Observe as frases e a análise sintática posta entre parênte...
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Ano: 2022
Banca:
FEPESE
Órgão:
Prefeitura de Balneário Camboriú - SC
Provas:
FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Especialista em Educação - Administrador Escolar - Edital nº 005
|
FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Professor de Matemática - Edital nº 005 |
FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Professor Anos Iniciais - 20/40h - Edital nº 005 |
FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Professor de Educação Infantil - Edital nº 005 |
FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Professor de Língua Portuguesa - Edital nº 005 |
FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Professor de História - Edital nº 005 |
FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Professor de Língua Inglesa - Edital nº 005 |
FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Professor de Artes - Edital nº 005 |
FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Professor de Ciências - Edital nº 005 |
FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Professor de Geografia - Edital nº 005 |
FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Professor de Educação Física - Edital nº 005 |
FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Professor de Atendimento Educacional Especializado - Edital nº 005 |
Q1994152
Português
Texto associado
No aeroporto
Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde
esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante
esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos,
embora não falássemos da vã e numerosa matéria
atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos
de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne
de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas;
o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais
se faz entender admiravelmente.
É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem
motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial,
revelador de suas boas intenções para com o mundo
ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de
rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de
dentes), abonam a classificação.
Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas
especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas
sua simples presença e seu sorriso compensariam
providências e privilégios maiores. Recebia tudo com
naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções,
e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou importuno. Suas horas de sono - e lhe apraz dormir não só à
noite como principalmente de dia - eram respeitadas
como ritos sagrados, a ponto de não ousarmos erguer
a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de
costume, e não se zangaria com a gente, porém nós
mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus
sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir
muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas
também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura
da tevê. Andando na ponta dos pés, ou descalços,
levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de
Pedro não tinha importância.
Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta
de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso,
copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório,
botões simples ou de punho. Não é colecionador;
gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca.
Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume,
porém duvido que mantenha este juízo diante de
Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas
azuis - porque me esquecia de dizer que tem olhos
azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação
apressada, sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia
distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer,
fazia em qualquer parte. Zangar-me com ele porque
destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me
voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu
um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com
a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas
coisas eram indiferentes à nossa amizade - e, até, que
a nossa amizade lhes conferia caráter necessário de
prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que
faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro
já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.
Carlos Drummond de Andrade.
Observe as frases e a análise sintática posta entre
parênteses.
1. Viajou meu amigo Pedro. (O sujeito é simples e está posposto ao verbo.) 2. Fui levá-lo ao Galeão. (O pronome “lo” exerce a função sintática de objeto direto.) 3. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse. (O período é composto e o sujeito das duas orações está representado pela mesma pessoa gramatical.) 4. De repente o aeroporto ficou vazio. (A expressão “de repente” é um adjunto adverbial deslocado e uma vírgula poderia ser colocada posposta e ele.) 5. Recebia tudo com naturalidade. (A expressão “com naturalidade” é um objeto direto do verbo “receber”.)
Assinale a alternativa que indica todas as análises corretas.
1. Viajou meu amigo Pedro. (O sujeito é simples e está posposto ao verbo.) 2. Fui levá-lo ao Galeão. (O pronome “lo” exerce a função sintática de objeto direto.) 3. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse. (O período é composto e o sujeito das duas orações está representado pela mesma pessoa gramatical.) 4. De repente o aeroporto ficou vazio. (A expressão “de repente” é um adjunto adverbial deslocado e uma vírgula poderia ser colocada posposta e ele.) 5. Recebia tudo com naturalidade. (A expressão “com naturalidade” é um objeto direto do verbo “receber”.)
Assinale a alternativa que indica todas as análises corretas.