrantes de um grande todo.