Ao se reescrever uma frase do texto, não haverá prejuízo par...
[O tempo sem rumo]
As datas deveriam nos fixar no tempo como as coordenadas geográficas nos fixam no espaço, mas a analogia não funciona. O tempo não tem pontos fixos, o tempo é uma sombra que dá a volta na Terra. Ou a Terra é que dá voltas na sombra. Nossa única certeza é que será sempre a mesma sombra – o que não é uma certeza, é um terror.
Na nossa fome de coordenadas no tempo nos convencemos até que dias da semana têm características. Que uma terça-feira, por exemplo, não serve para nada. Que terça é o dia mais sem graça que existe, sem a gravidade de uma segunda – dia de remorso e decisões – e o peso da quarta, que centraliza a semana. Gostaríamos que passar pelos dias fosse como passar por meridianos e paralelos, a evidência de estarmos indo numa direção, não entrando e saindo da mesma sombra. Não passando por cada domingo com a nítida impressão de que já estivemos aqui antes.
Já que não há coordenadas e pontos fixos no tempo, contentemo-nos com as metáforas fáceis. Este nosso milênio se estende como um imenso pergaminho à nossa frente, esperando para ser preenchido. Podemos escolher nosso destino, desenhar nossos próprios meridianos e paralelos e prováveis novos mundos. É verdade que a passagem do tempo não se mede apenas pelo retorno aos domingos, também se mede pela degradação orgânica, e que a cada domingo estaremos mais perto daquela sombra que nunca acaba... Nenhum de nós chegará muito longe neste milênio. Mas é bom saber que ele está, aqui, quase inteiro, sempre à nossa espera.
(Adaptado de VERISSIMO, Luis Fernando. Em algum lugar do paraíso. São Paulo: Objetiva, 2011, p. 7)
- Gabarito Comentado (1)
- Aulas (5)
- Comentários (6)
- Estatísticas
- Cadernos
- Criar anotações
- Notificar Erro
Gabarito comentado
Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores
Clique para visualizar este gabarito
Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo
Comentários
Veja os comentários dos nossos alunos
GABARITO: LETRA D
A) Conquanto fossem um imenso pergaminho, metáforas fáceis podem contentar-nos. → originalmente: Já que não há coordenadas e pontos fixos no tempo, contentemo-nos com as metáforas fáceis: a ideia não é de concessão e sim de causa, esse foi o erro que localizei nesse item.
B) Ao se medirem pela degradação orgânica, o curso dos anos nos deixa perto da sombra. → medirem alguma coisa (o curso...), vírgula separou o sujeito posposto do verbo, logo há incorreção.
C) Não haveriam no tempo pontos fixos, seria como uma sombra que desse a volta na Terra. → verbo "haver" com sentido de "existir" sendo impessoal, logo não poderia ser flexionado: não HAVERIA no tempo...
D) Estimaríamos a possibilidade de contar com meridianos que nos situassem no tempo. → CORRETO.
E) Bem que poderiam nos valer de metáforas fáceis para que fixassem-se no tempo. → o "que" é fator atrativo, logo o correto seria: para que se fixassem.
FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺
Pessoal, na letra B o erro também está no verbo medir que deveria ser no singular para concordar com curso?
Eu também vi mais como erro de concordância do que erro de vírgula.
Até pq se fizesse a frase toda sem virgula ficaria um pouco estranha:
B) Ao se medirem pela degradação orgânica o curso dos anos nos deixa perto da sombra.
Não sei se é possível, mas ficaria melhor de se ler se talvez colocasse duas virgulas:
B)Ao se medir, pela degradação orgânica, o curso dos anos nos deixa perto da sombra.
Sim, Jordana. Fica no singular
Como estariam corretas, segundo meu ver:
A Conquanto fossem um imenso pergaminho, metáforas fáceis PODERÍAM contentar-nos.
Justificativa: correspondência verbal entre verbo no Pret. do Sub. e Fut. do Pret. do Ind.
Quanto ao pronome átono "nos" em "contentar-nos", ao final da frase, não incorre em qualquer caso que envolva obrigatoriedade da próclise. Portanto, a ênclise está correta.
B Ao SER MEDIDO pela degradação orgânica, o curso dos anos nos deixa perto da sombra.
Justificativa: o verbo medir possui as seguintes transitividades: transitivo direto, transitivo direto e indireto, intransitivo e pronomial. Quando reordenada, a frase fica com estrutura de voz passiva analítica: "O curso dos anos nos deixa perto da sombra ao ser medido pela degradação orgânica", satisfazendo aos requisitos de clareza e correção gramatical, conforme o dispositivo da questão pede.
Ao meu ver, se a frase permanecesse "Ao SE MEDIR o curso dos anos pela degradação orgância nos deixa perto da sombra", numa estrutura de voz passiva sintética, a clareza da frase seria prejudicada por conta da parte final "nos deixa perto da sombra" ficar deslocada e desconexa da parte anterior.
C Não HAVERIA no tempo pontos fixos, SERIAM como uma sombra que desse a volta na Terra.
Justificativa: verbos no mesmo tempo e modo: nesse caso, "pontos fixos" seria o sujeito de "seriam como uma sombra..."
E Bem que PODERÍAMOS nos valer de metáforas fáceis para que se FIXASSEM no tempo.
Justificativa: mesma correspondência verbal da justificada na letra A.
Clique para visualizar este comentário
Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo